domingo, 26 de maio de 2024

Os crisóis de nossa purificação (Santíssima Trindade)

                                                   

Os crisóis de nossa purificação

É sempre tempo para refletirmos sobre História da Salvação do Povo de Deus.
Páginas difíceis, com traições, sacrifícios, devastações,
Desolações, amargura, maldade, infidelidade, cinzas, lágrimas,
O povo ao nada, impiedosamente e absolutamente, reduzido.

Sonhos e esperanças pisoteadas numa sensação de que não havia mais saída.
Vida a ser vivida em terras tão distantes e estranhas, sem história e raízes.
Os que permanecem, um pequeno resto, os pobres por Deus amados e escolhidos,
Mas Deus sempre fiel à Aliança, a História irrevogável de Amor e fidelidade continuará.

Página atroz do Exílio, imposto ao Povo Deus há muitos séculos.
A ausência da justiça fez sucumbir quaisquer possibilidades de experimentar a paz.
Medito o célebre cântico de nostalgia dos exilados da Babilônia, fonte divina inspiradora.
Dor emudecida, canto de dor sufocado: como cantar em terra tão estranha ao coração?

Ó cruentos dias vividos no exílio, aparente tempo de eternidade;
Verdadeiramente uma espécie de crisol purificador,
Mas é nele que a fé se fortalecerá para o verdadeiro amor;
Braços à esperança dará, tempo novo somente com Deus virá...

Outras páginas hoje são escritas, outros tempos, outros desafios.
Dificuldades podem ser outras, mas a fé é sempre a mesma,
A esperança ganha novos contornos, mas a chama da caridade
É a mesma que os corações do crente fiel aquece e inflama.

Há por vezes crisóis purificadores a serem silenciosamente suportados,
Mas não será o bastante para consumir a fé no coração como dom plantada,
Nem suficiente para fazer sucumbir no lamaçal a vitalidade do sonho e da esperança
Que nos amadurecem para o essencial da existência: amor vivo e encarnado.

Amor ao Deus vivo e único em Três Pessoas glorificado, para sempre adorado:
Santíssima Trindade amada na qual nos fazemos imersos e plenamente fortalecidos
Para suportar o crisol purificador, adentrando pela porta estreita que leva à vida,
Carregando com renúncias, coragem, o crisol purificador da inevitável cruz,

Até que um dia a face do Deus Uno e Trino possamos e mereçamos contemplar.
Amadurecidos e purificados pelo crisol da dor, da fidelidade, dos sacrifícios, da profecia,
Veremos acontecer dias tão sonhados e no coração regados e cultivados,
Na espera na segunda vinda, numa grande, bela e professada Parusia. Amém.

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG