Síntese da homilia crismal do Papa Francisco - 2024
Síntese da homilia
do Papa Francisco, na Missa crismal do dia 28 de março de 2024, na Basílica de
São Pedro-Roma.
Inicia retomando
a passagem proclamada na Missa, mais especificamente o versículo do Evangelho
de São Lucas - «Todos os que estavam na
sinagoga, tinham os olhos fixos n’Ele» (Lc 4, 20).
A partir do
caminho feito por Pedro, nos momentos da Paixão e Morte do Senhor e seu
protagonismo, como que num processo de reconhecimento de sua condição pecadora,
e afirmação de seu amor por Jesus, pouco mais tarde, para cumprir a missão pelo
Senhor confiada: “E, vindo para fora,
chorou amargamente» (Lc 22, 61-62). Os seus olhos acabaram inundados de
lágrimas que, brotando dum coração ferido, o libertaram de falsas certezas e
justificações. Aquele choro amargo mudou-lhe a vida.”
Na noite do renegamento,
Pedro deixou espaço às lágrimas da vergonha, às lágrimas do arrependimento. E
vai conhecer Jesus verdadeiramente, quando, «triste por Jesus lhe ter
perguntado, a terceira vez: “Tu és
deveras meu amigo?”», se deixará penetrar plenamente pelo olhar de Jesus.
Então, daquele «não O conheço»,
passará a dizer: «Senhor, Tu sabes tudo»
(Jo 21,17), afirma o Papa.
E assim, propõe
aos sacerdotes, uma reflexão sobre o tema da compunção, uma palavra “talvez insólita”, diz o Papa, mas ela evoca
o picar: a compunção é «uma aguilhoada no coração», um trespassamento que o
fere, fazendo brotar as lágrimas do arrependimento.
Ajuda-nos a
compreender sobre o que se trata a compunção:
- não é um
sentimento de culpa que nos lança por terra, nem uma série de escrúpulos que
paralisam, mas uma picada benéfica que queima intimamente e cura, pois o
coração, quando se dá conta do próprio mal e se reconhece pecador, abre-se,
acolhe a ação do Espírito Santo, como água viva que o muda a ponto de lhe
correrem as lágrimas pelo rosto.
Chorar por nós
próprios não significa, porém sentir pena de nós mesmos, nem tão pouco repassar
as injustiças sofridas para sentirmos pena de nós mesmos, pensando que não nos
deram o merecido e imaginando o futuro reservando-nos de contínuo apenas
surpresas negativas.
Deste modo, chorar
por nós próprios, afirma o Papa, é arrepender-nos seriamente de ter
entristecido a Deus com o pecado; reconhecer que diante d’Ele sempre estamos em
débito, nunca em crédito; admitir que se perdeu o caminho da santidade, não
tendo confiado no amor d’Aquele que deu a vida por nós.
Adverte-nos o
Papa, sobretudo os sacerdotes: “É olhar
para dentro de mim e sentir pesar pela minha ingratidão e inconstância; meditar
com tristeza nos meus fingimentos e falsidades; descer aos meandros da minha
hipocrisia, a hipocrisia clerical: amados irmãos, aquela hipocrisia na qual
escorregamos tanto… tanto. Tende cuidado com a hipocrisia clerical! Para em
seguida erguer o olhar para o Crucificado e deixar-me comover pelo seu amor que
sempre perdoa e eleva, que nunca deixa frustradas as esperanças de quem n’Ele
confia. Assim as lágrimas continuarão a cair, e purificam o coração.
A compunção
requer esforço, mas restitui a paz; um antídoto para a esclerocardia, aquela
dureza do coração frequentemente denunciada por Jesus (Mc 3, 5; 10, 5).
Convida (se
incluir) os sacerdotes para ver o quanto a compunção se faz presente, através
do exame de consciência e na oração.
A compunção bem
vivida, tem como característica a solidariedade -“ Um coração dócil, liberto pelo espírito das Bem-aventuranças, tende
naturalmente a sentir compunção pelos outros: em vez de se irritar e
escandalizar pelo mal feito pelos irmãos, chora pelos pecados deles. Não se
escandaliza.”
Considerando que
a compunção, mais do que fruto do nosso exercício, é uma graça e como tal deve
ser pedida na oração, o Papa faz duas recomendações: não olhar a vida e a vocação numa perspectiva
de eficiência e imediatismo, e a segunda, como consequência da primeira,
descobrir a necessidade de nos dedicarmos a uma oração que não seja obrigatória
e funcional, mas livre, calma e prolongada.
Finaliza convidando
os sacerdotes a voltarem para São Pedro e às suas lágrimas; bem como fazer suas
as palavras recitadas no silêncio ao Presidir a Santa Missa: «Em humildade e
contrição, sejamos recebidos por Vós, Senhor…» e ainda: «Lavai-me, Senhor, da
minha iniquidade, e purificai-me do meu pecado».
Retoma
a passagem no começo mencionada e do Profeta Isaías, «curar os quebrantados de
coração» (Is 61, 1): “Então, se o coração
se despedaçar, pode ser faixado e curado por Jesus. Obrigado, queridos
sacerdotes, obrigado pelo vosso coração aberto e dócil; obrigado pelas vossas
fadigas e obrigado pelo vosso pranto; obrigado porque levais a maravilha da
misericórdia – perdoai sempre, sede misericordiosos – e levai esta
misericórdia, levai Deus aos irmãos e irmãs do nosso tempo. Que o Senhor vos console, confirme e
recompense! Obrigado!”
Se desejar, acesse e confira a
homilia na integra:
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