quarta-feira, 12 de março de 2025
A oração sempre presente em nossa vida
Quaresma: Tempo de recolocar a vida nos trilhos da Salvação
- de carregar com fidelidade e coragem nossa cruz de cada dia;
- de renovação da Aliança com Deus;
- de ver, sentir compaixão e solidarizar-se com o próximo;
- de compromisso com a Paz bíblica: Plenitude de vida; condições dignas para se viver.
Quaresma e sagrados compromissos com a Ecologia Integral (CF 2025)
Quaresma e sagrados compromissos com a Ecologia
Integral
Celebremos e vivamos a Quaresma como tempo
favorável de conversão e penitência, para que bem nos preparemos para a
Celebração da Páscoa do Senhor, Mistério de Morte e Ressurreição – “Arrependei-vos e crede no Evangelho”
(Mc 1,15), disse Jesus.
Com a Igreja, aprendemos que a Quaresma não deve ser apenas interna e
individual, mas também com dimensão externa e social.
Neste sentido, a Igreja no Brasil realiza todo ano,
na Quaresma, a Campanha da Fraternidade (CF) que, longe de esvaziar o sentido
quaresmal, dá a ele conteúdo e fecundidade para flores e frutos pascais.
A CF é uma iniciativa concreta para realizarmos
ações que dão testemunho de arrependimento e verdadeira conversão nos diversos
âmbitos: pessoal, comunitário, eclesial e social.
A CF 2025 tem como Tema “Fraternidade
e Ecologia Integral”, e como lema “Deus viu que tudo era muito bom” (cf. Gn 1,31).
Urge refletir sobre a urgência
de cuidar da nossa Casa Comum, promovendo uma Ecologia Integral conectada com a
fé cristã, em expressão viva da responsabilidade socioambiental de todos nós.
A CF se realiza tendo como
contexto os 10 anos de promulgação da Encíclica Laudato Si’; 800 anos do Cântico das Criaturas de São Francisco; a
realização COP-30 no Brasil (30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas, que será realizada em Belém, no Pará, em novembro de 2025 – este evento
é organizado pela ONU, um dos principais do mundo sobre o tema. e
inspirado pelas realidades locais que tanto nos desafiam).
Destaco o Objetivo
Geral da CF: “Promover, em espírito
quaresmal e em tempos de urgente crise socioambiental, um processo de conversão
integral, ouvindo o grito dos pobres e da Terra.”, com seus objetivos específicos:
1) Reconhecer o caminho percorrido e as ações já
iniciadas com a Encíclica ‘Laudato Si’
(LS) e o Sínodo da Amazônia, em vista do seu fortalecimento e continuidade;
2) Denunciar os males que o modo de vida atual
impõe ao planeta e que tem gerado uma “complexa crise socioambiental” (LS 135),
dado que em nossa Casa Comum “tudo está interligado” (LS 16);
3) Apontar as causas da grave crise climática
global, a urgência de alteração profunda nos nossos modos de vida e as “falsas
soluções” (LS 54) fomentadas em nome da transição energética;
4) Aprofundar o conhecimento do “Evangelho da
Criação” (LS, Cap. II), valorizando a dimensão trinitária da fé cristã e
recuperando o horizonte bíblico da aliança universal que envolve todas as
criaturas (Gn 8-9);
5) Explicitar a Doutrina Social da Igreja e assumir
o compromisso com a conversão integral, para a superação do pecado, em todas as
suas manifestações;
6) Vivenciar as propostas do Ano Jubilar em vista
de novas relações do ser humano com Deus e suas criaturas, consigo mesmo e com
o próximo;
7) Propor a Ecologia Integral como perspectiva de
conversão e elemento transversal às dimensões litúrgica, catequética e
sociotransformadora do compromisso cristão;
8) Incentivar as pastorais e os movimentos
socioambientais, em articulação com outras Igrejas e Religiões, sociedade
civil, povos originários e comunidades tradicionais, em vista da justiça
socioambiental e da atuação socioeducativa;
9) Promover e apoiar ações efetivas que visem à
mudança do modelo econômico que ameaça a vida em nossa Casa Comum;
10) Apoiar os atingidos por catástrofes naturais e
as vítimas dos crimes ambientais em sua busca por reparação e justiça;
11) Celebrar os 10 anos da Encíclica ‘Laudato Si’, do Papa Francisco,
acolhendo a ‘Laudate Deum’ e
avançando com as temáticas socioambientais que já foram abordadas nas Campanhas
da Fraternidade.
Fundamental que multipliquemos espaços e encontros
para refletir, rezar e encontrar caminhos para darmos sagrados passos na promoção
da Ecologia Integral, no cuidado da sacralidade da vida humana e da Casa Comum.
terça-feira, 11 de março de 2025
Peregrinando na esperança, supliquemos ao Bom Pastor
Peregrinando
na esperança, supliquemos ao Bom Pastor
Sejamos
enriquecidos pelo comentário sobre o Cântico dos Cânticos escrito por São
Gregório de Nissa (séc. IV):
“Onde
pastoreias, ó Bom Pastor, Tu que carregas sobre Teus ombros a toda a grei? Toda
a humanidade, que carregaste sobre os Teus ombros, é, de fato, como uma só
ovelha.
Mostra-me
o lugar de repouso, guia-me até o pasto nutritivo, chama-me por meu nome para
que eu, Tua ovelha, escute a Tua voz, e Tua voz me conceda a vida eterna: Avisa-me, amor de minha alma, onde
pastoreias.
Chamo-Te
deste modo, porque Teu nome supera qualquer outro nome e qualquer entendimento,
de tal forma que nenhum ser racional é capaz de pronunciá-lo ou de
compreendê-lo. Este nome, expressão de Tua bondade, expressa o amor de minha
alma por Ti.
Como
posso deixar de Te amar, a Ti que me amaste tanto, apesar de minha escuridão,
que entregaste a Tua vida pelas ovelhas de Teu rebanho? Não se pode imaginar um
amor superior a este, o de dar a Tua vida por minha salvação.
Ensina-me, portanto - diz o texto sagrado -, onde pastoreias, para que possa
encontrar os pastos saudáveis e saciar-me do alimento celestial que é
necessário comer para entrar na vida eterna; para que possa ainda acorrer à
fonte que proporcionas aos sedentos com a água que brota de Teu lado, manancial
de água aberto pela lança, que se torna para todos os que dele bebem uma fonte de água que jorra para a vida
eterna.
Se
me pastoreias desta forma, me farás recostar ao meio-dia, sestearei em paz e descansarei sob a luz sem mistura
de sombra. Durante o meio-dia não existe sombra alguma, já que o sol está a
cimo; sob esta luz meridiana fazes recostar aos que pastoreaste, ao pores Teus
ajudantes contigo em Teu quarto.
Ninguém
é considerado digno deste repouso meridiano se não é filho da luz e filho do
dia. Mas aquele que se afasta das trevas, tanto das vespertinas como das
matutinas, que simbolizam o começo e o fim do mal, é colocado pelo sol de
justiça na luz do meio-dia, para que repouse debaixo dela.
Ensina-me,
pois, como devo recostar-me e pastar, e qual seja o caminho do repouso
meridiano, não aconteça que por ignorância me afaste de Tua direção e me junte
a um rebanho estranho ao Teu.
Isto
diz a esposa do Cântico, solícita pela beleza que lhe vem de Deus e com o
desejo de saber como alcançar a felicidade eterna.” (1)
Como
Igreja sinodal, caminhando sempre juntos, façamos nossa esta oração ao Bom
Pastor em todos os momentos, sobretudo nos mais adversos.
Grandes
são as dificuldades e desafios, maior é a força e onipotência divina que vêm em
socorro de nossas fraquezas.
Como
peregrinos da esperança, precisamos contar com a presença e a ajuda do Bom Pastor, Jesus, que caminha conosco, e nos
convida - “Vinde a mim vós que estais
cansados sob o peso do vosso fardo e vos darei descanso” (Mt 11,28).
(1)
Lecionário Patrístico Dominical - Editora Vozes - 2013 - pp.
433-434
Discípulos do Divino Mestre em busca da perfeita sintonia
Discípulos do Divino Mestre em busca da perfeita sintonia
Sejamos iluminados pelo Tratado sobre a verdadeira imagem do cristão, escrito pelo bispo São Gregório de Nissa (séc. IV).
“São três as coisas que manifestam e distinguem a vida cristã: a ação, a palavra e o pensamento. Das três, tem o primeiro lugar o pensamento. Em seguida, a palavra, que nos revela o pensamento concebido e impresso no espírito.
Depois do pensamento e da palavra vem, na ordem, a ação, realizando por fatos o que o espírito pensou.
Portanto, se alguma coisa na vida nos induz a agir ou a pensar ou a falar, é necessário que o nosso pensamento, a nossa palavra e a nossa ação sejam orientadas para a regra divina daqueles nomes que descrevem a Cristo, de modo a nada pensarmos, nada dizermos e nada fazermos que se afaste do seu alto significado.
Então, o que terá de fazer aquele que se tornou digno do grande nome de Cristo, a não ser examinar diligentemente os próprios pensamentos, palavras e ações, julgando se cada um deles tende para Cristo ou se lhe são estranhos?
De muitas maneiras operamos este magnífico discernimento. Tudo quanto fazemos, pensamos ou falamos com alguma perturbação, de nenhum modo está de acordo com Cristo, mas traz a marca e a figura do inimigo, que mistura a lama das perturbações à pérola da alma para deformar e apagar o esplendor da joia preciosa.
O que, porém, está livre e puro de toda afeição desordenada, relaciona-se com o Autor e Príncipe da tranquilidade, o Cristo.
Quem d’Ele bebe, como de Fonte pura e não poluída, as suas ideias e os seus sentimentos, revelará em si a semelhança com o princípio e a origem, tal como a água na própria fonte é igual a que corre no límpido regato e á que brilha na jarra.
De fato, é uma só e mesma a pureza de Cristo e a que se encontra em nossos espíritos. Mas a pureza de Cristo brota da fonte, enquanto a nossa dela flui e chega até nós, trazendo consigo a beleza dos pensamentos para a vida.
Portanto, a coerência do homem interior e do exterior aparece harmoniosa, quando os pensamentos que provêm de Cristo guiam e movem a modéstia e a honestidade de nossa vida”. (1)
Reflitamos sobre a nossa vida cristã autêntica, para encontramos a perfeita sintonia entre pensamento, palavra e ação, de tal modo que reavivemos e consolidemos nossa vocação e eleição.
Procuremos sempre esta perfeita sintonia, de tal modo que quanto maior for, mais autêntica vida cristã, e ressoando as palavras do Bispo, que a “lama das perturbações” não se misture à pérola de nossa alma, apagando o esplendor divino que em nós habita.
O Cardeal Martini (Vida Pastoral nº 266) nos apresenta quatro atitudes que, se verdadeiramente vividas, realizarão a premente necessidade de sintonia entre o pensar, falar e agir, assegurando-nos criatividade e autenticidade como discípulos missionários de Jesus Cristo:
I. A Leitura orante da Bíblia – diariamente, nutrir-se pela Palavra de Deus, para que os pensamentos, por ela, sejam iluminados, expressos em palavras e gestos. O maior bem que se possa desejar e alcançar.
II. O autocontrole – a vontade de Deus há de prevalecer sobre as próprias vontades, com disciplina, renúncia, acrisolamento, amadurecimento, despojamento, desprendimento; alcançando o amadurecimento no discipulado, afastando toda possibilidade de esgotamento e vazio existencial.
III. O Silêncio – Mais do que nunca, é necessário afastar-se da insana escravidão do barulho e das conversas, muitas vezes, inúteis e desnecessárias. Dedicar, ao menos, meia hora por dia para o silêncio e meio-dia a cada semana para pensar em si mesmo, refletir e rezar. Aparentemente inviável e impossível, mas é preciso dar o primeiro passo.
IV. A Humildade – O Espírito Santo é o verdadeiro protagonista da Evangelização. Há de se ter a consciência de que sem o sopro do Espírito nada somos e nada podemos. Dele procedem todos os dons e a graça para que consigamos viver o que falamos, falar o que pensamos e pensar o que rezamos.
A credibilidade da Igreja está relacionada ao seu testemunho do indizível Amor divino, sem incoerências execráveis, na mais perfeita fidelidade Àquele que é a Perfeitíssima Coerência: Cristo Jesus, Nosso Senhor; entranhados em Seu coração e envolvidos pelos laços de Sua indispensável ternura.
A triplicidade vivida é fundamental para o alcance da autêntica felicidade, de modo que, a sua ausência abre espaço para incoerências, infidelidades, contratestemunhos e escândalos, enfraquecendo o conteúdo da Palavra Divina que anunciamos, do Projeto do Reino que acreditamos e do Mistério que celebramos.
Reflitamos:
- Como alcançá-la?
- Qual o caminho para encurtar eventuais distanciamentos entre o que pensamos, falamos e fazemos?
Concluo: quer pensemos, quer falemos, quer façamos qualquer coisa, façamos em nome do Senhor Jesus.
A vida cristã será cada vez mais autêntica, quanto mais encurtemos a distância entre o que pensamos, falamos e agimos, sempre dentro dos propósitos do Evangelho, para melhor correspondermos ao que Deus espera de cada um de nós. Amém!
(1) Liturgia das Horas – Vol. III – pp.354-355.
Pureza da alma desejável, olhos da alma iluminados
e assim somos divinizados!
Amém.







