sábado, 16 de novembro de 2024

A oração e o compromisso indispensável

                                                              

A oração e o compromisso indispensável

As mãos que elevamos aos céus
são as mesmas que na terra estendemos ao outro...

No sábado da 32ª Semana do Tempo Comum, a Liturgia nos apresenta a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 18,1-8), convidando-nos a refletir sobre a verdadeira oração, que consiste uma relação estreita e íntima com Deus, num diálogo intenso e insistente.

A oração leva-nos à compreensão do silêncio de Deus, respeito ao Seu ritmo, que não necessariamente é o nosso e, sobretudo, nos leva ao crescimento no Seu Amor.

Voltemo-nos para a passagem do Livro do Êxodo (Ex 17, 8-13a), em que o autor nos apresenta uma catequese sobre a oração, como força em nossa luta quotidiana.

A oração de Moisés é a grande intercessão em favor do povo hebreu contra os amalecitas. Enquanto ele mantém as mãos levantadas, há a vantagem sobre os inimigos, mas quando vencido pelo cansaço, suas mãos se abaixam, os inimigos dominam.

A oração é importante, e deve ser perseverante, persistente. Por isto, Aarão e Hur, ao lado de Moisés, amparam-lhe as mãos e assim os hebreus vencem os inimigos.

De fato, a libertação pressupõe a oração de Moisés e a intervenção de Deus, mas não dispensa a ação do povo. A mensagem catequética é explícita: a libertação se deve mais à ação de Deus do que aos esforços do Povo.

Deus não cruza os braços no processo de libertação do Seu Povo e a oração se torna a grande força para o combate e a vitória:

“A conquista é dom de Deus. Se o Povo de Deus reza e confia no Senhor, o próprio Senhor combate e vence; se o Povo de Deus se apoia apenas suas forças é derrotado” (1).

Também com o Apóstolo Paulo escrevendo a Timóteo (2 Tm 3,14-4,2), vemos como é importante a Palavra de Deus como fonte privilegiada de oração.

O texto foi escrito para as comunidades que viviam um contexto de perseguição, da falta do entusiasmo. Era mais do que necessário a redescoberta deste entusiasmo pelo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Era preciso retomar a fidelidade à doutrina, como grande herança dos Apóstolos, que é acompanhada pela fidelidade às Escrituras, fonte de formação e educação cristã, tornando o discípulo mais configurado ao Senhor.

Paulo exorta a uma proclamação da Palavra sem medo, sem pudores e com entusiasmo. Palavra que é oportuna para ensinar, persuadir, corrigir e formar.

Urge rever se a Palavra de Deus tem centralidade em nossa vida, como a valorizamos e que formação procuramos para melhor compreendê-la e melhor vivê-la.

Retomando a passagem do Evangelho (Lc 18,1-8), vemos Jesus a caminho de Jerusalém, e nos exorta à prática da verdadeira Oração, como diálogo contínuo e perseverante e que nos leva à abertura do coração ao Projeto de Salvação.

Muitas são as inquietações que nos cercam em todos os âmbitos (pessoal, familiar, comunitário e social, mundial...). Por vezes não entendemos o “silêncio de Deus”.

Mas aqui a grande notícia: Deus não é indiferente aos nossos sofrimentos. Porém, é preciso uma oração feita com paciência e com perseverança, até que o Projeto de Deus se cumpra.

A oração é sempre o momento em que nos colocamos diante de Deus, para reencontrarmos forças para perseverarmos no caminho do encontro de Seu Amor; é o abastecer para acolher e realizar, com coragem e entusiasmo, o Projeto de Salvação que Deus tem para nós.

Quando nos envolvemos pelo Amor de Deus, sabemos esperar em Sua aparente ausência, que é a mais verdadeira presença.

A oração há de ser sempre uma atitude que brota da fé em Deus, na confiança e na perseverança. Rezarmos sempre, sem nos desencorajarmos, com a certeza de que Deus nos escuta depressa, sem tardar.

Se Deus não nos atende pode ser porque não pedimos o necessário, e nossa oração não está devidamente sintonizada com o Seu Projeto de Vida e Salvação.

Na Parábola, vemos que “Não corresponde ao estilo de Jesus Cristo um ensinamento que induz o discípulo a forçar a vontade de Deus, para O fazer mudar de ideias e obrigá-Lo a fazer aquilo que o homem quer! Pelo contrário, a Parábola é provocatória e, para compreendermos bem, temos de entender a inversão de perspectiva”  (2)

Importante dizer que oração não é transferência de responsabilidade para Deus. Deus fará o que a nós é impossível, e jamais nos dispensará de sinceros compromissos para que a graça seja alcançada.

“Como para Israel no deserto, também na nossa vida se trata de combater contra um adversário poderoso, que não pode ser vencido apenas com as nossas forças humanas.

A oração constante e convicta, é sinal de quem confia na ajuda divina, ‘levanta as mãos’ (Ex 17,11) e clama continuamente (cf. Lc 18,7), tirando proveito da Palavra que escutou, convencido de que pode realizar-se.” (3)

Quando orarmos pela paz, nos empenhemos pela paz. Quando orarmos pelos pobres, multipliquemos gestos de solidariedade para com os mesmos. Quando orarmos pela paz na família, façamos sincera revisão de nossas atitudes que venham a ferir esta paz.

Toda oração que elevamos aos céus, nos compromete, imediatamente com Deus, com o outro e conosco.

Reflitamos:

- O que é oração?
- Como e para que a oração?

- Quais são as pessoas que nos ensinam a beleza da oração em nossa vida?

- O que precisamos fazer para redescobrir o gosto, a beleza e a força da oração?

- Quais são os conteúdos de nossas orações?
- O que a oração repercute em nossa vida?
- Preparamo-nos para bem proclamar, acolher e viver a Palavra de Deus?

Concluindo, vemos que, na necessária conversão, para que melhores discípulos missionários do Senhor sejamos, é preciso que tenhamos fé, ou seja, uma atitude confiante para desejar fortemente tudo que seja conforme o Projeto de Deus.


(1) Lecionário Comentado – Editora Paulus - Lisboa - pág. 600
(2) Idem – pág. 602
(3) idem - pág. 603

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Dupla tentação: esquecimento de Deus e ativismo

                                                          

Dupla tentação: esquecimento de Deus e ativismo

Na sexta-feira da 32ª Semana, ouvimos a passagem do Evangelho de Lucas, que nos fala sobre o dia em que o Filho do Homem Se manifestará, de forma surpreendente (Lc 17,26-37).

Jesus nos convida a vigilância, sem olhar para trás, com a disponibilidade para tudo abandonar, em incondicional fidelidade na espera de Sua volta.

Mas somos todos sujeitos a uma dupla tentação, pois a tentação do esquecimento de Deus e o ativismo podem se fazer presentes na vida de qualquer um que se coloque no caminho do discipulado:

“O esquecimento de Deus é também para nós a tentação maior, tal como a ocupação ansiosa e frenética nos afazeres que nos impede de pensar, de nos interrogarmos, de procurar o Senhor” (1)


Oremos:

Senhor, livrai-nos da tentação que nos leve a Vos esquecer, ou não amá-Lo como se convém, acima de todas as coisas, de todo o coração, com toda a alma e todo o entendimento, antepondo e sobrepondo outras coisas e atividades de nosso cotidiano.

Senhor, livrai-nos da tentação de um ativismo estéril e devorador de nossas forças, ainda que boas sejam as ações, mas sem o devido cuidado, podendo ser a expressão de ansiedade desmedida, sem necessário critério e discernimento.

Senhor, reinai soberanamente em nosso coração, para amarmos e servirmos como Vós fizestes, com ardor, amor, zelo e plena alegria; fazendo todas as coisas com novo sabor, luminosidade, porque impulsionados pela chama e graça do Vosso indizível amor.

“Senhor nosso Deus, fazei que a nossa alegria consista em vos servir de todo o coração, pois só teremos felicidade completa servindo a Vós, o Criador de todas as coisas. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém” (2)


(1) (2) Lecionário Comentado – Editora Paulus - p.782 - Oração do dia do 33º Domingo do Tempo Comum.                    

O juízo final e a vigilância necessária

                                                  

O juízo final e a vigilância necessária

Ouvimos, na sexta-feira da 32ª Semana do Tempo Comum, a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 17,26-37), em que somos convidados a estar sempre preparados para o encontro com Deus:

“O juízo que nos espera é a revelação daquilo que realmente somos; a morte nos mostrará toda a verdade. Sua vinda nos detém no ponto em que nos encontramos no relacionamento com Deus e com os homens: ódio e amor, bondade e malícia, egoísmo e generosidade ficam imobilizados no instante em que cessa a vida” (1).

Deste modo, o encontro poderá ser “de alegria ou de infinito desespero, conforme o sentido que cada um tiver dado à própria existência” (2).

Segundo o Lecionário Comentado, “a aplicação dos exemplos à vinda do Filho do Homem não é de fácil compreensão. Através de uma série de contraposições, o texto afirma a necessidade de não voltar atrás, como fez a mulher de Lot (cf Gn 19,26) e, implicitamente, a exigência de estar preparado” (3).   
                                           
No versículo final da referida passagem, quando os discípulos lhe perguntaram - “Senhor, onde acontecerá isso?” (Lc 17,37), temos a enigmática resposta de Jesus: - “Onde estiver o cadáver, aí se reunirão os abutres”.

Vejamos algumas possíveis explicações, em que podemos fazer referência ao juízo final:

- A profecia de Ezequiel, retomada pelo livro do Apocalipse, em que o Profeta se refere à batalha vitoriosa final contra as forças do mal. Os animais de rapina ou os abutres serão mandados a comer as carnes dos cadáveres (Ez 39,4.17-20; Ap 19,17-18);

- O vale de Josafá, onde acontecerá o juízo final de acordo com a profecia de Joel (Jl 4,2.12);

- E ainda, um simples provérbio popular semelhante a este: “Onde há fumaça, há fogo!”.

Entretanto, o que podemos, de fato, apreender, é a necessária atitude de discípulos missionários: a vigilância; de modo que, à Sua chegada, estejamos devidamente preparados, doando a nossa vida, perdendo-a para ganhá-la eternamente, e não sejamos como “cadáveres para os abutres”.

Estejamos sempre prontos, a serviço da vida plena e definitiva, para que mereçamos a glória da eternidade.

Oremos:

Iluminai, Senhor, os nossos corações, com o esplendor da Vossa divindade, para que não andemos na escuridão, pois sois a Luz do Mundo, e quem Vos Segue não caminhará nas trevas, mas terá a luz da vida.

Firmai, Senhor,  nossos passos, para que caminhemos, com segurança, rumo à Pátria da luz eterna, e assim, devidamente preparados para a Sua chegada gloriosa. Amém.


(1) (2) Missal Cotidiano - pp. 1493-1494
(3) Lecionário Comentado – Editora Paulus – 2011 - pp. 781-782

Santo Alberto Magno: sabedoria e santidade

                                                        



Santo Alberto Magno: sabedoria e santidade 

Santo Alberto Magno, um dos Santos da Igreja que marcou profundamente a minha vida pessoal por tudo que fez como Bispo, Pastor e Doutor da Igreja, cuja Memória é celebrada dia 15 de novembro.

Quando nos dispomos a conhecê-lo, vemos quão pertinente é a sua contribuição para os dias atuais, em que procuramos o equilíbrio no relacionamento entre a fé e a razão.

“Alberto, chamado ‘Magno’, quando ainda estava vivo, foi um grande homem não somente nas ciências humanas, mas também na sabedoria cristã, cultivando durante toda a vida uma profunda união com Deus e um grande amor pela humanidade.

Nasceu aproximadamente no ano 1200 em Lauingen, na Baviera (Alemanha), e, quando o pai se transferiu para a Itália no séquito de Frederico II, aproveitou para continuar seus estudos na Universidade de Pádua, onde era muito vivo o interesse pelas ciências naturais.

Ali encontrou o sucessor de São Domingos, o beato Jordão de Saxônia, geral dos dominicanos.

Ele tinha ido a Pádua para pregar aos jovens universitários. Nessa ocasião, dez estudantes pediram para seguir o ideal dominicano. Entre esses, estava Alberto de Lauingen.

Embora os estudos fossem sua paixão, Alberto colocou de lado os seus livros e correu atrás do ideal de São Domingos.

Jordão de Saxônia, que havia percebido o talento do rapaz, mandou-o logo para Colônia. Tinha cerca de 23 anos e, depois do noviciado e dos estudos teológicos, foi mestre de Teologia nas escolas da sua ordem, primeiro em Hidelsheim, depois em Friburgo, em Ratisbona, em Strasburgo, em Colônia, em Paris e daí novamente em Colônia.

Neste período teve a oportunidade de aprofundar seu conhecimento sobre Aristóteles. O pensamento aristotélico estava penetrando no mundo acadêmico daquele tempo por intermédio do filósofo Averróis, que o apresentava como inimigo da visão cristã tradicional, a visão agostiniana.

Alberto, homem sereno e objetivo, quis estudar Aristóteles sem preconceitos, procurando as traduções imperfeitas existentes e não encontrou nele aquele inimigo da Igreja que outras pessoas lhe haviam descrito.

A pedido dos seus confrades começou a escrever uma vasta enciclopédia.

Ao comentar Aristóteles e citando também autores como o árabe Averróis e o judeu Moisés Maimônides, teve a oportunidade de aprofundar a Lógica, a Retórica, a Ética, a Política, a Metafísica e as várias ciências naturais, como a Matemática, a Astronomia, a Física, a biologia, tudo quanto tinha sido produzido na bacia mediterrânea dos tempos antigos até aquele momento.

Durante vinte anos trabalhou nessa obra monumental, abriu o pensamento europeu para a experimentação e estimulou os cristãos a não terem medo das ciências humanas, porque elas são portadoras da verdade e não podem senão ajudar na compreensão das verdades da fé.

Naturalmente ele não aceitava de olhos fechados tudo o que Aristóteles, Platão e os seus comentaristas haviam escrito. Expunha com objetividade o pensamento de outrem, mas também o corrigia, o completava e às vezes o refutava.

Mas era tão forte naquele tempo a aversão ao aristotelismo também por parte de alguns dominicanos, que Alberto teve de responder com palavras muitas vezes fortes:

‘Existem alguns que, por ignorarem as coisas, querem de todos os modos combater o emprego da Filosofia e, sobretudo, entre os dominicanos, onde não existe e ninguém que se opunha a eles. São como animais brutos que se atiram contra coisas que não conhecem’.

Um discípulo, porém, o entendia perfeitamente: Tomás de Aquino. Se tivemos uma Suma Teológica do pensamento cristão na Idade Média, devemos não só ao gênio de Tomás, mas também à mente iluminada de Alberto que abriu a estrada para Tomás de Aquino.

Foi devido ao seu interesse que Tomás ocupou a cátedra universitária dominicana em Paris”.

Santo Alberto Magno foi um homem de governo e construtor da paz:

“Do ano de 1253 a 1256, Alberto foi provincial da sua ordem na Alemanha. Homem de muitos livros revelou-se também experiente na arte de governar.

Viajando frequentemente e a pé, visitou os quarenta mosteiros dos frades da Holanda até a Áustria e os numerosos conventos das dominicanas, instruindo, corrigindo e sobretudo fomentando a vida de Oração e a concórdia nas comunidades.

Pensava já em poder entregar-se em tempo integral à sua tarefa de escritor, quando o Papa o elegeu bispo de Ratisbona.

A diocese, por causa das lutas internas, encontrava-se em um estado de causar dó quanto ao acerto econômico e moral.

Cumprida sua tarefa, pediu e foi exonerado do governo da diocese para levar adiante os seus estudos, mas no ano de 1261, Urbano IV o encarregava de pregar a cruzada nos países de língua alemã”.

Seus últimos anos foram marcados pela dedicação à ciência e à Oração:

“Em 1277, enquanto vivia tranquilo no convento de Wursburg, tomou conhecimento de que o bispo de Paris, Estevão Tempier, tinha condenado dezenove teses, algumas das quais sustentadas por Tomás de Aquino.

Alberto, embora já de idade avançada, seguiu para Paris e defendeu o pensamento do seu discípulo, a fim de que a ignorância e a inveja não fizessem retroceder perigosamente o pensamento cristão.

Dois anos depois redigia o seu testamento, deixando aos pobres suas coisas e aos dominicanos de Colônia seus livros.

Sua caminhada, por tantos anos repleta de uma intensa atividade intelectual, agora escorria na Oração silenciosa e profunda.

Morreu em 15 de novembro de 1280 e foi sepultado em Colônia. Para a canonização, precisou aguardar o ano de 1931, quando PIO XI o proclamou Doutor da Igreja e PIO XII, em 1941, o nomeou padroeiro dos cultores das ciências naturais”.

Santo Alberto Magno: um Doutor universal de saber enciclopédico:

“A formidável atividade literária de Santo Alberto é entendida como a mais gigantesca da Idade Média.

Ela se estende a quase todas as ciências sacras e profanas, e a tudo o que de melhor foi produzido pelas civilizações gregas, latina e árabe.

O seu mérito principal consiste em ter intuído o valor da filosofia aristotélica e em tê-la introduzido na cultura contemporânea, purificada das falsas e artificiais interpretações orientais, e integrada com o pensamento de Platão.

Mais que um construtor de novos sistemas, Santo Alberto foi um diligente recolhedor de materiais, que tornaram possível ao seu grande discípulo a síntese filosófico teológica.

Na Exegese Bíblica, deu realce ao sentido literal e histórico, contrariamente ao uso do tempo; em Moral, moderou o aristotelismo com o platonismo agostiniano; na Mística, com os comentários ao pseudo-Dionísio, deixou assim grandes traços para contribuir para aquele reflorescimento da vida espiritual que na Alemanha e nos Países Baixos tomará o nome de Devoção moderna.

Mas acima de tudo precisamos acrescentar que ele não separou nunca a atividade literária de uma profunda união com Deus”.

Urge aprofundar sobre a intrínseca relação entre a fé e a cultura, e voltar às sábias fontes da Igreja, como este luminar.

Com Santo Alberto Magno, aprendemos que as ciências humanas e as ciências divinas são degraus para chegar até Deus.

Uma autêntica ciência colocada a serviço do homem e da mulher, não nos distancia de Deus, assim como uma fé autêntica, lapidada, não nos exila do convívio com Deus, ao contrário, nos insere cada vez mais numa relação íntima e frutuosa, para que os valores do Reino aconteçam: amor, verdade, justiça, fraternidade, liberdade, vida, paz...


PS: Citações extraídas da “Revista Ave-Maria” – novembro de 2014 – pp. 14-16.

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

A comunidade: espaço de relações fraternas e vínculos de amor

                                                                 


A comunidade: espaço de relações fraternas e vínculos de amor

“Já não escravos, mas irmãos"

Reflexão à luz da passagem da Carta de Paulo a Filêmon (Fm 7-20), que nos propõe refletir sobre o amor, essencial na fortificação do novo modo de se relacionar na comunidade de fé, rompendo barreiras, superando preconceitos, numa relação de irmãos e irmãs em Cristo:

“A fé em Cristo, irmão de todo homem, e o amor para com Ele, extensivo a todas as criaturas, são o fundamento do novo relacionamento interpessoal entre os crentes... A nova ‘humanidade cristã’ liberta o homem de toda forma de escravidão e faz de todos ‘filhos de Deus’, chamados a conviver livremente, todos juntos, vinculados pelo amor fraterno.” (1)

Neste sentido, na mensagem para o 48º Dia Mundial da Paz, celebrado em 1º de janeiro de 2015, o Papa Francisco propôs uma reflexão sobre os conflitos e guerras ideológicas entre as religiões e países, bem como chama a atenção para a necessidade do diálogo e da paz.

Alertou, também, para as diferentes formas de escravidão existentes no mundo, que precisam ser superadas, pois não há lugar para a escravidão aos olhos de Deus e a revelação bíblica - ‘já não escravos, mas irmãos’, que é o versículo inspirador de sua Mensagem, como vemos na Carta de Paulo a Filêmon.

Concluindo, ainda que difícil, é preciso que esta mensagem de Paulo ilumine nossas comunidades e toda a humanidade, pois sem amor, não haverá nunca a liberdade, justiça e paz no mundo.

(1)        Missal Cotidiano – Editora Paulus – 1998 – pág. 1488

Os Arcanjos, enviai-nos, Senhor

                                        


Os Arcanjos, enviai-nos, Senhor

Enviai, Senhor, Vossos Arcanjos ao nosso encontro,
Sobretudo nestes momentos tão difíceis por que passamos,
Em que o sol parece se pôr como que para sempre,
Sem perspectivas de contemplar um novo amanhecer.
 
Devido a uma enfermidade, a partida de quem amamos
Para a eternidade, doce lembrança de momentos vividos,
Amargo gosto da ausência para um abraço, uma palavra,
Ainda que os tenhamos vivos na memória e coração.
 
Não fosse a fé que temos na Ressurreição,
Como suportaríamos a dor da saudade que nos consome?
Ah, se não fosse a presença amável dos Anjos e Arcanjos conosco,
Revelando-nos a divina onipotência de amor que nos envolve!
 
Vossos Arcanjos enviai-nos, Senhor, suplicamos-Vos.
Enviai Vosso Arcanjo Miguel, cujo nome revela uma missão:
“Quem é como Deus?”, para com Ele vencermos os combates
De nomes tantos do cotidiano, bem como a força do Maligno.
 
Vossos Arcanjos, enviai-nos, Senhor, suplicamos-Vos,
Enviai Vosso Arcanjo Gabriel, para renovar em nós
A fé, a coragem e a confiança incondicional em vosso poder,
Vossa força que vem em socorro de nossa humana fraqueza.
 
Vossos Arcanjos enviai-nos, Senhor, suplicamos-Vos.
Enviai Vosso Arcanjo Rafael, trazendo-nos de Vós a Cura
De nossas enfermidades físicas ou espirituais,
Que nos fragilizam no carregar da cruz cotidiana.
 
Vossos Arcanjos enviai-nos, Senhor, suplicamos-Vos.
Rafael, para a cura de nossas enfermidades múltiplas,
Gabriel, para nos comunicar a força divina,
Miguel, para vencermos o bom combate da fé. Amém.
 

Sejamos firmes na construção do Reino!

                                                     


Sejamos firmes na construção do Reino!

Na quinta-feira da 32ª Semana do Tempo Comum ouvimos a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 17,20-25) sobre a presença do Reino em nosso meio.

Vejamos o comentário do Missal Cotidiano:

“A sociedade de lucro e de consumo quer controlar tudo com o metro da produtividade, do interesse e da utilidade; sonha com uma era de bem-estar completo e tende para ela. Quimera inatingível; basta uma crise energética para por em perigo todos os níveis adquiridos.

O Reino que Jesus veio inaugurar no mundo não pertence a esse gênero; consiste em abater as barreiras do egoísmo, do arrivismo, da exploração, para fazer de todos os homens uma só família de filhos de Deus.

É esta a principal missão da Igreja (Lúmen Gentium 5). Mas a Igreja opera através de seus filhos; por isso, a conversão deve começar por cada um de nós. Se o nosso coração permanece de pedra, frio, insensível, o Reino de Deus não poderá dilatar-se”.(1)

A citação seguinte retrata a perfeita sintonia do pensamento da Igreja, que em um dos seus documentos nos enriquece com estas palavras, levando-nos a refletir sobre a incansável missão da Igreja:

"Toda a Igreja é missionária, em virtude da mesma caridade com que Deus enviou Seu Filho para a Salvação de todos os homens. E única é a sua missão, a de se fazer próxima de todos os homens e todos os povos, para se tornar sinal universal e instrumento eficaz da paz de Cristo" (RdC 8).(2)

Nisto consiste a missão da Igreja, a missão do próprio Cristo, deste modo, as mesmas tentações enfrentadas pelo Senhor no deserto serão enfrentadas pelos Seus discípulos missionários no “deserto da cidade”: tentação do ter, poder e ser.

Na missão da Igreja nunca o poder será sinônimo de tirania, arbitrariedade, autoritarismo, mas serviço alegre e incansável, simplesmente por amor.

Jamais o ter nos levará a cobiça, acumulação, expropriação, enriquecimento ilícito...

Mais que ter é preciso ser de Deus na partilha com o outro. Idolatria da acumulação dos bens jamais!

Adoração ao Deus vivo e verdadeiro sempre, pois só Sua graça nos basta!

Jamais o ser que nos leve ao arrivismo (atitude daquele que se vale de quaisquer meios para alcançar o sucesso), que nos torne capazes de macular a imagem do outro, de prejudicar a muitos... O arrivismo tem que ceder lugar para a humildade na autenticidade de nosso discipulado.

Oremos:

O pão nosso de cada dia nos dai hoje, Senhor.
Não o pão da acumulação, mas o pão que a todos sacia na alegre partilha.

Ajudai-nos a não ceder à tentação do sucesso e prestígio sem com o outro compromissos edificantes.

Iluminai-nos para que façamos de nossa vida um alegre serviço na construção do Vosso Reino, porque Vosso é o Reino, o Poder e a Glória para sempre. Amém!

  
(1) Missal Cotidiano - Editora Paulus - p.1489.
(2) idem

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