sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Síntese da homilia crismal do Papa Francisco - 2024

 


Síntese da homilia crismal do Papa Francisco - 2024

Síntese da homilia do Papa Francisco, na Missa crismal do dia 28 de março de 2024, na Basílica de São Pedro-Roma.

Inicia retomando a passagem proclamada na Missa, mais especificamente o versículo do Evangelho de São Lucas - «Todos os que estavam na sinagoga, tinham os olhos fixos n’Ele» (Lc 4, 20).

A partir do caminho feito por Pedro, nos momentos da Paixão e Morte do Senhor e seu protagonismo, como que num processo de reconhecimento de sua condição pecadora, e afirmação de seu amor por Jesus, pouco mais tarde, para cumprir a missão pelo Senhor confiada: “E, vindo para fora, chorou amargamente» (Lc 22, 61-62). Os seus olhos acabaram inundados de lágrimas que, brotando dum coração ferido, o libertaram de falsas certezas e justificações. Aquele choro amargo mudou-lhe a vida.”

Na noite do renegamento, Pedro deixou espaço às lágrimas da vergonha, às lágrimas do arrependimento. E vai conhecer Jesus verdadeiramente, quando, «triste por Jesus lhe ter perguntado, a terceira vez: “Tu és deveras meu amigo?”», se deixará penetrar plenamente pelo olhar de Jesus. Então, daquele «não O conheço», passará a dizer: «Senhor, Tu sabes tudo» (Jo 21,17), afirma o Papa.

E assim, propõe aos sacerdotes, uma reflexão sobre o tema da compunção, uma palavra “talvez insólita”, diz o Papa, mas ela evoca o picar: a compunção é «uma aguilhoada no coração», um trespassamento que o fere, fazendo brotar as lágrimas do arrependimento.

Ajuda-nos a compreender sobre o que se trata a compunção:

- não é um sentimento de culpa que nos lança por terra, nem uma série de escrúpulos que paralisam, mas uma picada benéfica que queima intimamente e cura, pois o coração, quando se dá conta do próprio mal e se reconhece pecador, abre-se, acolhe a ação do Espírito Santo, como água viva que o muda a ponto de lhe correrem as lágrimas pelo rosto.

Chorar por nós próprios não significa, porém sentir pena de nós mesmos, nem tão pouco repassar as injustiças sofridas para sentirmos pena de nós mesmos, pensando que não nos deram o merecido e imaginando o futuro reservando-nos de contínuo apenas surpresas negativas.

Deste modo, chorar por nós próprios, afirma o Papa, é arrepender-nos seriamente de ter entristecido a Deus com o pecado; reconhecer que diante d’Ele sempre estamos em débito, nunca em crédito; admitir que se perdeu o caminho da santidade, não tendo confiado no amor d’Aquele que deu a vida por nós.

Adverte-nos o Papa, sobretudo os sacerdotes: “É olhar para dentro de mim e sentir pesar pela minha ingratidão e inconstância; meditar com tristeza nos meus fingimentos e falsidades; descer aos meandros da minha hipocrisia, a hipocrisia clerical: amados irmãos, aquela hipocrisia na qual escorregamos tanto… tanto. Tende cuidado com a hipocrisia clerical! Para em seguida erguer o olhar para o Crucificado e deixar-me comover pelo seu amor que sempre perdoa e eleva, que nunca deixa frustradas as esperanças de quem n’Ele confia. Assim as lágrimas continuarão a cair, e purificam o coração.

A compunção requer esforço, mas restitui a paz; um antídoto para a esclerocardia, aquela dureza do coração frequentemente denunciada por Jesus (Mc 3, 5; 10, 5).

Convida (se incluir) os sacerdotes para ver o quanto a compunção se faz presente, através do exame de consciência e na oração.

A compunção bem vivida, tem como característica a solidariedade -“ Um coração dócil, liberto pelo espírito das Bem-aventuranças, tende naturalmente a sentir compunção pelos outros: em vez de se irritar e escandalizar pelo mal feito pelos irmãos, chora pelos pecados deles. Não se escandaliza.”

Considerando que a compunção, mais do que fruto do nosso exercício, é uma graça e como tal deve ser pedida na oração, o Papa faz duas recomendações:  não olhar a vida e a vocação numa perspectiva de eficiência e imediatismo, e a segunda, como consequência da primeira, descobrir a necessidade de nos dedicarmos a uma oração que não seja obrigatória e funcional, mas livre, calma e prolongada.

Finaliza convidando os sacerdotes a voltarem para São Pedro e às suas lágrimas; bem como fazer suas as palavras recitadas no silêncio ao Presidir a Santa Missa: «Em humildade e contrição, sejamos recebidos por Vós, Senhor…» e ainda: «Lavai-me, Senhor, da minha iniquidade, e purificai-me do meu pecado».

Retoma a passagem no começo mencionada e do Profeta Isaías, «curar os quebrantados de coração» (Is 61, 1): “Então, se o coração se despedaçar, pode ser faixado e curado por Jesus. Obrigado, queridos sacerdotes, obrigado pelo vosso coração aberto e dócil; obrigado pelas vossas fadigas e obrigado pelo vosso pranto; obrigado porque levais a maravilha da misericórdia – perdoai sempre, sede misericordiosos – e levai esta misericórdia, levai Deus aos irmãos e irmãs do nosso tempo. Que o Senhor vos console, confirme e recompense! Obrigado!”

 

Se desejar, acesse e confira a homilia na integra:

https://www.vatican.va/content/francesco/pt/homilies/2024/documents/20240328-omelia-crisma.html#:~:text=Quanto%20precisamos%20de%20ser%20libertos,que%20o%20Senhor%20realize%20maravilhas.


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