segunda-feira, 9 de setembro de 2024

“Senhor, ensina-nos a perdoar”

                                                      

“Senhor, ensina-nos a perdoar”

“Se cada um não perdoar
a seu irmão, o Pai não vos perdoará”

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Mateus (Mt 18,21-35), em que o Senhor nos convida a viver o perdão sem limites, um eterno aprendizado:

“Qualquer que seja o motivo que leva Pedro a fazer sua pergunta uma coisa é certa; ele quer que Jesus confirme a existência de um limite no exercício da caridade cristã.

É confortador saber quando e onde se pode, com tranquila consciência, ignorar as injunções da caridade cristã (pois é mais interessante saber quando cessam do que onde começam tais obrigações).

Parece de fato mais que justo que em certo momento possamos dizer:  ‘Basta! Afinal somos homens!’ Queremos ser o eco do nosso ambiente…

Jesus, porém, nos diz que devemos ser o eco daquilo que Deus fez por nós. Ninguém é homem pelo fato de poder ‘ explodir’ mas pelo fato de poder desenvolver em si e transmitir aos outros aquilo que Deus nos deu.

A lei do perdão é vinculante não facultativa; é como um contrato firmado com o Sangue de Cristo. Ora, depende de mim ratificá-lo derramando sobre os meus semelhantes aquilo que Deus me deu: ‘Eis como meu Pai celeste agirá convosco…’ " (v.35). (1)

A segunda fonte, sobre o perdão, afirma:

"Temos uma ideia tão elevada do perdão que nunca a utilizamos realmente... As pessoas perdoam ou então fingem: no máximo pensam que não querem vingar-se.

É verdade, humanamente não é possível perdoar. O perdão é somente dom de Deus, um dom intenso. Por isso a palavra perdão deriva duma palavra utilizada na Idade Media, per-dom, a qual significa precisamente ‘dom profundo’... podemos e devemos perdoar porque fomos perdoados.

Assim escreveu Graham Greene – ‘ninguém suporta não ser perdoado: só Deus é capaz disso’. Mas perdoar é possível graças ao dom de Deus que previne qualquer iniciativa nossa e como resposta a um amor maior...

Só num percurso de fé podemos exercer o perdão na vida concreta, por exemplo, para com quem não consegue considerá-lo na sua vida de homem: o perdão não é a fraqueza de quem não sabe fazer valer as suas razões, mas a novidade que rompe as cadeias que tornam a pessoa amarrada a si mesma” (2)

É sempre tempo para dar e pedir perdão; e somente é possível porque antes por Deus fomos perdoados, por um perdão e Amor sem medida e sem méritos.

Amados e perdoados, podemos e devemos  amar e perdoar, pois sem o quê,  não poderíamos rezar a Oração que o Senhor nos ensinou, de modo que somente a prática do perdão nos faz verdadeiramente livres, rompendo as amarras que nos reduzem horizontes e movimentos.

O perdão é algo que não se aprende e se vive totalmente. Sempre teremos algo a aprender na escola do perdão com o Divino Mestre da Misericórdia que nos amou e nos perdoou. Somos, nesta escola maravilhosa, eternos aprendizes:

“Não recuses, portanto, praticar a misericórdia a fim de que não sejas excluído do perdão quando tu mesmo vieres a ter necessidade dela” (Santo Astério de Amasea – séc V).

Quanto mais perdoarmos e formos perdoados, mais livres seremos e mais semelhantes ao Divino Mestre o seremos. Não podemos nos dizer cristãos sem a graça do perdão recebido e partilhado.

Bem sabemos o quanto difícil o é. Haverá algo mais belo que um perdão dado e recebido, um relacionamento restaurado?

A leveza e a alegria do Espírito, só alcança quem vive a graça do perdão, e neste sentido, importa não recuar, pois assim é a vida de fé.

Temos muito a aprender. Não recuemos! Avancemos, pois assim é a vida de fé.

(1) Missal Cotidiano - Editora Paulus - pág.238
(2) cf. Lecionário Comentado - Tempo da Quaresma

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