sexta-feira, 5 de setembro de 2025

Peregrinos da esperança, pobres em espírito na missão

 


Peregrinos da esperança, pobres em espírito na missão

Sejamos enriquecidos pelo Sermão escrito pelo Papa São Leão Magno, Sermão sobre as Bem-aventuranças (Séc. V):

“Não há dúvida de que os pobres alcançam mais facilmente que os ricos o bem da humildade; estes, nas riquezas, a conhecida altivez. Contudo em muitos ricos encontra-se a disposição de empregar sua abundância não para se inchar de soberba, mas para realizar obras de benignidade; e assim eles têm por máximo lucro tudo quanto gastam em aliviar a miséria do trabalho dos outros.

A todo gênero e classe de pessoas é dado ter parte nesta virtude, porque podem ser iguais na intenção e desiguais no lucro; e não importa quanto sejam diferentes nos bens terrenos, se são idênticos nos bens espirituais. Feliz então a pobreza que não se prende ao amor das coisas transitórias, nem deseja o crescimento das riquezas do mundo, mas anseia por enriquecer-se com os tesouros celestes.

Exemplo de fidalga pobreza foi-nos dado primeiro, depois do Senhor, pelos apóstolos que, abandonando igualmente todas as posses à voz do Mestre celeste, se transformaram, por célebre conversão, de pescadores de peixes em pescadores de homens (cf. Mt 4,19). Eles tornaram a muitos outros semelhantes a si, à imitação de sua fé, quando nos filhos da Igreja primitiva era um só o coração de todos e uma só a alma dos que criam (cf. At 4,32). Desapegados de todas as coisas e de suas posses, pela pobreza sagrada enriqueciam-se com os tesouros eternos. Segundo a pregação apostólica, alegravam-se por nada ter do mundo e tudo possuir com Cristo.

O santo apóstolo Pedro, subindo ao templo, respondeu ao entrevado que lhe pedia esmola: Prata e ouro não possuo; mas o que tenho te dou: Em nome de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e anda (At 3,6). Que de mais sublime do que esta humildade? E mais rico do que esta pobreza? Não tem os auxílios do dinheiro, mas tem os dons do espírito. Saíra ele paralítico do seio de sua mãe; com a palavra Pedro o curou. Quem não deu a efígie de César na moeda, reformou no homem a imagem de Cristo.

Com este rico tesouro não foi socorrido só aquele que recuperou o andar, mas ainda as cinco mil pessoas que naquele momento creram na exortação do Apóstolo por causa do milagre da cura (cf. At 4,4). E o pobre que não tinha para dar a um mendigo, distribuiu com tanta largueza a graça divina! Da mesma forma como estabeleceu a um só homem em seus pés, assim curou a tantos milhares de fiéis em seus corações e tornou saltitantes em Cristo aqueles que encontrara entrevados.” (1)

Com o Sermão podemos aprofundar sobre o que é de fato a Bem-Aventurança –“Bem-aventurados os pobres em espírito, pois deles é o Reino dos céus.”(cf Mt 5,3).

Nem sábios, nem ricos, nem poderosos como também expressou o Bispo e Doutor Santo Agostinho (séc. V).

Como Igreja, também assim devemos viver para que sejamos fiéis à sua missão de anunciar a Palavra de Deus e multiplicar as bênçãos e graças divinas.

E assim podemos, pois contamos com a ação e presença do Santo Espírito que nos acompanha em todos os instantes. Amém.

 

 

(1) Liturgia das Horas – Editora Paulus – Vol. IV – pp. 180-181

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG