segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Confesso...

                                                                

Confesso...
“Confessai, pois, uns aos
outros os vossos pecados” (Tg 5,16)

Quando fico sozinho com meu mal, fico totalmente só, apesar da devoção e oração comum, apesar de toda comunhão no servir.

É possível que eu não sinta romper aquela última barreira que nos separa da comunhão, porque vivemos juntos como pessoas crentes e piedosas, e não como pessoas descrentes e pecadoras.

A comunhão piedosa não permite que eu me sinta pecador, por isto preciso esconder o pecado de mim mesmo e da comunidade.

É inimaginável o pavor que sentiria, como cristão piedoso, se visse aparecer de repente um pecador de verdade diante de mim. Contento-me em ficar sozinho com meu pecado, na mentira, na hipocrisia.

Tenho dificuldade de compreender a Sagrada Escritura quando diz: “Tu és pecador, um grande pecador incurável; e agora, como pecador que tu és, chega-te a teu Deus que te ama. Ele te quer tal como és. Não quer nada de ti, nem sacrifício nem obra. Ele quer a ti somente. ‘Meu filho, dá-me o teu coração” (Pv 23,26).

Mas Deus veio a mim para me salvar, porque pecador sou. Diante de Deus não posso me ocultar. Diante d’Ele, nada vale a máscara que uso perante as pessoas.

Deus quer ver-me assim como sou, quer ser misericordioso comigo. Já não tenho necessidade de mentir para mim mesmo nem para o irmão, como se não tivesse pecado: sou pecador e agradeço a Deus por isso, pois Ele ama o pecador, mas odeia o pecado.

Cristo tornou-se nosso irmão na carne, para que crêssemos n’Ele. N’Ele veio o amor de Deus ao pecador: a miséria do pecador e a misericórdia de Deus – eis a verdade do Evangelho de Jesus Cristo.

Por esta razão autorizou os seus a ouvir a confissão dos pecados e a perdoá-los em Seu nome: “Aqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; aqueles aos quais retiverdes ser-lhes-ão retidos” (Jo 20,23).

O irmão-ministro que perdoa está no lugar de Cristo e perante ele já não preciso fingir. Perante ele, e mais ninguém no mundo, posso ser o pecador que sou, pois neste momento reina, de modo sublime, a verdade de Jesus e Sua misericórdia.

Cristo tornou-se nosso irmão para nos ajudar; e agora o irmão se tornou um Cristo, age “in persona Christi”, no poder de sua missão.
O irmão está diante de mim como o sinal da verdade e da graça de Deus: ajuda-me, ouve minha confissão em lugar de Cristo e em lugar d’Ele me perdoa; guarda o segredo de confissão tão bem como Deus o guarda. Assim, quando me confesso ao irmão, confesso-me a Deus.

Na confissão que faço acontecem irrompimentos:

a) o irrompimento (reconstrução, resgate, restauração) da comunhão: o pecado queria ficar a sós comigo para me afastar da comunhão, pois quanto mais solitário a pessoa o for, mais destruidor será o poder do pecado em sua vida, e quanto mais profundo o envolvimento com o pecado, mais desesperadora se torna a solidão. Assim é o pecado, faz questão de permanecer no anonimato, por isto teme a luz. Na confissão, à luz do Evangelho, sinto irromper nas trevas e no fechamento do coração. Todas as coisas ocultas que tinha, agora ficam manifestas. O pecado uma vez expresso e confessado, já não tem poder, pois foi manifesto como pecado e julgado como tal, e já não tem o poder de dilacerar a comunhão. Sinto que o mal foi tirado e agora me encontro na comunhão dos pecadores que vivem na graça de Deus, e sinto que reencontrei a comunhão justamente na confissão.

b) o irrompimento para a cruz (abertura, aceitação): sendo a soberba a raiz de todo pecado, quero viver para mim mesmo, tendo direito a mim mesmo, a meu ódio e minha cobiça, minha vida e minha morte. A confissão a um irmão é a mais profunda humilhação, pois machuca, torna-me pequeno, abate a soberba horrivelmente. Por esta humilhação ser tão amarga, creio que posso evitar a confissão diante do irmão.

Mas foi o próprio Jesus Cristo que sofreu publicamente em nosso lugar a morte vergonhosa do pecador. Não Se envergonhou de ser crucificado como malfeitor. E nesta Cruz temos a destruição de toda soberba; na confissão sinto irromper a autêntica comunhão da Cruz de Jesus Cristo e nela aceito a minha cruz.

Experimento na confissão a Cruz de Cristo como salvação e bem-aventurança. Morre em mim o homem velho, tenho parte na Ressurreição de Cristo e na vida eterna.

c) o irrompimento (inauguração) para a nova vida“Passaram-se as coisas antigas; eis que se fez uma realidade nova” (2 Cor 5,17). Pela confissão sinto que Cristo fez um novo começo. Ao confessar entrego tudo para seguir o Senhor como fizeram os primeiros discípulos. A partir deste momento alcanço vitória sobre vitória, e na confissão, renova-se o que aconteceu no dia do Batismo: fui salvo das trevas para o Reino de Jesus Cristo. Sinto-me envolvido por uma mensagem de imensa alegria. Sinto que a confissão é a renovação da alegria batismal –“De tarde vem o pranto nos visitar, de manhã gritos de alegria vem nos saudar” (Sl 30,6).

d) o irrompimento (abertura) para a certeza: Muitas vezes me parece mais fácil confessar perante Deus do que diante de um irmão; é que Deus é santo e sem pecado e o irmão pecador como eu, conhece tanto quanto eu a noite do pecado secreto por experiência própria. Muitas vezes vivo na auto-absolvição e não na real absolvição dos pecados; a primeira não leva o rompimento com o pecado. Na presença do irmão, o pecado deve vir à luz. Deste modo a confissão dos pecados ao irmão é graça. Quando ouço o irmão dizer “Eu te absolvo”, sinto que a confissão foi feita e pela absolvição dada pelo Senhor tenho a certeza do perdão divino.

Concluindo: numa confissão bem feita sinto a oferta da graça, da ajuda divina a mim que sou um pecador. Sinto que a confissão é um ato em nome de Cristo, completo em si mesmo, sendo praticado na comunidade, sempre que exista sincero desejo.

Reconciliado com Deus e com as pessoas, quero receber o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, lembrando as Palavras do Senhor, segundo as quais não posso me apresentar diante do Altar se o coração não estiver reconciliado com o irmão. Esta ordem se aplica a cada culto, a cada oração e muito mais para a autêntica participação da Santa Ceia do Senhor.

Para participar da Ceia do Senhor devo afastar de mim toda ira, discórdia, inveja, conversa maliciosa e atitudes desleais, uma vez que, a Celebração da Eucaristia é festa para a comunidade cristã da qual faço parte.

Reconciliada no coração com Deus e com os irmãos, a comunidade recebe a dádiva do Corpo e Sangue de Jesus Cristo, e nela, o perdão, a nova vida e a Bem-Aventurança, expressão da comunhão cristã. Por ora, unidos no Corpo e Sangue na Mesa do Senhor.

  
PS: Livre Adaptação do Texto “Vida em Comunhão” (D. Bonhoeffer). 

As pétalas do Ipê cobrirão as cinzas da morte

                                                      



As pétalas do Ipê cobrirão as cinzas da morte

Ao leitor dedico tão apenas alguns versos,
Que muito dirão, há mais neles ainda imerso.
Que as pétalas do Ipê cubram as tristes
Marcas das cinzas deitadas pelo chão.

As pétalas cobrirão as cinzas da morte
Que floresça a límpida inspiração
Sobre as cinzas deste complexo chão,
Emaranhado na mente, fincado no coração,
Conto com Deus e Sua colaboração.

As pétalas cobrirão as cinzas da morte
Enquanto a Primavera não chega
Rezo, contemplo sinais de vida e morte,
Mãos elevo em súplicas mais que ardentes,
Para que vida seja gerada das sementes.

As pétalas cobrirão as cinzas da morte
Flores vêm e sempre virão
Teimosamente em cada Primavera.
Nossos olhos contemplarão
E nossos lábios então louvarão!

Enquanto a Primavera não chega, 
o  Ipê Amarelo se antecipa e generosamente encanta o nosso olhar. 
Suas pétalas cobrem as cinzas funestas, tristes, gritantes... 
em sinal da Esperança que sempre haveremos de cultivar!

Enquanto a Primavera não chega...
As pétalas do Ipê cobrirão as cinzas da morte.

Enquanto a Primavera não chega...

                                                       

Enquanto a Primavera não chega...
Rezemos com a Santa Palavra!

Setembro é um mês com beleza singular:
Depois de longo tempo sem águas dos céus,
Que já se prenunciam, e com elas as flores,
Com a Bíblia nas mãos desvelando os véus.

Lembro-me de Rondônia e os campos destruídos,
As queimadas, a fumaça, cenário de quase desolação.
A floresta cede lugar ao desejo insano de lucro, exploração...
Árvores caindo, ainda ouço na alma seus enormes ruídos.

Mas há uma imagem que não me sai da mente:
Lá no meio das cinzas aquele ipê amarelo imponente,
Teimosamente florescendo como que se nos dissesse:
Bem mais forte do que a morte é o amor que floresce!

Enquanto a Primavera não chega...
Que nosso coração seja pela graça e luz regado,
Para que a semente da Palavra, com amor acolhida,
Flores e frutos abundantes, procedentes da Fonte da Vida!

Enquanto a Primavera não chega...
Contemplemos os ipês amarelos
Com sua ousadia e invejável beleza,
Quanto nos diz com toda certeza!

Enquanto a Primavera não chega...
Rezemos com a Santa Palavra!
Lida, rezada, meditada, contemplada,
No chão da vida corajosamente encarnada!

Com a chegada da Primavera,
Deus virá mais uma vez 
não só embelezar a natureza, as praças, as ruas, os campos...

A chegada da Primavera é sempre sinal da “Primavera de Deus” em nossa vida.
Ele quer para nós sempre o belo; Ele nos quer sempre embelezados e perfumados com o Odor de Seu Amor.

Que envolvidos pelo “Odor do Amor Divino”
exalemos odores de santidade que procedem
também da acolhida e vivência de Sua Santa Palavra.

PS: Escrito em 2001 - Diocese de Ji-Paraná - RO

Vivamos a caridade, a plenitude da Lei! (1)

                                         

Vivenciamos a caridade, a plenitude da Lei!

Para o Apóstolo Paulo, a morte não teve sua última palavra. O Amor que nos amou até o fim venceu. A vida venceu a morte, a fim de que a humanidade nunca mais fique mergulhada na escuridão.

O abismo da morte recebeu a visita do Redentor, para que fizesse triunfar a Sua missão.

Celebra-se o mais belo triunfo: a vitória do amor. A partir da Páscoa, a Lei se condensa no amor; no amor aprendido com o Amor: Jesus.

Ele que fez dom de Si mesmo, num amor incondicional até o extremo: Amor misericordioso, vivido intensamente na fidelidade ao Pai, sob a ação do Espírito na defesa e promoção da vida, portadora da sacralidade divina.

Paulo nos exorta a “Viver a Caridade, que é a plenitude da Lei”, a plenitude do Amor (Rm 13,8-10). Quem ama cumpre plenamente a Lei.

O próprio Jesus nos disse: “ninguém tem amor maior do que Aquele que dá a vida pelos Seus amigos”  (Jo 15,13).

Quanto mais progredirmos no amor de Deus, mais humanos nos tornaremos. O caminho da humanização passa pela prática do amor, concretizada no Amor a Deus e no amor ao próximo.

Santo Irineu disse: “Deus Se fez humano para que nos tornássemos divinos…”

E, como disse Santo Agostinho: “Ame e faça o que quiseres”.

A Cruz teve aparência de derrota, na perspectiva da fé é vitória. Jesus morrendo, matou em Si a morte e, nós, por Sua morte somos libertados da morte.

Assumir a cruz de cada dia é contemplar e testemunhar o Amor da Trindade ali presente: Um Deus (Pai) que é eterno Amante, fiel ao eterno Amado (Jesus) em comunhão com o eterno Amor (Espírito Santo), como também nos falou Santo Agostinho.

Somente trilhando O Caminho, acolhendo A Verdade, teremos A Vida; vida plena e abundante, nutrida e movida pela caridade, que consiste na expressão madura da liberdade.

Verdade, caridade e liberdade devem nos acompanhar em todo tempo, para que a alegria da Ressurreição celebrada no Altar possa o mundo contagiar. Eis a Boa Nova a anunciar, testemunhar:  “Naqueles dias, Jesus foi à montanha para orar e passou a noite inteira em Oração a Deus. Depois que amanheceu, chamou os discípulos e dentre eles escolheu doze, aos quais deu o nome de Apóstolos” (Lc 6,12-13).

O Verbo, na montanha, passou a noite inteira em Oração…
Ao amanhecer chama os Seus…

Contemplemos esta noite memorável.

Reflitamos:

-  Quais teriam sido as Palavras do Filho dirigidas ao Pai?
-  Quais teriam sido as Palavras do Pai dirigidas ao Filho?

Lá estava também O Espírito, como elo de Amor, comunicação do Pai e do Filho.

Montanha, lugar da manifestação do Deus, que é diálogo, discernimento, intimidade, recolhimento…

Montanha, lugar da comunicação, da abertura, da proximidade, Palavra de Luz para todo momento.

Planície, lugar aonde Jesus e os Seus escolhidos desceram, para levar a Palavra, cura, libertação, paz, vida nova e alegria; sinais do Reino que se anuncia, que a tudo se renuncia, no fiel seguimento, inaugurando novo dia…

Planície, lugar aonde Jesus e os Seus escolhidos desceram, para proclamar ao mundo o Projeto das Bem-Aventuranças, Caminho da plena felicidade, que se contrapõe aos planos de uma velha humanidade…

Na Escola do grande Mestre, temos muito a aprender com aqueles que fizeram da Oração o Alimento indispensável da existência, lâmpada para a escuridão da noite, Estrela que se vislumbra em cada amanhecer até o escurecer.

Aprendamos com aqueles que descobriram a vitalidade da Oração, não como evasão do tempo presente, mas como inserção no mesmo.

Que o amor aprendido com o Amor, que nos amou até o fim, Jesus, possamos viver.

Ao Amor que se renova na Fonte do Amor, renovemos o nosso testemunho mais intenso, ardoroso e com vigor!

Jesus, o Amor que cura, salva e liberta. Amor que se vivido, é verdadeiramente o cumprimento alegre e rejuvenescedor de toda Lei, porque se nutre da Fonte do Amor que Se nos revela em todo o Seu esplendor. Amém! 

Rezando com os Salmos - Sl 75 (76)

 


Aguardamos a vinda gloriosa do Senhor

 “–1 Ao maestro do coro.
Com instrumentos de corda. Salmo de Asaf. Cântico.

–2 Em Judá o Senhor Deus é conhecido,
e seu nome é grandioso em Israel.
–3 Em Salém ele fixou a sua tenda,
em Sião edificou Sua morada.

–4 E ali quebrou os arcos e as flechas,
os escudos, as espadas e outras armas.
–5 Resplendente e majestoso apareceis
sobre montes de despojos conquistados.

=6 Despojastes os guerreiros valorosos
que já dormem o seu sono derradeiro,
incapazes de apelar para os seus braços.
–7 Ante as Vossas ameaças, ó Senhor,
estarreceram-se os carros e os cavalos.

–8 Sois terrível, realmente, Senhor Deus!
E quem pode resistir à Vossa ira?
–9 Lá do céu pronunciastes a sentença,
e a terra apavorou-se e emudeceu,
–10 quando Deus se levantou para julgar
e libertar os oprimidos desta terra.

–11 Mesmo a revolta dos mortais Vos dará glória,
e os que sobraram do furor Vos louvarão.
–12 Ao Vosso Deus fazei promessas e as cumpri;
Vós que o cercais, trazei ofertas ao Terrível;
–13 ele esmaga os reis da terra em seu orgulho,
e faz tremer os poderosos deste mundo!”

O Salmo 75(76) é uma ação de graças pela vitória:

“Ação de graças depois de esplêndida vitória devida à intervenção de Deus libertador. Deus aparece em Sião, os inimigos são aniquilados. O povo é convidado a louvá-Lo e a oferecer sacrifícios.” (1)


Concluindo, reflitamos sobre a intervenção de Deus na história, e vinda gloriosa do Filho do Homem (Mt 24,29-31), como lemos no versículo 30:

“Aparecerá, então, no céu, o sinal do Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com grande poder e glória.”

 

(1) Comentário da Bíblia Edições CNBB pág. 790

Acolhamos a Palavra do Senhor, com humildade e afeição íntima

                                                   


Acolhamos a Palavra do Senhor, com humildade e afeição íntima

Sejamos enriquecidos com um texto do Livro da Imitação de Cristo (séc XV):

“Ouve, filho, minhas palavras suavíssimas, que superam toda a ciência dos filósofos e sábios deste mundo. Minhas palavras são espírito e vida (cf. Jo 6,63), não ponderáveis por humanas inteligências. 

Não devem ser puxadas para a vã complacência, mas escutadas em silêncio, acolhidas com total humildade e afeição íntima. 

Eu disse: Feliz a quem instruis, Senhor, e lhe ensinas tua lei para que o alivies nos dias maus (Sl 93,12-13) e para que não se sinta abandonado na terra. 

Eu, diz o Senhor, ensinei no início aos profetas e até hoje não cesso de falar a todos. Porém muitos, à minha voz, são surdos e endurecidos. 

Muitos se comprazem em atender ao mundo mais que a Deus; com maior facilidade seguem os apetites de sua carne do que a vontade de Deus. 

O mundo promete coisas temporárias e pequeninas e é servido com imensas cobiças. Eu prometo bens sublimes e eternos e se entorpecem os corações dos mortais. 

Quem me serve e obedece com tanto empenho em todas as coisas, quanto se serve ao mundo e aos seus senhores?

Cora de vergonha, servo preguiçoso e descontente, porque aqueles estão mais prontos para se perderem do que tu para viveres.

Mais se alegram aqueles com a vaidade do que tu com a verdade. 

E, no entanto, por vezes se frustra sua esperança, ao passo que jamais falha a alguém minha promessa, nem sai de mãos vazias quem em mim confia. 

O que prometi, darei; o que falei, cumprirei. 

Sou eu o remunerador dos bons e inabalável acolhedor de todos os fiéis. 

Escreve minhas palavras em teu coração e rumina-as com cuidado; serão muito necessárias no tempo da tentação.

O que não entendes ao ler, entenderás quando te visitar. 

Costumo visitar de dois modos meus eleitos: pela tentação e pela consolação. 

E lhes leio diariamente duas lições: uma, arguindo seus vícios; outra, exortando a progredir na virtude. 

Quem tem minhas palavras e delas faz pouco caso, terá quem o julgue no último dia (cf. Jo 12,48).”

Vivendo o mês de setembro, de modo especial dedicado ao mês da Bíblia, intensifiquemos e aprofundemos a oração, com a Sagrada Escritura.

Seja a Leitura Orante (leitura, meditação, oração e contemplação) um modo privilegiado para que nossa oração nos ajude a viver mais configurados a Jesus Cristo (Fl 2,1-11).

Que a Palavra de Deus seja para nós, como foi para todos os profetas, como assim o foi para Jeremias:

“Quando encontrei tuas palavras, alimentei-me; elas se tornaram para mim uma delícia e a alegria do coração, o modo como invocar eu nome sobre mim, Senhor Deus dos exércitos” (Jr 15,16).

A Sagrada Escritura e a missão de cada dia

                                                       


A Sagrada Escritura e a missão de cada dia

A Sagrada Escritura, se lida, meditada e, no coração, acolhida, é indispensável em nossa caminhada de fé, pois brilha como um farol na escuridão da noite, tornando-a clara como a luz do dia.

Ontem, hoje e sempre, ecoa a palavra do Papa São Paulo VI, que nos leva a refletir sobre a missão do cristão leigo e de todo batizado no mundo:

“Os leigos, a quem a sua vocação específica coloca no meio do mundo e à frente de tarefas as mais variadas na ordem temporal, devem também eles, através disso mesmo, atuar uma singular forma de evangelização...

O campo próprio da sua atividade evangelizadora é o mesmo mundo vasto e complicado da política, da realidade social e da economia, como também o da cultura, das ciências e das artes, da vida internacional, dos "mass media" e, ainda, outras realidades abertas para a evangelização, como sejam o amor, a família, a educação das crianças e dos adolescentes, o trabalho profissional e o sofrimento.”. (Evangelli Nuntiandi, n.º 70)

Somos pessoas da “montanha sagrada”, na escuta atenta do Filho Amado - Jesus, pessoas da contemplação, da oração, da espera de um novo céu e de uma nova terra. Mas, como cristãos, somos também “cidadãos na planície”, no anúncio e no testemunho, no serviço à vida a fim de que a vida plena não seja promessa apenas para a eternidade: o céu começa aqui!

Bíblia na mão, na mente e no coração. A genuína espiritualidade cristã não nos dispensa de reais e efetivos compromissos, para que um de tantos divórcios não se repita e nem se multiplique: o divórcio entre a fé e a cidadania.

Anunciar a Boa Notícia do Senhor em todo e qualquer lugar, porque ela é a luz indispensável, sobretudo os momentos difíceis e sombrios que estamos vivendo.

Que o Espírito do Senhor nos acompanhe, para que, a partir da Sagrada Escritura, saibamos reler os fatos e trilhar os caminhos que promovam a dignidade da vida, para que  o pranto da tarde nosso combate seja acompanhado pela alegria que nos vem saudar no amanhecer, como tão bem expressou o Salmista (Sl 29/30):

“Eu Vos exalto, ó Senhor, pois me livrastes,
e preservastes minha vida da morte!...” 

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