sexta-feira, 25 de outubro de 2024

O último olhar é o que conta…

                                                                    

O último olhar é o que conta…

Depois de olhares condenatórios,
Frutos de diálogos assaz calorosos,
Vemos que há outros vãos, ilusórios,
Quando, de fato, somos amorosos.

O último olhar da mãe para um filho
Que por ânsia de liberdade ousou partir.
O último olhar da mãe para um filho,
Sempre pronta ao seu retorno se abrir.

O último olhar do barco que partiu
Levando para outra margem quem amávamos.
O último olhar que contempla seu retorno.
Há de retornar quem sempre esperávamos.

O último olhar para o horizonte
Da derrota eminente e evidente,
Que cede lugar para outro último,
Porque contamos com o Onipotente.

O último olhar para o céu que se fechou
Não será o último olhar a se cristalizar,
A fé no Deus que faz nascer todos os dias
Abre as portas dos céus para nos eternizar.

O último olhar para os números preocupantes
Não devem ser a finalização de sonhos e metas, 
Pães e peixes partilhados; números insuficientes,
Para quem tem fé, abundância e partilhas certas.

O último olhar para o pão e o vinho sobre o altar
É verdadeiramente o que nos alimenta e conta.
O que num primeiro olhar é apenas matéria,
Quando Eucaristizados, algo novo o olhar aponta.

A Eucaristia que olhamos e contemplamos
É o ainda não último olhar que esgota e  conta.
O último olhar que, de fato, nos encanta
É o olhar do Banquete da Eternidade que aponta.

Olhar para o Banquete da Eternidade é o que conta,
Mas por enquanto os olhares se multiplicam.
Olhares que destroem, olhares que edificam,
Olhares que matam, mas há olhares que ressuscitam!

Olhares que passam como nuvem passageira,
Olhares que secam como erva ao entardecer,
Olhares que marcam como perene tatuagem,
A alma, o corpo e todo o nosso ser.

Quando Pedro por Jesus foi apresentado e chamado,
Resposta pronta e imediata nele despontou,
Pois foi fruto de um olhar para além das aparências,
Olhar diferenciado que sua vida encantou.

Reflitamos sobre nossos olhares de cada dia,
E na súplica do Pai Nosso que rezamos,
O pão de cada dia seja também um novo olhar
Dos mais que vencedores, porque n’Ele acreditamos!

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG