domingo, 14 de julho de 2024

O Semeador, Sua Palavra, nosso coração... (continuação)

O Semeador, Sua Palavra, nosso coração...

Como acolhemos a semente da Palavra Divina?
Ao cair sobre o chão do nosso coração,
que tipo de terra a Palavra encontra?

As três citações que ora apresento são preciosas para que continuemos nossa reflexão.

O Bispo e São João Crisóstomo (séc. V), que nos adverte para algo que é terrível e que pode acontecer com mais frequência que possamos pensar: o homem pode fechar-se à Palavra de Deus, recusá-la e, consequentemente, torná-la ineficaz, não produzindo, assim, os frutos maravilhosos que Deus espera e que poderiam ter sido multiplicados:

“É possível que a rocha se transforme em boa terra; que o caminho deixe de ser pisado e se converta também em terra fértil, e que os espinhos desapareçam e deixem crescer exuberantemente as sementes.

E se não se opera em todos essa transformação, não é, certamente, por culpa do semeador, mas daqueles que não querem mudar”.

No mistério de acolhida da Palavra e no empenho de fazê-la brotar, multiplicar, quem na alma não deixa habitar o verme da preguiça e acomodação, por mais que tenha feito dirá que nada ainda fez, é o que nos leva a refletir São João da Cruz:

“A alma que ama a Deus de verdade não deixa, por preguiça, de fazer o que pode para encontrar o Filho de Deus,
o Seu Amado. E depois de ter feito tudo o que pode,
não fica satisfeita e pensa que não fez nada”.

E Padre Antônio Vieira sobre este Evangelho afirmava que a Palavra pode não dar fruto, mas dará sempre efeito: efeito de salvação ou efeito de condenação!

É a mais pura e incontestável verdade, ninguém ficará neutro diante da Palavra do Senhor que escutou, ou a acolhe, dá fruto nela e acolhe a salvação, ou a rejeita, para ela se fecha e por causa dela se perde, lamentavelmente, miseravelmente, complemento!

Concluo dizendo que ser filho de Deus, discípulo missionário não é fugir dos confrontos, conflitos, sofrimentos e perseguição. Que Deus nos conceda a maturidade para suportar as dores do parto, pois nisto consiste a vida no Espírito.

Ressoa o que o padre Antonio Maria Zacaria nos disse (séc. XVI): jamais, do Senhor, covardes e desertores o sejamos.

Imitemos o Apóstolo Paulo... “Nós que escolhemos um tão grande Apóstolo como guia e pai, e fazemos profissão de imitá-lo, esforcemo-nos para que a nossa vida seja expressão da sua doutrina e do seu exemplo. Pois não seria conveniente que, sob as ordens de tão insigne chefe, fôssemos soldados covardes e desertores, ou que sejam indignos os filhos de um tão ilustre pai.”

Assim é o ser cristão: viver em tensão para o futuro da humanidade e do universo em Deus. A natureza e a humanidade estão envolvidas neste processo de dar à luz o mundo novo. Podemos deste processo, audazes, corajosos protagonistas sermos, ou não.

Estamos no tempo da acolhida e fecundação da Palavra. Que frutos produzamos, que outros comam, ainda que não vejamos os frutos e que deles não possamos saborear. 

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG