sábado, 12 de julho de 2025

Em poucas palavras...

 


 

A senha do cristão

“A senha de reconhecimento do cristão é o amor para com os irmãos, condição para que seja autêntico o amor para com Deus.

O cristão que, por qualquer razão, por qualquer dano recebido, recusasse o perdão, renunciaria pelo mesmo fato o seu cristianismo.” (1)

 

(1) Missal Cotidiano – Editora Paulus - p.1013

Rezando com os Salmos - Sl 64 (65)

 


Elevemos cantos e louvores a Deus


“–1 Ao maestro do coro. Salmo de Davi. Cântico.

–2 Ó Senhor, convém cantar vosso louvor
com um hino em Sião!
–3 E cumprir os nossos votos e promessas,
pois ouvis a oração.

– Toda carne há de voltar para o Senhor,
por causa dos pecados.
–4 E por mais que nossas culpas nos oprimam,
perdoais as nossas faltas.

–5 É feliz quem escolheis e convidais
para morar em vossos átrios!
– Saciamo-nos dos bens de vossa casa
e do vosso templo santo.

–6 Vossa bondade nos responde com prodígios,
nosso Deus e Salvador!
– Sois a esperança dos confins de toda a terra
e dos mares mais distantes.

–7 As montanhas sustentais com vossa força:
estais vestido de poder.
–8 Acalmais o mar bravio e as ondas fortes
e o tumulto das nações.

–9 Os habitantes mais longínquos se admiram
com as vossas maravilhas.
– Os extremos do nascente e do poente
inundais de alegria.

–10 Visitais a nossa terra com as chuvas,
e transborda de fartura.
– Rios de Deus que vêm do céu derramam águas,
e preparais o nosso trigo.


–11 É assim que preparais a nossa terra:
vós a regais e aplainais,
– os seus sulcos com a chuva amoleceis
e abençoais as sementeiras.

–12 O ano todo coroais com vossos dons,
os vossos passos são fecundos;
– transborda a fartura onde passais,
13 brotam pastos no deserto.

– As colinas se enfeitam de alegria,
14 e os campos, de rebanhos;
– nossos vales se revestem de trigais:
tudo canta de alegria!”

O Salmo 64(65) é uma Solene ação de graças em Sião, que significa a cidade celeste (Orígenes). Trata-se de uma ““Exortação a louvor a Deus no seu santuário, onde ele concede o perdão das culpas e outras graças. O salmista louva o poder divino manifestado na criação e agradece a Deus pela abundante colheita.” (1).

Unamo-nos ao salmista, elevando a Deus nossos louvores por sua presença e ação em nossas vidas, por nos conceder a  graça, o perdão e a força necessárias para o bom combate da fé, ancorados na esperança que não decepciona, abertos a acolhida do Seu amor abundantemente derramado em nossos Corações (Rm 5,5).

 

 

(1) Comentário da Bíblia Edições CNBB – pág. 778

Rezando com os Salmos - Sl 63 (64)

 


A intervenção divina em favor dos justos

 

“–1 Ao maestro do coro. Salmo de Davi.


“–2 Ó Deus, ouvi a minha voz, o meu lamento!
Salvai-me a vida do inimigo aterrador!

–3 Protegei-me das intrigas dos perversos
e do tumulto dos obreiros da maldade!

–4 Eles afiam suas línguas como espadas,
lançam palavras venenosas como flechas,

–5 para ferir os inocentes às ocultas
e atingi-los de repente, sem temor.

–6 Uns aos outros se encorajam para o mal
e combinam às ocultas, traiçoeiros,

– onde pôr as armadilhas preparadas,
comentando entre si: ‘Quem nos verá?’

–7 Eles tramam e disfarçam os seus crimes.
É um abismo o coração de cada homem!

–8 Deus, porém, os ferirá com suas flechas,
e cairão todos feridos, de repente.

–9 Sua língua os levará à perdição,
e quem os vir meneará sua cabeça;

–10 com temor proclamará a ação de Deus,
e tirará uma lição de sua obra.

=11 O homem justo há de alegrar-se no Senhor
e junto dele encontrará o seu refúgio,
e os de reto coração triunfarão.”

 

O Salmo 63(64) é um pedido de ajuda contra os perseguidores e se aplica, de modo especial, à Paixão do Senhor, como nos fala Santo Agostinho:

“O justo busca em Deus proteção e defesa contra os ímpios. Deus frustra os planos dos maus e os fere com as flechas da sua justiça; sua intervenção será compreendida e glorificada pelos justos.” (1) 

Confiemos em todo o tempo na proteção, defesa e intervenção divinas em favor dos justos, daqueles que têm fome e sede de justiça, pois assim nos falou o Senhor Jesus Cristo: 

“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois eles serão saciados” (Mt 5,6). Amém.

 

(1) Comentário da Bíblia Edições CNBB – pág. 778

Suplicantes, Vos pedimos...

                                               


Suplicantes, Vos pedimos...

“Vós sois todos irmãos e irmãs” (cf. Mt 23,8)

Suplicantes, Vos pedimos, Senhor, ajudai-nos, como Igreja sinodal, caminhar sempre juntos, aprendendo e vivendo como as primeiras comunidades, perseverantes na doutrina dos apóstolos, fração do pão, comunhão fraterna, e oração (At 2,42-45), sendo sal da terra e luz do mundo (Mt 5,13-16).

Suplicantes, Vos pedimos, Senhor, ensinai-nos a construir laços de amizade social, na vivência do Vosso Mandamento - “Amai-vos uns aos outros, assim como Eu vos amei” (Jo 13,34), pois tão somente assim, como irmãos e irmãs viveremos.

Suplicantes, Vos pedimos, Senhor, tornai fecunda a nossa vivência do Mandamento do Amor que rompe as cadeias que nos isolam e separam; multiplicando empenhos incansáveis na edificação de pontes, a fim de que sejamos uma grande família, na qual todos podemos nos sentir em casa.

Suplicantes, Vos pedimos, Senhor, iluminai-nos para que vivamos a amizade social, testemunhando um amor que ultrapassa as barreiras da geografia e do espaço; numa  fraternidade aberta, reconhecendo, valorizando e amando todas as pessoas, independentemente da sua proximidade física. 

Suplicantes, Vos pedimos, Senhor, que no fortalecimento dos vínculos da amizade social, vivamos o amor desejoso de abraçar a todos, comunicando com a vida o Amor do Vosso Pai, em nosso coração, pelo Espírito Santo derramado (Rm 5,5), sem o desejo do domínio sobre os outros, e sem a imposição de doutrinas em guerra, por vezes fratricidas.

Suplicantes, Vos pedimos, Senhor, a graça de viver a amizade social, e assim consolidar a nossa vocação, formando uma comunidade feita de irmãos e irmãs que se acolhem mutuamente e cuidam uns dos outros, na compaixão, proximidade e solidariedade, comprometidos na promoção da dignidade de todos/as.

Suplicantes, Vos pedimos, Senhor, na vivência da amizade social, a capacidade diária de alargar os nossos círculos, fazendo-nos próximos daqueles que espontaneamente não sentimos como parte do nosso mundo de interesses, embora se encontrem tão perto de nós.

Suplicantes, Vos pedimos, Senhor,  conduzi-nos para comunicar um amor que implica algo mais do que uma série de ações benéficas; que este amor esteja presente nas relações sociais, na base da relação entre as pessoas e os povos, aberto para a comunhão universal, na valorização do direito à vida de todos e ao seu  desenvolvimento integral. Amém.

 

 

PS: Uma súplica pela amizade social - fonte: Texto base da Campanha da Fraternidade  2024 - nn. 16-21

 

A prática do perdão no discipulado

                                                           

A prática do perdão no discipulado

 “E assim os consolou,
falando-lhes com doçura e mansidão”
(Gn 50,21)

No sábado da 14ª Semana do Tempo Comum (ano ímpar), ouviremos a passagem do Livro de Gênesis (Gn 49,29-32; 50,15-26a), em que nos narra sobre a morte de José e seu diálogo com seus irmãos.

É uma história de amor e perdão, vivida por José em relação aos seus irmãos, como bem sabemos.

José tranquiliza seus irmãos, renovando o perdão que já havia concedido, um perdão total e sem reserva.

No perdão de José, vemos prefigurado o amor de Jesus pregado e vivido em todo o tempo, sobretudo vivido na Cruz, de onde emanaram de seu coração e lábios palavras de amor e perdão, como lemos nos Evangelhos.

Oportuno o que nos diz o Comentário do Missal Cotidiano:

“A senha de reconhecimento do cristão é o amor para com os irmãos, condição para que seja autêntico o amor para com Deus. O cristão que, por qualquer razão, por qualquer dano recebido, recusasse o perdão, renunciaria pelo mesmo fato o seu cristianismo” (1).

Também nós, como discípulos missionários do Senhor, somos chamados a viver o perdão. Eis o grande desafio, para que nossa luz irradie e sejamos fiéis testemunhas do Senhor, que nos envolve com Sua Palavra de Misericórdia, amor e perdão.

Quanto mais amados e perdoados, mais amaremos e perdoaremos nossos irmãos, e poderemos rezar mais autenticamente a oração que o Senhor nos ensinou:

“Pai Nosso que estais nos céus... Perdoai-nos, as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido...”.

(1) Missal Cotidiano – Editora Paulus – pag.1013

Com o Senhor, vençamos todo o medo

                                                              


Com o Senhor, vençamos todo o medo

“Não tenhais medo daqueles que matam o corpo,
mas não podem matar a alma!”

No sábado da 14ª Semana do Tempo Comum, ouvimos a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 10,24-33), e somos convidados a refletir sobre a solicitude e o Amor de Deus para com aqueles que Ele chama e envia em missão, uma vez que a perseguição está sempre presente no horizonte dos discípulos de Jesus.

Já no Antigo Testamento, como vemos no Livro do Profeta Jeremias (Jr 20, 10-13), este como tantos outros Profetas, sofreu o abandono dos amigos, o sofrimento, a solidão e a perseguição, por isto é um paradigma do Profeta sofredor, que merece ser lembrado para nos inspirar e fortalecer na caminhada de fé e no testemunho da vocação profética.

O Projeta Jeremias faz forte apelo à conversão e a fidelidade ao Senhor e à Aliança, num período, da história do Povo de Deus, marcado por desgraças, infidelidade e injustiça social.

Por sua veemência e fidelidade, Jeremias é chamado de o “amargo Profeta da desgraça”, e é acusado de traidor. 

Sua missão tem um alto preço pago: o abandono e a solidão. Ele é tratado como objeto de desprezo e de irrisão e tido como um maldito, porque não é aceita e compreendida sua mensagem em nome do Senhor.

No Livro, encontramos desabafos seus, expressando desilusão, amargura, queixas, confissões e frustração, mas mantém-se fiel, porque estava verdadeiramente apaixonado pela Palavra de Deus.

Apesar do abandono experimentado, até dos amigos mais íntimos, eleva hino de louvor, que expressa confiança em Deus, para além de todo sofrimento e perseguição.

Bem sabemos que o caminho do Profeta é marcado pelo risco da incompreensão e da solidão, e precisamos de coragem para trilhar este caminho, com a certeza e confiança de que Deus jamais nos abandona.

Voltando à passagem do Evangelho, vemos que o tema da inevitabilidade da perseguição na vida dos discípulos é explícito.

O Evangelista exorta à superação do desânimo e frustração decorrentes das perseguições.

Apresenta como que um “manual do missionário cristão”, que consiste no “discurso da missão” – “Para mostrar que a atividade missionária é um imperativo da vida cristã. Mateus apresenta a missão dos discípulos como a continuação da obra libertadora de Jesus.

Define também os conteúdos do anúncio e as atitudes fundamentais que os missionários devem assumir, enquanto testemunhas do Reino” (1)

Três vezes aparece a expressão “Não temais”, assegurando a presença, ajuda e proteção divina para superação do medo que impeça a proclamação da Boa Nova; o medo da morte física; e neste medo se pode experimentar a solicitude de Deus, um cuidado que desconhece limites.

A mensagem é que a vida em plenitude é para quem enfrentar o medo, na fidelidade, até o fim. O medo não pode nos deixar acomodados.

A ternura, a bondade e a solicitude divina são imprescindíveis, pois fortalecem na missão. É preciso se entregar confiadamente nas mãos de Deus:

“Jesus encoraja os Seus discípulos a alargar o horizonte da vida e a avaliar os riscos vividos por Sua causa, no contexto mais amplo da vida com Deus, da vida eterna.

O cristão é chamado a viver na confiança de que o Pai não o abandona nas mãos dos perseguidores (v.28), que a sua vida, a sua salvação custou o Sangue do Filho e tem por isso, aos Seus olhos, um valor imenso (vv. 29-31).

A fidelidade e a confiança no Senhor serão recompensadas por aquele ‘reconhecimento’ que já se manifestou na Ressurreição de Cristo” (2).

No testemunho da fé, é possível a perseguição, portanto é necessária a confiança. Anunciar e testemunhar a Boa-Nova é não deixar que o medo nos paralise, pois o medo nos impede de ser autênticos discípulos missionários:

“O cristão não é chamado a procurar o martírio como prova da sua fé, mas a viver constantemente a vida com os olhos fixos no Alto, isto é, a alargar aquele horizonte que hoje, mais do que nunca, tende a fechar-se no círculo dos benefícios desfrutáveis, aqui e agora.” (3)

Também nós precisamos ouvir a todo instante – “Não tenhais medo”. É preciso que a Palavra de Jesus ressoe em nossos ouvidos e fique entranhada no mais profundo de nosso coração:

“Impressiona a história de tantos mártires cristãos, antigos e atuais, que escolheram o caminho da coerência e da fidelidade ao Senhor a custo da própria vida.

É com eles que nos encontramos na Comunhão dos Santos, vivida, sobretudo, na Celebração Eucarística; uma companhia que a comunidade dos crentes gosta de ter ao seu redor, mesmo com as pinturas, os afrescos, os mosaicos que adornam as nossas Igrejas (hoje reduzidas muitas vezes a belas obras que se admiram em igrejas-museu) expressões artísticas surgidas para tornar humanamente visível o que vivemos na fé.” (4)

Nossa realidade humana marcada pela fragilidade, portanto, é necessitada da força e intervenção divina,; portanto,  é preciso que como cristãos levantemos o olhar para a vida a que Cristo nos chama, ou seja, “viver a força de contestação profética que viveu Jeremias, que Jesus levou perante as autoridades judaicas e romanos e conduziu os Apóstolos ao martírio.

É na relação íntima e comunitária que vivemos com  Deus, no desejo de sermos reconhecidos por Ele que se reforça a adesão a Cristo e ao seu Evangelho, com a esperança libertadora de vivermos confiando no Pai.” (5)

Oremos:

“Senhor, nosso Deus, dai-nos por toda a vida a graça de Vos amar e temer, pois nunca cessais de conduzir os que firmais no Vosso amor. Por N. S. J. C. Amém.”



(2) (3) (4) Lecionário Comentado - Editora Paulus - volume I - Tempo Comum - pág.560
(5) Idem pág.561.

sexta-feira, 11 de julho de 2025

Bem-aventuranças: compaixão, proximidade e ternura

 


Bem-aventuranças: compaixão, proximidade e ternura

 

Ao refletir sobre as Bem-Aventuranças, vemos como que uma “carta magna” do Reino de Deus, por Jesus anunciado, o único caminho para a santidade vivida, felicidade alcançada.

 

Nelas estão nosso programa de vida, as atitudes básicas que devem marcar nossa vida cristã, pois são elas, na exata medida, nossa carteira de identidade, como nos falou o Papa Francisco.

 

Quando as vivemos, firmamos nossos passos no caminho do discipulado, e todas as dimensões de nossa vida são orientadas e iluminadas, porque vivê-las nos coloca no caminho do Espírito, que é luz e sabedoria a orientar todo o nosso viver, nossas decisões, projetos e rumo.

 

Bem-aventuranças vividas, dia a dia, nos fazem verdadeiramente compassivos, próximo e ternos, vivendo a graça do batismo: nos tornamos pobres em espírito, puros, pacíficos, misericordiosos, famintos e sedentos de justiça, comprometidos com uma nova realidade, sinal do Reino, com maturidade para suportar o peso da cruz, com eventuais calúnias e perseguições (cf. Mt 5,1-12). 


PS: Passagens do Evangelho - (Lc 6,17.20-26; Mt 5,1-12)

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG