"A Palavra é um dom. O outro é um dom"
Quaresma e sagrados
compromissos com a Amizade Social
A Quaresma é tempo favorável de conversão e penitência, a
fim de que bem nos preparemos para a Celebração da Páscoa do Senhor, Mistério
de Morte e Ressurreição – “Arrependei-vos e crede no Evangelho” (Mc
1,15), disse Jesus.
A Igreja nos ensina que a Quaresma não deve ser apenas
interna e individual, mas também com dimensão externa e social.
Neste sentido a Igreja no Brasil realiza todo ano na
Quaresma, a Campanha da Fraternidade (CF), que longe de esvaziar o sentido
quaresmal, dá a ele conteúdo e fecundidade para flores e frutos pascais.
A CF é, na verdade, uma iniciativa concreta para realizarmos
ações que dão testemunho de arrependimento e verdadeira conversão nos diversos
âmbitos: pessoal, comunitário, eclesial e social.
O Tema da CF 2024 “Fraternidade e Amizade Social”, em
perfeita comunhão com o Papa Francisco, que nos agraciou com a Encíclica “Fratelli
tutti” (2020), trata desta urgente e desafiadora temática, que tem como lema
“Vós sois todos irmãos e irmãs” (cf. Mt 23,8).
Destaco o Objetivo Geral da CF: “Despertar para o valor e
a beleza da fraternidade humana, promovendo e fortalecendo os vínculos da
amizade social, para que, em Jesus Cristo, a paz seja realidade entre todas as
pessoas e povos”.
Exorto toda a Diocese, bem como os grupos de reflexão de
nossas Paróquias se encontrem para refletir, rezar e encontrar caminhos para
que demos sagrados passos na edificação da “Amizade Social”, criando vínculos
de comunhão fraterna.
Que cada Paróquia crie espaços e momentos para
que vivamos a perfeita sintonia da Quaresma e da Campanha da Fraternidade, e
assim podermos celebrar com alegria a gloriosa Ressurreição do Senhor.
Campanha
no momento, compromisso sempre!
A Igreja no Brasil realiza mais uma Campanha da Fraternidade, com uma proposta
extremamente atual e de importância indiscutível.
Tema: “FRATERNIDADE E AMIZADE SOCIAL”
Lema: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (cf. Mt 23,8)
Exorto
que nos empenhemos em acompanhar, refletir e ajudar a desenvolver esta
Campanha, que não se encerra, como se diz, indevidamente, com a Páscoa.
Oração
da Campanha da Fraternidade 2024 - CNBB
Deus Pai, Vós criastes todos os seres humanos
com a mesma dignidade.
Vós os resgatastes pela vida,
morte e ressurreição do Vosso Filho, Jesus Cristo,
e os tornastes filhos e
filhas santificados no Espírito.
Ajudai-nos, nesta Quaresma,
a compreender o valor da amizade social
e a viver a beleza da fraternidade humana aberta a todos,
para além dos nossos gostos, afetos e preferências,
num caminho de verdadeira penitência e conversão.
Inspirai-nos um renovado compromisso
batismal com a construção de um mundo novo,
de diálogo, justiça, igualdade e paz,
conforme a Boa-Nova do Evangelho.
Ensinai-nos a construir uma sociedade solidária,
sem exclusão, indiferença, violência e guerras.
E que Maria, Vossa Serva e nossa Mãe,
eduque-nos, para fazermos vossa santa vontade.
Amém!
Campanha da Fraternidade 2023: juntos e
solidários na superação da fome
Com a Quaresma deste ano, iniciamos, também,
no Brasil, mais uma Campanha da Fraternidade, e somos convidados a refletir
sobre a triste e pecaminosa realidade da fome que vivemos em nosso país.
Também somos exortados a vivenciar a
misericórdia do Pai, repartindo o pão com os necessitados, fortificando nosso
espírito fraterno, bebendo da genuína fonte do Evangelho, com atitude de
penitência, fazendo-nos progredir na conversão e na prática da misericórdia.
Favorecendo este caminho, a Campanha nos
apresenta como tema: “Fraternidade e Fome”, e o lema: - “Dai-lhes vós mesmos de
comer!” (Mt 14,16).
É oportuno lembrar que já tivemos duas
Campanhas da Fraternidade sobre este problema crucial.
A primeira, em 1975, com o tema: “Fraternidade é repartir”, e o lema: “Repartir o pão”; e a segunda, em 1985 com o tema “Fraternidade e Fome”,
e o lema: “Pão para quem tem
fome”.
Embora
nosso país seja considerado o celeiro do mundo, carrega uma grande contradição:
a fome é real e atinge, hoje, cerca de 33,1 milhões de brasileiros.
Deste
modo, um dos grandes objetivos da Campanha da Fraternidade é despertar a
solidariedade nos fiéis e na sociedade, procurando caminhos de solução e
superação, à luz do Evangelho, como expressão viva das virtudes que nos movem:
fé, esperança e caridade, em perfeita sintonia e comunhão com as preocupações
do Papa Francisco, em vários momentos expressas.
Exorto que vivenciemos a Quaresma e a Campanha da Fraternidade,
acolhendo e aprofundando nossas reflexões nos diversos âmbitos da Igreja e fora
dela.
PS: Escrito em fevereiro de 2023
Campanha no momento, compromisso sempre!
A Igreja no
Brasil realiza mais uma Campanha da Fraternidade, com uma proposta extremamente
atual e de importância indiscutível.
Tema: “FRATERNIDADE E FOME”
Lema: “Dai-lhes
vós mesmos de comer!” (Mt 14,16)
Exorto que nos empenhemos em acompanhar, refletir e ajudar a desenvolver esta
Campanha, que não se encerra, como se diz, indevidamente, com a Páscoa.
Oração da Campanha da Fraternidade 2023 - CNBB
PAI de bondade, ao ver a multidão faminta, Vosso FILHO encheu-Se de compaixão,
abençoou, repartiu cinco pães e dois peixes e nos ensinou: “dai-lhes vós mesmos de comer”.
Confiantes na
ação do ESPÍRITO SANTO, nós Vos pedimos:
INSPIRAI-NOS o sonho de um mundo novo, de diálogo,
justiça, igualdade e paz;
AJUDAI-NOS a promover uma sociedade mais solidária, sem fome,
pobreza, violência e guerra;
LIVRAI-NOS do pecado da indiferença com a vida.
Que MARIA, nossa mãe, interceda por
nós para acolhermos Jesus Cristo em cada pessoa, sobretudo nas abandonadas,
esquecidas e famintas. AMÉM!
Síntese da Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma de 2023
A
Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma de 2023 tem como título “A Ascese
quaresmal, itinerário sinodal”.
O
Papa nos exorta para que vivamos a Quaresma, subindo com Jesus ao Monte da Transfiguração,
para que façamos a experiência do Seu esplendor divino e, fortalecidos na fé,
prossigamos o caminho com Ele, glória do Seu povo e luz das nações, sem
descuidar dos compromissos ordinários, compromissos cotidianos.
Esta
exortação ele o faz a partir da passagem da Transfiguração de Jesus, narrada
pelos Evangelistas Mateus, Marcos e Lucas, e que ouvimos no 2º Domingo da
Quaresma- “Quaresma somos convidados a subir «a um alto monte» juntamente
com Jesus, para viver com o Povo santo de Deus uma particular experiência
de ascese.”.
Esta
ascese quaresmal consiste num empenho, sempre animado pela graça, no sentido de
superar as nossas faltas de fé e as resistências em seguir Jesus pelo caminho
da cruz – “É preciso pôr-se a caminho, um caminho em subida, que requer
esforço, sacrifício e concentração, como uma excursão na montanha.”.
No
decorrer da Mensagem aprofunda a relação necessária entre a ascese quaresmal e
a experiência sinodal – “À semelhança da subida de Jesus e dos discípulos ao
Monte Tabor, podemos dizer que o nosso caminho quaresmal é «sinodal», porque o
percorremos juntos pelo mesmo caminho, discípulos do único Mestre...”.
Embora
o processo sinodal possa se apresentar árduo e por vezes podemos até desanimar,
não podemos desistir, pois “...aquilo que nos espera no final é algo, sem
dúvida, maravilhoso e surpreendente, que nos ajudará a compreender melhor a
vontade de Deus e a nossa missão ao serviço do seu Reino...”.
Para
trilharmos este caminho ascético quaresmal e, de modo semelhante, o sinodal, que
tem como meta uma transfiguração, pessoal e eclesial, o Papa nos propõe percorrer
duas “veredas” para que subamos com Jesus e cheguemos com Ele à meta.
A
primeira: escutar Jesus - diz respeito à ordem que Deus Pai dirige aos
discípulos no Tabor, enquanto estão a contemplar Jesus Transfigurado. A voz da
nuvem diz: «Escutai-O» (Mt 17, 5). O Senhor nos fala na
Palavra de Deus proclamada pela Igreja na Liturgia; nos irmãos, sobretudo nos
rostos e vicissitudes daqueles que precisam de ajuda; a escuta de Cristo passa
também através da escuta dos irmãos e irmãs na Igreja.
A
segunda – “não se refugiar numa religiosidade feita de acontecimentos
extraordinários, de sugestivas experiências, levados pelo medo de encarar a
realidade com as suas fadigas diárias, as suas durezas e contradições.” – “Ao ouvir
a voz do Pai, «os discípulos caíram com a face por terra, muito assustados. Aproximando-Se
deles, Jesus tocou-lhes dizendo: “Levantai-vos e não tenhais medo”. Erguendo os
olhos, os discípulos apenas viram Jesus e mais ninguém» (Mt 17,
6-8).”
É
preciso viver a Quaresma que se orienta para a Páscoa: o «retiro» não é um fim
em si mesmo, mas prepara-nos para viver – com fé, esperança e amor – a paixão e
a cruz, a fim de chegarmos à ressurreição.
Da
mesma forma, o percurso sinodal deve ser vivido, sempre a caminho, e a Palavra
de Jesus nos é dirigida «Levantai-vos e não tenhais medo», de
modo que é preciso que desçamos à planície e que a graça experimentada nos
sustente para sermos artesãos de sinodalidade na vida ordinária das nossas
comunidades, conclui o Papa, contando com a ajuda do Espírito Santo neste
propósito: viver a ascese quaresmal, num itinerário sinodal.
PS:
Desejando, leia a mensagem na integra: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/events/event.dir.html/content/vaticanevents/pt/2023/2/17/messaggio-quaresima.html
Mensagem do Papa Francisco para a
Quaresma – 2022 – (síntese)
“Não nos cansemos de fazer o bem”
(Gl
6,9)
A mensagem do
Papa Francisco para a Quaresma de 2022 tem como motivação bíblica a passagem da
Carta de Paulo aos Gálatas: - «Não
nos cansemos de fazer o bem; porque, a seu tempo colheremos, se não tivermos
esmorecido. Portanto, enquanto temos tempo, pratiquemos o bem para com todos» (Gl
6, 9-10a), lembrando-nos a imagem que Jesus também muito prezava (cf. Mt 13).
Inicia ressaltando
a Quaresma como tempo favorável de renovação, pessoal e comunitária, que nos
conduz à Páscoa de Jesus Cristo morto e ressuscitado.
Um tempo propício
para semear o bem, tendo em vista uma colheita, acompanhado do convite à
conversão, da mudança de mentalidade, de tal modo que a vida encontre a sua
verdade e beleza, menos no possuir do que no doar, menos no acumular do que no
semear o bem e partilhá-lo com o próximo, pois tão somente semeando para o bem
do próximo que participaremos da magnanimidade de Deus.
Durante a
Quaresma, somos chamados a responder ao dom de Deus, como Seus cooperadores (1
Cor 3,9), acolhendo a Sua Palavra «viva e eficaz» (Hb 4, 12), e esta escuta assídua
da Palavra de Deus faz maturar uma pronta docilidade à sua ação (cf. Tg 1,
19.21), que torna fecunda a nossa vida.
Quaresma como
tempo favorável para semear o bem para os outros, libertando-nos das lógicas
mesquinhas do lucro pessoal e confere à nossa atividade a respiração ampla da
gratuidade, inserindo-nos no horizonte maravilhoso dos desígnios benfazejos de
Deus.
A fé no Cristo
Ressuscitado dá nos coragem de sermos como o grão de trigo que morre para não
ficar só e produzir muitos frutos (cf. Jo12,24) – “Cristo ressuscitou dos mortos, como primícias dos
que morreram» (1 Cor 15, 19-20), para
que quantos estiverem intimamente unidos a Ele no amor, «por uma morte idêntica
à Sua» (Rm 6, 5), também estejam unidos à Sua ressurreição para a vida eterna
(cf. Jo 5, 29): «então os justos resplandecerão como o sol, no Reino do Seu
Pai» (Mt 13, 43)”.
Desenvolve a mensagem
com insistente apelo para que «não nos cansemos de fazer o bem» - “...A Quaresma chama-nos
a repor a nossa fé e esperança no Senhor (cf. 1 Pd 1, 21), pois só com o olhar
fixo em Jesus Cristo ressuscitado (cf. Hb 12, 2) é que podemos acolher a exortação
do Apóstolo: «Não nos cansemos de fazer o bem» (Gl
6, 9)”.
Da mesma forma, exorta-nos, para que não nos cansemos de rezar. Jesus ensinou que é necessário «orar sempre, sem desfalecer» (Lc 18, 1) – “Se a pandemia nos fez sentir de perto a nossa fragilidade pessoal e social, permita-nos esta Quaresma experimentar o conforto da fé em Deus, sem a qual não poderemos subsistir (cf. Is 7, 9). No meio das tempestades da história, encontramo-nos todos no mesmo barco, pelo que ninguém se salva sozinho; mas sobretudo ninguém se salva sem Deus, porque só o mistério pascal de Jesus Cristo nos dá a vitória sobre as vagas tenebrosas da morte.”
Também não
podemos nos cansar de extirpar o mal da nossa vida, com a prática do jejum
corporal, a que nos chama a Quaresma, fortalecendo o nosso espírito para o
combate contra o pecado.
Deste modo, não nos
cansemos de pedir perdão no sacramento da Penitência e Reconciliação, sabendo
que Deus nunca Se cansa de perdoar, lembra o Papa.
Não nos cansemos
de fazer o bem, acompanhado da vivência da operosa caridade para com o próximo,
na prática da esmola, dando com alegria (cf. 2 Cor 9, 7): - “Se
é verdade que toda a nossa vida é tempo para semear o bem, aproveitemos de modo
particular esta Quaresma para cuidar de quem está próximo de nós, para nos
aproximarmos dos irmãos e irmãs que se encontram feridos na margem da estrada
da vida (cf. Lc 10, 25-37)”.
Ainda mais, o
Papa afirma – “A Quaresma é
tempo propício para procurar, e não evitar, quem passa necessidade; para
chamar, e não ignorar, quem deseja atenção e uma boa palavra; para visitar, e
não abandonar, quem sofre a solidão. Acolhamos o apelo a praticar o bem para
com todos, reservando tempo para amar os mais pequenos e
indefesos, os abandonados e desprezados, os discriminados e marginalizados (cf.
Enc. Fratelli tutti, 193)”.
Convida-nos a constância
paciente do agricultor (cf. Tg 5, 7), e jamais desistir na prática do bem, dando
um passo de cada vez, vivendo este tempo de conversão, buscando apoio na graça
divina e na comunhão da Igreja.
Quaresma como
tempo favorável à prática dos exercícios quaresmais: jejum, oração e esmola – “O jejum prepara o
terreno, a oração rega, a caridade fecunda-o”.
Conclui
convidando-nos a contar com a Virgem Maria, em cujo ventre germinou o Salvador
e que guardava todas as coisas «ponderando-as no seu coração» (Lc 2, 19), contando
com sua presença materna, para que tenhamos o dom da paciência, e neste tempo
de conversão, venhamos a dar frutos de salvação eterna.
Se desejar, confira a
mensagem na integra: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/messages/lent/documents/20211111-messaggio-quaresima2022.html