quarta-feira, 31 de julho de 2024

Os dons do Espírito e as Eleições (1)

                                                               



Os dons do Espírito e as Eleições

Acontecerá em outubro deste ano as Eleições Municipais para a escolha de Prefeitos/as e Vereadores/as.

Multipliquemos nossas reflexões para o discernimento em nossas escolhas, tendo como fonte a Sagrada Escritura, através da qual Deus fala, conduz e ilumina nossos passos.

Como tão bem expressou o Bispo e Doutor Santo Agostinho (séc. V), ”A Sagrada Escritura é para nos ajudar a decifrar o mundo; para nos devolver o olhar da fé e da contemplação, e transformar a realidade numa grande revelação de Deus”.

Entretanto, tudo isto somente acontece quando acolhemos a presença do Espírito Santo, que torna possível a autêntica comunicação que gera comunhão: “Então apareceram línguas como de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito os inspirava.” (At 2, 3-4).

Como em Pentecostes, o Espírito de Deus permanentemente nos enriquece e nos assiste com os sete dons:

Com o dom da Sabedoria, aprendemos e nos comprometemos decididamente com um Projeto de vida e paz, e somos iluminados para governar nossa vida segundo os desígnios divinos, a nós revelados pelos seus sagrados Mandamentos,  sentindo e dando gosto de Deus à vida.

Discernimos com o dom do Entendimento o que é justo e bom, sem ilusões e erros, de modo que nossos pensamentos e sentimentos e ações se tornam a expressão do viver para Deus, que conosco sempre está, jamais nos desamparando.

Empenhamo-nos com o dom do Conselho na correspondência à vontade amorosa de Deus, vivendo e ensinando sagrados valores com sinceridade, pureza e retidão de coração, participando da realização do plano divino de salvação, na mais perfeita sintonia entre o que celebramos e vivemos, jamais separando a fé da vida quotidiana e seus combates necessários.

Enriquecidos pelo dom da Fortaleza, somos cumulados da graça divina, intensificando e aprofundando nossos momentos de intimidade com Deus, na oração, mas de modo especialíssimo no sublime Sacramento da Eucaristia, fonte e ápice da vida cristã; vivendo com fidelidade o Mandamento do Amor, que se expressa concretamente no amor ao próximo; testemunhando a fé, com serenidade e firmeza.

Buscamos, agraciados pelo o dom da Ciência, o conhecimento pleno da verdade do Evangelho do Reino, com docilidade ao Espírito nas mais diversas situações, agradáveis ou não, favoráveis ou adversas, sem lamentações estéreis, mas com olhar e compromisso renovados, porque acompanhados da fina flor da esperança.

Renovamos com o dom da Piedade, a cada momento, nossa resposta de amor a Deus, numa profunda comunhão com Deus, acompanhado de maior fidelidade às Sagradas Escrituras, tornando-nos mais fraternos e solidários, comprometidos com a promoção da justiça e da paz, para que misericordiosos como o Pai o sejamos.

Finalmente, com dom do Temor, solidificamos nossa relação filial para com Deus, adorando-O em espírito e verdade, buscando, em primeiro lugar, o Seu Reino e a Sua justiça, e assim, tudo mais nos será acrescentado.

Como Igreja, comunidade de comunidades, vivendo a graça do batismo, como profetas, sacerdotes e reis, a Palavra de Deus há de estar não somente em nossas mãos, mas entranhada em nossa mente e coração, orientando nossos pensamentos, palavras e ações, para que afastemos todo medo, covardia, indiferença ou omissão.

Cremos piamente que, pelo Espírito assistidos, viveremos a graça da missão que o Senhor nos confia, conservando uma alma cristalina, a generosidade de coração, na plena comunhão com o Deus Uno e Trino.

Enfim, invoquemos a luz do Seu Espírito, neste tempo que antecede as Eleições, para que façamos sábias escolhas, e renovemos compromissos sagrados com a transformação da dura realidade que vivemos, sobretudo para que nossas cidades se tornem mais humanas e fraternas, oferecendo condições melhores de vida para todos, sem feridas insanas de desigualdade, pobreza, violência e exclusão.


PS: Escrito em setembro de 2020


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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG