quarta-feira, 24 de julho de 2024

Fecundemos nosso coração

                                                     

Fecundemos nosso coração
 
Reflexão à luz da Parábola do Semeador à luz da passagem do Evangelho (Mt 13,1-9; Mc 4,1-9; Lc 8.4-15), sobre a centralidade da Palavra de Deus em nossa vida. 
 
São palavras do Bispo e Doutor da Igreja, São João Crisóstomo (séc. V), que nos adverte para algo que é terrível e que pode acontecer com mais frequência que possamos pensar: o homem pode fechar-se à Palavra de Deus, recusá-la e, consequentemente, torná-la ineficaz, não produzindo, assim, os frutos maravilhosos que Deus espera e que poderiam ter sido multiplicados:
 
“É possível que a rocha se transforme em boa terra; que o caminho deixe de ser pisado e se converta também em terra fértil, e que os espinhos desapareçam e deixem crescer exuberantemente as sementes.
 
E se não se opera em todos essa transformação, não é, certamente, por culpa do semeador, mas daqueles que não querem mudar”. 
 
No mistério de acolhida da Palavra e no empenho de fazê-la brotar, multiplicar, quem na alma não deixa habitar o verme da preguiça e acomodação, por mais que tenha feito dirá que nada ainda fez, é o que nos leva a refletir São João da Cruz (séc. XVI):
 
“A alma que ama a Deus de verdade não deixa, por preguiça, de fazer o que pode´
 para encontrar o Filho de Deus, o Seu Amado.
E depois de ter feito tudo o que pode,
não fica satisfeita e pensa que não fez nada”.
 
Oportunas as palavras do padre Antonio Maria Zacaria  (séc. XVI): jamais, do Senhor, covardes e desertores o sejamos, em exortação a fim de que imitemos o Apóstolo Paulo:
 
“Nós que escolhemos um tão grande Apóstolo como guia e pai, e fazemos profissão de imitá-lo, esforcemo-nos para que a nossa vida seja expressão da sua doutrina e do seu exemplo. Pois não seria conveniente que, sob as ordens de tão insigne chefe, fôssemos soldados covardes e desertores, ou que sejam indignos os filhos de um tão ilustre pai.”
 
E Padre Antônio Vieira (séc.XVII) sobre esta passagem do Evangelho afirmava que a Palavra pode não dar fruto, mas dará sempre efeito: efeito de Salvação ou efeito de condenação!
 
É a mais pura e incontestável verdade, ninguém ficará neutro diante da Palavra do Senhor que escutou, ou a acolhe, dá fruto nela e acolhe a salvação, ou a rejeita, para ela se fecha e por causa dela se perde, lamentavelmente.
 
De fato, ser filho de Deus, discípulo missionário não é fugir dos confrontos, conflitos, sofrimentos e perseguição, e para tanto, é preciso que Deus nos conceda a maturidade para suportar as dores do parto, pois nisto consiste a vida no Espírito. 
 
Assim é o ser cristão: viver em tensão para o futuro da humanidade e do universo em Deus. A natureza e a humanidade estão envolvidas neste processo de dar à luz o mundo novo. Podemos deste processo, audazes, corajosos protagonistas sermos, ou não.
 
Reflitamos:
 
Como acolhemos a semente da Palavra Divina?
Ao cair sobre o chão do nosso coração, que tipo de terra a Palavra encontra?
 
Estamos no tempo da acolhida e fecundação da Palavra, para que frutos produzamos, que outros comam, ainda que não vejamos os frutos e que deles não possamos saborear. 


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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG