O mistério da dor e da morte no cuidado do rebanho
Fiz esta reflexão em 2002, quando estava em trabalho missionário em Ministro Andreazza - RO.
Retrata um dos momentos mais doloridos por mim vivido em todo o meu Ministério.
Retrata um dos momentos mais doloridos por mim vivido em todo o meu Ministério.
Foi diante da morte de duas crianças, que senti as limitações, a impotência humana e a Onipotência Divina. Diante da morte quantas coisas caem por terra...
Não tenho dúvida, esta reflexão vai levar o leitor à mesma experiência.
Na 1.ª Epístola de Pedro (1Pd 5), aprendemos que devemos cuidar do rebanho por livre vontade, com sobriedade, autodomínio e oração, a fim de que tenhamos bom êxito em nosso Ministério.
O cuidado do rebanho, que se nos apresenta muitas vezes terrivelmente machucado, de coração dilacerado, exige dos Presbíteros especial atenção.
Refiro-me a situações extremadas de miséria, de abandono político, de exclusão em todos os aspectos… Refiro-me a uma situação limite de dor: um jovem casal, que não podendo ter mais filhos, perde os seus dois afogados (um de três e outro de quatro anos).
- Na Celebração das Exéquias, uma das mais duras experiências que vivi, como consolar o rebanho machucado, inquieto diante deste fato?
Diante daqueles corpos inertes, frios, a ausência de movimentos apontava para o movimento contínuo da eternidade: o céu, que é Amor de Deus em contínuo e infinito movimento…
A ausência de respiração nos asfixiava em busca do Sopro do Espírito, para compreender o porquê daquela triste, fria e dura imagem a nossa frente: dois pequeninos corpos no caixão.
A partida do convívio de seus pais era, com certeza, ao mesmo tempo, a entrada na Glória dos Céus; a despedida dos pais, e de todos nós, que chorávamos, era a saudação de chegada aos Anjos e Santos na Eternidade, diante de Deus nosso Criador.
Diante de tantas perguntas, tantas inquietações, até mesmo a revolta contra Deus, chegamos à certeza de nossa pobreza, de nossa limitação, de nossa provisoriedade e transitoriedade.
Aqueles corpos, moradas de barro a serem destruídas, davam a certeza de que para os que os ocuparam, há a garantia da posse da mansão espiritual, que nos fala o Apóstolo Paulo.
É fácil e cômodo cuidar do rebanho gordo, sadio… O desafio, para o Presbítero, é cuidar das ovelhas magras e machucadas, como nos fala o Profeta Ezequiel (Ez 34).
Finalizando, este extremo momento de dor no pastoreio, com certeza, é grão de trigo, que morre e assegura frutos novos de Deus, a partir do barro que somos em Sua Olaria.
Eis um verdadeiro encontro com Jesus: o trabalho missionário junto ao Povo de Deus.
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