domingo, 31 de dezembro de 2023

No silêncio, a Santíssima Trindade agia... (25/05)

No silêncio, a Santíssima Trindade agia...

Retomo este artigo que fiz ao realizar o Encontro de Casais com Cristo (2012),  com o tema: “A Família é o Santuário da Vida e como Lema: “No silêncio orante, façamos a Palavra florescer”, quando Pároco da Paróquia Santo Antônio de Gopoúva - Diocese de Guarulhos - SP.

É sempre tempo de acolhermos na graça do silêncio orante, a Palavra de Deus para que ela floresça, para que de fato nossas famílias sejam um santuário da vida,  no qual se aprenda sagrados valores, para que tenhamos novos tempos mais humanos e fraternos, e assim, a Luz de Deus brilhe mais forte.

O Tema e lema iluminaram o ECC, com seus princípios: doação, pobreza, simplicidade, alegria e Oração. 

Ressoe em nosso coração as palavras da Igreja para o aprofundamento do Tema e lema:

“A Igreja é apresentada como Mistério a ser realizado entre os povos, como uma vontade Salvífica do Pai, realizada na missão do Filho e vivificada pelo Espírito Santo (LG n.4) – Mistério Trinitário: A Igreja vem da Trindade, vive da Trindade e caminha para a Trindade, o que chamamos de Comunhão Trinitária – A Santíssima Trindade é a melhor comunidade”. 

E ainda: “A Missão da Igreja é tornar-se lugar, espaço e comunidade onde a humanidade pode encontrar Deus em Jesus Cristo e ser santificada no Seu Espírito Santo.”

Sendo a família uma espécie de Igreja Doméstica, como nos ensina a “Lumen Gentium” (n.11), sem dúvida o ECC é um, entre tantos, precioso instrumento para ajudá-la a ser um reflexo da melhor comunidade: a Santíssima Trindade.

Neste tempo o Amor Trinitário agiu silenciosamente, desde os primeiros chamados para Dirigentes, Coordenadores, Palestrantes, Membros das diversas Equipes, assim como os Assessores Diocesanos. 

Quantos convites, quantas belas respostas, movidas pelo amor Trinitário que agia silenciosamente, e certamente com olhar contemplativo e a participação de nossa querida Mãe Maria!

Rendemos honra, glória e louvores à Trindade Santíssima que também agiu silenciosamente por meio de pessoas simples, disponíveis, alegres, que deram de sua pobreza, sempre movidos pela oração, na mais bela e frutuosa devoção, imitando as virtudes de nossa tão querida Mãe da Igreja, Mãe das Famílias – Maria.

A Santíssima Trindade agia silenciosamente? Agia, age e agirá sempre, num movimento contínuo de Amor, para que jamais deixemos de multiplicar compromissos pastorais na evangelização da família, para que seja, de fato, o Santuário da Vida. 

Sejam as famílias espaços para o silêncio orante, fecundo, em que as mais preciosas Sementes do Verbo, da Sua Palavra possam cair, florescer e maravilhosamente frutificar.

Urge que as mesas de nossos lares jamais se separem da Mesa Sagrada da Palavra e da Mesa da Santa Eucaristia, na comunhão maior, na vida da Igreja, Sacramento de Salvação para o mundo. Amém. 

Família: um “oásis” no deserto da cidade! (03/06)

                                                            

Família: um “oásis” no deserto da cidade!

A família é um Sagrado Templo de Deus e, à luz da Palavra Divina, com fé, precisamos purificá-la (Jo 2,13-23; Lc 19,45-46; Mc 11,11-26).

É na família, no pequeno espaço da Igreja doméstica, que se dão os primeiros passos que marcam a vida toda e por todo tempo, em todos os seus aspectos (afetivo, humano, físico, moral, psicológico, espiritual, social...).

Inúmeros são os problemas enfrentados pelas famílias em nosso tempo, principalmente porque vivemos em mudança de época, muito mais do que uma época de mudanças.

Mas, ainda que mudanças possam ocorrer, não muda a vitalidade, a sacralidade e a importância da família como espaço do aprendizado do amor-comunhão, do diálogo, da partilha, da compreensão, da solidariedade e do perdão...

Urge purificá-la de tudo que a desfigura, desestrutura e rouba sua pureza e vocação divina, a fim de que ela seja como um “oásis” em pleno deserto da cidade!

Na família, muitas vezes, vive-se a falta de diálogo, da compreensão, do carinho e do respeito nas relações entre pais e filhos; a invasão midiática e seu “evangelho”, que muitas vezes se contrapõe ao autêntico Evangelho do amor, da solidariedade, da comunhão, do perdão; a crise de valores de mãos dadas com a crise ética, colocando em risco a nossa diversidade e originalidade como criaturas modeladas pelas mãos divinas, condenados à uniformidade, reprodução laboratorial pela clonagem, com resultados imprevisíveis...

Graves são também os problemas decorrentes da dependência química (álcool, drogas...), do desemprego ou eminente possibilidade; da violência pelas armas ou manifestada de mil formas; do consumo depredador e da insaciabilidade colocando em risco o planeta em que vivemos; além da pandemia, depressão, angústia, pânico, doenças diversas...

Ventos e tempestades incontáveis teimam em desmoronar lares, relacionamentos (Mt 7,21-27), urgindo a necessidade de acolher o sopro do Espírito para reestruturá-la e purificá-la, na missão de construir a família sobre a rocha da Boa Nova da Palavra e da Eucaristia.

Renovamos a nossa fé de que o futuro da humanidade passa pela família e, portanto, todo e qualquer trabalho que façamos em prol dela ainda será pouco, porém indispensável.

A santificação, solidificação e purificação  da família são proporcionais à acolhida do sopro do Espírito, na manifestação de Deus como uma brisa suave.

Há esperança e horizontes a serem alcançados. Acolher o sopro do Espírito é preciso. Não há fórmulas mágicas, há um caminho único: Jesus Cristo e Seu Evangelho na Sagrada Escritura – “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14,6).

Bebendo da Fonte da Água Viva que é Jesus, tenhamos o santo propósito de santificar e purificar a família, a fim de que ela seja sempre um Sagrado Templo de Deus, o Sacrário da Vida, o berço das vocações, um “oásis” no deserto da cidade!

Divórcio do coração (24/05)

                                                        

Divórcio do coração
“Do divórcio do coração, livrai-nos Senhor”

Nas passagens dos Evangelhos (Mc 10,1-12; Mt 19,3-12), Jesus ratifica a indissolubilidade do Sacramento do Matrimônio.

Para aprofundamento deste tema, apresento uma reflexão aos casais, e a quantos possa interessar, para acender uma fagulha de luz, iluminando a sagrada missão de santificar nossas famílias, e redescobrir caminhos para menos divórcios do coração, e assim, a família cumpra sua missão, não obstante todas as dificuldades e ventos contrários.

Quantos casais, neste sentido, vivem há anos num divórcio prático, ratificado e consumado, isto é, querido e atuado? Quando, por exemplo, entre marido e mulher não se tem nem a vontade de se perdoar, de se reconciliar, quando reina a indiferença, é divórcio de fato, do coração. É o repúdio sem formulações legais! O mandamento de Deus está violado, não se é mais ‘uma só carne’.

Fala-se muito dos terríveis males do divórcio jurídico: mulheres condenadas à solidão, filhos destruídos psicologicamente pela escolha penosa que devem fazer entre a própria mãe e o próprio pai.

Conheço uma criança nesta situação; depois que vi seus olhos, não preciso mais ouvir conferências sobre os males do divórcio: os vi todos estampados naqueles olhos de passarinho ferido.

Mas os males deste outro divórcio são, talvez, muito menores para a sociedade e para os filhos? Há tantos meninos desnorteados, drogados, violentos que não são filhos de divorciados casados de novo; são filhos de pais que vivem no divórcio do coração, que brigam, se ofendem ou se calam obstinadamente, reduzindo assim a família a um tenebroso inferno.

‘O homem não separe’ significa sim: a lei humana não separe; mas significa também, e antes de tudo: o marido não separe a mulher de si, a mulher não separe de si o marido.

É bem pouco o que se pode fazer depois que este divórcio aconteceu há anos. Mas muito, porém, se pode fazer no início para impedir que o divórcio aconteça.

Jesus lembra a unidade: ‘não serão senão uma só carne’, isto é, quase uma só pessoa, com a concórdia nos mesmos projetos e sentimentos; implicitamente inculca a construir sobre a unidade e renová-la cada dia. Como?

Procurando resolver logo que surgem os problemas, as incompreensões, as friezas. ‘Não se ponha o sol sobre o vosso ressentimento’ (Ef 4,26); esta recomendação do apóstolo, aplicada para os cônjuges, soa assim: antes do sol se deitar fazei as pazes; significa que não se pode deitar sem ser perdoados, nem que seja só com um olhar.

Depois a confiança recíproca; esta é como um lubrificante: falar, comunicar as próprias dificuldades e também as próprias tentações. Se a gente dissesse ao próprio cônjuge aquilo ou parte daquilo que se diz ao confessor ou se escreve ao diretor de certas revistas, quantos problemas seriam resolvidos! Enquanto há confiança recíproca, o divórcio fica longe.

A expressão ‘uma só carne’ lembra veladamente e outro meio humano para evitar o divórcio do coração: fazer da união sexual um momento de autêntica doação, abandono, humildade, de modo que sirva para restabelecer a paz e a confiança recíproca.

Continuar a ver sempre na mulher, como sugere a Bíblia, também depois que passaram os anos ‘ a mulher da própria juventude’ e no marido o homem da própria juventude, isto é, o ser que te deu sua juventude (cf. Pr 5,18).

Devemos nos convencer de que tudo isto não basta e que são necessários os meios espirituais: sacrifício e oração. Se o matrimônio encontra tanta dificuldade de se manter unido, é porque enfraqueceu o espírito de sacrifício e se quer só receber do outro, antes de dar ao outro.

A Oração! A melhor é aquela feita juntos,  marido e mulher. Mas a ela acrescentemos hoje também a oração comunitária: rezemos pelos casais e para aqueles que estão se encaminhando ao matrimônio; que o Senhor afaste deles o divórcio do coração”.

Sem dúvida, esta reflexão é de grande contributo, para que todos os lares sejam candelabros, onde a luminosidade divina não falte, ainda que a família passe por momentos difíceis, provações, inquietações.

Unamo-nos em oração e nos diversos trabalhos realizados pela Igreja em prol da Família, como tão bem nos exortou o Papa Francisco na Exortação – “Amoris Laetitia”.

Tenhamos sempre a Sagrada Família como modelo, inspiração e a ela recorramos sempre, para santificar e solidificar nossas famílias na rocha da Palavra, que é o próprio Jesus, Nosso Senhor (Mt 7, 21-27).


O Verbo Se faz Carne -  Raniero Cantalamessa - Editora Ave Maria - 2013 - pp.447-448   

Oração pela santificação matrimonial (24/05)

                                              

Oração pela santificação matrimonial

“Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe!” (Mc 10,9)

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de São Marcos (Mc 10,1-12), em que Jesus ratifica a  indissolubilidade matrimonial (a saber, as outras são: unidade e abertura à fecundidade).

Constatamos que ontem (no tempo de Jesus), como hoje, há uma “espécie de ar de Inverno” soprando contra o Matrimônio (1).

Iluminador o comentário do Lecionário Comentado sobre o Matrimônio, à luz da fé:

“O Matrimônio do crente não exclui, portanto, ‘a priori’, incompatibilidades de caráter, erros na escolha do cônjuge, dificuldades com os filhos, nervosismos, doenças, aborrecimentos... mas experimenta em tudo isto a presença e a ajuda de Cristo.

Ele dá forças, conforto e esperança. Quem se reveste deste espírito nos dias felizes, poderá continuar a viver desta mesma esperança nas horas difíceis da prova.

E isto como a ‘criança’ que nos braços da mãe se sente segura, porque sabe acolher na transparência e na proximidade tudo o que lhe reserva a vida, certa do amor materno que a envolve.”

Oremos:

Ó Deus, velai por todos os que se empenham em viver a graça da santidade no Matrimônio, não obstante as dificuldades, para que possam enfrentar o “ar de Inverno”, que teima em soprar para apagar a chama do primeiro amor.

Sejam por Vós fortalecidos, confortados  e renovados na esperança, para superar as adversidades, vivendo as propriedades essenciais do Matrimônio.

Ó Deus, acompanhai e assisti aqueles casais que não puderam viver até o fim as promessas feitas diante do altar, mas que sejam acolhidos, acompanhados, sem resquícios de exclusão ou marginalização, tendo sempre como discernimento, na prática pastoral, os ensinamentos da Igreja e seu Magistério.

Conduzi, iluminai e santificai aqueles que se propõem a celebrar o Sacramento do Matrimônio, para que tenham em mente os desígnios Vossos, preparando-se com empenho e profundidade, em permanente vigilância e oração. Amém.



(1) (2) – Lecionário Comentado – Editora Paulus – 2011 – Lisboa – p. 492-493

“Eu e minha família serviremos ao Senhor”

“Eu e minha família serviremos ao Senhor”

“A quem serviremos?”

Esta questão a família precisa se colocar todos os dias, e a resposta deve ser aquela que Josué deu naquele dia:  

“Se vos parece mal servir ao Senhor, escolhei hoje a quem quereis servir: se aos deuses e a quem vossos pais serviram na Mesopotâmia, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais. Quanto a mim e à minha família, nós serviremos ao Senhor” (Js 24,15).


Sendo a família uma espécie de Igreja Doméstica, como nos ensina a “Lumen Gentium” (n.11), deve nutrir-se sempre da Divina Fonte do Amor, Jesus, que alarga os horizontes da vida, dando-lhe um novo sentido, novo odor e esplendor: odor do amor, luz que aquece e ilumina.

Ressoem em nosso coração as palavras do Bispo São João Crisóstomo (séc IV), que sugere aos jovens casados que façam este discurso às suas esposas, e que poderá também ser dito pelos cônjuges em juras eternas de amor:

“Tomei-te em meus braços, amo-te e prefiro-te à minha própria vida. Porque a vida presente não é nada e o meu sonho mais ardente é passá-la contigo, de maneira que estejamos certos de não sermos separados na vida futura que nos está reservada [...]. Ponho o teu amor acima de tudo, e nada me seria mais penoso do que não ter os mesmos pensamentos que tu tens”.

Que nas famílias haja sempre o silêncio orante, fecundo, em que as mais preciosas Sementes do Verbo, da Sua Palavra, caiam, floresçam e frutifiquem maravilhosamente, e nelas se vivam relações intensas e profundas de amor.

Deste modo, a família de fato servirá ao Senhor, e poderá dizer como Josué, quando na travessia pelo deserto rumo à Terra Prometida: “Eu e minha família serviremos ao Senhor”, porque Deus é a mais genuína e inesgotável fonte do Amor.

Inserida no Mistério de amor da Trindade Santíssima, a família viverá maior simplicidade, disponibilidade e alegria, dando cada um de sua pobreza, movidos pela oração, na mais bela e frutuosa devoção, imitando as virtudes de nossa tão querida Mãe da Igreja, Mãe das Famílias – Maria.

Perseverantes na participação da Mesa Sagrada da Palavra e da Santa Eucaristia, nossas famílias renovem a chama ardente do primeiro encontro, que o Senhor acendeu no coração de todos, e que esta jamais se apague, porque haverá de se eternizar no Céu, onde contemplaremos o Fogo Eterno do Amor de Deus, que jamais se apaga e se consome, e que apenas experimentamos. 

O pós-dilúvio e o casamento

                                                     

                 O pós-dilúvio e o casamento

 
Reflexão sobre o Sacramento do Matrimônio, à luz das passagens bíblicas: Gn  8, 6-13.20), Sl 115 e Evangelho de Marcos (Mc 8, 22-26).
 
A passagem de Gênesis retrata os primeiros dias depois do dilúvio e o Evangelho apresenta-nos a cura do cego de Betsaida.
 
Reflitamos sobre o quanto a Palavra de Deus pode nos iluminar, relacionando os primeiros dias pós-dilúvio com a realidade do casamento e o que tem a ver a cura do cego com a realidade do casamento.
 
No fim de quarenta dias de chuva, Noé envia a pomba que na primeira vez retorna sinalizando que ainda não havia baixado as águas.
 
Na segunda vez, ao entardecer volta trazendo no bico um ramo de oliveira. Mais sete dias de espera e recomeça a história do pós-dilúvio.
 
Noé e sua família têm que recomeçar uma nova história, terão de ser fecundos, multiplicar sobre a terra. É o recomeço, a reconstrução, o reinício…
 
O casamento também tem seus momentos de recomeço, reconstrução e reinício, com a espera da volta de um entardecer com a alegre notícia, de que as águas secaram e um novo tempo se pode começar.
 
O casamento é um eterno recomeço. Muitas vezes “quarenta dias de chuva” se prolongam nos relacionamentos conjugais, parecendo uma chuva interminável, parecendo que tudo vai alagar, inundar, afundar; sonhos são naufragados, submersos nas dificuldades e pesadelos, nas carências e ausências... Muitas vezes parece já não restar nenhuma esperança, um aparente fim anunciado que já mais poderá ser reiniciado.
 
O pós-dilúvio aponta para o eterno recomeço de um casamento. Recomeçar sempre cada dia, com entusiasmo, com fé e coragem. Reconstruir o que possa aparentemente ter desmoronado. Redimensionar os espaços, alargar horizontes do amor, do perdão, da compreensão.
 
Quantas vezes casais recomeçaram uma nova história, uma nova proposta, um reencantamento? Pode ter sido num Encontro de Casais, um Sacramento da reconciliação buscado; uma palavra amiga que os tenham despertado…
 
De fato, Deus desistiu de destruir a humanidade, para além de toda infidelidade, maldade, iniquidade, desobediência. O perdão possibilitou o recomeço da humanidade com o dilúvio.
 
Quantos relacionamentos se refizeram a partir da prática do perdão. Há um pensamento que traduz isto; “Se quiserdes ser feliz por um instante: vingai-vos. Se quiserdes ser feliz para sempre: perdoai-vos”. Sem perdão, reconciliação, não há casamento que possa durar. Não só o casamento, pois o perdão é a mais bela expressão de que o Amor falou mais forte que o pecado.
 
 
Logo em seguida, vemos Noé tomando as providências para erguer um Altar para Deus, oferecendo animais em holocaustos sobre ele. A Sagrada Escritura diz que Deus respirou o agradável odor e prometeu nunca mais amaldiçoar a terra por causa da desobediência da humanidade, e nada deixar faltar. Mais duas respostas encontramos.
 
A gratidão, o culto, a relação de Noé com Deus: expressos na construção de um Altar. Que haja estreita relação de toda mesa com a Mesa Sagrada do Altar. As mais belas mesas de uma casa o deixam de ser se não estiverem ligadas com a Mesa Sagrada do Altar.
 
De nada adiantam belos castiçais, se não houver a procura do Cálice Sagrado e da Bebida que o purifica. Os mais belos pratos numa mesa não têm beleza alguma se não estiverem ligados com a Patena do Altar, onde o Corpo de Cristo Se encontra para ser partilhado numa grande Festa de amor, partilha e comunhão.
 
A gratidão de Noé para com Deus: a ação de graças que se há de celebrar sempre – as famílias precisam se voltar mais para o Altar, se reunindo com frequência ao seu redor. Sem o encontro do Altar, não haverá alegria em nenhum lar, porque o amor facilmente há de faltar.
 
Deus é o Deus providente. Nada nos deixa faltar. Um casamento onde Deus tem Seu devido lugar, nada há de faltar. Como o Salmista reza – “O Senhor é meu pastor, nada me faltará” – tudo concorre para o bem daqueles que o Senhor ama. Pode um casal ficar sem coisas materiais, efêmeras, mas não sem Deus e o Seu indispensável amor e providência.
 
Com o Salmo, refletimos sobre tantas experiências que pais vivem ao verem seus filhos partirem para junto de Deus. Aqui a Palavra deve falar por si mesma: “É sentida por demais pelo Senhor a morte dos inocentes”. Deus Se faz presente na vida do casal, dos pais que celebram a páscoa de seus filhos, com compaixão. Assim esteve presente na morte de Seu Filho, plantando para sempre no coração de Maria e de toda a humanidade a esperança e certeza da Ressurreição em que a Vida venceu a Morte.
 
Quanto à passagem do Evangelho, em que Jesus curou a cegueira daquele homem de Betsaida, também reflitamos.
 
O cego representa a humanidade, o catecúmeno na busca da Luz que somente em Deus se encontra – “Eu sou a luz do mundo, quem me segue não anda nas trevas, mas tem a luz do mundo” (Jo 8,12).
 
O casamento é este mistério da cura de toda cegueira. Quantas vezes o casal se vê em situações e num primeiro momento não enxerga saídas, não encontra respostas? Porém, Palavra ouvida, sabedoria do Espírito pedida, visão restabelecida, caminhos encontrados. Uma luz se acende sempre quando a Deus se recorre. Não há escuridão que possa ocultar a luz de Deus.
 
O casamento é esta constante busca da cura, do novo olhar. A cegueira pode tomar conta quando fala mais alto o egoísmo, a indiferença, o individualismo, o fechamento, o isolamento, a apatia, a falta de fé, a falta de oração, numa palavra, a ausência de momentos de interioridade e intimidade com Deus e entre o próprio casal. É necessário que o casal tenha momentos de intimidade com Deus juntos, momentos de oração iluminadores, restauradores.
 
Ouvi certa vez de um casal: “Quando deixamos de rezar, as coisas começaram a não dar mais certo”. Logo concluímos que a oração do casal é um colírio indispensável e que evita toda miopia espiritual.
 
Somente a Luz do Espírito Santo para revitalizar casamentos para um sempre luminoso pós-dilúvio. Assim os casais poderão dizer juntos: “Quando vemos a Luz, enxergamos a Esperança, revigoramos a fé, contemplamos a caridade que jamais passará! A Caridade renova a fortaleza de ânimo para suportar todo labor, opróbrio e injúria, sem nada pensar de mal…”, como disse o Abade São Máximo (séc. VIII).
 
Elevemos orações para que os casais mantenham acesa a luz em seus lares, pequenas Igrejas domésticas, enfrentando o desafio dos ventos que sopram querendo apagar as luzes que foram acesas em tantos corações; nos corações daqueles que procuram fazer do casamento um sinal do Amor de Deus.
 
Curados pelo Senhor e por sua Palavra, vejamos para além das aparências de um eminente caos, o reinício de uma nova história e, também, o regar da semente das forças que parecem exaurir totalmente em tantos casais.
 
Continuemos refletindo e nos empenhando pela Santificação da Família, fazendo um ato de fé de que o Sacramento do Matrimônio não pode ceder ao evangelho do mundo, que o anuncia como algo superado.
 
Cremos na Boa Nova do Evangelho e que o casamento é um Mistério Sagrado, carregando seus maravilhosos mistérios e o maior deles, o Mistério Pascal.
 
O casamento é, verdadeiramente, um Mistério de Paixão, Morte e Ressurreição: tem suas cruzes, mas também suas luzes, por isto é preciso rezar sempre:
 
“Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos Vossos fiéis, e acendei neles o fogo do Vosso amor. Enviai o Vosso Espírito e tudo será criado. E renovareis a face da terra.”.
 

Josué, exemplo de fidelidade ao Senhor

 


Josué, exemplo de fidelidade ao Senhor 

A passagem da primeira leitura do Livro de Josué (Js 24,1-2a.15-17.18b), por volta do século XII a.C, retrata sua fase final.
 
Jamais prescindir de Deus, é a grande mensagem desta passagem para a História da Humanidade em todo o tempo.
 
É uma catequese sobre o poder do Senhor a serviço do povo, que, por sua vez precisa aceitar os dons divinos e corresponder com fidelidade à Aliança com Deus e aos Mandamentos, de modo que o Povo de Deus não pode ser seduzido por outros deuses.
 
Renovar sempre os compromissos com o Senhor é certeza de vida e liberdade. Somente em Deus e com Ele se pode encontrar a vida em plenitude. 
 
Preciosa é a afirmação de Josué na escolha: “Se vos parece mal servir ao Senhor, escolhei hoje a quem quereis servir: se aos deuses e a quem vossos pais serviram na Mesopotâmia, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais. Quanto a mim e à minha família, nós serviremos ao Senhor” (Js 24,15).
 
Deste modo, Josué é apresentado como modelo de líder: vive o que fala, assume e testemunha.
 
Também nossas famílias precisam deste testemunho de Josué, para que, como pequenas Igrejas domésticas, sejam espaço do aprendizado e vivência dos preceitos divinos, a fim de resplandecer a luz divina no mundo.

Quem sou eu

Minha foto
4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG