sexta-feira, 31 de maio de 2024

Em poucas palavras...

 


Com Maria, caminhar com alegria

“Maria compreende e age. Sua adesão à vontade de Deus e sua obediência não traduzem preguiça e dificuldade, e sim alegria e decisão.

Quem segue a Deus e está cheio de seu espírito, caminha de coração alegre, de ânimo aberto, mesmo por estradas fatigantes.”(1)

 

 

(1)              Comentário do Missal Cotidiano - passagem do Evangelho de Lucas (Lc 1,39-45) - pág. 91

Com Maria, sempre podemos contar

                                                       

Com Maria, sempre podemos contar

Sejamos enriquecidos por uma das Homilias escritas pelo Venerável Presbítero São Beda (séc. VIII), sobre a visita de Maria a sua prima Isabel (Lc 1,39-56), na qual Isabel contempla Maria, aquela que engrandece o Senhor que nela agiu por meio do Espírito Santo.

Os dons que foram por Deus concedidos a Maria, e os benefícios universais com os quais Deus favorece a humanidade:

Minha alma engrandece o Senhor e exulta meu espírito em Deus, meu Salvador (Lc 1,46). Com estas palavras, Maria reconhece, em primeiro lugar, os dons que lhe foram especialmente concedidos; em seguida, enumera os benefícios universais com que Deus favorece continuamente o gênero humano”.

Como engrandecer o Senhor, ou seja, como glorificá-Lo:

“Engrandece o Senhor a alma daquele que consagra todos os sentimentos da sua vida interior ao louvor e ao serviço de Deus; e, pela observância dos mandamentos, revela pensar sempre no poder da majestade divina”.

Maria, modelo de  perfeito amor espiritual a Deus:

“Exulta em Deus, seu Salvador, o espírito daquele que se alegra apenas na lembrança de seu Criador, de quem espera a salvação eterna. Embora estas palavras se apliquem a todas as almas santas, adquirem contudo a mais plena ressonância ao serem proferidas pela santa Mãe de Deus. Ela, por singular privilégio, amava com perfeito amor espiritual Aquele cuja concepção corporal em seu seio era a causa de sua alegria”.

Maria exulta em Jesus, O Autor da Salvação nascido em sua carne:

“Com toda razão pôde ela exultar em Jesus, seu Salvador, com júbilo singular, mais do que todos os outros santos, porque sabia que o autor da salvação eterna havia de nascer de sua carne por um nascimento temporal; e sendo uma só e mesma pessoa, havia de ser ao mesmo tempo seu Filho e seu Senhor”.

A confiança de Maria em Deus que age em nós nos transformando:

“O Poderoso fez em mim maravilhas, e santo é o seu nome! (Lc 1,49). Maria nada atribui a seus méritos, mas reconhece toda a sua grandeza como dom d’Aquele que, sendo por essência poderoso e grande, costuma transformar os seus fiéis, pequenos e fracos, em fortes e grandes”.

Com Maria aprendemos a participar da santidade divina e da verdadeira Salvação:

"Logo acrescentou: E santo é o seu nome! Exorta assim os que a ouviam, ou melhor, ensinava a todos os que viessem a conhecer suas palavras, que pela fé em Deus e pela invocação do seu nome também eles poderiam participar da santidade divina e da verdadeira salvação. É o que diz o Profeta: Então, todo aquele que invocar o nome do Senhor, será salvo (Jl 3,5). É precisamente este o nome a que Maria se refere ao dizer: Exulta meu espírito em Deus, meu Salvador."

Porque cantamos o Magnificat nas Vésperas todos os dias:

"Por isso, se introduziu na Liturgia da santa Igreja o costume belo e salutar, de cantarem todos, diariamente, este hino na salmodia vespertina. Assim, que o espírito dos fiéis, recordando frequentemente o Mistério da Encarnação do Senhor, se entregue com generosidade ao serviço divino e, lembrando-se constantemente dos exemplos da Mãe de Deus, se confirme na verdadeira santidade. E pareceu muito oportuno que isto se fizesse na hora das Vésperas, para que nossa mente fatigada e distraída ao longo do dia por pensamentos diversos, encontre o recolhimento e a paz de espírito ao aproximar-se o tempo do repouso”.

Vivemos agora o tempo do combate, do testemunho, da vivência de nossa fé, e podemos aprender e contar com Maria sempre presente conosco.

Se por vezes nos sentirmos fatigados e distraídos ao longo do dia por problemas e desafios a serem superados, encontremos no "Magnificat" a força necessária para mantermos viva a nossa fidelidade ao Senhor e ao Seu Projeto de vida plena para todos nós.

Devoção a Maria, compromisso com a vida digna, plena e feliz

                                                         

Devoção a Maria, compromisso com a vida digna, plena e feliz

“Sua misericórdia se estende de geração em geração,
 a todos os que o temem” (Lc 1,50)

O mês de maio é especialmente dedicado à Maria, Mãe de Jesus, porque ela está sentada no mais alto cume das virtudes, repleta do oceano dos carismas divinos, do abismo das graças, como nos ensina a Igreja.

Voltemos o nosso olhar para Maria, e nos reportemos ao canto do “Magnificat” (Lc 1,39-56), que nos ajuda a reler os fatos e a história, comunicando os necessários raios de luz do Espírito Santo, sobretudo nos momentos difíceis por que passamos, em todos os âmbitos (político, econômico, social, cultural).

Maria, cheia do Espírito Santo, em visita à sua prima Isabel, foi a primeira comunicadora de palavras de fé e esperança: – “doravante todas as gerações me chamarão de bendita...”. É o cântico da esperança dos pobres e humildes. Em Maria, “a comunicação e a misericórdia fazem o verdadeiro e fecundo encontro”, tema que o Papa Francisco nos propôs em sua Mensagem para o 50º Dia Mundial das Comunicações (2016).

Maria proclama uma tríplice ação de Deus na história: a derrubada de situações humanas falsas, restaurando a humanidade na salvação. No campo religioso, a derrubada da autossuficiência humana, da soberba; no campo político, a derrubada dos poderosos e a exaltação dos humildes; no campo social, a despedida dos ricos e a promoção da verdadeira partilha, solidariedade, fraternidade.

Tudo isto é a expressão da “misericórdia divina que se estende de geração em geração”, como ela cantou, e deste modo, nos revela o caminho para a perfeita realização das virtudes teologais, e assim, sejamos misericordiosos como o Pai.

Envolvidos pela misericórdia divina, que é eterna, ela nos ensina a viver a féEis a serva do Senhor” – o segredo da fé sem falha, em perfeita conformidade à vontade divina; a dar a razão de nossa esperança: - “Nada é impossível a Deus” na incondicional confiança em Deus em tudo e em todos os momentos, favoráveis ou adversos; e assim seremos instrumentos da caridade – “Maria pôs-se a caminho apressadamente” – a caridade e a disponibilidade missionária para servir e comunicar o Amor e a presença de Deus.

Maria nos ensina, portanto, a nos deixar envolver pela misericórdia divina, e assim, não vacilaremos na fé, nem esmoreceremos na esperança e tão pouco esfriaremos na caridade (Papa Leão Magno - séc. V).

É com nosso olhar em Maria, e contando com o seu olhar de ternura, que acompanha nossos passos como discípulos missionários do Verbo que Se fez misericórdia e habitou entre nós, Jesus, que renovamos nossos sagrados compromissos com a Boa-Nova do Reino, procurando firmar os passos na ação evangelizadora.

Que a autenticidade de nossa devoção a Maria, sublime comunicadora da misericórdia divina, seja confirmada pelo alegre e corajoso anúncio e testemunho do Evangelho, comprometidos na construção de um novo céu e uma nova terra, procurando transformar sinais de tristeza em alegria, de desânimo em coragem, de morte em vida. 

A exemplo de Maria, sejamos conduzidos e assistidos pelo Espírito Santo, a nós enviado, desde aquele memorável dia de Pentecostes, com o nascimento da Igreja, continuando a missão do Ressuscitado, em incondicional fidelidade ao Pai, que nos criou por amor para sermos felizes, na medida em que nos comprometemos com a felicidade e vida digna do outro.

Quem melhor que tu, ó Maria?


Quem melhor que tu, ó Maria? 

 “Ó Maria, aurora de um mundo novo, vem
nos ensinar a acolher, a celebrar e a testemunhar!”

Contigo, ó Maria, o aprendizado é eterno, jamais se esgota, para quem se colocou na perspectiva de aprender e  reaprender…

Há sempre algo a ser reaprendido, uma vez que algumas coisas são passíveis de mudança, carregando em si o germe da superação, adaptação, atualização…

- Quais são as coisas que devemos aprender e reaprender?
- Com quem podemos aprender e reaprender?

A história tem seus mestres que não ousaram simultaneamente o discipulado. Em cada mestre há um discípulo, um eterno aprendiz…

Mas, quem melhor do que tu, ó Maria para nos ensinar?
Falaste o que praticaste, praticaste o que ensinaste!

- Quem melhor que tu, ó Maria, para nos ensinar e nos ajudar a aprender o que ainda não conhecemos?
- Quem melhor que tu, ó Maria, para nos ensinar aquilo que nos possibilita ser melhor?

- Quem melhor que tu, ó Maria, para nos ajudar a reaprender o que, eventualmente, possamos ter escondido, ou condenado à inatividade, ao esquecimento, às cavernas escuras que possuímos?

- Quem melhor do que tu, ó Maria, para nos ensinar algumas coisas que aprendemos e que nos acompanha por toda a vida e outras que só descobriremos na outra vida?

Contigo, aprendamos a contemplar os lírios do campo e os pássaros; aprendamos a vida frugal, simples e a confiança na providência divina, como aprendestes com o Mestre e Salvador, teu Filho.

Contigo, olhemos para as crianças e aprendamos a simplicidade, a pureza, a confiança, a sinceridade…

Reaprendamos a sonhar, a romper a barreira do que é aparentemente impossível, renovando a energia e a vitalidade, num incansável se consumir, na certeza de que em apenas algumas horas, tudo será possível repetir.

Como um coração de criança, as tantas preocupações não lhe roubam a possibilidade de melhor viver e se divertir.

Contigo renovamos nosso olhar para com os mais vividos e aprendemos a valorizar suas histórias vividas, sem imputar-lhes censuras, mas com a paciência necessária, ouvir e acolher aquilo que ainda faz sentido para repensar o nosso existir.

Aprendermos que cabelos brancos não vieram por acaso, devem no mínimo expressar a ousadia de ter vivido, a vida ter enfrentado, com a morte e o fim se defrontado incansavelmente. Aprender com suas histórias, aprender com seus erros e acertos, sem prejuízos…

Contigo, poetisa de Deus, aprendemos a sonhar, reencantar, nas entrelinhas das palavras, beleza diferente saborear.

Aprendemos com o teu olhar que a frieza e a dureza de uma pedra podem ser a consistência e a firmeza que tanto buscamos.

Ensinas os místicos que se elevam com a fumaça do incenso, saindo da mesmice do cotidiano, fazendo subida e mergulho no Mistério do Absoluto.

- Ó Maria, quem melhor que tu para nos ajudar a reaprender que a vida é muito mais que a materialidade vista?

- Quem melhor que tu para nos ajudar a reaprender sobre naturalidade da vida, em sadia espiritualidade, no encontro com o Absoluto – Deus?

- Quem melhor que tu para nos ajudar a reaprender os princípios vitais de toda  pessoa: amor, verdade, justiça e liberdade?

Contigo aprendemos a colocar acima de tudo a vontade divina, para que melhor saibamos crescer e dominar o universo, sem o imperdoável esgotamento de suas riquezas.
Reaprendemos que dominar o planeta, o universo não é sinônimo de prepotência, uso inconsequente das riquezas que em nossas mãos foram colocadas.

Contigo, Rainha da Paz, aprendemos que a humanidade deve por fim às guerras, para que não aconteça o inverso.

Quem melhor do que tu para nos ensinar a linguagem do Espírito, que é a linguagem do amor,  que une povos e nações?

Contigo, que sabes falar as línguas de todos os povos, mais que reaprender regras ortográficas anunciadas, podemos aprender a verdadeira e indispensável comunicação que é a relação pessoal, diálogo, conversas edificantes: com trema ou sem trema, com hífen ou sem hífen, com acento ou não…

Quem melhor que tu, cantora da esperança dos pobres, para nos ajudar a reaprender com os utópicos e militantes que não se curvam à ditadura, que outro mundo é possível?

Contigo temos que tomar consciência de que a inevitável globalização tem seus aspectos positivos, que não podem ser negados (comunicação, locomoção, maiores acessos em todos os sentidos, agilidade, mais informações, a informatização, a virtualidade etc.), mas que há ainda algo que contigo podemos aprender: globalizar as possibilidades, superar disparidades e desigualdades, numa palavra, globalizar a solidariedade.

Quem melhor que tu para nos ensinar a aprender com os recuos das ondas, que fazem de cada recuo um ponto para um novo avanço, uma nova etapa...?

Ó como é bom aprender contigo, Mãe e Mestra!

“Maria, discípula e missionária do Senhor”

                                                        

"Maria, discípula missionária do Senhor"

 
Maria é a discípula mais perfeita do Senhor, porque é a máxima realização da existência cristã, em plena relação de amor com a Santíssima Trindade.
 
Maria nos ensina, portanto, a viver como “filhos no Filho”, pela sua fé e obediência à vontade de Deus, e por sua constante meditação da Palavra e das ações de Jesus, na abertura ao sopro do Espírito Santo.
 
Maria é a interlocutora do Pai, em Seu projeto de enviar Seu Verbo para a salvação da humanidade, e com sua fé chega a ser o primeiro membro da comunidade dos crentes em Cristo, e também se faz colaboradora no renascimento espiritual dos discípulos.
 
Maria é a figura de mulher livre e forte, que emerge do Evangelho, conscientemente orientada para o verdadeiro seguimento de Cristo, porque viveu completamente toda a peregrinação da fé como mãe de Cristo, procurando sintonia plena com o Projeto do Pai.
 
Maria é a Virgem de Nazaré com uma missão única na história da salvação, concebendo, educando e acompanhando seu Filho até Seu sacrifício definitivo, acompanhando passo a passo, com a espada transpassando sua alma.
 
Maria é aquela a quem do alto da Cruz, Jesus Cristo confiou a Seus discípulos, representados por João, o dom da maternidade de Maria, que brota diretamente da hora pascal de Cristo: “E desse momento em diante, o discípulo a recebeu em sua casa” (Jo 19,27).
 
Maria alcançou, ao permanecer corajosamente aos pés da Cruz de Seu Filho, em comunhão profunda, entrar plenamente no Mistério da Aliança, e com ela, unida à plenitude dos tempos, chega-se ao  cumprimento a esperança dos pobres e o desejo de salvação.
 
Maria, perseverando junto aos Apóstolos, à espera do Espírito,  cooperou com o nascimento da Igreja missionária, imprimindo-lhe um selo mariano, que a identifica profundamente.
 
Maria, como mãe de tantos, fortalece os vínculos fraternos entre todos, estimula a reconciliação e o perdão e ajuda os discípulos de Jesus Cristo a viverem como família, a família de Deus.
 
Maria nos favorece o encontro com o Cristo, com o Pai e com o Espírito Santo, e, da mesma forma, com os irmãos. E assim, como na família humana, a Igreja-família é gerada ao redor de uma mãe, que confere “alma” e ternura à convivência familiar.
 
Maria, Mãe da Igreja, além de modelo e paradigma da humanidade, é artífice de comunhão, e um dos eventos fundamentais da Igreja, é quando o “sim” brotou de Maria. Ela atrai multidões à comunhão com Jesus e Sua Igreja, como experimentamos nos santuários marianos.
 
Maria é Virgem e Mãe, assim como a Igreja também é mãe, de modo que esta visão mariana da Igreja é o melhor remédio para uma Igreja meramente funcional ou burocrática.
 
Maria é a grande missionária, continuadora da missão de seu Filho e formadora de missionários, pois da mesma forma como deu à luz o Salvador do mundo, trouxe o Evangelho à nossa América.
 
Maria, no acontecimento em Guadalupe, presidiu, junto com o humilde João Diego, o Pentecostes que nos abriu aos dons do Espírito, e a partir desse momento, são incontáveis as comunidades que encontraram nela a inspiração mais próxima, para aprenderem como ser discípulos e missionários de Jesus.
 
Maria tem feito parte do caminhar de cada um de nossos povos, entrando profundamente no tecido de sua história e acolhendo as ações mais nobres e significativas de sua gente, o que nos cumula de alegria.
 
Maria, com seus diversos títulos e santuários espalhados por todo o Continente, é sinal de sua proximidade com pessoas e suas realidades, e, ao mesmo tempo, lugar da manifestação da fé e confiança que os devotos sentem por ela.
 
Maria brilha diante de nossos olhos como imagem acabada e fidelíssima do seguimento de Cristo, a seguidora mais radical de Cristo, de Seu magistério discipular e missionário.
 
Maria Santíssima, a Virgem pura e sem mancha, é para nós escola de fé, destinada a nos conduzir e a nos fortalecer no caminho que conduz ao encontro com o Criador do céu e da terra.
 
Maria, em sua escola permaneçamos, inspirados em seus ensinamentos, acolhendo e guardando dentro do coração as luzes que, por mandato divino, nos envia do alto.
 
Maria, que “conservava todas estas recordações e as meditava no coração”,nos ensina o primado da escuta da Palavra na vida do discípulo missionário.
 
Maria fala e pensa com a Palavra de Deus; a Palavra de Deus se faz a sua palavra e sua palavra nasce da Palavra de Deus e, além disso, assim se revela que seus pensamentos estão em sintonia com os pensamentos de Deus, que seu querer é um querer junto com Deus.
 
Maria está intimamente penetrada pela Palavra de Deus, e por isto se tornou Mãe da Palavra encarnada, e essa familiaridade com o Mistério de Jesus é facilitada pela reza do Rosário, onde: “o povo cristão aprende de Maria a contemplar a beleza do rosto de Cristo e a experimentar a profundidade de Seu amor.”
 
Maria ajuda a manter vivas as atitudes de atenção, de serviço, de entrega, solidariedade, gratuidade e fraternidade, que devem marcar a vida dos discípulos de seu amado Filho.
 
Maria nos ensina qual pedagogia para que todos na comunidade cristã,“sintam-se como em casa”, com atenção e acolhida do outro, especialmente se o outro é pobre ou necessitado.
 
Maria, presente em nossas comunidades, enriquece sempre a dimensão materna da Igreja e sua atitude acolhedora, para que ela seja “casa e escola da comunhão”, um espaço espiritual que prepara para a missão.
 
Ave Maria cheia de graça...
 
 
Livre adaptação dos parágrafos 266-272 da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe - Aparecida.
 


Maria nos ensina a comunicar a Boa Nova do Reino

 

Maria nos ensina a comunicar a Boa Nova do Reino
 
Contigo, Ó Amantíssima Maria,  contamos, pois não houve na história, ninguém melhor do que tu, que tenha dialogado com Deus, aberta à voz do Espírito, para acolher no ventre a Palavra, Jesus Cristo, o Verbo que Se fez Carne e habitou entre nós (Jo 1,14).
 
Contigo, queremos ser féis à missão da Igreja, confiada pelo Teu Amado Filho: anunciar a Boa Notícia do Reino até o fim do mundo, até o fim dos tempos, como Ele nos disse – “Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura” (cf. Mc 16, 15).
 
Contigo, que tiveste a mente e o coração abertos à ação do Espírito e te tornaste a perfeita comunicadora do Pai, pedimos que nos ajude neste desafio de sermos instrumentos para resplandecer a luminosidade da Palavra de Jesus, assim como fizeste incansavelmente, sobretudo na inesquecível visita à sua prima Isabel.
 
Contigo, haveremos de aprender a usar todos os meios de comunicação social para informar, favorecer o desenvolvimento dos povos, superar os distanciamentos sociais, promover o bem comum, fundados nos valores da verdade, liberdade, justiça e solidariedade, respeito e caridade.
 
Contigo, enfim, aprendamos que a comunicação verdadeira somente se alcança quando se promove o bem comum e se fortalece os vínculos da paz, e o diálogo com Aquele que é a Fonte de nossa vida, introduzindo-nos na mais perfeita comunhão de amor, a comunhão da Santíssima Trindade. Amém.

Maria: Mãe da Igreja Sinodal, um povo que caminha junto

 


Maria: Mãe da Igreja Sinodal, um povo que caminha junto
 
 “Todos perseveravam unanimemente na oração, juntamente com as santas mulheres e Maria, a Mãe de Jesus...” (At 1,14)
 
Os Apóstolos estavam reunidos no Cenáculo, animados pelo mesmo amor, e ao centro encontrava-se a Mãe de Deus, de modo que, no dia de Pentecostes, o Espírito Santo, que já habitava em Maria desde o mistério da sua Imaculada Conceição, fixando nela a Sua morada de uma maneira nova.
 
A tradição da Igreja viu, nesta cena, a maternidade espiritual de Maria sobre toda a Igreja, sendo ela o “coração da Igreja nascente”, colaborando ativamente com a ação do Espírito Santo.
 
O Concílio Vaticano II assim nos apresenta Maria: “Redimida de um modo eminente e em previsão dos méritos do seu Filho, e unida a Ele por um vínculo estreito e indissolúvel, Maria é enriquecida com a sublime missão e a dignidade de ser a Mãe do Filho de Deus e, por isso, filha predileta do Pai e Sacrário do Espírito Santo, com o dom de uma graça tão extraordinária que supera de longe todas as criaturas celestes e terrenas”.
 
À Maria, mãe da Igreja, recorramos pedindo a graça de sermos conduzidos e assistidos pelo Espírito, como ela tão bem o fez, a fim de que sejamos uma Igreja verdadeiramente Sinodal, Povo de Deus que caminha junto, intensificando nossa participação na vida da Igreja, fortalecendo os vínculos de comunhão fraterna, e assim, vivamos a missão como solícitos e alegres discípulos missionários do Seu Amado Filho, Jesus Cristo. Ele é a Cabeça e nós, Igreja, o Seu Corpo.
 

Maria, lírio entre os espinhos

 


Maria, lírio entre os espinhos
 
Maria, “És lírio entre os espinhos,
és pura sem igual,
brilhando nos caminhos
da culpa original”.(1)
 
Lírio puríssimo por todo o sempre,
Tu podes nos ensinar a coragem manter,
Neste tempo tão diferente
Por que todos passamos.
 
Lírio perfeitíssimo no Jardim do Criador,
Tu, assentada no mais alto cume das virtudes,
Repleta do oceano de carismas divinos,
Abismo de graças, volte para nós teu olhar. (2)
 
Lírio prediletíssimo do Altíssimo,
Tu penetraste como ninguém
No abismo do amor de Deus,
Na alegria e tristeza, na angústia e esperança.
 
Lírio castíssimo toda de Deus,
Contigo nossos olhares se renovam,
Porque tens olhar diferenciado,
Pois bem sabes ver para além das aparências.
 
Lírio amabilíssimo da Unidade Trina de Amor,
Seja meu olhar como o teu, em todos os momentos;
Um olhar que se deixa surpreender pela ação
Da Trindade, que te fez cheia de graça e amor;
 
Lírio exalante do mais puro odor de santidade,
Seja ele também aberto aos mistérios de Deus
Com abertura de alma e coração,
Pleno de sinceridade, disponibilidade e confiança.
 
Lírio de beleza indescritível tu és para sempre.
Contigo nosso olhar penetra os abismos das dúvidas,
Em busca de respostas para as necessárias perguntas,
De modo especial neste tempo de pandemia e incertezas.
 
Lírio imaculado, sem a mancha do pecado,
Seja meu olhar como o teu aos s da Cruz,
Que contempla para além do aparente fracasso:
Crês que após o olhar doloroso, terás o glorioso.
 
Lírio belíssimo e esplendoroso, na glória dos céus,
Tua doce voz ressoará por todo o sempre,
Desde aquele memorável dia do primeiro sinal:
Nova luz há de brilhar: “Fazei tudo o que Ele vos disser”
(Jo 2,5)
 
 
 
 
(1)Liturgia das Horas - Volume Advento-Natal - pág.1037
(2) Santo Amadeu – séc. XII
 

quinta-feira, 30 de maio de 2024

Produzamos os frutos do Espírito

 


Produzamos os frutos do Espírito

Assim lemos no Lecionário Comentado, sobre a passagem do Evangelho de Marcos (Mc 11,11-26):

“Perante a figueira que secara, Jesus pronuncia depois palavras sobre a fé (vv.22-33), sobre a oração (vv.24-25) e sobre o perdão (v.25)...

A imagem da figueira, cheia de folhas mas estéril, é a imagem de um povo que frequenta o Templo, fazendo florescer nele um comércio exuberante, em vez da oração feita com fé e com a disposição para o perdão.

 A fé em Deus e o perdão oferecido ao próximo são as condições e a marcas distintivas da verdadeira oração. O Templo não pode ser um espaço de negócio, mas casa de oração desejada por Deus para todos os povos” (1).

E no Missal Cotidiano, assim lemos:

“Israel não reconheceu a visita do Senhor nem produziu o fruto esperado. Possuía a casa da oração, porém não mais a fé em Deus e em seu amor e o perdão dos inimigos, que tornam aceita a oração.” (2)

Concluindo, acolhamos alguns questionamentos que o Missal nos apresenta, e que são fundamentais para revermos nossa fidelidade no discipulado, a fim de que nossa ação evangelizadora seja autêntica e produza os frutos por Deus esperados:

“Mas sabemos hoje reconhecer ‘quem é Jesus’ para nós?

Produzimos os frutos que Ele espera?

E nossa vida de igreja não se limita a um estéril aparato exterior?

Onde estão em nossas comunidades a fé viva, a fraternidade, o perdão, os frutos do Espírito, como verdadeiros sinais da presença e do reconhecimento de Cristo?”

E podemos completar esta reflexão, retomando a passagem da Carta de Paulo aos Gálatas (Gl 5,16.22a-23a.25), sobre os frutos do Espírito.

“Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos Vossos fiéis...”

  

(1) Lecionário Comentado – Volume I - Tempo Comum – Editora Paulus – pág.394-395

(2)Missal Quotidiano – Editora Paulus- pág. 839

Fidelidade ao Senhor, frutos abundantes


Fidelidade ao Senhor, frutos abundantes

À luz da passagem do Evangelho de Marcos (Mc 11,11-26), refletimos sobre a missão da Igreja, mais precisamente, como favorecemos ou enfraquecemos esta missão.

Como discípulos missionários do Senhor, elevemos a Deus esta Oração, renovando a graça de sermos Igreja e a ela pertencermos, para que, na vivência do Novo Mandamento do Amor que Ele nos deu, possamos produzir os frutos esperados.

Oremos:

Senhor, que a Vossa Igreja, por Vós edificada, seja para nós um local privilegiado para o encontro pessoal com o Vosso Pai, envolvidos pelo Vosso Espírito Santo de Amor, de modo que possamos fazer progressos na fé, sempre revigorados na esperança e reavivados na prática da caridade, e assim viver maior comunhão e verdadeiro amor fraterno, correspondendo, de maneira sublime, ao Projeto do Reino por Vós inaugurado.

Senhor, livrai-nos da tentação de fazer da Vossa Igreja lugar de posturas e práticas que têm por finalidade, tão somente, a promoção pessoal, o lucro, a competição e a concorrência entre as pessoas, a busca do prestígio, da fama; pouco importando se fazemos multiplicar  sentimentos que não estão em sintonia com o Vosso Evangelho, como ciúmes, rancor, raiva, ira, inveja...

Senhor, afastai de nós tudo que seja contrário aos Vossos ensinamentos, proclamados no Sermão da Montanha, na Oração do Pai Nosso, e em outros momentos memoráveis, que nos fazem iluminados e iluminantes, comunicadores de Vossa Divina Luz, num mundo tão marcado por sombras e escuridão, como expressão do pecado e morte, que teimosamente insistem em sobreviver. Amém. 

Como precisamos do colírio da fé!

                                                         

Como precisamos do colírio da fé!

Retomo as palavras de Jacques Monod, prêmio Nobel de medicina, citadas no Missal Dominical para a passagem bíblica da cura do cego de nascença (cf. Jo 9,1-40):

“O homem é um cigano perdido num universo enregelado que lhe é totalmente indiferente”.

O que esta citação quer dizer e o que tem a ver com esta cura?

Assim refletiu o Papa Bento XVI, anos passados:

“O domingo do cego de nascença apresenta Cristo como luz do mundo. O Evangelho interpela cada um de nós: «Tu crês no Filho do Homem?». «Creio, Senhor» (Jo 9, 35.38), afirma com alegria o cego de nascença, fazendo-se voz de todos os crentes.

O milagre da cura é o sinal que Cristo, juntamente com a vista, quer abrir o nosso olhar interior, para que a nossa fé se torne cada vez mais profunda e possamos reconhecer n’Ele o nosso único Salvador. Ele ilumina todas as obscuridades da vida e leva o homem a viver como «filho da luz»”.

Convida-nos à profundidade da fé, abrindo o nosso olhar interior, não permitindo lugares para obscuridades em nossa vida, pois somos filhos da luz como afirma Paulo aos Efésios (Ef  5,8-14).

O Bispo Santo Agostinho assim se expressou:

“Os nossos olhos, irmãos, são agora iluminados pelo colírio da fé”.

Profundidade sim, obscuridade não! Necessitamos deste “colírio da fé”, para uma fé mais profunda, iluminada e iluminadora. As trevas cederão sempre à luz, que emana da Vida Nova do Ressuscitado. Crer no Ressuscitado é certeza de que as trevas cedem lugar à luz, e a morte à vida!

Sem a fé, seríamos como ciganos, vagueando nas penumbras das incertezas, sem um destino auspicioso, sem horizontes e perspectivas, enfim, sem saídas! O mundo, a vida, a nossa história seriam enregelados, tristes, sombrios… De modo que o desânimo e  o caos nos seriam indiferentes.

Mas não! Crendo no Ressuscitado sabemos por onde e com quem caminhar, Jesus. Temos a Verdade que embasa nosso viver, o Evangelho. Temos a vida no tempo presente que se espraia nos deleites da eternidade, o Céu!

Adesão incondicional ao Senhor

Adesão incondicional ao Senhor

A fidelidade ao Senhor, como discípulos missionários Seus,  precisa ser acompanhada de três verbos inseparáveis:

- Acreditar na pessoa de Jesus e no Seu Projeto;
- Aceitar a concretização do mesmo;
- Aderir a Ele com todo empenho, com toda alma...

Deste modo vivemos a autenticidade da fé cristã, pois ser cristão é escolher a Cristo, optar pela Sua Pessoa e Projeto e segui-Lo, não se tratando de abraçar um conjunto de ideias, ou crer numa ideologia que passa...

Na decisão fundamental por Jesus Cristo estão contidas e plenificadas todas as exigências de conhecimento e de ação da fé.

É necessário que:
- Sejamos educados no pensamento de Cristo,
- Vejamos a história como Ele,
- Julguemos a vida como Ele,
- Escolhamos amar como Ele,
- Esperemos como Ele ensina,
- Vivamos n'Ele a comunhão, com o Pai e o Espírito Santo.

Somente uma adesão incondicional, radical, total e para sempre nos assegurará a realização de nossa vida, sonhos e projetos.

Somente a opção por Cristo é caminho para Salvação, de modo que tão somente na adesão a Ele, é que encontramos o sentido para a nossa vida.

Que cada dia seja um tempo de graça para renovarmos nosso amor e fidelidade ao Senhor, fortalecendo e alcançando a desejada santidade como sinônimo de felicidade, não nos curvando diante dos desafios da realidade quotidiana.

Não percamos a graça de testemunhar esta adesão que nos desafia a manter viva a chama da caridade e da luz divina!

Por Jesus, em cada irmão e irmã,
em pequenos gestos de amor se consumir.

Amém. Aleluia!

Quem sou eu

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG