sábado, 27 de julho de 2024

Deus, rico em misericórdia


Deus, rico em misericórdia

Contemplemos a face misericordiosa de Deus, que se revela num Amor infinito e incondicional pela humanidade, de modo especial pelos pecadores e excluídos.

A passagem do Evangelho está inclusa no capítulo 15 do Evangelho de Lucas, que nos apresenta três Parábolas que comunicam o Amor de Deus derramado sobre os pecadores, sendo a segunda e terceira exclusivas do Evangelista Lucas, e não por acaso, chamado de “Evangelho da ternura divina”, como bem cita o Missal Dominical:

“Lucas, o evangelista da ternura divina multiplica as narrativas que mostram Jesus em busca dos mais abandonados, dos pobres, dos pecadores, realçando assim o próprio fundamento da nossa religião, que é a atitude dos que são arrebatados pelo abismo do Amor de Deus”. (1)

As três Parábolas estão apresentadas no contexto do caminho de Jerusalém, onde Jesus consumará a Sua missão, Paixão, morte e Ressurreição; logo, num contexto muito concreto, em que Jesus é questionado pelos fariseus e escribas pelo fato de andar e comer com os pecadores.

Elas revelam a misericórdia divina, que tem uma lógica diferenciada dos fariseus e escribas (lógica da intolerância e exclusão), pois a misericórdia divina faz novas as criaturas.

Normalmente, são conhecidas como Parábolas da “ovelha perdida”, “moeda perdida” e “filho pródigo”, mas poderiam ser apresentadas de outra forma: a misericórdia e alegria de Deus pelos pecadores que se convertem.

Deus jamais rejeita e marginaliza, ama-nos com Amor de Pai, e esta há de ser a atitude dos discípulos para com os pecadores: amor que vai ao encontro, acolhe e perdoa:

“Não existe verdadeira experiência humana sem intercâmbio, diálogo, confidência, verdadeiro amor recíproco. Só o amor é capaz de transformar, mas com uma condição: que seja gratuito e livre” (2)

Um amor que reintegra e celebra, com alegria, a volta daquele que estava perdido, morto, e encontrado voltou a viver.

As Parábolas expressam a ação divina, que abomina o pecado, mas ama o pecador. A comunidade é chamada a ser testemunha da misericórdia divina e jamais compactuar com o pecado.

Os seguidores de Jesus, que se põem a caminho com Ele, farão sempre uma caminhada de penitência e conversão, sem recriminar e excluir, mas acolhendo os pequenos, pecadores, e também se deixando ser acolhido pelo Amor de Deus.

Amados, acolhidos e perdoados por Deus, tornamo-nos acolhedores e sinais do Seu Amor e do Seu perdão, que recria e faz novas todas as coisas. Verdadeiramente, a misericórdia divina vivida nos faz novas criaturas.

As Parábolas revelam que o Amor divino vai até o fim. Como não transbordar de alegria diante deste Amor que nos ama e nos ama até o fim?

Entremos na alegria de Deus, revelada a nós por Jesus, acolhendo e nos deixando conduzir pela ação do Espírito Santo.

Redimidos pelo Amor Trinitário, preenchidos deste Amor, seremos dele comunicadores, transbordando o mesmo Amor para com o outro, na alegria do perdão dado e recebido.

Desperte em nós um santo desejo, como expressou o Frei Raniero Cantalamessa:

“Quero ser um irmão maior que vai com Jesus em procura do irmão que se afastou; quero ser as mãos de Jesus que levantam quem caiu, quem se enredou nos espinhos do pecado. Talvez algum destes esteja escondido muito perto de mim e eu não tenha percebido” (3)


Reflitamos:

- Sinto este Amor incondicional, irrestrito e eterno de Deus?
- De que modo rejeitar o pecado e não o pecador?

- O que as Parábolas da misericórdia divina nos ensinam?
- Como vivemos a fidelidade e correspondência ao Amor divino?

- Entramos na alegria de Deus, na festa dos reconciliados, dos que estavam perdidos e foram encontrados, dos que estavam mortos e voltaram a viver?

- Em que nos assemelhamos aos fariseus e escribas e sua lógica de recriminação e exclusão?

- Sentimo-nos acolhidos, amados e perdoados por Deus?
- Somos instrumentos de acolhida, amor e perdão divinos?

Finalizando, “Cristo nos revelou um Deus como desejamos. Um Deus que é Amor e misericórdia.“ (3) 

(1)   (2) (4) - Missal Dominical pág. 1236. 
(3). O Verbo se faz Carne – Editora Ave Maria – 2013 - pág. 732

Nenhum comentário:

Quem sou eu

Minha foto
4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG