quinta-feira, 13 de março de 2025

Pensamentos, palavras, atos e omissões...

                                                        

Pensamentos, palavras, atos e omissões...

“Confesso a Deus todo-poderoso e a vós, irmãos e irmãs, que pequei muitas vezes por pensamentos e palavras, atos e omissões, por minha culpa, minha culpa, minha tão grande culpa. E peço a virgem Maria, aos Anjos e Santos, e a vós, irmãos e irmãs, que rogueis
por mim a Deus, nosso Senhor.”
  
Confesso, Senhor, pensamentos que não são os Vossos pensamentos,
Porque indizíveis que maculam a alma:
Pensamentos evasivos, pensamentos autodestrutivos.
Pensamentos antievangélicos, pensamentos obscuros.
Pensamentos preconceituosos, pensamentos negativos.
Pensamentos vorazes de nossas forças. 
Pensamentos que não podem ser nutridos.
Pensamentos que precisam ser da mente varridos.
pensamentos que me distanciam do Vosso Reino.
Pensamentos...

Confesso, Senhor, palavras que não são Vossas palavras, porque:
Palavras que não edificam, palavras que ferem.
Palavras que deixam cicatrizes, 
palavras que semeiam discórdia.
Palavras que não criam laços fraternos, 
palavras que não promovem a paz.
Palavras que ocultam a verdade, 
palavras que não iluminam.
Palavras que não nutrem a fé, 
palavras que não inflamam a caridade,
Palavras que fazem morrer a esperança, 
palavras que expressam o indesejável no coração.
Palavras que calam a Vós, que sois a verdadeira Palavra.
Palavras...

Confesso, Senhor, atos que deveriam ser evitados, porque não revelam Vossa presença em mim:
Atos que aprofundam o vale da injustiça, 
atos que avolumam a montanha da vaidade.
Atos que me distanciam do céu onde habitais, 
atos que me levam a abismos da iniquidade.
Atos que me distanciam de Vós, 
atos que me aproximam do Tentador.
Atos que são expressão do egoísmo, 
atos que fragilizam a comunhão por Vós querida.
Atos que não regam a semente da solidariedade, 
atos que não florescem em fraternidade.
Atos que expressam sentimentos de indiferença,
atos que não são de quem vos adora em Espírito e Verdade.
Atos...

Confesso, Senhor, omissões que empobrecem a história em todos os seus níveis: pessoal, comunitário e social, porque dons não partilhados, por vezes enterrados:
Omissão em buscar o Vosso Reino e a Vossa justiça, 
omissão por medo, covardia, acomodação.
Omissão abominável, e que não me rouba o sono, 
omissão que torna pesado o fardo do irmão.
Omissão em sagrados compromissos, diante de Vós assumidos.
Omissão que devora a alma, a mente e o coração, 
omissão de dizer o que deveria ser dito e jamais calado,
omissão na educação dos que me foram confiados.
Omissão no amor, maior e mais bela de todas as virtudes, 
omissão com Vossa Verdade que me liberta. 
Omissão...

Confesso, Senhor, meus pensamentos, palavras, atos e omissões,
Suplico Vossa misericórdia, Vosso infinito perdão;
Vós que não desprezais um coração contrito e humilhado,
Vós que sois manso e humilde de coração. Amém.

Confesso, Senhor, meus pecados:
Pensamentos, palavras, atos e omissões.

Campanha no momento, compromisso sempre! (CF 2025)

 


Campanha no momento, compromisso sempre!


A Igreja no Brasil realiza mais uma Campanha da Fraternidade, com uma proposta extremamente atual e de importância indiscutível.
 
Tema: “FRATERNIDADE E ECOLOGIA INTEGRAL”

Lema: “Deus viu que tudo era muito bom ” (cf. Gn 1,31)

Exorto que nos empenhemos em acompanhar, refletir e ajudar a desenvolver esta Campanha, que não se encerra, como se diz, indevidamente, com a Páscoa.

 

Oração da Campanha da Fraternidade 2025 – CNBB


Ó Deus, nosso Pai, 
ao contemplar o trabalho de tuas mãos,
viste que tudo era muito bom!
O nosso pecado, porém, feriu a beleza de tua obra,
e hoje experimentamos suas consequências.

 

Por Jesus, teu Filho e nosso irmão,
humildemente te pedimos:
dá-nos, nesta Quaresma, 
a graça do sincero arrependimento
e da conversão de nossas atitudes.
 

Que o teu Espírito Santo reacenda em nós
a consciência da missão que de ti recebemos:
cultivar e guardar a Criação,
no cuidado e no respeito à vida.
 

Faz de nós, ó Deus, 
promotores da solidariedade e da justiça.
Enquanto peregrinos, 
habitamos e construímos nossa Casa Comum,
na esperança de um dia sermos acolhidos
na Casa que preparaste para nósnoCéu.
Amém!

 

PS: A Campanha da Fraternidade inicia na Quarta-feira de Cinzas.

Os frutos do Espírito

                                                          

Os frutos do Espírito

Uma súplica à luz da Carta de Paulo aos Gálatas (Gl 5,16.22a-23a.25), sobre os frutos do Espírito:

“Procedei segundo o Espírito. Assim, não satisfareis aos desejos da carne. O fruto do Espírito é: caridade, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, lealdade, mansidão, continência. Se vivemos pelo Espírito, procedamos também segundo o Espírito, corretamente”.

Oremos:

Senhor Deus, ajudai-nos a viver segundo o Espírito, para produzirmos os frutos por Vós esperados, como tão bem expressou Vosso Apóstolo.

Ajudai-nos a fazer progressos cotidianos na caridade para com nosso próximo, para que seja mais autêntico e fecundo nosso amor por Vós.

Não permitais que, por causa das dificuldades no discipulado, sejam roubados a alegria e o ardor na missão que nos confiastes, no anúncio e testemunho de Vossa Palavra.

Concedei-nos promover a paz, na superação de conflitos, sempre a partir do diálogo, compreensão e abertura ao outro.

Cumulai-nos de toda a longanimidade, de modo que, com a paciência cumulada, saibamos esperar o que melhor tendes para nós, pois Vosso tempo não é o nosso.

Orientai nossas palavras e gestos, para que sejam expressões de amabilidade e bondade para com todos, de modo especial com aqueles que mais precisarem.

Dai-nos a graça de jamais faltarmos com a lealdade com aqueles que depositam confiança em nós, para que não se sintam desanimados e desapontados.

Firmai nossos passos nas tribulações, para que não esmoreçamos ou recuemos de sagrados compromissos, dando testemunho de mansidão e confiança em Vós.

Por fim, pedimos-Vos que não nos deixeis perder o autodomínio de nossos instintos e paixões, e que jamais nossa vontade se sobreponha à Vossa, e assim, felicidade alcancemos. Amém.

A Misericórdia verdadeira cria laços fraternos!

                                                                

A Misericórdia verdadeira cria laços fraternos!

Através da Homilia de Santo Astério de Amaseia, Bispo (Séc. V), somos exortados a imitar o exemplo de Cristo Bom Pastor.

“Se quereis parecer-vos com Deus porque fostes criados a Sua imagem, imitai o Seu exemplo. Se sois cristãos, nome que já é uma proclamação de caridade, imitai o amor de Cristo. Considerai as riquezas de Sua bondade.

Estando para vir como homem ao meio dos homens, enviou a Sua frente João, como pregoeiro e exemplo de penitência; e antes de João, tinha enviado todos os profetas para ensinarem aos homens o arrependimento, a volta ao bom caminho e a conversão a uma vida melhor.

Vinde a mim, todos vós que estais cansados e fatigados e Eu vos darei descanso (Mt 11,28). Como acolheu Ele os que ouviram a Sua voz? Concedeu-lhes sem dificuldade o perdão dos pecados e a imediata libertação de seus sofrimentos.

O Verbo os santificou, o Espírito os confirmou; o velho homem foi sepultado nas águas do Batismo e o novo, regenerado, resplandeceu pela graça. Que conseguimos ainda?

De inimigos de Deus, nos tornamos amigos; de estranhos, filhos; e de pagãos, santos e piedosos. Imitemos o exemplo de Cristo como Pastor.

Contemplemos os Evangelhos e vendo neles, como num espelho, o exemplo de Sua solicitude e bondade, aprendamos a praticá-las.

Vejo ali, em parábolas e figuras, um pastor de cem ovelhas que, ao verificar que uma delas se afastara do rebanho e andava sem rumo, não permaneceu com as outras que pastavam tranquilamente.

Saiu a sua procura, atravessando vales e florestas, transpondo altos e escarpados montes, percorrendo desertos, num esforço incansável até encontrá-la.

Tendo-a encontrado, não a castigou nem a obrigou com violência a voltar para o rebanho; pelo contrário, tomando-a nos ombros e tratando-a com doçura, levou-a para o aprisco, alegrando-se mais por esta única ovelha recuperada do que por todas as outras.

Consideremos a realidade oculta na obscuridade da parábola. Nem esta ovelha nem este pastor são propriamente uma ovelha e um pastor; são imagem de uma realidade mais profunda.

Há nesses exemplos um ensinamento sagrado: nunca devemos considerar os homens como perdidos e sem esperança de salvação, nem deixar de ajudar com todo empenho os que se encontram em perigo nem demorar em prestar-lhes auxílio.

Pelo contrário, reconduzamos ao bom caminho os que se afastaram da verdadeira vida e alegremo-nos com a sua volta à comunhão daqueles que vivem reta e piedosamente”.

Somos questionados sobre o quanto somos capazes de acreditar na conversão do próximo; o quanto somos capazes de nos relacionar com misericórdia, como Deus assim espera de todos nós, e não só espera, mas conosco age.

É sempre tempo favorável para conversão e oração, desde que abramos nossa mente e coração, sobretudo o Tempo da Quaresma.

É bom dizer sempre diante do Amor de Deus: Deus sempre tão misericordioso, eu, muitas vezes, tão miserável!

Não fosse a misericórdia de Deus...

quarta-feira, 12 de março de 2025

Quaresma e a circuncisão do coração

 


Quaresma e a circuncisão do coração

Sejamos enriquecidos pelas Demonstrações escritas pelo bispo  Afraaates (Séc.IV), sobre a circuncisão do coração:

“A lei e a aliança foram totalmente mudadas. Primeiramente Deus substituiu o pacto com Adão por outro que estabeleceu com Noé; e ainda estabeleceu outro com Abraão, substituindo-o depois por um novo, feito com Moisés. Como a aliança mosaica não era observada, ao chegar a plenitude dos tempos, Deus firmou uma aliança que não seria mais mudada. Com efeito, a Adão Deus ordenara não comer da árvore da vida, a Noé dera o arco-íris, a Abraão, já escolhido por causa da sua fé, deu mais tarde a circuncisão, como sinal característico de seus descendentes; a Moisés deu o cordeiro pascal para ser imolado como propiciação pelo povo. 

Todas essas alianças eram diferentes umas das outras. Mas a circuncisão que agrada ao autor de todas elas é aquela de que fala Jeremias: Circuncidai o vosso coração (Jr 4,4). Pois se o pacto estabelecido por Deus com Abraão foi firme, também este é firme e imutável e não seria possível estabelecer depois outra lei, seja por parte dos que estão fora da Lei ou dos que a ela estão submetidos. 

O Senhor deu a lei a Moisés, com todas as suas observâncias e preceitos; como não cumpriram, anulou a lei e seus preceitos e prometeu fazer uma nova aliança, que seria, como disse, diferente da primeira, embora fosse um só o doador de ambas. E é esta a aliança que prometeu dar: Todos se reconhecerão, do menor ao maior deles (Jr 31,34). Nessa aliança não há mais a circuncisão da carne como sinal de pertença a seu povo.

Sabemos com certeza, caríssimos irmãos, que durante várias gerações Deus estabeleceu leis que estiveram em vigor enquanto foi de seu agrado, e que mais tarde caíram em desuso, como disse o Apóstolo: ‘No passado, o reino de Deus assumiu formas diversas, segundo os diversos tempos’. O nosso Deus é veraz e os seus preceitos são fidelíssimos. Por isso, cada uma das alianças foi em seu tempo firme e verdadeira. Agora, os circuncisos de coração têm a vida por meio da nova circuncisão que se realiza no verdadeiro Jordão, isto é, por meio do batismo para a remissão dos pecados.

Josué, filho de Nun, com uma faca de pedra circuncidou o povo pela segunda vez, quando ele e seu povo atravessaram o rio Jordão.

Jesus, nosso Salvador, circuncidou pela segunda vez, com a circuncisão do coração, os povos que nele creram purificados pelo batismo e circuncidados com a espada que é a palavra de Deus, mais cortante do que qualquer espada de dois gumes (Hb 4,12).

Josué, filho de Nun, introduziu o povo na terra da promissão; Jesus, nosso Salvador, prometeu a terra da vida a todos que atravessassem o Jordão, cressem nele e fossem circuncidados no coração. Felizes, portanto, os que foram circuncidados em seu coração e renasceram das águas da segunda circuncisão! Estes receberão a herança prometida, juntamente com Abraão, guia fiel e pai de todos os povos, porque a sua fé lhe foi atribuída como justiça.”

Vivendo o Tempo Quaresmal, reflitamos sobre a circuncisão do coração, que, para nós, aconteceu por meio de Jesus no coração:

“Jesus, nosso Salvador, circuncidou pela segunda vez, com a circuncisão do coração, os povos que nele creram purificados pelo batismo e circuncidados com a espada que é a palavra de Deus, mais cortante do que qualquer espada de dois gumes (Hb 4,12).”

De fato, cremos que Deus selou conosco a Nova e Eterna Aliança por meio de Jesus Cristo, através do Seu Sacrifício na Cruz:

- “Depois da ceia, fez o mesmo com o cálice e disse: ‘Este cálice é a Nova Aliança em meu sangue, que é derramado por vocês’.” (Lc 23,20)

- “O Deus da paz, que tirou da morte o pastor supremo do rebanho, o Senhor Nosso Senhor Jesus, pelo sangue de uma aliança eterna, torne vocês perfeitos em todo o bem fazer a vontade d’Ele. Que Deus realize em vocês aquilo que Lhe agrada, por meio de Jesus Cristo. A Ele a glória para sempre. Amém.”  (Hb 13,20-21)

Circuncidados no coração Deus colocou em nossa mente e coração, por meio do Seu Filho, Suas Leis e Mandamentos, não com tinta; mas com o Espírito do Deus vivo; não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, que são nossos corações.

Vivamos este Tempo da Quaresma, Tempo favorável de purificação e transformação profunda, conversão em âmbito pessoal, comunitário e social, como circuncidados no coração que fomos, sobretudo na prática dos exercícios quaresmais: oração, jejum e esmola.

Peregrinos da esperança, empenhemo-nos em corresponder ao amor de Deus, em sincero relacionamento com Ele, expresso em gestos concretos de compromisso com a fraternidade, bem como no cuidado dos pobres e da Casa Comum, como nos propõe a Campanha da Fraternidade deste ano, que tem como tema –“Fraternidade e Ecologia Integral”, e como lema – “Deus viu que tudo era muito bom “ (Gn 1,31).

Do coração circuncidado do Senhor, do qual jorrou água e sangue (Batismo e Eucaristia), nossos corações, por amor, foi circuncidado. Amém.

Em poucas palavras...

 


“Três dias e três noites”

“Jonas esteve por três dias e três noites no ventre de um peixe; assim também o Filho do Homem ficará no coração da nossa terra.” (1)

 

 

Antífona do Cântico Evangélico das Vésperas – 1ª Quarta-feira da Quaresma

Rezando com os Salmos - Salmo 21 (22)

 


                          A súplica confiante do justo

“–1 Do mestre de canto, Sobre ‘a corça da manhã’. Salmo. De Davi.

–2 Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?
E ficais longe de meu grito e minha prece?
–3 Ó meu Deus, clamo de dia e não me ouvis,
clamo de noite e para mim não há resposta!

–4 Vós, no entanto, sois o Santo em Vosso Templo,
que habitais entre os louvores de Israel.
–5 Foi em Vós que esperaram nossos pais;
esperaram e Vós mesmo os libertastes.
–6 Seu clamor subiu a Vós e foram salvos;
em Vós confiaram e não foram enganados.

–7 Quanto a mim, eu sou um verme e não um homem;
sou o opróbrio e o desprezo das nações.
–8 Riem de mim todos aqueles que me veem,
torcem os lábios e sacodem a cabeça:
–9 'Ao Senhor se confiou, Ele o liberte
e agora o salve, se é verdade que Ele o ama!'

–10 Desde a minha concepção me conduzistes,
e no seio maternal me agasalhastes.
–11 Desde quando vim à luz Vos fui entregue;
desde o ventre de minha mãe sois o meu Deus!
–12 Não fiqueis longe de mim, porque padeço;
ficai perto, pois não há quem me socorra!

–13 Por touros numerosos fui cercado,
e as feras de Basã me rodearam;
–14 escancararam contra mim as suas bocas,
como leões devoradores a rugir.

–15 Eu me sinto como a água derramada,
e meus ossos estão todos deslocados;
– como a cera se tornou meu coração,
e dentro do meu peito se derrete.

=16 Minha garganta está igual ao barro seco,
minha língua está colada ao céu da boca,
e por Vós fui conduzido ao pó da morte!
–17 Cães numerosos me rodeiam furiosos,
e por um bando de malvados fui cercado.

– Transpassaram minhas mãos e os meus pés
18 e eu posso contar todos os meus ossos.
= Eis que me olham e, ao ver-me, se deleitam!
19 Eles repartem entre si as minhas vestes
e sorteiam entre si a minha túnica.

–20 Vós, porém, ó meu Senhor, não fiqueis longe,
ó minha força, vinde logo em meu socorro!
–21 Da espada libertai a minha alma,
e das garras desses cães, a minha vida!

–22 Arrancai-me da goela do leão,
e a mim tão pobre, desses touros que me atacam!
–23 Anunciarei o Vosso nome a meus irmãos
e no meio da assembleia hei de louvar-Vos!

=24 Vós que temeis ao Senhor Deus, dai-lhe louvores;
glorificai-O, descendentes de Jacó,
e respeitai-O toda a raça de Israel!

–25 Porque Deus não desprezou nem rejeitou
a miséria do que sofre sem amparo;
– não desviou do humilhado a sua face,
mas o ouviu quando gritava por socorro.

–26 Sois meu louvor em meio à grande assembleia;
cumpro meus votos ante aqueles que vos temem!
=27 Vossos pobres vão comer e saciar-se,
e os que procuram o Senhor O louvarão:
'Seus corações tenham a vida para sempre!'

–28 Lembrem-se disso os confins de toda a terra,
para que voltem ao Senhor e se convertam,
– e se prostrem, adorando, diante d’Ele,
todos os povos e as famílias das nações.

–29 Pois ao Senhor é que pertence a realeza;
Ele domina sobre todas as nações.
–30 Somente a Ele adorarão os poderosos,
e os que voltam para o pó O louvarão.
– Para Ele há de viver a minha alma,
31 toda a minha descendência há de servi-Lo;

– às futuras gerações anunciará
32 o poder e a justiça do Senhor;
– ao povo novo que há de vir, ela dirá:
'Eis a obra que o Senhor realizou!'”

 

Com o Salmo 21(22) refletimos sobre a aflição do justo e a súplica confiante a Deus por libertação. Temos a lamentação e a prece de um inocente perseguido, e que é concluída com uma ação de graças pela libertação esperada.

Lido na perspectiva da fé, vemos a Pessoa de Jesus ao morrer na Cruz, quando deu um forte grito: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” (Mt 27,46):

“Próximo do poema do Servo sofredor (Is 52,13-53,12), este Salmo, cujo início Cristo pronunciou sobre a Cruz e no qual os evangelistas viram descritos diversos episódios da Paixão, é, portanto, messiânico, ao menos em sentido típico.”  (1)

Também nos enriquece esta nota sobre este Salmo:

“Oração pessoal de súplica. O inocente perseguido, vivendo profunda experiência de abandono sente-se esquecido pelo próprio Deus (cf. Mt 27,46). Na angústia, faz memória dos fatos e recorda a presença de Deus na vida dos antepassados. O fiel sente-se longe de tudo e de todos. Será que até Deus se afastou? Ele que socorre sempre quem vive à margem de tudo? Onde está a face de Deus, nessas horas angustiantes? Mas da oração suplicante brota a certeza de que Deus na realidade está presente e vai socorrer o fiel contra os inimigos violentos; vai lhe fazer justiça e devolver-lhe a tranquilidade. Javé ouve o grito do pobre e lhe revela sua face libertadora. A oração ensina a confiar, mesmo quando as trevas da injustiça parecem triunfar. Pregado na cruz, Jesus rezou este Salmo (cf. Mc 15,34).” (2)

Também nós, em momentos de provações e dificuldades, podemos e devemos rezar este Salmo, sobretudo neste tempo da Quaresma, tempo favorável de graça e salvação. Tempo de renovarmos nossa confiança incondicional em Deus, e mais perfeitamente configurados a Jesus, no Seu Mistério de Paixão, Morte e Ressurreição. Ou rezá-lo na comunhão com alguém que esteja vivendo tal realidade. Amém.

 

 

(1) Bíblia de Jerusalém – Editora Paulus

(2)Bíblia Edição Pastoral – Editora Paulus

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