sexta-feira, 23 de maio de 2025

Cremos em Jesus Cristo, o Filho de Deus

                                                         

Cremos em Jesus Cristo, o Filho de Deus

Cremos que, pelo Espírito Santo, o Filho do homem nasceu da Virgem Maria como nossa cabeça; pelo mesmo Espírito, nós também renascemos na fonte batismal, como filhos de Deus e membros do Corpo de Cristo.

Cremos que Ele nasceu livre de todo o pecado, e quanto a nós,  renascemos pela remissão de nossos pecados: mortos para o pecado e vivos para Deus (Rm 6,11).

Cremos em Jesus Cristo, verdadeiramente Homem, verdadeiramente Deus. Um homem feliz é Cristo, que nos assegura a verdadeira felicidade, pois dela é inesgotável a Divina Fonte.

Cremos que, assim como a cabeça e o corpo formam um só homem, assim o Filho da Virgem e Seus membros escolhidos formam um só homem e um só Filho do homem. Cristo completo e total, Ele a cabeça e nós, Sua Igreja, o Seu Corpo, pois Cristo é total.

Cremos em Jesus, a cabeça, unido ao Seu corpo, a Igreja, assim como todos os membros juntos constituem um só corpo unido à Sua cabeça, como Jesus assim rezou: “Quero, Pai, que assim como Eu e tu somos um, também eles sejam um em nós” (cf. Jo 17,21).

Cremos que o Filho de Deus está unido com Deus por natureza, e assim o Filho do homem está unido como Filho de Deus, numa só pessoa; por sua vez, os membros do seu corpo estão unidos a Ele sacramentalmente.

Cremos que Ele é, por natureza, Filho de Deus e nós, como membros, somos por participação, e assim, o que Ele é em plenitude, nós o somos parcialmente.

Cremos que o Filho de Deus é por geração, e nós, membros, somos por adoção, como está escrito: “Recebestes um espírito de filhos adotivos, no qual todos clamamos: Abá – ó Pai’’ (Rm 8,15).

Cremos que este Espírito nos deu a capacidade de nos tornarmos filhos de Deus (Jo 1,12), para que o primogênito de muitos irmãos pudesse nos ensinar e dizer: “Pai nosso que estais nos céus’ (Mt 6,9), e ainda, “‘Subo para junto do meu Pai e vosso Pai” (Jo 20,17).

Cremos que, na cruz, Ele tomou sobre Seu corpo de carne os pecados de todo o corpo, do mesmo modo, pela graça da regeneração, concedeu ao Seu corpo espiritual que não lhe fosse atribuído nenhum pecado, como está escrito: ‘Feliz o homem a quem o Senhor não acusa de pecado’ (Sl 31,2).

Cremos que, enquanto cabeça do Cristo místico, é Deus e perdoa os pecados; enquanto cabeça do corpo, é o Filho do homem, nada tendo que Se lhe deva perdoar; e enquanto o corpo da cabeça é formado por muitos, nada se lhe atribui.

Cremos que Ele é justo em Si mesmo e justifica-se a Si mesmo, nosso Redentor, que tomou sobre Seu corpo, na cruz, os pecados daquele corpo que Ele purifica por meio da água do Batismo, e continua salvando pela Cruz e pela água.

Cremos que Ele é o Cordeiro de Deus que tira e carrega o pecado do mundo (Jo 1,29), e assim é, ao mesmo tempo, sacerdote e vítima do sacrifício, Altar e Cordeiro.

Cremos, finalmente, que Ele é Deus; oferecendo-Se a Si mesmo, por Si reconciliou-Se consigo mesmo, com o Pai e com o Espírito Santo. Amém.



PS: “Profissão de Fé” à luz de um dos Sermões do Bem-aventurado Isaac, abade do Mosteiro de Stella (Séc. XII), em que nos apresenta Jesus Cristo, o primogênito de muitos irmãos - Liturgia das Horas - Volume II - Tempo Quaresma/Páscoa  - pág. 771-772

quinta-feira, 22 de maio de 2025

A fina flor da esperança

                                                       

A fina flor da esperança

Vivemos uma crise que desafia o testemunho da nossa fé e a caridade ativa, para que vislumbremos um novo amanhecer, com o renascer da fina flor da esperança.

Múltiplas são suas expressões:  planetária, econômica, social, política, moral, ética, familiar, existencial, religiosa, de valores, etc.

Entretanto, precisamos entender as dificuldades não como um ponto final, uma situação em que não há perspectivas, mas como momento de reflexão e incansável busca de saídas e de superação, reconhecendo as nossas infidelidades e pecados, e empenhados na necessária conversão, voltando-nos para Deus, orientando a nossa vida segundo Seus preceitos.

Com relação à crise política nacional atual, por exemplo, se buscarmos na história, veremos que, lamentavelmente, não se restringe aos nossos tempos, mas há décadas.

Todavia, se há na crise inúmeros aspectos negativos, há também positivos, paradoxalmente, porque nos remetem à autocrítica, à revisão, à conversão.

Na Sagrada Escritura, encontramos diversas passagens que não nos permitem ver a crise como ponto final. Dentre elas: “Os que odeiam Iaweh o adularia, e o tempo deles teria passado para sempre. Eu o alimentaria com a flor do trigo, e com o mel do rochedo te saciaria” (Sl 81,16-17).

O Papa Francisco, quando escreveu a Bula “Misericordiae Vultus” (O rosto da misericórdia), retratou perfeitamente o cenário que vivemos, quando alude à violência, ao dinheiro e à corrupção:

“O convite à conversão dirige-se, com insistência ainda maior, àquelas pessoas que estão longe da graça de Deus pela sua conduta de vida... Não caiais na terrível cilada de pensar que a vida depende do dinheiro e que, à vista dele, tudo o mais se torna desprovido de valor e dignidade. Não passa de uma ilusão. Não levamos o dinheiro conosco para o além. O dinheiro não nos dá a verdadeira felicidade.

A violência usada para acumular dinheiro que transuda sangue não nos torna poderosos nem imortais. Para todos, mais cedo ou mais tarde, vem o juízo de Deus, do qual ninguém pode escapar” (n.19).

“O mesmo convite chegue também às pessoas fautoras ou cúmplices de corrupção. Esta praga putrefata da sociedade é um pecado grave que brada aos céus, porque mina as próprias bases da vida pessoal e social. A corrupção impede de olhar para o futuro com esperança, porque, com a sua prepotência e avidez, destrói os projetos dos fracos e esmaga os mais pobres. É um mal que se esconde nos gestos diários para se estender depois aos escândalos públicos.” (cf. n.19).

Entretanto, a superação deste momento adverso exige esforço e disposição de todos, pois somente assim reencontraremos o caminho para que a fina flor da esperança brote no horizonte, exalando odores de alegria, fraternidade, solidariedade, justiça, partilha, transparência e da autêntica paz, construída no fortalecimento dos pilares do amor, verdade, justiça e liberdade, trazendo vida plena e feliz para a humanidade.

Concluindo, toda a sociedade é interpelada a não se curvar diante da crise e de eventuais dificuldades, e de modo mais explícito, nós, que professamos a fé em Deus, que jamais abandona Seu povo, porque ontem, hoje e sempre, vê nossa miséria, ouve nosso clamor por causa dos opressores, conhece nossas angústias e desce para nos libertar e nos fazer subir para uma terra boa e vasta, terra que emana leite e mel (Ex 3,7-8).

"Amor, obediência e alegria"

                                                                

"Amor, obediência e alegria"

O Missal Cotidiano daria este título à passagem do Evangelho de João (Jo 15,9-11), conforme o comentário: "Amor, obediência e alegria".

Antes de tudo, é necessário o amor de Jesus por nós; Ele que por sua vez, é amado pelo Pai.

Este amor de Jesus pede nossa resposta: “Permanecei no meu amor”, que corresponde ao convite – “Permanecei em mim”.

Este amor é notável na observância dos mandamentos de Jesus, que dá o exemplo, caminhando ao encontro da morte em obediência ao Pai.

Este amor vivido na obediência, tem como fruto a plena alegria.

Deste modo, para amar a Deus, pressupõe, antes de tudo, que é preciso deixar-se amar por Ele, porque amar a Deus nunca é iniciativa nossa, mas sempre uma resposta do dom que nos vem de Deus, que nos comunica o Seu infinito amor.

Oremos:

Concedei-nos, ó Deus, a graça de viver esta tríplice relação de amor, obediência e alegria, no seguimento de Jesus Cristo, Vosso Filho, em comunhão com o Espírito Santo. Amém.


PS: Missal Cotidiano – Editora Paulus – p. 440

A Sagrada Eucaristia nos alimenta, vivifica e nos santifica

                                                        

A Sagrada Eucaristia nos alimenta, vivifica e nos santifica
 
À luz dos Tratados escrito pelo Bispo São Gaudêncio de Bréscia (séc. IV), reflitamos sobre a Eucaristia, que é a Páscoa do Senhor.
 
“Um só morreu por todos. É Ele mesmo que em todas as Igrejas do mundo, pelo mistério do pão e do vinho, imolado, nos alimenta, acreditado, nos vivifica e, consagrado, santifica os que o consagram.
 
Esta é a Carne e este é o Sangue do Cordeiro. É o mesmo Pão descido do céu que diz: O pão que Eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo (Jo 6,51). Também o Seu sangue está expresso sob a espécie do vinho.
 
Ele mesmo afirma no Evangelho: Eu sou a videira verdadeira (Jo 15,1), manifestando com toda clareza que é Seu sangue todo vinho oferecido como sacramento da paixão. O grande patriarca Jacó já profetizara acerca de Cristo, ao dizer: Lavará no vinho a Sua túnica e no sangue da uva o Seu manto (Gn 49,11). Na verdade, haveria de lavar no Seu próprio sangue a túnica do nosso corpo, que tomara sobre Si como uma veste.
 
O Criador e Senhor da natureza, que produz o pão da terra, também transforma o pão no Seu próprio Corpo (porque pode fazê-lo e assim havia prometido); do mesmo modo, Aquele que transformou a água em vinho, transforma o vinho no Seu sangue.
 
Diz a Escritura: É a páscoa do Senhor (Ex 12,11), isto é, a passagem do Senhor. Por isso não julguemos terrestres os elementos que se tornaram celestes, porque o Senhor ‘passou’ para essas realidades terrestres e transformou-as no Seu Corpo e no Seu Sangue.
 
O que recebes é o Corpo d’Aquele Pão do Céu, e o Sangue é d’Aquela videira sagrada. Porque, ao dar o pão e o vinho consagrados a Seus discípulos, disse-lhes: Isto é o meu corpo. Isto é o meu sangue (Mt 26,26.28). Acreditemos, portanto, n’Aquele em quem pusemos a nossa confiança: a Verdade não sabe mentir.
 
Quando Jesus falava sobre a necessidade de comer Seu Corpo e de beber Seu Sangue, a multidão, desconcertada, murmurava: Esta palavra é dura! Quem consegue escutá-la? (Jo 6,60). Querendo purificar com o fogo celeste tais pensamentos – que deveis evitar, como já vos disse – ele acrescentou: O Espírito é que dá vida, a carne não adianta nada. As palavras que vos falei são espírito e vida (Jo 6,63)”.
 
Cremos que Ele é a nossa Páscoa, a passagem da morte para a vida, que por Sua a morte, morre por todos nós, a fim de que vivamos para sempre.
 
Cremos em Jesus, que em todas as Igrejas do mundo, se faz presente no Pão e no Vinho, Mistério do Seu Corpo e Sangue.
 
Cremos na Eucaristia, Corpo e Sangue do Senhor, que consagrado, santifica os que O consagram; o Corpo e Sangue do Senhor, que imolado, nos alimenta; e acreditado, nos vivifica e nos santifica, comprometendo-nos a serviço da vida plena e definitiva para todos.


Em poucas palavras...

                                                        


A caridade 

“A caridade é aquela em vista da qual tudo se deve fazer ou não fazer, mudar ou não mudar. É ela o princípio e o fim que devem regular tudo. 

Nada é culpável quando feito por ela e em conformidade com ela. 

Oxalá ela nos seja concedida por Aquele a quem não podemos agradar sem ela, pois sem Ele nada absolutamente podemos, Ele que vive e reina, Deus, pelos séculos infindos. Amém.”(1)

 

 

(1)Bem-aventurado Isaac, abade do mosteiro de Stella (Séc. XII)

Não quero a desventura...

                                                         

Não quero a desventura...

Felizes os íntegros em seu caminho,
os que andam conforme a Lei do Senhor!
Felizes os que guardam Seus testemunhos,
procurando-O de todo o coração,
e que, sem praticar a iniquidade,
andam em Seus caminhos!” 
Sl 119,1-3
Não quero a desventura de quem nada crê.
Jamais o infortúnio que roube a graça de viver.

Não andarei sob o jugo do medo,
Mas procurarei quem me ajude a enfrentá-lo.

Não sucumbirei com os que se curvam diante do mal,
Mas me revigorarei com os que se empenham pelo bem.

Não vou somar com quem nada espera,
Mas sonhar com os que sabem esperançar.

Não serei aprendiz de verbos que roubem a beleza da vida,
Mas, com o Divino Mestre, verbos salutares reaprender a conjugar.

Não farei crescer a fila dos que se entregam a mediocridade,
Mas, com pessoas de boa vontade, construir laços de fraternidade.

Não quero a desventura dos que se entregam aos pesadelos.
Jamais o infortúnio que roube a beleza e a força dos belos sonhos.

Quero firmar os passos nos caminhos do Senhor,
Com o Santo Espírito, os preceitos divinos viver. 

Continuarei, com fé, peregrinando na esperança,
de um novo céu e uma nova terra (Ap 21,1). Amém. Aleluia!


Em poucas palavras...

                                                       


O monte das Santas Escrituras

“Não vos extravieis no meio do nevoeiro, antes escutai a voz do pastor. Retirai-vos para os montes das Santas Escrituras; ali encontrareis as delícias do vosso coração e não achareis nada que vos possa envenenar ou fazer mal, pois ricas são as pastagens que ali se encontram” (1)

 

(1)Santo Agostinho, Sermão 46 sobre os pastores

Quem sou eu

Minha foto
4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG