quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Revestidos da armadura divina

Revestidos da armadura divina

Os dias passam, consomem-se e nós nos consumimos. A cada dia, uma batalha, uma conquista, decepções e surpresas agradáveis; encontros e desencontros; ganhos e perdas; derrotas, vitórias. Assim é a vida: comporta o movimento dos contrários.

A vida não é feita de apenas uma nota, um tom, um som, uma palavra, uma rima, um parágrafo. A vida é percurso, desafio, superação, eterno recomeço, morte e Ressurreição.

Neste sentido, a passagem da Carta de Paulo aos Efésios (Ef 6,10-20) é riquíssima, para nos fortalecer no bom combate da fé.

Paulo fala do cristão à luz de uma metáfora: o guerreiro, um gladiador que se coloca intrepidamente no combate consagrando e confiando a sua vida ao Senhor.

“Fortalecei-vos no Senhor, pelo Seu soberano poder” (Ef 6,10). A nossa força vem de Deus.

“Revesti-vos da armadura de Deus” – revestidos de Cristo pelo Batismo não há nada a temer. O Senhor é escudo, proteção, refúgio e muito mais, como rezou o Salmista (Sl 143).

Lutamos a todo instante contra as forças espirituais do mal, espalhadas nos ares, afirma o Apóstolo. É preciso vigiar e orar a todo instante, para que sejamos conduzidos, animados, iluminados pelo Santo Espírito no combate e para que vencedores sejamos.

Com a armadura de Deus mantemo-nos inabaláveis, assegura o Apóstolo, no cumprimento de nosso dever (Ef 6,13).

Ele ainda nos exorta: sejamos cingidos com a verdade, o corpo vestido com a couraça da justiça, e os pés calçados de prontidão para incansavelmente anunciar o Evangelho (Ef 6,15).

Nosso escudo é a fé, e com ele apagamos todas as flechas da maldade, da mentira, da hipocrisia, da injustiça.

Nosso capacete é o divino capacete da salvação, tendo nas mãos a espada do Espírito que é a própria Palavra de Deus (Ef 6,18).

Finaliza exortando à indispensável Oração em todas as circunstâncias, numa vigília permanente, Oração feita incessantemente uns pelos outros.

Que tenhamos sempre coragem em cada amanhecer de nos revestirmos de Cristo, de sermos  Sua presença no mundo, comunicando a Sua imprescindível luz em meio às trevas, dando gosto de Deus a quantos possamos, como sal da terra.

Revestidos da armadura de Deus, fermentaremos o mundo novo, não recuaremos na vida de fé, avançaremos corajosamente, enfim, nossa fé será verdadeiramente fecunda.

Calcemos as sandálias da prontidão

                                                      

Calcemos as sandálias da prontidão

Na Carta do Apóstolo Paulo aos Efésios (Ef 6,10-20), ele nos fala da vida cristã como um combate, no qual a pessoa deve se armar como um “soldado”, defendendo-se dos inimigos que estão por toda parte.

Esta imagem de soldado é recorrente na Sagrada Escritura, como vemos na passagem do Antigo Testamento, em que o próprio Deus é comparado a um guerreiro que empunha armas (cf. Sl 7 e 18).

Para o combate, precisamos ser fortalecidos no Senhor, como ele mesmo assim o diz:

Vistam a armadura de Deus, para conseguirem resistir às manobras do diabo” (Ef 6,12); e repete “Por isto, vistam a armadura de Deus, para conseguirem resistir no dia mau e permanecerem firmes depois de superar tudo” (Ef 6, 13).

Para isto, o cristão precisa ficar firme. E completa:

Vistam a couraça da justiça. Calcem os pés com a prontidão para o Evangelho da paz. Estejam sempre com o escudo da fé, pois com ele vocês conseguirão apagar as flechas inflamadas do Maligno. E peguem o capacete da Salvação e a espada do Espírito que é a Palavra de Deus” (Ef 6, 14-17).

Mas é preciso a oração e a vigilância neste combate em todo o tempo:

“Rezem no Espírito, em todo tempo com orações e súplicas de todo tipo. Para isso, vigiem com toda a perseverança, rezando por todos os santos” (Ef 6, 18).

Retomo um versículo para iluminar esta reflexão“Calcem os pés com a prontidão para o Evangelho da paz” (Ef 6,15).

Calçar os pés, colocar as sandálias é uma imagem facilmente compreendida. Calçar os pés para pôr-se a caminho, e defender os pés das “pedras” e perigos que nele se possa encontrar. Assim como o filho pródigo recebeu, entre outras coisas, as sandálias, também precisamos delas para nos pormos a caminho (cf. Lc 15,11-32).

Sandálias nos pés, caminho a percorrer, a Boa-Nova do Reino anunciar. Prontidão sempre! Sem desculpas, adiamentos, medos, omissões, covardias, ausência de comprometimentos.

Prontidão, para o Evangelho da paz, significa disponibilidade, coragem, dedicação, formação, empenho, sabedoria, ousadia, profecia.

Pés calçados para evangelizar na família e em todos os âmbitos. Calçar os pés e prontidão para evangelizar nos desafiadores novos areópagos (escolas, universidades, meios de comunicação...).

Pés calçados e prontidão para:

- renovados compromissos, numa comunidade e suas diversas pastorais, movimentos e serviços;


- evangelizar como Igreja em estado permanente de missão;

- fazer da Igreja um lugar da iniciação da vida cristã;

- a formação bíblica e animação litúrgica, com celebrações vivas, em que a Palavra e os Sacramentos são celebrados e na vida prolongados;

- fazermos da Paróquia uma comunidade de comunidades; uma família de famílias, como nos ensina o Papa Francisco;

- evangelizar no mundo da economia, da política, da cultura e em outras realidades, como nos ensina o Magistério da Igreja;

- renovar incansavelmente sagrados compromissos, construindo uma nova realidade com vida plena e feliz para todos.

É tempo de calçar as sandálias da prontidão e pôr-se a caminho, se já postos, perseverar até o fim, fortalecidos pela oração e, de modo especial, pelo augustíssimo Sacramento da Eucaristia.

Revistamo-nos da armadura divina!

                                                    

Revistamo-nos da armadura divina!

Ouvimos na quinta-feira da 30ª Semana do Tempo Comum a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 13,31-35).

Vejamos o comentário do Missal Cotidiano sobre esta  passagem:

“Jesus era personagem incômoda para a autoridade. Não entrava em nenhum de seus esquemas, mas na longa série de incompreensões e assassínios contra os Profetas. Porém não brinca de herói.

Sua contestação não é objeto de propaganda ou publicidade. É árdua vida de Profeta. Toda a Sua existência constitui longa caminhada rumo a Jerusalém, como Lucas tem o cuidado de sublinhar.

Se a viagem de nossa vida é participação na vida de Jesus, deve tender para Jerusalém, a ‘cidade que mata os Profetas’”.(1)

A missão de Jesus é a revelação radical do rosto de Deus, que Se despoja de toda onipotência para Se nos dar a conhecer na escandalosa impotência de um Crucificado:

“O Senhor revela-Se num aspecto impensável: não como soberano vencedor, garantia de possíveis projetos de poder, mas como um Deus derrotado, segundo as categorias humanas. E essa crise renova-se diante de cada crucificado da História, das muitas situações de sofrimento que levantam perguntas: por que é que Deus o permite? Por que é que não mostra Sua onipotência para as remediar?”

E, assim, muitas outras interrogações semelhantes são feitas. Deus que fica escandalosamente impotente sobre a Cruz, revela um poder inesperado:

“Ele permanece na Cruz, não porque não possa descer dela, mas porque não quer descer; não porque procura o suplício, mas porque procura a solidariedade extrema, a partilha incondicional conosco, com os nossos sofrimentos, com as nossas crucifixões, para nos dizer que através dessa partilha tem início a aurora de uma vida nova”. (2)

Para quem crê a Cruz não se revela como poder domínio, mas como poder de salvação que expressa o Amor incondicional, Amor extremo, Amor incompreendido, Amor não correspondido, Amor sem limites... 

Amor incrível, indizível, sem igual, Amor que redime, liberta e aponta para um novo modo de viver e se relacionar para que seja banida toda dor, sofrimento, opressão, injustiça, miséria, lamento, lágrimas e morte (Ap 21, 3-4).

A Ressurreição do Senhor será a Suprema e Onipotente vitória da luz sobre as trevas, da graça sobre o pecado, do amor sobre o ódio, da vida sobre a morte.

Jesus não brincou de herói, e foi fiel à missão confiada pelo Pai, em obediência incondicional.

O cristão, portanto, também não é herói no termo comum como se possa conceber. Ele é muito mais, é alguém que vive o escândalo da cruz, loucura para os gregos, escândalo para os judeus (1 Cor 1,18-31).

O cristão assume toda dor e sofrimento por um amor que muitas vezes não é compreendido. Mas amor não é para ser compreendido, amor é para amar, simplesmente.

Criado pelo Amor de Deus para amar, caberá ao cristão, muito mais do que título de herói, amar até mesmo anonimamente, silenciosamente, carregando com fé, coragem, confiança, resistência, a sua cruz cotidiana.

Ser cristão é viver o bom combate da fé, para tanto é imprescindível contar com a graça e a força divina, como Paulo tão bem nos exorta na Carta aos Efésios (Ef 6,10-20).

Por ora, 
vamos cantando e lutando com o Senhor, 
e como Ele o fez,
até que venha o Seu Reino, 
o novo céu e a nova terra:

“Eu confio em nosso Senhor, 
com fé, esperança e amor...”

(1) Missal Cotidiano - Editora Paulus - pág. 1439
(2) Lecionário Comentado – Editora Paulus - Lisboa - pág. 676.

Navegarei e naufragarei...

Navegarei e naufragarei...

Navegarei...
Sempre ao encontro dos que sonham
E se comprometem com um mundo novo possível.

Navegarei...
Ao encontro dos que semeiam o Paraíso
Com sementes que o Senhor em nossas mãos deposita.

Navegarei...
Ao encontro dos que não se curvam
Diante dos deuses, por mãos criadas, de tantos nomes.

Navegarei...
Sem me cansar, noite e dia, ao encontro
Dos que ousam encontrar para humanidade novos caminhos.

Navegarei...
Sem economia de energia, à procura
De quem não se furta aos santos compromissos com o Reino.

Navegarei...
Para me somar com os que creem na santidade da família,
E a cada dia a edificam sobre as bases sólidas da Palavra e da Eucaristia.

Navegarei...
Ao encontro dos que não concedem à morte a última palavra,
Mas professam a fé na Vida que venceu a Morte: Ressurreição.

Navegarei...
Ao encontro de homens e mulheres que, embora a fé não professem,
Pautam a vida pelos princípios fundamentais do amor, da verdade, da solidariedade.

Navegarei...
Minhas velas estão provisoriamente levantadas,
Até que possa desfraldar definitivamente na glória dos céus.

Mas também naufragarei...
Nas águas o que rouba a beleza da vida,
A mentira que enfraquece os relacionamentos de amizade, fraternidade.

Naufragarei...
Nas águas as ambições, que se desmedidas, alcance da infelicidade.
Naufragarei quaisquer sentimentos de arrogância indesejável.

Naufragarei...
Os pecados da omissão, pensamentos, atos e palavras,
Para que de coração puro e reconciliado continue minha travessia.

Naufragarei...
Os sentimentos possíveis de mágoa e ressentimentos,
Porque de nada servem a não ser para afogar-me na melancolia.

Naufragarei...
As máscaras que possivelmente criamos e recriamos,
Pois não são elas que nos garantem segurança, êxito e felicidade.

Naufragarei...
O medo que se manifesta de múltiplas formas,
Para que a fé e a coragem encontrem maior espaço dentro de mim.

Naufragarei...
Tudo aquilo que torna pálida a mais bela utopia,
Para cultivar na mente e coração o nascer de um novo dia.

Naufragarei...
As drogas que roubam a beleza da vida, se consumidas,
Reafirmando a sua dignidade e sacralidade anunciada, promovida.

Há outros naufrágios a serem feitos, enquanto navego.
Entre naufrágios que vou fazendo, vou navegando...

O vento suave do Espírito me impulsiona à outra margem.
O sopro do Espírito me acompanha e me dá segurança.

Naufrágio do que avilta, empobrece a condição humana é preciso.
Navegações à outra margem contando com a misericórdia divina.

Misérias humanas naufragadas tão necessárias.
Misericórdia divina ao navegar seja suplicada.

A graça do Ministério Presbiteral

                                                           

A graça do Ministério Presbiteral

Assim falou o Papa São João Paulo II, na Exortação Apostólica pós-sinodal Pastores Dabo Vobis (n.22), sobre o presbítero:

“O presbítero é chamado a assumir em si os sentimentos e as virtudes de Cristo em relação à Igreja, amada ternamente mediante o exercício do ministério; portanto, dele se pede que seja capaz de amar o povo com o coração novo, grande e puro, com um autêntico esquecimento de si mesmo, com dedicação plena, contínua e fiel, juntamente com uma espécie de ‘ciúme’ divino, com uma ternura que reveste inclusive os matizes do afeto materno”.

Deste modo, com o Rito da Ordenação, o presbítero “...é introduzido em um novo gênero de vida, que o une a Cristo com um vínculo original, inefável e irreversível e o habilita a agir ‘in persona Christi’. Configurado a Cristo, Cabeça, Pastor, Esposo e Servo da Igreja, como seu representante e na união com Ele, o presbítero tem uma relação especial com a Igreja de Cristo”.  (1)

Como Presbítero, exerce o tríplice múnus como um servidor e anunciador da Palavra, ministro dos Sacramentos e um guia da comunidade.

Na realização do Ministério, o presbítero é apresentado com várias imagens e aspectos, que se completam e auxiliam na compreensão da natureza íntima de sua identidade, como nos fala o Documento n. 110 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) – Diretrizes para a formação dos presbíteros da Igreja no Brasil que ora apresento, conforme o parágrafo n. 41

a)   Presbítero: De acordo com a Escritura é o ancião, o adulto, já experimentado na vida, e por isto se tornou um sábio, mestre, conselheiro e guia;

b)   Pastor: Uma imagem muito frequente na Sagrada Escritura que designa aqueles a quem cabe colocar-se a serviço do povo. Assim o faz seguindo o exemplo de Jesus Cristo, o Bom Pastor (Jo 10,1-4). Por isto é chamado a ser homem de misericórdia e compaixão, vivendo a proximidade com seu povo e um servidor de todos, particularmente dos que sofrem grandes necessidades.

c)   Profeta: Como mensageiro da Palavra viva de Jesus, anuncia e testemunha a Palavra de Deus, “oportuna e inoportunamente” como falou o Apóstolo Paulo a Timóteo (2 Tm 4,2); proclama o reino de Deus e denuncia o que contradiz o Evangelho;

d)   Servo: O Filho do Homem veio “não para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por muitos” (Mc 10,45). O Presbítero participa desta missão do Filho, e participa da autoridade de Cristo-Cabeça com seu serviço, seu dom, sua entrega total, humilde e amorosa pela Igreja;

e)   Missionário: Consciente de que é enviado por Cristo, nunca deve cansar de repetir a si mesmo: “Sou uma missão, e não simplesmente tenho uma missão”, como diz o Papa Francisco. Para tanto, precisa coragem, audácia, fantasia e vontade de olhar não apenas para si mesmo, nem o cumprimento das funções rotineiras, mas ir além, como Igreja, constantemente em saída, rumo às periferias existenciais, ultrapassando as estruturas que já não favoreçam mais à transmissão da fé;

f)    Padre: Trata-se, pelo Sacramento da Ordem, viver o dom da paternidade espiritual, com a missão de gerar, nutrir, educar, organizar e levar à plenitude a comunidade do Povo de Deus;

g)   Sacerdote: É alguém que foi separado para o Evangelho de Deus (Rm 1,1), e em virtude da Ordenação se torna um dom sagrado de Deus para o seu povo. Ele reúne a comunidade para o momento mais alto e importante de sua existência, que é a Celebração Eucarística. Ele é sempre o ministro de Deus e nele, a exemplo de Jesus, tudo deve ser “sacerdotalizado”;

h)   Esposo: Uma vez configurado a Cristo, o Presbítero na sua vida espiritual, é chamado a reviver o amor de Cristo esposo, em sua relação com a Igreja esposa;

i)     Perito em humanidade: Deixa-se atingir pelas grandes questões que envolvem a humanidade, em sinais de amizade, companheirismo e solidariedade com todos, assumindo em seu modo de ser o estilo de Jesus Cristo, que assumiu a condição de servo (Fl 2,7);

j)    Homem da proximidade: O Presbítero está junto de Deus como das pessoas (1 Cor 9,19-23). Oportunas as palavras do Papa Francisco na Homilia da Missa do Crisma de 29 de março de 2018: “Na proximidade com Deus, a Palavra far-se-á carne em ti e tornar-te-ás um padre próximo de toda carne. Na proximidade com o povo de Deus, a sua carne dolorosa tornar-se-á palavra do teu coração e terás do que falar com Deus, tornar-te-ás um padre intercessor”.

k)   Homem da misericórdia: A exemplo de Jesus, exerce o Ministério com cuidado especial em relação aos pobres e marginalizados (Lc 14,13; Mt 25,31-46; Hb 5,7.9);

l)     Homem de oração: O Presbítero por sua disponibilidade a encontros fervorosos com o Senhor, torna-se íntimo das coisas divinas, místico e mistagogo, de modo que é capaz de auxiliar todos os que o procuram, a encontrarem-se com o Mistério de Deus;

m)  Homem de sacrifício: Contemplando o Senhor que oferece a sua vida pelos outros, o Presbítero é capaz de consumir-se com generosidade e sacrifício pelo Povo de Deus;

n)   Irmão universal: Participante da missão de Jesus Cristo e da sua Igreja, leva o Evangelho até os confins da terra; portanto, chamado a construir relações especial com os irmãos de outras Igrejas e confissões cristãs, com os fiéis de outras religiões e com as pessoas de boa vontade.

Elevemos orações por todos os presbíteros, e por todos aqueles que estão se preparando com vistas à Ordenação Presbiteral, para que possam viver estes diferentes aspectos e imagens no exercício do Ministério Presbiteral.

Em cada Presbítero, podemos encontrar um ou outro aspecto e imagem mais presente, de modo que não podemos economizar orações para que cada vez mais se façam presentes em suas vidas, e assim cumpram, com solicitude, empenho, dedicação, o Ministério pela Igreja confiado na santificação, ensino e governo da Igreja.



(1)         Diretrizes para a formação dos Presbíteros da Igreja no Brasil – Edições CNBB – (Documento n.110, n.35)

Em poucas palavras... (Santidade)

                                                          

                          Santidade: revelar a Face de Cristo

Jamais Santidade poderá ser sinônimo de “beatice”, medo de viver, fuga, evasão, alienação. 

O mundo precisa de Santos e Santas que nos revelem a Face de Cristo, que nos comuniquem o Amor do Pai e nos iluminem com a Luz do Espírito.     


Em poucas palavras...

                                                                  


Jesus: do presépio até a Cruz

“O Reino é dos pobres e pequenos, quer dizer, dos que o acolheram com um coração humilde. Jesus foi enviado para «trazer a Boa-Nova aos pobres» (Lc 4, 18) (Lc 7,22).

Declara-os bem-aventurados, porque «é deles o Reino dos céus» (Mt 5,3). Foi aos «pequenos» que o Pai se dignou revelar o que continua oculto aos sábios e inteligentes (Mt 11,25).

Jesus partilha a vida dos pobres, desde o presépio até à cruz: sabe o que é sofrer a fome (Mc 2,23-26; Mt 21,28), a sede  (Jo 4,6-7; 19,28) e a indigência (Lc 9,58).

Mais ainda: identifica-se com os pobres de toda a espécie, e faz do amor ativo para com eles a condição da entrada no seu Reino (Mt 25,31-46).” (1)

 

(1)       Catecismo da Igreja católica – parágrafo n. 544

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Pela estreita porta passarei se...

                                                         

Pela estreita porta passarei se...

... Viver a vocação como resposta ao Amor Divino,
Confiando n’Ele, com o coração de um menino.
Sem hesitações em realizar o Seu Santo desejo,
Para que o mundo não seja tal como eu o vejo.

... Os princípios da ética nortearem meu destino,
Sem trair os princípios em execráveis desatinos.
Pela verdade, justiça, direito, liberdade e amor
A vida pautar, fazendo dela dulcíssimo labor.

... A minha vida marcar pela melíflua ternura,
Sem a perda de horizontes de uma vida mais pura,
Que se expressa em gestos de alegre acolhida
Do dom mais belo e sagrado que é o dom da vida.

... A paixão pelo Reino como fogo me consumir,
Para que a chama do amor não venha a se extinguir.
Como é bela a vida de quem pelo Amor se encanta,
Força que se renova em cada manhã que se levanta!

... Na família, espaço sagrado, empenhos multiplicar,
Para que nela possamos arduamente nos santificar
E bondade, perdão, diálogo, compreensão, ternura,
Amor, respeito, diálogo vividos numa santa candura.

... O Cristo reconhecer presente em cada criatura,
E gestos de comunhão, solidariedade em nova postura.
Laços de comunhão sem desigualdades ou exclusão,
Sinais do Reino credíveis e não indesejável ilusão.

... Não me omitir no bem, que chamado sou a realizar,
Evitando determinadas atitudes para a vida não banalizar.
Defesa da vida da concepção ao seu declínio natural,
Empenho incansável para que prevaleça o bem sobre o mal.

... Revelar ao mundo o Encontro mais desejável:
O Bem Maior - Deus, mais que desejável: amável!
Que a cada encontro um novo desejo de reencontro.
Que a cada reencontro, amor vivenciado: Reencanto!


Passagem do Evangelho: Mt 7,6.12-14; Lc 13,22-30

Seduzidos por Jesus trilhemos o caminho da verdade!

                                                      

Seduzidos por Jesus trilhemos o caminho da verdade!

"Que preciosos e maravilhosos são, caríssimos, os dons de Deus! Vida na imortalidade, esplendor na justiça, verdade na liberdade, fé na confiança, temperança na santidade; e tudo isto nossa inteligência concebe".

 

Sejamos enriquecidos pela Carta aos Coríntios, do Papa São Clemente I (Séc. I). 

"Revistamo-nos de concórdia; e humildes e moderados, rejeitemos para longe toda murmuração e maledicência, justificando-nos não por palavras, mas por obras.

Pois se disse: Quem fala muito, ouvirá por sua vez; ou acaso se julga justo o homem falador? (cf. Jó 11,2).

Cumpre-nos, portanto, estar prontos a fazer o bem; de Deus tudo procede.

Pois Ele nos predisse: Eis o Senhor, e Sua recompensa está diante d'Ele para dar a cada um segundo suas obras (cf. Ap 22,12). Por isso exorta-nos a nós que n’Ele cremos de todo o coração, a não sermos preguiçosos e indolentes em toda obra boa.

Nele nos gloriemos, n’Ele confiemos. Submetamo-nos à Sua vontade e, atentos, observemos a multidão dos anjos, como a Seu redor cumprem Sua vontade.

A Escritura conta: Miríades de miríades assistiam-no e milhares de milhares o serviam e clamavam: Santo, santo, santo, Senhor dos exércitos; toda a criação está cheia de Sua glória (Dn 7,10; Is 6,3).

Por conseguinte também nós, em consciência, congregados como um só na concórdia, com uma só voz clamemos sem descanso para nos tornarmos participantes de Suas excelentes e gloriosas promessas: Os olhos não viram, os ouvidos não ouviram, nem suspeitou o coração dos homens, quão grandes coisas preparou para os que o aguardam (cf. 1Cor 2,9).

Que preciosos e maravilhosos são, caríssimos, os dons de Deus! Vida na imortalidade, esplendor na justiça, verdade na liberdade, fé na confiança, temperança na santidade; e tudo isto nossa inteligência concebe.

O que não será então o que se prepara para aqueles que O aguardam? O Santíssimo Artífice e Pai dos séculos é o único a conhecer a quantidade imensa e a beleza de tudo isso.

Assim, pois, a fim de participarmos dos dons prometidos, empreguemos todo o empenho em sermos contados no número dos que O esperam.

E como se fará isto, diletos? Far-se-á, se pela fé nosso pensamento se estabilizar em Deus, se procurarmos com diligência aquilo que lhe é agradável e aceito, se fizermos tudo quanto se relaciona com Sua vontade irrepreensível e seguirmos a via da verdade, rejeitando para longe de nós toda injustiça”.

Firmemos nossos passos no seguimento de Jesus, Caminho, Verdade e Vida (cf. Jo 14,6), seduzidos por Jesus testemunhemos a verdade! Este é o verdadeiro Caminho na fidelidade a Ele. Quando negamos a verdade, ofendemos a Deus.

Seduzidos por Jesus, por Seu amor, sempre a caminho, testemunhemos com fidelidade esta Verdade que nos liberta.

Com Ele teremos como disse o Papa –“...Vida na imortalidade, esplendor na justiça, verdade na liberdade, fé na confiança, temperança na santidade; e tudo isto nossa inteligência concebe.” 

Sigamos Jesus, o próprio Caminho no caminho, 
a Verdade da verdade para a perfeita alegria e liberdade, 
a Vida Plena, abundante que se prolonga e se torna infinita: 
eternidade! Amém. 

Quem sou eu

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