“Vim chamar os pecadores”
Reflexão à luz da passagem proclamada na sexta-feira da 13ª semana do Tempo Comum (Mt 9,9-13), e vemos quão misericordioso é o nosso Deus, através da prática de Jesus que nos diz não ter vindo chamar os justos, mas os pecadores para a conversão.
Assim Se expressa o Senhor:
– “Aprendei, pois, o que significa: ‘Quero misericórdia e não sacrifício’. De fato, eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores” (v. 13).
O Missal Cotidiano nos enriquece com este comentário:
“Deus foi sempre o grande incompreendido por parte dos homens. Incompreendido em Seu agir, em Suas intervenções, incompreendido em Seu silêncio, incompreendido em Suas exigências e em Sua lei.
Mas a incompreensão maior e mais estranha refere-se à Sua misericórdia. É a incompreensão de quem não crê na misericórdia de Deus, de quem tem medo d’Ele, de quem treme ao pensar em comparecer à Sua presença, e foge do mal unicamente para evitar os Seus castigos...”.
Somente poderá compreender o Coração de Deus quem souber:
- viver a misericórdia para com o próximo, na sincera e frutuosa prática da acolhida, do perdão, da superação;
- viver a misericórdia para com o próximo, na sincera e frutuosa prática da acolhida, do perdão, da superação;
- saborear a mais bela e pura alegria que nasce do perdão dado e recebido;
- não crer que o ódio, o rancor, o ressentimento fossilizarão nas entranhas mais profundas do coração;
- transformar o coração de pedra num coração de carne, terno e manso, para que nele Deus possa frutuosa e ricamente fazer Sua morada;
- não crer que a obscuridade ao outro deva ser para sempre imposta pelo seu erro, tropeço, falha;
- compreender na exata medida o erro cometido, sem nada acrescentar, e ter também a maturidade de se colocar no lugar do outro, porque todos passíveis de erros o somos.
Somente poderá compreender o Coração de Deus quem do Senhor Jesus mesmos sentimentos e ações tiver. Quem souber gerar e formar Cristo em Si e no outro, no amor que renova, recria, reencanta, refaz, reconduz...
Quem poderá compreender o Coração de Deus?
Ó incompreendido Amor de Deus que questiona o amor humano, tão pequeno, quantificável, porque limitado, medido, calculado, com parcimônia por vezes comunicado.
Ó incompreendido Amor de Deus, que o nosso assim também o seja. Amor não é para ser compreendido, amor é para amar, simplesmente; sem teorias, explicações, racionalizações. Amor de Cruz, que ama, acolhe, perdoa, renova, faz renascer e rompe a barreira do aparentemente impossível.
O Amor vivido no extremo da Cruz, foi, é e será para sempre o verdadeiro Amor. Tão incompreendido, mas tão necessário e desafiador para a humanidade em todo tempo.
Amor que, se vivido, nos credencia para a eternidade de Deus, que é a vivência e mergulho na plenitude de Seu amor, luz, alegria e paz. Amém.
PS: Proclamado no Sábado depois das cinzas a passagem paralela - Evangelho de Lucas (Lc 5,27-32).
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