segunda-feira, 29 de julho de 2024

Sentemo-nos aos pés do Senhor!

                                                        


Sentemo-nos aos pés do Senhor!

O Evangelho de Lucas nos apresenta uma cena tão marcante e conhecida, mas que sempre nos traz algo novo ao coração: “Jesus visitando a casa de Marta e Maria...” (Lc 10,38-42).

Maria aos pés de Jesus, com sabedoria, escolhe a melhor parte que não lhe será tirada; Marta preocupada e mergulhada em suas atividades...

Jesus jamais teria feito apologia do espiritual em detrimento da atividade, do compromisso laboral.

Uma só coisa é necessária: acolher Sua Pessoa e escutar Sua Palavra.

Não há, porém, acolhida de Sua Pessoa sem a escuta de Sua Palavra, bem como é inseparável o imperativo de vivê-la. Não são coisas distintas!

A fecundidade da ação é consequência da intimidade que temos com o Senhor.

A escuta, a Oração, o retirar-se para nos colocarmos diante do Senhor em atitude de silêncio jamais foi ou será perda de tempo...

A escuta nos reenvia diferenciados para a vida quotidiana, algo diferente transparece em cada ato.

Cada atitude, por menor que seja, revestida da Luz Divina, tem uma dimensão de eternidade, e assim saberemos construir uma necessária hierarquia de valores.

Somente a escuta atenta do que Ele tem a nos dizer, a acolhida de Sua Pessoa e Palavra nos farão fazer bem todas as coisas, como Ele sempre o fez! 

A verdadeira hospitalidade passa necessariamente pela acolhida do outro e do Absolutamente Outro: Deus!

Roguemos, portanto, a Sabedoria Divina, colocando-nos, como Maria aos Seus pés, abrindo nossos ouvidos e coração ao que Ele tem a nos dizer e a nos oferecer!

Num mundo marcado pelo ativismo desenfreado, pelos ruídos ensurdecedores da cidade, colocarmo-nos diante do Senhor é como saciar a sede em pleno deserto e assim poder continuar o caminho...

Reflitamos:

- Encontro tempo para acolher e escutar o Senhor?
- Sento-me aos Seus pés para que escutando o que Ele tem a dizer, faça melhor?

- De que modo sintetizo em minha vida as mãos de Marta e os ouvidos e o coração de Maria?


- O correr muito pode levar ao vazio, ao tédio, à solidão, à falta do sentido da vida. Estou correndo este risco?
- Ativismo desenfreado aliena, massacra, asfixia e pode nos levar a lugar nenhum. Como equilibro o silêncio, a oração e a ação?

Se como Maria nos pusermos aos pés do Senhor. faremos com novo impulso e ardor todas as coisas. Muito oportuno para nossa espiritualidade missionária, pois se não aprendermos com Maria, muito facilmente poderemos nos cansar e até mesmo desistir de o bem fazer, da Palavra pregar, do amor comunicar.

Não haverá êxito na missão, ou em qualquer coisa que façamos, se não houver antes o silêncio necessário diante do Senhor, que deseja estabelecer conosco a comunhão, o diálogo, a intimidade, a amizade verdadeira, profunda e frutuosa. 

Dentro de cada um de nós há um pouco de Marta e um pouco de Maria. Já vi não poucas pessoas darem espaço demais para a Marta, mergulhando num ativismo estressante, cansaço irreversível, desistência, abandono, indiferença, frieza, estagnação e até mesmo recuo.

Já vi “Marias” tão simplesmente num espiritualismo alienante, descomprometido; num recolhimento estéril (fuga, evasão, alienação, intimismo...)

A beleza da espiritualidade do discípulo do Senhor consiste na busca do equilíbrio: ter o coração e ouvidos de Maria e as mãos e pés de Marta, na exata harmonia.

Saibamos escolher “a melhor parte”, que só pode vir de Jesus, para fazermos bem todas as coisas, porque precedidas de uma atitude de discípulo que escuta e ama; age e se compromete. Em uma palavra: fé e luta; fé e compromisso.

Enraizados no Amor de Cristo,
somos fortalecidos e vivificados por Ele,
na ação do Espírito que nos
cumula de todo bem e graça.
Ele é o absolutamente essencial em nossa vida.

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG