terça-feira, 18 de março de 2025

Celebrar a graça do Ministério Episcopal

Celebrar a graça do Ministério Episcopal
 
“Para mim o viver é Cristo” –
“Mihi vivere Christus est” (Fl 1,21)
 
Ao celebrar cada ano o Ministério Episcopal, agradeço a Deus por esta graça a mim concedida.
 
Elevo a Ele orações, com toda a Igreja, a fim de que continue me iluminando como pastor do rebanho, para que eu corresponda ao desafio de ser como um ícone vivo do Bom Pastor, com a convicção de que Deus nos chama não por causa de nossas forças, méritos, capacidades tão apenas humanas.
 
Deus nos chama bispos para sermos sinal de Sua presença, na missão de pastores, e com Ele, na plena comunhão com Seu Filho com a ação e presença do Espírito, que nos conduz e nos ilumina na realização do tríplice múnus de ensinar, santificar, governar.
 
Esta missão não é jamais um ato solitário, mas vivido na comunhão com tantos colaboradores (presbíteros, religiosos, religiosas, consagrados e consagradas, cristãos leigos e leigas).
 
Unamos nossa voz para rezar suplicando a Deus que, pastor e rebanho, vivam a plena comunhão de amor e vida, amando e seguindo o Bom Pastor, Jesus Cristo:
 
Oremos:
 
Ó Deus, nós Vos suplicamos por todos os bispos, pastores de Vossa Igreja, para que conduzam o rebanho com carinho, sabedoria, amor e zelo;
 
Apontem e se empenhem em passar pela porta estreita da Salvação, que é a Cruz onde Vosso Filho deu a Sua vida por nós;
 
Carreguem a cruz de cada dia, tomando sempre consciência da missão que Vós confiastes;
 
Tenham consciência e testemunhem, que foram chamados não pelos méritos, mas porque assim  Vós quisestes;
 
Guiados pelo Espírito, sejam uma voz a iluminar e conduzir, por caminhos que levem à construção de uma nova civilização do amor, com vida plena e feliz para todos. Amém!

Quaresma: tempo de nossa purificação

                                                            

Quaresma: tempo de nossa purificação

Nas Laudes, do primeiro sábado da Quaresma, rezamos estes versículos do Livro do Profeta Isaías: 

"Lavai-vos, purificai-vos. Tirai a maldade de vossas ações de minha frente. Deixai de fazer o mal! Aprendei a fazer o bem! Procurai o direito, corrigi o opressor. Julgai a causa do órfão, defendei a viúva. Vinde, debatamos - diz o Senhor. Ainda que vossos pecados sejam como púrpura, tornar-se-ão brancos como a neve. Se forem vermelhos como o carmesim, tornar-se-ão como lã" (Is 1, 16-18).

Retomando atentamente o versículo 18, veremos que o Profeta nos ensina, a partir de onze verbos, a nos purificarmos de nossos pecados, e deste modo, ainda que sejam como púrpura se tornem brancos como a neve, ou se vermelho como o carmesim, se tornem como lã: 

1 - Lavai-vos.
2 - Purificai-vos.
3 - Tirai a maldade de vossas ações de minha frente.
4 - Deixai de fazer o mal!
5 - Aprendei a fazer o bem!
6 - Procurai o direito.
7 - Corrigi o opressor.
8 - Julgai a causa do órfão.
9 - Defendei a viúva.
10- Vinde.
11 - Debatamos - diz o Senhor.

A vivência intensa da Quaresma requer de nós o reconhecimento de nossa condição pecadora, diante da misericórdia divina: reconhecer nossos pecados e confessá-los, sobretudo no Sacramento da Penitência, como expressão maior desta misericórdia.

Como breve roteiro, ele possa nos ajudar nesta atitude penitencial, para nossa reflexão a fim de vivermos este tempo favorável de reconciliação, graça e salvação, como o Apóstolo Paulo nos exorta em memorável passagem (2 Cor 5,20-6,2). 
 


PS: apropriada para a 2ª terça-feira da Quaresma, quando se proclama na primeira Leitura - Is 1,10.16-20

Em poucas palavras...

                                                   


O itinerário da iniciação à vida cristã

“Toma-se hoje maior consciência de que o Sacramento deve vir no término de um prazo mais ou menos longo, durante o qual a Igreja exerce o seu ministério profético, com a Proclamação da Palavra de Deus e a Leitura dos acontecimentos, e o indivíduo harmoniza sua fé e avalia as condições reais de sua conversão.” (1)

 

 

(1)        Comentário do Missal Cotidiano - Editora Paulus - pág. 232 - sobre a passagem do Segundo Livro dos Reis (2 Rs 5,1-15a)

Em poucas palavras...

                                                              


A participação nas celebrações litúrgicas

“A reforma litúrgica, empenhada em tornar mais ativa e consciente a participação dos cristãos nas celebrações litúrgicas, torna mais difícil o exercício de um culto considerado como um tributo a pagar. A liturgia hoje nos força a ser mais sinceros e autênticos em nossas atitudes religiosas.”  (1)

 

(1) Missal Cotidiano – Editora Paulus – 1998 - pág.207 – comentário sobre a passagem: Is 1,10.16-20

Fidelidade no carregar da cruz

                                                         

Fidelidade no carregar da cruz

Uma breve reflexão sobre a nossa cruz de cada dia, a ser carregada com amor e fidelidade.

A passagem bíblica: “Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos. Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus. Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens. (1 Cor 1,22-25).

O Apóstolo Paulo se dirige a uma comunidade viva e fervorosa, mas com o eminente perigo de viver uma moral dissoluta, contrária ao Evangelho de Nosso Senhor Jesus. Insiste que a Comunidade cresça na fidelidade e no testemunho do Ressuscitado vivendo a “loucura da Cruz”, pois nela se manifesta o Poder Salvador de Deus.

É preciso que compreendamos a lógica da Cruz de Nosso Senhor, que é o dom da vida. Portanto, o caminho do cristão, discípulo missionário do Senhor, é adesão ao Cristo Crucificado e Ressuscitado: o Cristo do Amor e do dom da Vida.

Reflitamos:

 -   A quem amamos e seguimos?
 -   A quem pregamos, e como testemunhamos?

 -   Para nós o que significa “viver a loucura da Cruz”?
 -   Amamos até às últimas consequências, como Jesus o fez por nós?

Esta lógica somente a viveremos se contarmos com a força e a luz do Espírito Santo, que nos conduz, assiste, revigora, anima e ilumina, para que no seguimento de Jesus Cristo, vivamos em total entrega na realização do Reino de Deus, na mais perfeita comunhão com a Santíssima Trindade.

Sem o sacrifício vespertino não haveria a oferenda da manhã!

                                                                


Sem o sacrifício vespertino não haveria a oferenda da manhã! 

Sejamos enriquecidos pelo Comentário sobre a Paixão de Cristo escrito pelo Bispo Santo Agostinho, (séc. V).

“Senhor, eu clamo por vós, socorrei-me sem demora (Sl 140,1). Isto todos nós podemos dizer. Não sou eu que digo, é o Cristo total que diz. Contudo, estas palavras foram ditas especialmente em nome do corpo, porque, quando Cristo estava presente neste mundo, orou como homem; orou ao Pai em nome do Corpo e enquanto orava, gotas de sangue caíram de todo o seu corpo. Assim está escrito no Evangelho: Jesus rezava com mais insistência e seu suor tornou-se como gotas de sangue (Lc 22,44).

Que significa este derramamento de sangue de todo o seu corpo, senão a paixão dos mártires de toda a Igreja? Senhor eu clamo por vós, socorrei-me sem demora. Quando eu grito, escutai minha voz! (Sl 140,1). 

Julgavas ter acabado de vez o teu clamor ao dizer: eu clamo por vós. Clamaste, mas não julgues que já estejas em segurança. Se findou a tribulação, findou também o clamor; mas se a tribulação da Igreja e do Corpo de Cristo continua até o fim dos tempos, não só devemos dizer: eu clamo por vós, socorrei-me sem demora; mas: Quando eu grito, escutai minha voz! Minha Oração suba a Vós como incenso, e minhas mãos como oferta da tarde (Salmo 140,2).

Todo cristão sabe que esta expressão continua a ser atribuída à própria Cabeça. Porque, na verdade, foi ao cair da tarde daquele dia, que o Senhor, voluntariamente, entregou na Cruz Sua vida, para retomá-la em seguida. Também aqui estávamos representados.

Com efeito, o que estava suspenso na Cruz foi o que Ele assumiu na nossa natureza. Como será possível que o Pai rejeitasse e abandonasse algum momento Seu Filho Unigênito, sendo ambos um só Deus?

Contudo, cravando nossa frágil natureza na cruz, onde nosso homem velho, como diz o Apóstolo, foi crucificado com Cristo (Rm 6,6) clamou a voz da nossa humanidade: Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste? (Sl 21,2).

Eis, portanto, o verdadeiro sacrifício vespertino; a Paixão do Senhor, a Cruz do Senhor, a oblação da Vítima Salvadora, o holocausto agradável a Deus. Esse sacrifício vespertino, Ele o converteu, por Sua ressurreição, em oferenda da manhã.

Assim, a Oração que se eleva, com toda pureza, de um coração fiel, é como o incenso que sobe do altar sagrado. Não há aroma mais agradável a Deus: Possam todos os fiéis oferecê-los ao Senhor. 

Por isso, o nosso homem velho – são palavras do Apóstolo – foi crucificado com Cristo, para que seja destruído o corpo do pecado, de maneira a não mais servirmos ao pecado (Rm 6,6).” (1)

Com a Igreja, aprendemos que não há glória sem Cruz, e este Comentário sobre a Paixão de Cristo do Bispo Santo Agostinho (séc. V), muito nos ajuda neste tempo quaresmal, a fim de que renovemos nossa fidelidade no carregar da cruz, com sacrifícios, renúncias, Oração, jejum e esmola.

Percorrendo o itinerário quaresmal, recoloquemos a vida nos “trilhos da salvação”, com suas renúncias e sacrifícios próprios, a fim de melhor configurados a Paixão, Morte do Senhor, também com Ele celebremos Sua Páscoa, a Gloriosa Ressurreição.


(1) Cf. Liturgia das Horas - Vol. II - Quaresma/Páscoa - pp. 149-150

Sem o sacrifício vespertino não haveria a oferenda da manhã! (Parte II)

                                                       

Sem o sacrifício vespertino não haveria a oferenda da manhã! 
Viver o mistério da fé é fazer da vida um constante sacrifício vespertino, para que possamos acolher e celebrar a oferenda da manhã, a alegria da Ressurreição, tornando-nos uma Hóstia Santa e agradável ao Senhor, como nos exorta o Apóstolo Paulo:

–“Exorto-vos, portanto, irmãos, pela misericórdia de Deus, a que ofereças vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus: este é o vosso culto espiritual” (Rm 12,1).

Não há Domingo de Páscoa sem o mistério da Paixão e Morte refletido, celebrado, assumido e vivido ao longo da Semana Santa e em toda a nossa vida, como também não há repouso sem o trabalho…

Reflitamos:

- Tenho feito da minha vida agradável oferenda vespertina ao Senhor?
- Tenho suportado o peso da cruz sem reclamações, lamentações inúteis?

Onde, como e quando me alimento para esta missão?
-  Como estou me preparando para passar do sacrifício vespertino à oferenda da madrugada da Ressurreição?

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG