quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Revistamo-nos da armadura divina! (30/10)

                                                    

Revistamo-nos da armadura divina!

Ouvimos na quinta-feira da 30ª Semana do Tempo Comum a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 13,31-35).

Vejamos o comentário do Missal Cotidiano sobre esta  passagem:

“Jesus era personagem incômoda para a autoridade. Não entrava em nenhum de seus esquemas, mas na longa série de incompreensões e assassínios contra os Profetas. Porém não brinca de herói.

Sua contestação não é objeto de propaganda ou publicidade. É árdua vida de Profeta. Toda a Sua existência constitui longa caminhada rumo a Jerusalém, como Lucas tem o cuidado de sublinhar.

Se a viagem de nossa vida é participação na vida de Jesus, deve tender para Jerusalém, a ‘cidade que mata os Profetas’”.(1)

A missão de Jesus é a revelação radical do rosto de Deus, que Se despoja de toda onipotência para Se nos dar a conhecer na escandalosa impotência de um Crucificado:

“O Senhor revela-Se num aspecto impensável: não como soberano vencedor, garantia de possíveis projetos de poder, mas como um Deus derrotado, segundo as categorias humanas. E essa crise renova-se diante de cada crucificado da História, das muitas situações de sofrimento que levantam perguntas: por que é que Deus o permite? Por que é que não mostra Sua onipotência para as remediar?”

E, assim, muitas outras interrogações semelhantes são feitas. Deus que fica escandalosamente impotente sobre a Cruz, revela um poder inesperado:

“Ele permanece na Cruz, não porque não possa descer dela, mas porque não quer descer; não porque procura o suplício, mas porque procura a solidariedade extrema, a partilha incondicional conosco, com os nossos sofrimentos, com as nossas crucifixões, para nos dizer que através dessa partilha tem início a aurora de uma vida nova”. (2)

Para quem crê a Cruz não se revela como poder domínio, mas como poder de salvação que expressa o Amor incondicional, Amor extremo, Amor incompreendido, Amor não correspondido, Amor sem limites... 

Amor incrível, indizível, sem igual, Amor que redime, liberta e aponta para um novo modo de viver e se relacionar para que seja banida toda dor, sofrimento, opressão, injustiça, miséria, lamento, lágrimas e morte (Ap 21, 3-4).

A Ressurreição do Senhor será a Suprema e Onipotente vitória da luz sobre as trevas, da graça sobre o pecado, do amor sobre o ódio, da vida sobre a morte.

Jesus não brincou de herói, e foi fiel à missão confiada pelo Pai, em obediência incondicional.

O cristão, portanto, também não é herói no termo comum como se possa conceber. Ele é muito mais, é alguém que vive o escândalo da cruz, loucura para os gregos, escândalo para os judeus (1 Cor 1,18-31).

O cristão assume toda dor e sofrimento por um amor que muitas vezes não é compreendido. Mas amor não é para ser compreendido, amor é para amar, simplesmente.

Criado pelo Amor de Deus para amar, caberá ao cristão, muito mais do que título de herói, amar até mesmo anonimamente, silenciosamente, carregando com fé, coragem, confiança, resistência, a sua cruz cotidiana.

Ser cristão é viver o bom combate da fé, para tanto é imprescindível contar com a graça e a força divina, como Paulo tão bem nos exorta na Carta aos Efésios (Ef 6,10-20).

Por ora, 
vamos cantando e lutando com o Senhor, 
e como Ele o fez,
até que venha o Seu Reino, 
o novo céu e a nova terra:

“Eu confio em nosso Senhor, 
com fé, esperança e amor...”

(1) Missal Cotidiano - Editora Paulus - pág. 1439
(2) Lecionário Comentado – Editora Paulus - Lisboa - pág. 676.

Revestidos da armadura divina

Revestidos da armadura divina

Os dias passam, consomem-se e nós nos consumimos. A cada dia, uma batalha, uma conquista, decepções e surpresas agradáveis; encontros e desencontros; ganhos e perdas; derrotas, vitórias. Assim é a vida: comporta o movimento dos contrários.

A vida não é feita de apenas uma nota, um tom, um som, uma palavra, uma rima, um parágrafo. A vida é percurso, desafio, superação, eterno recomeço, morte e Ressurreição.

Neste sentido, a passagem da Carta de Paulo aos Efésios (Ef 6,10-20) é riquíssima, para nos fortalecer no bom combate da fé.

Paulo fala do cristão à luz de uma metáfora: o guerreiro, um gladiador que se coloca intrepidamente no combate consagrando e confiando a sua vida ao Senhor.

“Fortalecei-vos no Senhor, pelo Seu soberano poder” (Ef 6,10). A nossa força vem de Deus.

“Revesti-vos da armadura de Deus” – revestidos de Cristo pelo Batismo não há nada a temer. O Senhor é escudo, proteção, refúgio e muito mais, como rezou o Salmista (Sl 143).

Lutamos a todo instante contra as forças espirituais do mal, espalhadas nos ares, afirma o Apóstolo. É preciso vigiar e orar a todo instante, para que sejamos conduzidos, animados, iluminados pelo Santo Espírito no combate e para que vencedores sejamos.

Com a armadura de Deus mantemo-nos inabaláveis, assegura o Apóstolo, no cumprimento de nosso dever (Ef 6,13).

Ele ainda nos exorta: sejamos cingidos com a verdade, o corpo vestido com a couraça da justiça, e os pés calçados de prontidão para incansavelmente anunciar o Evangelho (Ef 6,15).

Nosso escudo é a fé, e com ele apagamos todas as flechas da maldade, da mentira, da hipocrisia, da injustiça.

Nosso capacete é o divino capacete da salvação, tendo nas mãos a espada do Espírito que é a própria Palavra de Deus (Ef 6,18).

Finaliza exortando à indispensável Oração em todas as circunstâncias, numa vigília permanente, Oração feita incessantemente uns pelos outros.

Que tenhamos sempre coragem em cada amanhecer de nos revestirmos de Cristo, de sermos  Sua presença no mundo, comunicando a Sua imprescindível luz em meio às trevas, dando gosto de Deus a quantos possamos, como sal da terra.

Revestidos da armadura de Deus, fermentaremos o mundo novo, não recuaremos na vida de fé, avançaremos corajosamente, enfim, nossa fé será verdadeiramente fecunda.

Calcemos as sandálias da prontidão

                                                      

Calcemos as sandálias da prontidão

Na Carta do Apóstolo Paulo aos Efésios (Ef 6,10-20), ele nos fala da vida cristã como um combate, no qual a pessoa deve se armar como um “soldado”, defendendo-se dos inimigos que estão por toda parte.

Esta imagem de soldado é recorrente na Sagrada Escritura, como vemos na passagem do Antigo Testamento, em que o próprio Deus é comparado a um guerreiro que empunha armas (cf. Sl 7 e 18).

Para o combate, precisamos ser fortalecidos no Senhor, como ele mesmo assim o diz:

Vistam a armadura de Deus, para conseguirem resistir às manobras do diabo” (Ef 6,12); e repete “Por isto, vistam a armadura de Deus, para conseguirem resistir no dia mau e permanecerem firmes depois de superar tudo” (Ef 6, 13).

Para isto, o cristão precisa ficar firme. E completa:

Vistam a couraça da justiça. Calcem os pés com a prontidão para o Evangelho da paz. Estejam sempre com o escudo da fé, pois com ele vocês conseguirão apagar as flechas inflamadas do Maligno. E peguem o capacete da Salvação e a espada do Espírito que é a Palavra de Deus” (Ef 6, 14-17).

Mas é preciso a oração e a vigilância neste combate em todo o tempo:

“Rezem no Espírito, em todo tempo com orações e súplicas de todo tipo. Para isso, vigiem com toda a perseverança, rezando por todos os santos” (Ef 6, 18).

Retomo um versículo para iluminar esta reflexão“Calcem os pés com a prontidão para o Evangelho da paz” (Ef 6,15).

Calçar os pés, colocar as sandálias é uma imagem facilmente compreendida. Calçar os pés para pôr-se a caminho, e defender os pés das “pedras” e perigos que nele se possa encontrar. Assim como o filho pródigo recebeu, entre outras coisas, as sandálias, também precisamos delas para nos pormos a caminho (cf. Lc 15,11-32).

Sandálias nos pés, caminho a percorrer, a Boa-Nova do Reino anunciar. Prontidão sempre! Sem desculpas, adiamentos, medos, omissões, covardias, ausência de comprometimentos.

Prontidão, para o Evangelho da paz, significa disponibilidade, coragem, dedicação, formação, empenho, sabedoria, ousadia, profecia.

Pés calçados para evangelizar na família e em todos os âmbitos. Calçar os pés e prontidão para evangelizar nos desafiadores novos areópagos (escolas, universidades, meios de comunicação...).

Pés calçados e prontidão para:

- renovados compromissos, numa comunidade e suas diversas pastorais, movimentos e serviços;


- evangelizar como Igreja em estado permanente de missão;

- fazer da Igreja um lugar da iniciação da vida cristã;

- a formação bíblica e animação litúrgica, com celebrações vivas, em que a Palavra e os Sacramentos são celebrados e na vida prolongados;

- fazermos da Paróquia uma comunidade de comunidades; uma família de famílias, como nos ensina o Papa Francisco;

- evangelizar no mundo da economia, da política, da cultura e em outras realidades, como nos ensina o Magistério da Igreja;

- renovar incansavelmente sagrados compromissos, construindo uma nova realidade com vida plena e feliz para todos.

É tempo de calçar as sandálias da prontidão e pôr-se a caminho, se já postos, perseverar até o fim, fortalecidos pela oração e, de modo especial, pelo augustíssimo Sacramento da Eucaristia.

Em poucas palavras... (Santidade) (01/11)

                                                          

                          Santidade: revelar a Face de Cristo

Jamais Santidade poderá ser sinônimo de “beatice”, medo de viver, fuga, evasão, alienação. 

O mundo precisa de Santos e Santas que nos revelem a Face de Cristo, que nos comuniquem o Amor do Pai e nos iluminem com a Luz do Espírito.     


quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Ele está chegando... Alegremo-nos! (IVDTAC)

                                                              

Ele está chegando... Alegremo-nos!

A Liturgia do 4º Domingo do Advento (Ano C) em preparação do Natal do Senhor, convida-nos a refletir sobre o Projeto de Salvação e a fonte da verdadeira felicidade, com abertura do coração à ação do Espírito Santo, acorrendo ao encontro d’Aquele que vem nos comunicar vida, alegria e Salvação de Deus, o próprio Jesus, o Emanuel, o Deus conosco.

A divina fonte da felicidade veio ao mundo através de frágeis instrumentos nas mãos de Deus, como a Palavra nos revela.

A passagem da primeira Leitura (Mq 5,1-4a) nos fala da missão do Profeta Miqueias, que exerceu seu ministério em Judá, nos séculos VIII/VII a. C. 

Este Profeta vindo do meio campesino era conhecedor dos problemas dos pequenos agricultores, vítimas de latifundiários sem escrúpulos.

O Livro Sagrado retrata a grave situação em que vive o Povo de Deus, marcada pelo pecado social, infidelidade, sofrimento, frustração, desânimo.

Mas, também vem acompanhada da promessa messiânica, a vinda d’Aquele que vai restaurar a paz, a justiça e a vida abundante do Povo de Deus, numa palavra, felicidade plena.

Reflitamos:

- Quais são as realidades que retratam o sofrimento do povo hoje?
- O que pode e precisa ser transformado?

- Qual a nossa atitude: medo e conformismo ou coragem e profecia como o Profeta Miqueias?
- Percebemos a presença de Deus sempre preocupado conosco, e que nos indica a fonte da verdadeira felicidade: Jesus?

A passagem da segunda Leitura (Hb 10,5-10), escrita pouco antes do ano 70 por um autor anônimo, destina-se a uma comunidade constituída em sua maioria por cristãos vindos do judaísmo.

A marca desta comunidade, que tem fundação de maior tempo, é a perda do entusiasmo inicial, dando lugar a uma fé morna, sem compromissos com o próximo, e as dificuldades fazem provocam o desânimo, cansaço e o desvio da verdadeira doutrina.


O autor escreve para que esta retome a fé, reacenda o compromisso, num contínuo sacrifício de louvor, tendo o sacerdócio de Cristo como paradigma de toda a comunidade.

Jesus, que Se encarnou e Se entregou e foi fiel ao Projeto de Deus totalmente, é quem deve ser seguido, amado, adorado e imitado. Estas têm que ser as mesmas atitudes daqueles que O seguem.

Afinal, com Jesus inaugurou-se o Reino de amor e paz, e somos participantes desta construção, vivendo como Ele na obediência, fidelidade e disponibilidade, sendo como Ele o foi um sacrifício agradável ao Pai, vivendo um sim total e incondicional a Deus.

É preciso, portanto, despojar-se da acomodação, desesperança, apatia, indiferença e desânimo.

A passagem do Evangelho (Lc 1,39-47) faz parte do chamado “Evangelho da Infância de Jesus”. É uma “homologese” (gênero literário especial que não pretende ser um relato fidedigno sobre acontecimentos, mas antes uma catequese destinada a proclamar as realidades salvíficas que a fé prega sobre Jesus: que Ele é o Messias, o Filho de Deus, o Deus conosco). Em resumo é uma catequese sobre Jesus.

Nesta pequena passagem, três mensagens fundamentais:

- Jesus vem ao encontro da humanidade para redimi-la;

- Sua presença, fruto da ação do Espírito, provoca estremecimento incontrolável de alegria no coração dos que esperam a concretização das promessas divinas: alegria, vida, paz e felicidade;

- Vem ao encontro através da fragilidade e simplicidade dos pobres, que se constituem instrumentos de Deus para a realização da salvação e libertação da humanidade.

É necessário estremecer de alegria, porque somos portadores do Verbo que Se fez e Se faz Carne em nosso coração. Belém é aqui e agora, que acolhe o Salvador para se tornar uma alegre notícia de vida para os empobrecidos.

A luz brilhará nas trevas para os corações que temem a Deus!

Nascerá o Salvador no coração dos que amam e que anseiam pela paz e vida plena.

Acolher e anunciar a proposta de Jesus é o verdadeiro sentido do Natal que vamos celebrar. Demos mais um passo...

Ainda é tempo! Que o pouco tempo que nos separa da Noite do Natal seja marcado pelo silêncio, revisão e preparação do que ainda for preciso.

Ainda é tempo! Mais do que árvores de Natal, amigos secretos, pisca-pisca, ceias fartas, é preciso que nosso coração esteja totalmente limpo, aberto para a acolhida do Verbo que Se fez e Se faz carne sempre, para ficar conosco em qualquer circunstância.

É próprio de quem ama não se separar daquele que se ama. Sendo assim, Deus não Se separa de nós porque nos ama, ainda que não O amemos bastante.

Reflitamos:

- Qual a boa Nova que anunciamos aos pobres?
- Nosso modo de viver revela que nos preparamos para acolher o Verbo que quer fazer morada em nosso coração?

- Quais foram os esforços de conversão, mudança radical de pensamentos, atitudes em nossa vida em todos os seus âmbitos?

- Procuramos o Sacramento da Penitência para nos reconciliar com Deus e com os irmãos e irmãs, experimentando a alegria da misericórdia e do perdão divinos?

- Urge um cristianismo mais alegre e contagiante, experimentado e testemunhado na fragilidade de Maria, de Isabel e de tantos outros. Deste modo, somos instrumentos da mensagem de alegria ou instrumentos fúnebres do Evangelho?

Que o Natal seja a Festa de maior intensificação e correspondência ao Amor indizível, infinito, incompreensível de Deus.

Ainda é tempo...

PS: Oportuno para celebrarmos a Festa da Natividade da Bem-Aventurada Virgem Maria celebrada dia 08 de setembro, quando se proclama a passagem do Livro de Miqueias.

terça-feira, 29 de outubro de 2024

As parábolas da semente de mostarda e do fermento (28/10)

                                        

As parábolas da  semente de mostarda e do fermento

Na Liturgia, da Palavra da terça-feira da 30ª semana do Tempo Comum, refletimos sobre duas Parábolas, em que Jesus nos fala do Reino de Deus (Lc 13,18-21): o grão de mostarda e o fermento na massa.

As Parábolas nos ajudam no crescimento espiritual, pois nos questionam, exortam, animam, ensinam, fortalecem a fé e nos levam ao mergulho tão necessário dentro de nós mesmos.

São elas, como injeção de ânimo, de esperança e renovação de compromissos com o Reino de Deus.

Ainda que tão pequenos como o grão de mostarda, aparentemente tão insignificantes, nossas ações aos olhos de Deus não o serão, pois o mesmo que acontece com o grão de mostarda acontece com o bem que fazemos.

O Reino de Deus não acontece pela grandiosidade, celebridade etc.; mas pela ação dos simples dos pequenos, dos pobres, de nossos pequenos esforços e entregas, doação total. Ainda que não mude o mundo na totalidade visibiliza a graça do Reino.

Bem disse São Paulo: Deus escolhe os fracos para confundir os fortes. A Cruz, verdadeiramente é loucura para os gregos e escândalo para os judeus.

Um discípulo missionário não fica medindo o tamanho da ação, tão pouco a recompensa recebida, mas antes, por amor, não economiza no multiplicar dos pequenos grandes gestos de amor. Isto é o que nos ensina a Parábola do grão de mostarda.

Mas tudo isto nos pede um fermento para levedar a massa, para fazer crescer o Reino o fermento indispensável: o amor, certos de que Deus  reina por Seu Amor, e o amor jamais força alguém, mas cativa para a livre adesão.

Trabalhar na construção do Reino de Deus é multiplicar palavras e ações feitas com amor, e por menor que sejam, tornarão grandes aos olhos de Deus.

Esta participação se dá quando cremos na força transformadora do melhor fermento, que somente Deus pode nos oferecer: o fermento do Seu Divino Amor.

A Santidade desejável por Deus (01/11)

A Santidade desejável por Deus

Santidade é o estar bem com Deus, por isto ela é dom e missão. Deus no-la dá, mas nós devemos realizá-la em nossa vida e irradiá-la em todos os lugares.

Santidade: Dom e Missão.
Para que seja dom precisará de corações que não estejam cheios de si mesmos. Exige empenho para que aconteça a justiça de Deus e a promoção de Sua paz. Exige, portanto, desprendimento, conversão, abandono da autossuficiência.

A Santidade não é o destino de uns poucos, mas de uma imensa multidão. Todos os que, de alguma maneira, mesmo sem o saber, aderiram à causa de Cristo e o Seu Reino.

Ser Santo significa ser totalmente de Deus, vivendo um cristianismo libertado, esperançoso, comprometido e exigente, numa vida espiritual sólida e permanente.

Jamais Santidade poderá ser sinônimo de “beatice”, medo de viver, fuga, evasão, alienação. O mundo precisa de Santos e Santas que nos revelem a Face de Cristo, que nos comuniquem o Amor do Pai e nos iluminem com a Luz do Espírito.     

A Santidade é possível a todos os membros da Igreja, ela nos ensina, pois Deus quer que todos sejamos Santos, participantes de Sua Vida e Amor. O Pai deseja que, através da ação do Espírito Santo em nós, nos pareçamos cada vez mais com o Seu Filho Jesus Cristo.

Ela é o desenvolvimento da nossa filiação divina: “Desde agora somos filhos de Deus, mas não se manifestou ainda o que havemos de ser. Sabemos que quando isto se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porquanto o veremos como Ele é” (1Jo 3,2).

Concluamos com as palavras do Missal Dominical:

“A Santidade cristã manifesta-se, pois, como uma participação na vida de Deus, que se realiza com os meios que a Igreja nos oferece, particularmente com os Sacramentos. A Santidade não é o fruto do esforço humano, que procura alcançar Deus com suas forças, e até com heroísmo; ela é dom do Amor de Deus e resposta do homem à iniciativa divina.” (1)

(1) Missal Dominical - Editora Paulus - 1995 - pág. 1367

Santidade é vocação de todos nós (01/11)

Santidade é vocação de todos nós

Uma reflexão à luz desta passagem da Primeira Epístola de São Pedro (1 Pd 1,15-16):

“Como é Santo Aquele que vos chamou, tornai-vos santos, também vós, em todo o vosso proceder. Pois está na Escritura: Sede santos, porque Eu sou Santo”.

Oportuno o que nos diz a Igreja na Constituição “Lumen Gentium”: 

“... Todos os fiéis, qualquer que seja sua posição na Igreja ou na sociedade, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade. A santidade promove uma crescente humanização. Que todos, pois, se esforcem, na medida do dom de Cristo, para seguir Seus passos, tornando-se conformes à Sua imagem, obedecendo em tudo a vontade do Pai, consagrando-se de coração à glória de Deus e ao serviço do próximo. A história da Igreja mostra como a vida dos santos foi fecunda, manifestando abundantes frutos de santidade no Povo de Deus” (n.40)

De fato, a santidade é a vocação de todos aqueles que se propõem a seguir Jesus Cristo, como membros da Igreja, não importando o lugar que tenhamos na Igreja ou na sociedade.

Somos chamados à “plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade”, procurando retidão no proceder, como nos exortou o Apóstolo na passagem bíblica; movidos pela Verdade do Evangelho, pautando a existência pelo amor, verdade, justiça, liberdade e fraternidade.

Quanto maior o empenho em santidade, mais promotores da humanização dos relacionamentos e mais fecunda será a vida de todos nós, produzindo “frutos de santidade”.

Neste sentido, o Papa Francisco, através da “Gaudet et Exsultat”, que deve ser sempre retomada e refletida por nossas comunidades, nos exorta a crescermos em santidade, vivendo a alegria da santidade,

Finalizando mais um ano Litúrgico, é tempo favorável de avaliarmos o progresso que tenhamos feito no testemunho da santidade, dentro e fora da Igreja, em sagrados e renovados compromissos com o Reino de Deus.

“Buscar a justiça com fome e sede: isto é santidade” (01/11)

“Buscar a justiça com fome e sede: isto é santidade”

Uma reflexão sobre a Bem-Aventurança - “Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados” (Mt 5,6), à luz dos parágrafos (n. 77-79) da Exortação Apostólica “Gaudete Et exsultate”, do Papa Francisco (2018).

Todos nós temos experiência de fome e sede, que consiste em experiências muito intensas, pois são necessidades primárias de nossa sobrevivência.

Também há pessoas que, com esta mesma intensidade, aspiram pela justiça e buscam-na com um desejo muito forte.

A estas, Jesus diz que serão saciadas, porque a justiça, mais cedo ou mais tarde, chega, e nós podemos colaborar para torná-la possível, embora nem sempre vejamos os resultados deste compromisso.

No entanto, a justiça que Jesus propõe, não é como a que o mundo procura; uma justiça, muitas vezes, manchada por interesses mesquinhos, manipulada para um lado ou para outro, tendo como consequência tantas pessoas que sofrem por causa das injustiças.

O Papa constata que “alguns desistem de lutar pela verdadeira justiça, e optam por subir para o carro do vencedor. Isto não tem nada a ver com a fome e sede de justiça que Jesus louva”.

Esta justiça se manifesta nas decisões que cada um deve tomar a fim de que seja justo, e depois se manifesta na busca da justiça para os pobres e vulneráveis, como falou o profeta Isaías – “Procurai o que é justo, socorrei os oprimidos, fazei justiça aos órfãos, defendei as viúvas” (Is 1, 17).

Sendo assim, entenda-se justiça como sinônimo de fidelidade à vontade de Deus com toda a nossa vida, na solidariedade e compromissos com os mais empobrecidos e indefesos.

O Papa conclui afirmando que santidade consiste na busca da justiça com fome e sede.

Somos vocacionados à santidade (01/11)

                                                                  

Somos vocacionados à santidade

                                                          “Portanto, deveis ser perfeitos
como o vosso Pai Celeste é perfeito”
(Mt 5,48)
 
A verdadeira devoção aos santos consiste em imitar as suas virtudes, como nos ensina a Igreja, na Constituição “Lumen Gentium” -“Todos somos chamados à santidade por vocação, que consiste num chamado universal a partir de Cristo, portanto, constitui em missão essencial da Igreja a santificação, de modo que esta deve ser vivida nos diversos estados de vida que compõem o Povo de Deus” (cf. LG n.40.41).

Precisamos trilhar este caminho sem vacilar na fé, esmorecer na esperança e esfriar na caridade, pois tão somente movidos pelas virtudes divinas, manteremos acesa a chama ardente da santidade, como expressão do fogo do Espírito, que a todos aquece e ilumina.

Tenhamos como ponto de partida o encontro com o Senhor, um encontro que encheu a vida do discípulo missionário de alegria, convidando-o à conversão e ao discipulado missionário, como tão bem expressou o Papa Bento XVI: “No início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo” (Carta Encíclica Deus caritas est n.1). 

Urge compreender as marcas dos tempos, que caracterizam uma mudança de época, com profundas transformações e, com elas, os riscos e consequências que nos desafiam no anúncio e testemunho da Boa-Nova de Jesus, para que através da ação evangelizadora, edifiquemos uma Igreja firmada nos pilares da Palavra, do Pão da Eucaristia, da Caridade e da Ação Missionária.

Concluindo, é preciso que vivendo a devoção aos santos, os tenhamos como luminares inspiradores no caminho de santidade, até que um dia o céu mereçamos também alcançar. 
 

Todos somos chamados à Santidade(01/11)

                                                         


Todos somos chamados à Santidade

Todos somos convidados a refletir sobre a Santidade, para vivermos mais intensamente a graça do Batismo.

Deus nos predestinou a sermos Santos, de modo que a Santidade é a nossa única vocação.

Viver a Santidade não é a ausência do pecado, mas a presença da graça de Deus que nos santifica. Ele nos criou para sermos Santos, e a Santidade deve ser vista como um presente de Deus.

A Santidade é uma iniciativa de Deus e uma resposta nossa. Portanto, é impossível ser de Deus e não ser feliz.

Mas o que é ser santo?

É viver o grande milagre do amor. Sendo assim, a Santidade não é uma tarefa acabada, mas um projeto infinito, numa edificação incansável de um mundo mais justo e fraterno.

Viver a Santidade é subir uma escada com muitos degraus que não tem fim, ou melhor, leva-nos para o céu. E, através de nossas atitudes cotidianas de amor, almejamos a graça de um dia contemplar a Deus.

Santidade implica na acolhida da Graça Divina, enfrentando as dificuldades, os sofrimentos, de modo que o sofrer possa se tornar uma graça santificante, nos fortificando, ainda que não curados de uma eventual enfermidade, mas fortalecidos em todos os aspectos, e com a cura da alma que nos faz experimentar a força divina, como bem falou o Apóstolo: 

"Por isto, me comprazo nas fraquezas, nos opróbrios, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por causa de Cristo. Pois quando sou fraco, então é que sou forte" (2 Cor 12,10).

Ao final de cada dia, devemos nos perguntar: 

Quantos degraus subi ou desci na escada da Santidade?

Oremos:

Ao celebrarmos, Ó Deus, Todos os Santos, nós Vos adoramos e admiramos, porque só Vós sois o Santo, e imploramos que a Vossa Graça nos santifique na plenitude do Vosso Amor, para que, desta mesa de peregrinos, passemos ao Banquete do Vosso Reino. Por Cristo, Nosso Senhor. Amém!”

Chamados à santidade(01/11)

                                                    

Chamados à santidade

“Em Cristo, Deus nos escolheu antes da fundação do mundo,
para sermos santos e irrepreensíveis diante d’Ele no amor” (Ef 1,4)

Os santos canonizados pela Igreja, como Santo Antônio, São João, São Pedro e tantos outros, fizeram seu itinerário espiritual, dando testemunho de amor e fidelidade ao Senhor e à Sua Palavra, até o fim. 

São inspiradores, por suas vidas, luminares da fé, para que também vivamos a santidade querida por Deus para todos nós, pela graça do Batismo que recebemos.

Sobre a santidade, o Apóstolo Paulo assim se expressou: “Porquanto, é esta a vontade de Deus: a vossa santificação” (1Ts 4,3); e ainda: “Em Cristo, Deus nos escolheu antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante d’Ele no amor” (Ef 1,4). E o próprio Senhor disse: “Portanto, deveis ser perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5, 48).

Oportunas também são as palavras da Igreja, na Constituição “Lumen Gentium”: “... Todos os fiéis, qualquer que seja sua posição na Igreja ou na sociedade, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade. A santidade promove uma crescente humanização. Que todos, pois, se esforcem, na medida do dom de Cristo, para seguir Seus passos, tornando-se conformes à Sua imagem, obedecendo em tudo a vontade do Pai, consagrando-se de coração à glória de Deus e ao serviço do próximo. A história da Igreja mostra como a vida dos santos foi fecunda, manifestando abundantes frutos de santidade no Povo de Deus” (n.40).

Recentemente fomos enriquecidos com a canonização de dois papas, cronologicamente, muito próximos de nós: João XXIII e João Paulo II. Estes não derramaram sangue, em expressão máxima de martírio, como São Pedro e São Paulo, mas também viveram a santidade.

Deste modo, podemos lembrar tantas outras pessoas, que se empenharam em viver a santidade de diversas formas, com coragem, no silêncio e anonimato, na fidelidade e na generosidade, na doação e consumação de sua vida na prática do amor, que torna a vida mais humana e mais bela. Canonizadas ou não pela Igreja, procuraram viver a santificação no seu tempo e espaço.

Hoje, precisamos de santos e santas que não fechem os olhos, mente e coração, para a vontade divina, e assim vivendo sagrados compromissos, alcancemos as transformações e melhorias necessárias  em todos os âmbitos: saúde, educação, transporte, moradia, mobilidade humana, cultura, lazer etc.

Como nos exortou o Papa Francisco, é preciso que anunciemos ao mundo a “Alegria do Evangelho”, como discípulos missionários do Senhor, empenhados em viver a nossa fé em todos os espaços e em todo tempo, sobretudo na expressão sublime da caridade, que é a política. Não podemos nos curvar, indiferentes a este crucial momento em que vivemos, e é sempre tempo de dar razão de nossa esperança (1Pd 3, 15).
  
Seja a nossa devoção aos Santos, antes de tudo, o reconhecimento de suas inúmeras virtudes, vividas na fidelidade incondicional ao Senhor, para trilharmos o mesmo caminho, que requer de todos nós maior acolhida aos dons do Espírito Santo.

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG