Peregrinos
da esperança, pobres em espírito na missão
Sejamos
enriquecidos pelo Sermão escrito pelo Papa São Leão Magno, Sermão sobre as
Bem-aventuranças (Séc. V):
“Não
há dúvida de que os pobres alcançam mais facilmente que os ricos o bem da
humildade; estes, nas riquezas, a conhecida altivez. Contudo em muitos ricos
encontra-se a disposição de empregar sua abundância não para se inchar de
soberba, mas para realizar obras de benignidade; e assim eles têm por máximo
lucro tudo quanto gastam em aliviar a miséria do trabalho dos outros.
A
todo gênero e classe de pessoas é dado ter parte nesta virtude, porque podem
ser iguais na intenção e desiguais no lucro; e não importa quanto sejam
diferentes nos bens terrenos, se são idênticos nos bens espirituais. Feliz
então a pobreza que não se prende ao amor das coisas transitórias, nem deseja o
crescimento das riquezas do mundo, mas anseia por enriquecer-se com os tesouros
celestes.
Exemplo
de fidalga pobreza foi-nos dado primeiro, depois do Senhor, pelos apóstolos
que, abandonando igualmente todas as posses à voz do Mestre celeste, se
transformaram, por célebre conversão, de pescadores de peixes em pescadores de
homens (cf. Mt 4,19). Eles tornaram a muitos outros semelhantes a si, à
imitação de sua fé, quando nos filhos da Igreja primitiva era um só o coração
de todos e uma só a alma dos que criam (cf. At 4,32). Desapegados de todas as
coisas e de suas posses, pela pobreza sagrada enriqueciam-se com os tesouros
eternos. Segundo a pregação apostólica, alegravam-se por nada ter do mundo e
tudo possuir com Cristo.
O
santo apóstolo Pedro, subindo ao templo, respondeu ao entrevado que lhe pedia
esmola: Prata e ouro não possuo; mas o que tenho te dou: Em nome de Jesus
Cristo Nazareno, levanta-te e anda (At 3,6). Que de mais sublime do que esta
humildade? E mais rico do que esta pobreza? Não tem os auxílios do dinheiro,
mas tem os dons do espírito. Saíra ele paralítico do seio de sua mãe; com a
palavra Pedro o curou. Quem não deu a efígie de César na moeda, reformou no
homem a imagem de Cristo.
Com
este rico tesouro não foi socorrido só aquele que recuperou o andar, mas ainda
as cinco mil pessoas que naquele momento creram na exortação do Apóstolo por
causa do milagre da cura (cf. At 4,4). E o pobre que não tinha para dar a um
mendigo, distribuiu com tanta largueza a graça divina! Da mesma forma como
estabeleceu a um só homem em seus pés, assim curou a tantos milhares de fiéis
em seus corações e tornou saltitantes em Cristo aqueles que encontrara
entrevados.” (1)
Com
o Sermão podemos aprofundar sobre o que é de fato a Bem-Aventurança –“Bem-aventurados os pobres em espírito, pois
deles é o Reino dos céus.”(cf Mt 5,3).
Nem
sábios, nem ricos, nem poderosos como também expressou o Bispo e Doutor Santo
Agostinho (séc. V).
Como Igreja, também assim devemos viver para que sejamos fiéis à
sua missão de anunciar a Palavra de Deus e multiplicar as bênçãos e graças
divinas.
E assim podemos, pois contamos com a ação e presença do Santo
Espírito que nos acompanha em todos os instantes. Amém.
(1)
Liturgia das Horas – Editora Paulus – Vol. IV – pp. 180-181
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