domingo, 13 de abril de 2025

Semana Santa: fidelidade e obediência ao Senhor (Domingo de Ramos) (Ano C)

Semana Santa: fidelidade e obediência ao Senhor

“Assim ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu,
na terra e abaixo da terra, e toda língua proclame
Jesus Cristo é o Senhor’ para a glória de Deus Pai”
(Fl 2,10-11)

Com o Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor iniciamos a Semana Santa, e ouvimos a passagem da Carta de Paulo aos Filipenses (Fl 2,6-11).

O Apóstolo Paulo nos apresenta o exemplo de Jesus Cristo, que viveu obediência, fidelidade e amor total ao Pai por amor à humanidade.

Embora a comunidade de Filipos, gozando de afeto especial do Apóstolo, seja entusiasta, generosa e comprometida, é exortada a aprofundar sua prática de desprendimento com maior humildade e simplicidade, como deve acontecer com todas as comunidades que aderem ao Senhor.

Paulo nos apresenta, portanto, numa breve e densa passagem, a missão de Jesus:

“Em traços precisos, o hino define o ‘despojamento’ (‘Kenosis’)  de Cristo: Ele não afirmou com arrogância e orgulho a Sua condição divina, mas aceitou fazer-Se homem, assumindo com humildade a condição humana, para servir, para dar a vida, para revelar totalmente aos homens o Ser e o Amor do Pai.

Não deixou de ser Deus, mas aceitou descer até aos homens, fazer-Se servidor dos homens, para garantir vida nova para os homens. Esse ‘abaixamento’ assumiu mesmo foros de escândalo: Jesus aceitou uma Morte infamante – a Morte de Cruz – para nos ensinar a suprema lição do serviço, do Amor radical, da entrega total da vida” (2).

Em consequência disto, Deus o fez “Kyrios” (Senhor), para reinar sobre toda a terra e sobre toda a humanidade.

A comunidade dos seguidores de Jesus haverá de fazer sempre este mesmo caminho de despojamento, amor, doação e fidelidade total a Deus, para alcançar a glória da eternidade.

Seja para nós a Semana, tempo de graça para que nos configuremos cada vez mais a Jesus Cristo, nosso Senhor, tendo d’Ele mesmos pensamentos e sentimentos.

Se assim vivermos, estaremos nos preparando para celebrar a verdadeira Páscoa, com o transbordamento da alegria que Deus pode realizar em nós, pela Ressurreição do Seu Filho, derramando Seu amor em nossos corações por meio do Seu Espírito.



Domingo de Ramos: Jesus elevado na Cruz para nos elevar (Domingo de Ramos - Ano B)

                                                             

Domingo de Ramos:
Jesus elevado na Cruz para nos elevar

"Meu  Deus, meu Deus, por que me abandonaste?"  (Mc 15,34)

No Domingo de Ramos (ano B), refletimos sobre o Amor de Deus que, na pessoa de Jesus, desceu ao nosso encontro assumindo a nossa condição humana, como servo doando a vida, na Cruz morrendo para destruir toda expressão de egoísmo e pecado.

Morrendo na Cruz, Jesus nos ensina a lição mais suprema: a doação da vida por amor puro e verdadeiro, como grão de trigo que morre para não ficar só. Elevado na Cruz para nos elevar.

A Cruz pode ter a aparência de fracasso, mas tem sabor de vitória. A morte e a Ressurreição de Jesus é a revelação do Filho de Deus, amado e não abandonado, que assume até o fim o Projeto de Vida e Salvação para toda a humanidade, em obediência e fidelidade ao Pai, por amor de Deus, com a força e presença do Espírito Santo.

Morrendo na Cruz, Jesus redime o mundo, numa atitude de confiança em Deus que jamais nos decepciona. É este o caminho que nos é proposto contemplando e imitando na vida a Paixão de Cristo: jamais fugir, mas aceitar a Sua Proposta.

Na passagem da primeira Leitura, ouvimos o Profeta Isaías, que nos apresenta o terceiro Cântico do Servo de Javé (Is 50,4-7). Este Profeta é o homem da Palavra, através do qual Deus fala e tem uma Proposta de redenção a todos que buscam salvação e libertação.

Para o êxito de sua missão, é totalmente modelado por Deus e não coloca nenhuma resistência ao Seu chamado para o anúncio de Sua Palavra.

O servo, em sua missão, assume com serenidade e confiança todo sofrimento, sem jamais desistir da missão por Deus confiada. A Paixão que tem pela Palavra se sobrepõe ao sofrimento, porque ele sabe em quem confia.

Mais tarde, os cristãos verão a própria Pessoa de Jesus nesta figura, porque como Servo fiel passa pela morte e alcança a glorificação; de modo que Sua morte na Cruz não é fracasso, pois, com a Sua Ressurreição, vence a morte e Se torna fonte de vida nova.

Também nós somos chamados a viver a mesma vocação profética: vida doada, oferecida, sacrificada. Às vezes, num aparente fracasso, mas com a certeza da vitória.

Somos a Palavra viva de Deus para o mundo, quando acompanhada de gestos, com salutar e corajoso testemunho da fé.

Reflitamos:

- Como vivemos nossa vocação profética?
- Confiamos e nos entregamos radicalmente ao Projeto de Deus?
- Como nos configuramos à figura do Servo Sofredor, que é o próprio Jesus?

Na passagem da segunda Leitura (Fl 2,6-11), o Apóstolo Paulo nos apresenta Jesus, exemplo de obediência incondicional ao Pai, na entrega da própria vida por amor de Deus.

O Apóstolo exorta a comunidade a fazer seu amadurecimento, embora seja uma comunidade entusiasta, generosa e comprometida, ainda precisa aprender o desprendimento, a humildade e a simplicidade, tendo de Jesus os mesmos pensamentos e sentimentos.

Como discípulos de Jesus, viver o despojamento (“kenosis”), por isto nos apresenta este belíssimo hino, em que Jesus Se esvazia de Sua condição divina, fazendo-Se servo, obediente, e na Cruz morrendo, mas exaltado por Deus, para que toda língua proclame que Ele é o Senhor, e que diante d’Ele todo joelho se dobre.

Jesus é verdadeiramente o “Kyrios”, o Senhor de nossa vida, por Sua condição divina, e uma vida marcada pelo serviço, amor radical e entrega total.

Reflitamos:

- O que nossa comunidade tem que melhorar para melhor testemunhar o Senhor presente em sua vida, em seu meio?
- Como vivemos o desprendimento, o despojamento em favor do Reino, como Jesus assim o fez?
- Como viver a lógica do Evangelho de Nosso Senhor (humildade, serviço, doação, amor) hoje?

Na passagem do Evangelho de Marcos (Mc 14,1-15,47), o Evangelista anuncia a Pessoa de Jesus, o Messias e o Filho de Deus que, morrendo na Cruz, revela o Amor total de Deus por nós, e com isto renovamos a certeza de que não trilhamos um caminho de perdedores e fracassados.

Sua morte foi consequência de Sua vida, Seu anúncio e testemunho: o desejo de Deus de um mundo novo com vida, justiça, amor e paz. Mas este Projeto entrou em choque com as autoridades que O condenaram à morte.

O Evangelista nos apresenta a serenidade, simplicidade e confiança de Jesus na realização deste Projeto.

Jesus é o homem que Se solidariza com a humanidade, que acompanha seus sofrimentos, experimentando seus dramas, fragilidades.

Abandonado pelos discípulos, escarnecido pela multidão, condenado pelos líderes, torturado pelos soldados, Jesus percorre o Seu caminho de morte na solidão, no abandono e  na indiferença de todos.

Porém, na Cruz morrendo, aparece o Homem Novo, que marcou com Sangue o que falou, pregou, ensinou e testemunhou. Quem suportaria tudo isto por nós?

Celebremos a Semana Santa envolvidos pelo Amor de Deus, que nos leva à contemplação e renovação de nossa fidelidade ao Senhor: com Ele caminhar, morrer, para com Ele também  Ressuscitar. 

Tudo isto já podemos experimentar ao celebrar a Sua Paixão, Morte e Ressurreição nesta Semana Maior do Amor de Deus pela humanidade.

Reflitamos:

- Como estamos trilhando o caminho da Paixão e Morte do Senhor?
- Em que consiste para nós o caminho da Cruz?

- Cremos que a Cruz de nosso Senhor tem aparência de derrota, mas sabor de vitória?
- Como permanecemos fiéis ao Senhor no carregar da Cruz, no morrer com Ele, para também com Ele ressuscitarmos?

Semana Santa, semana de retiro para todos nós. Tempo de silêncio, de recolhimento, de reflexão, de mergulho no indizível Amor de Deus por nós, revelado e vivido por Jesus. 

É tempo do silêncio fecundo que nos levará ao acolhimento do Mistério, o maior de todos os Mistérios, o Mistério do Amor de Deus por nós, desde sempre e para sempre.


PS: Fonte de pesquisa: www.Dehonianos.org/portal

Domingo de Ramos e da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo (Homilia - Ano A)

Domingo de Ramos e da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo

                              “Contemplemos e fiquemos abismados diante da mais bela História do Amor de Deus por nós:
Jesus Cristo, 0 Filho Amado do Pai.”

Com a Santa Missa do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, iniciamos a Semana Santa, que culminará na Ressurreição do Senhor.

A Liturgia (Ano A) nos convida a contemplar a ação de Deus que vem ao encontro da humanidade, por meio de Jesus Cristo, que Se fez o Servo da humanidade, em doação total de Sua vida por amor, não fugindo do horizonte da Cruz sempre presente em Sua missão.

Na passagem da primeira Leitura (Is 50,4-7), é nos apresentado o terceiro Cântico de Javé, e a figura do Servo sofredor, que a fé cristã identifica perfeitamente com a pessoa de Jesus Cristo no Mistério de Sua Paixão e Morte:

“A vida de Jesus realiza plenamente esse destino de dom e entrega da vida em favor de todos; e a sua glorificação mostra que uma vida vivida deste jeito não termina no fracasso, mas na Ressurreição que gera vida nova” (1)

O Servo sofredor escuta, sofre, resiste e confia na intervenção de Deus que jamais abandona aqueles a quem chama. O Profeta tem convicção de que não está só, e que a força de Deus é sempre mais forte que a dor, o sofrimento e a perseguição, e que jamais ficará decepcionado.

Reflitamos:

- Temos coragem de fazer da nossa vida uma total entrega ao Projeto de Deus, no compromisso de libertação de tudo que seja sinal de morte e opressão?

- De que modo vivemos a vocação profética que Deus nos concedeu pela graça do Batismo?

- Temos confiança na força de Deus, como o Servo sofredor que é o próprio Senhor?

O Apóstolo Paulo, na passagem da segunda Leitura (Fl 2, 6-11), apresenta-nos o exemplo de Jesus Cristo que viveu obediência, fidelidade e amor total ao Pai por amor à humanidade.

Embora a comunidade de Filipos, gozando de afeto especial do Apóstolo, seja entusiasta, generosa e comprometida, é exortada a aprofundar sua prática de desprendimento com maior humildade e simplicidade, como pode acontecer com toda comunidade que adere ao Senhor.

Paulo nos apresenta, portanto, numa breve e densa passagem, a missão de Jesus:

“Em traços precisos, o hino define o ‘despojamento’ (‘Kenosis’)  de Cristo: Ele não afirmou com arrogância e orgulho a Sua condição divina, mas aceitou fazer-Se homem, assumindo com humildade a condição humana, para servir, para dar a vida, para revelar totalmente aos homens o Ser e o Amor do Pai.

Não deixou de ser Deus, mas aceitou descer até aos homens, fazer-Se servidor dos homens, para garantir vida nova para os homens. Esse ‘abaixamento’ assumiu mesmo foros de escândalo: Jesus aceitou uma Morte infamante – a Morte de Cruz – para nos ensinar a suprema lição do serviço, do Amor radical, da entrega total da vida” (2).

Em consequência disto, Deus o fez “Kyrios” (Senhor), para reinar sobre toda a terra e sobre toda a humanidade.

A comunidade dos seguidores de Jesus haverá de fazer sempre este mesmo caminho de despojamento, amor, doação e fidelidade total a Deus, para alcançar a glória da eternidade.

A passagem do Evangelho (Mt 26,14-27,66) nos apresenta a Paixão de Nosso Senhor Jesus. 

Com Mateus, o primeiro Evangelista, contemplamos a Paixão de Jesus: uma vida feita dom e serviço, culminando na morte de Cruz, em que revela o Amor de Deus que nada guarda para Si, que Se faz um dom total, para que sejamos redimidos.

Na narrativa de Mateus tem algumas particularidades em relação aos outros Evangelistas: a iniquidade do processo e a inocência de Jesus; o sonho da mulher de Pilatos, sugerindo que não foi o império romano, mas sim o próprio judaísmo que rejeitou Jesus e Sua Proposta do Reino; a descrição dos fatos que acompanharam a Sua Morte (o véu do Templo que se rasga em duas partes, de alto a baixo; o tremor da terra e o fender das rochas; a abertura dos túmulos e muitos corpos de santos que tinham morrido ressuscitaram; o episódio da guarda do sepulcro, com o objetivo de confirmar que o corpo não foi roubado, mas Ele foi Ressuscitado).

A mensagem central: a morte de Jesus é a consequência lógica do anúncio do Reino, que provocou tensões, resistências, pelos que detinham o poder religioso, econômico, político e social do Seu tempo.

A Morte de Jesus é o culminar de Sua vida: “é a afirmação última, porém, mais radical e mais verdadeira (porque marcada com Sangue), daquilo que Jesus pregou com Palavras e com gestos: o Amor, o dom total, o serviço” (3)

Que a celebração da Semana Santa, rica em espiritualidade, repleta de ritos significativos, renove nosso apaixonamento por Jesus, assim como Ele foi um apaixonado de Deus Pai, com a força e presença do Espírito, em todos os momentos.


(1) (2) (3) www.dehonianos.org.br

Deixemos tudo para seguir o Senhor (Domingo de Ramos - ano B)

                                                         


                                            Deixemos tudo para seguir o Senhor 

Assim lemos no início do Evangelho de Marcos (Mc 1,16-20):

“Caminhando junto ao mar da Galileia, viu Simão e André, o irmão de Simão. Lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. Disse-lhes Jesus: ‘Vinde em meu seguimento e Eu farei de vós pescadores de homens’.

E imediatamente, deixando as redes, eles O seguiram. Um pouco adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, eles também no barco, consertando as redes. E logo os chamou. E eles, deixando o pai Zebedeu no barco com os empregados, partiram em Seu seguimento.”

O Evangelista acentua que os discípulos, “abandonando tudo, seguiram a Jesus” (cf. Mc 1,18.20); no entanto, ao narrar a hora da Paixão de Jesus, o Evangelista nos diz:

“Então, abandonando-O, fugiram todos.” (Mc 14,50).

Também nós somos chamados peço Senhor para segui-Lo, como discípulos missionários Seus, vivendo com Ele o Mistério de Sua Paixão, para também celebrarmos a Sua Ressurreição, assim como nos exortou o São Gregório de Nazianzo (séc. IV):

“...imitemos com os nossos sofrimentos a Paixão de Cristo, honremos com o nosso sangue o Seu Sangue, e subamos corajosamente à Sua Cruz”.

Vivamos intensamente a Semana Santa, renovando nossa fidelidade incondicional e para sempre ao Senhor, não obstante as provações, dificuldades, as noites escuras que, por vezes, temos que passar; convictos de que, com Ele, somos mais que vencedores, porque cremos que Ele morreu, mas por Deus foi ressuscitado, e assim o será com todos aqueles que n’Ele viver e crer, como Ele mesmo nos assegurou.

sábado, 12 de abril de 2025

A escada e o livro

A escada e o livro
O livro, seja virtual ou impresso, continua com seu encanto... Embora pareça uma estranha metáfora, se o compararmos a uma escada, veremos coisas que se assemelham:
Algumas partes da escada:
- Piso: parte horizontal do degrau;
- Espelho: parte vertical do degrau, perpendicular ao piso;
- Bocel: saliência (balanço) do piso sobre o espelho;
- Banzo: peça ou viga lateral de uma escada;
- Patamares: pisos de descanso intermediário, obrigatórios em algumas situações;
- Lance: conjunto de degraus compreendidos em entre dois níveis, ou entre dois patamares;
- Corrimãos: apoio e segurança para subir e descer os degraus.

Vejamos agora as semelhanças com o livro:
O livro é composto por vários capítulos (a escada de vários degraus)

O conjunto de capítulos forma um lance, como as partes de um livro.

Assim como desejamos encontrar em cada degrau, solidez para pisar, queremos encontrar, em cada capítulo, a apresentação do pensamento, para que continuemos a leitura, ou seja, subir novos degraus.

Assim como os espelhos da escada nos dão segurança nos passos, os espelhos de um livro são os parâmetros que o autor se utiliza, para que o leitor sinta-se confortável na leitura. Parâmetros que se fundam na realidade, sem abstrações e generalidades desnecessárias.

Os bocéis de um livro se revelam no cuidado do autor em não transmitir ao leitor ideias que tão apenas levariam ao deslize, quedas e ao não desejo de subir a escada, ou seja, a continuidade do livro.

Banzos e suportes de uma escada que dão segurança para sua sustentação, são como os argumentos, citações, fundamentações do que o autor deseja comunicar ao leitor.

Os corrimãos de uma escada são recursos, informações a mais que o autor oferece, e que podem ser usados ou não pelo leitor, conforme a familiaridade com o texto.

Como algumas escadas precisam de patamares para o “descanso”, pressupõe-se que num livro tenhamos patamares em que o leitor faça as devidas paradas para assimilação do que disse o autor, concordando ou não, para continuar a subida.

Evidentemente que, em se tratando de uma metáfora, não há a precisão matemática, que uma escada precisa para que cumpra sua função de subir e descer.

Neste sentido, a leitura de um livro pode oferecer níveis diferenciados de compreensão, de acordo com o seu leitor; da mesma forma, o autor na comunicação de algo que eleve e enriqueça a comunicação entre ele e o leitor, como deve acontecer.

Um bom livro pode nos levar mais perto de Deus, se nos levar mais perto de nós mesmos, para nossa melhor autocompreensão e certeza de que algo novo sempre pode nos ser anunciado e apresentado.

Precisamos coragem para subir esta escada. Vemos, porém, que alguns preferem elevadores... Bom, aqui seria outra metáfora.

Escrever e narrar nossas histórias


Escrever e narrar nossas histórias

“Se, pois ressuscitastes com Cristo, procurai as coisas do alto,
onde Cristo está à direita de Deus” (Cl  3,1)

Ontem o céu estava azul sem nuvens e o sol brilhava tão forte.
Com tinta vermelha, escrevi algumas histórias memoráveis que tingiram o chão com sangue, pela coragem do martírio, no testemunho da fé: quantos nomes me vieram ao coração.

Derramaram sangue e morreram para trigo não só se tornarem, e se tornaram semente de novos cristãos. Sei que há muitas outras que poderiam ter sido escritas...

Também com a tinta verde, escrevi outras histórias de pessoas que conheci, que foram no mundo sinais de esperança por onde passaram, enquanto viveram, movidos pela fé que fundamentava todo o seu viver, de mãos dadas com a inflamada caridade em tudo que fazia.

A elas muitos recorriam, quando sonhos pareciam pesadelos se tornarem, e nunca voltavam sem uma palavra, abriam, antes, impensáveis horizontes, saídas possíveis, novas perspectivas.

Mas à tarde escuro ficou o céu, precedendo às nuvens que pouco depois verteriam.
Por pouco tempo, pude escrever com a tinta prateada que brilhava tão forte e que todos os lugares do mundo poderiam ser lidos.

Escrevi histórias de pessoas que enfrentaram dificuldades, mas não permitiram que as tempestades, ventos fortes levassem seus sonhos, projetos.

Firmados na Palavra divina, luz para o caminho, seguiram passo a passo, vencendo toda e qualquer adversidade, tão humanos apenas, mas com algo que faz a diferença: a inabalável fé na Palavra do Senhor.

A chuva passou, a noite chegou, e com ela, a lua e as estrelas numa noite memorável.
No céu, com lua minguante e estrelas pontilhadas, continuei escrevendo inesquecíveis histórias.

Com tinta dourada cintilante, escrevi histórias de algumas pessoas, que não têm ouro e prata para adquirir ou comprar.

Escrevi histórias de pais e mães que passaram pelo mundo, por mim e talvez por você, e te contou estórias bonitas, te fez tecer novas e belas histórias, assegurando a sagrada memória de uma família.
A noite ficou tão iluminada, como nenhuma noite antes consiga me lembrar...

Hoje é outro dia. Não sei como está o céu lá fora. Não importa!
O que conta é que você se some comigo para continuar a escrever outras histórias no céu.
História de pessoas inesquecíveis para nós, que buscaram as coisas do alto, onde Cristo está à direita de Deus.

Contemos, lembremos, conheçamos e escrevamos as histórias de quem perfumou de Evangelho a existência humana no seu tempo e em todo o tempo, pois histórias assim tem germe de eternidade, pois, souberam tecer com sabedoria cada fio da história desabrochando no epílogo da eternidade.

Tinta não nos faltará... Continuemos a escrever e contar belas, boas e sadias histórias. E não são poucas...

Ainda que não seja no céu ou numa tela... todas elas estão em nossa memória e coração.

As múltiplas possibilidades de leituras...

As múltiplas possibilidades de leituras...

“... como um sábio garimpeiro, sair
à procura de pérolas para tornar mais bela a vida...”

Quando temos um livro em mãos, quando temos páginas escritas na tela do computador, temos sempre muito mais do que isso...

É como que se nos convidassem: Veja-me! Leia-me! Decifra-me! Acalenta tua alma! Troquemos conhecimentos, cumulando saberes que se trocados multiplicam! Estabeleçamos vínculos!

Temos a possibilidade de nos colocarmos diante do próprio autor, numa conversa edificante ou não, dependendo do seu conteúdo.

Os textos postados neste blog são reflexões, poesias, poemas, Homilias, provocações para a elevação da alma, para que o leitor anseie buscar cada vez mais as coisas do alto, onde Deus habita.

Escritos que têm como fonte inspiradora a Sagrada Escritura, Documentos e riquezas deixadas pelos Santos/as da Igreja, acompanhados de reflexões pessoais do autor: ora questionando a existência e o compromisso da fé dentro dos espaços internos da própria Igreja, ora abrindo para o inadiável e indispensável compromisso e presença no mundo, resplandecendo raios da luz divina.

Caberá ao leitor confirmar ou não o que se disse, corroborando o que um livro/escritos pode trazer à alma de quem o ler, e também daquele que o fecunda silenciosamente e com muito amor, como procuro fazer, não obstante as limitações próprias de conhecimento, de experiência ou de tempo.

Assim há múltiplas possibilidades: uma leitura panorâmica, como que num voo rasante; ou mergulhando em cada linha, palavra, parágrafo, texto; parando e refletindo diante do que mais possa lhe tocar e enriquecer. Ou ainda, como um sábio garimpeiro, que sai à procura de pérolas para tornar mais bela a vida.

Atrás de cada “post” há um homem que sonha, pensa, sente...; um homem que se inquieta e busca caminhos para uma Igreja mais comunhão, mais instrumento do Reino de Deus na construção de um mundo justo e fraterno.


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