terça-feira, 21 de maio de 2024

Fidelidade plena ao Senhor no amor e doação

                                                         


Fidelidade plena ao Senhor no amor e doação

A Liturgia da terça-feira da sétima Semana do Tempo Comum nos convida a refletir sobre as condições para o seguimento de Jesus, no acolhimento de Sua Palavra, para anunciá-La e testemunhá-La.

O discípulo de Jesus terá que discernir sempre para pautar a sua vida na “sabedoria de Deus” e não na “sabedoria do mundo”.

No Livro da Sabedoria, na passagem (Sb 2,12.17-20) nos apresenta a sabedoria de Deus que devem ser vivida, e isto implica em suportar as perseguições, num aparente caminho de fracasso, opondo-se a toda forma de idolatria, numa verdadeira adoração a Javé.

O autor sagrado do Livro mais recente do Antigo Testamento assegura que vale a pena ser justo e fiel aos valores da fé; garante que a fidelidade do justo a Javé não ficará sem recompensa.

A sabedoria de Deus deve ser vivida até a morte, por amor, em relação de serviço, unidade, caridade, verdade, construindo um mundo mais justo e fraterno.

É preciso renunciar a todo orgulho e autossuficiência, pois a vivência da sabedoria do mundo condena ao vazio, à frustração, à depressão, à escravidão e a uma felicidade ilusória, passageira.

Somente a sabedoria de Deus é garantia de uma verdadeira felicidade, realização plena, embora não garanta uma vida fácil, pois mesmo na vida daquele que a vive pode estar presente a calúnia, a perseguição, a tortura e até mesmo o martírio.

Por isto viver em comunidade é preciso sempre procurar viver na coerência do Evangelho, como nos vemos na passagem da Epístola de São Tiago (3, 16-4,3), tomando cuidado para que esta não seja destruída pelo orgulho, ambição, inveja, competição, egoísmo...

O batizado deve viver segundo os critérios de Deus, e, portanto, a necessária vigilância e conversão.  A opção pela sabedoria do mundo não é um caminho para a realização plena do homem, pois gera somente infelicidade, desordem, guerras, rivalidades, conflitos e mortes.

De outro lado, a sabedoria de Deus deve plenificar o nosso coração e iluminar as nossas decisões. Somente assim nossa Oração será ouvida por Deus, pois a Oração que é movida pela sabedoria do mundo não tem sentido algum.

Voltemos à passagem do Evangelho, em que Jesus mais uma vez anuncia a Sua Paixão e Morte (2.º anúncio), e nos apresenta a verdadeira concepção de poder que os Seus seguidores devem possuir.

O Evangelista nos apresenta Jesus como o Filho de Deus, que oferece Sua vida como dom, por amor a humanidade. Assim também terão que fazer os Seus seguidores; precisarão ter a coragem de viver a lógica de Deus, tão oposta à lógica humana. Deverão ter coragem e disposição para embarcar com Ele na mais bela de todas as aventuras: a aventura do Reino de Deus.

Seguirão um caminho que poderá ter aparência de fracasso, mas terá como palavra última a vitória assegurada pelo Cristo Ressuscitado.  A adesão ao Senhor implica em seguir o mesmo caminho que Ele percorreu, portanto, o discipulado é essencialmente Pascal, precedido da Paixão e Morte.

O seguimento de Jesus implicará em viver o “poder-serviço”. Não haverá a busca dos primeiros lugares, mas com humildade cada um se colocar alegre e generosamente a serviço de todos, a partir dos últimos.

Esta humildade não consiste na virtude do medroso, covarde, medíocre, ao contrário, é preciso ter consciência de que a vida só tem beleza e sabor quando consumida e colocada a serviço do outro. Somente assim se alcança e se saboreia as delícias de uma autêntica “felicidade-doação”.

A criança mencionada no Evangelho representa os frágeis, os sem direitos, os pobres, os indefesos, os insignificantes, os marginalizados. São estes que devem ocupar nossas pautas, mente e coração; é esta realidade que nos incomoda e nos pede compromissos evangélicos de amor e solidariedade.

Resumindo, somos convidados a viver a sabedoria de Deus que passa pela Cruz, que possui aparência de fracasso, mas é certeza de vitória; na doação da própria vida, acolhendo as críticas, as perseguições, as incompreensões (Mt 5,1-12 – as Bem-Aventuranças), numa vida de serviço por amor, alegremente, deixando nossas atitudes e pensamentos moverem-se pelos critérios de Jesus.

Urge que a virtude da humildade se concretize na acolhida e serviço aos pequenos, que são os preferidos de Deus. E como afirmou Jon Konings – “Os humildes despertam a força do amor que dorme no coração do ser humano”.

Cuidando dos preferidos de Deus, estaremos cuidando do próprio Deus (Mt 25 – o julgamento final).

Como Igreja, Povo Eleito do Senhor, sejamos uma comunidade de serviço: promovendo a unidade, vivendo a caridade, pautando os relacionamentos pela verdade; aprendendo a viver a complementaridade e subsidiariedade.

Reflitamos:

-  Qual sabedoria pauta nossa vida: a do mundo ou a de Deus?
-  O que constrói ou destrói nossas comunidades?

-  Qual a nossa alegria em embarcar na aventura do Reino de Deus?
-  De que modo o poder é verdadeiramente serviço dentro e fora da Igreja?

- Quem foi eleito para qualquer cargo o exerce com doação, promovendo o bem comum, no compromisso com os últimos de nossa sociedade?
-  Todos nós temos algum poder (família, escola, trabalho...). Como o exercemos?

Continuemos como discípulos missionários do Senhor o caminho, dando passos firmes na fidelidade a Ele e ao Evangelho, com renúncias necessárias, carregando cotidianamente nossa cruz, até que mereçamos a glória e o descanso eterno; pois peregrinos da esperança, somos vocacionados para amar e servir com alegria transbordante no coração. Amém.

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