quinta-feira, 1 de agosto de 2024

Homossexualidade Presbiterato: O Que nos diz a Igreja?

Homossexualidade Presbiterato
 O Que nos diz a Igreja?

A Congregação para a Educação Católica, do Vaticano, tem um  documento, chamado de Instrução, sobre “Os critérios de discernimento vocacional acerca das pessoas com tendências homossexuais e da sua admissão ao seminário e às ordens sacras”. A mídia deu especial ênfase, às vezes com distorções das reais proposições apresentadas.

A Instrução vem em continuidade a grandes Documentos da Igreja como: o decreto “Optatam totius", do Vaticano II; Sínodo dos Bispos de 1990 que refletiu sobre a formação dos sacerdotes nas circunstâncias atuais; e a Exortação pós Sinodal “Pastores dabo vobis” do Papa João Paulo II.

A Instrução contém normas acerca de uma questão particular, que a situação atual tornou mais urgente, isto é, a admissão ou não ao Seminário e às Ordens sacras dos candidatos que tenham tendências homossexuais profundamente enraizadas.

Segundo a Tradição da Igreja, só o batizado de sexo masculino recebe validamente a Sagrada Ordenação. Por meio do sacramento da Ordem, o Espírito Santo configura o candidato a Jesus Cristo, por um título novo e específico.

O sacerdote, com efeito, representa sacramentalmente Cristo: Cabeça, Pastor e Esposo da Igreja. Por isto, toda a vida do ministro sagrado deve ser animada por uma entrega de toda a sua pessoa à Igreja, por uma autêntica caridade pastoral. Por isso, o candidato ao ministério ordenado deve atingir a maturidade afetiva, para uma correta relação com homens e com mulheres, desenvolvendo nele um verdadeiro sentido da paternidade espiritual em relação à comunidade eclesial que lhe será confiada.

Referindo-se Catecismo da Igreja, a Instrução fala de uma clara distinção entre atos e tendências homossexuais:
“Quanto aos atos, ensina que, na Sagrada Escritura, esses são apresentados como pecados graves. A Tradição considerou-os constantemente como intrinsecamente imorais e contrários à lei natural. Por conseguinte, não podem ser aprovados em caso algum”.

“No que diz respeito às tendências homossexuais profundamente enraizadas, que certo número de homens e mulheres apresenta, também elas são objetivamente desordenadas e constituem freqüentemente, mesmo para tais pessoas, uma provação. Estas devem ser acolhidas com respeito e delicadeza; evitar-se-á, em relação a elas, qualquer marca de discriminação injusta. Essas pessoas são chamadas a realizar na sua vida a vontade de Deus e a unir ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que possam encontrar”.

A partir deste ensinamento, considera necessário afirmar claramente que a Igreja, embora respeitando profundamente as pessoas em questão, não pode admitir ao Seminário e às Ordens sacras aqueles que praticam a homossexualidade, apresentam tendências homossexuais profundamente enraizadas ou apoiam à chamada cultura gay.

Em se tratando de tendências homossexuais que sejam apenas expressão de um problema transitório, elas devem ser claramente superadas, pelo menos três anos antes da Ordenação diaconal.

Convido a uma reflexão do que até aqui foi apresentado, e concluo na próxima edição, apresentando mais alguns pontos desta Instrução.


PS: Publicado no jornal Folha Diocesana, no ano de 2009, quando era Representante dos Presbíteros da Diocese de Guarulhos.

Homossexualidade e Presbiterato: O Que nos diz a Igreja? (continuação)

Homossexualidade e Presbiterato 
 O Que nos diz a Igreja?    

Finalizo com este artigo, a apresentação da recente Instrução da Congregação para a Educação Católica do Vaticano sobre “Os critérios de discernimento vocacional acerca das pessoas com tendências homossexuais e da sua admissão ao seminário e às ordens sacras”.

É indispensável repetir, para quem não pôde ler a primeira parte: a partir do ensinamento do magistério, a Igreja deve afirmar claramente que, embora respeitando profundamente as pessoas em questão, não pode admitir ao Seminário e às Ordens Sacras aqueles que praticam a homossexualidade; apresentam tendências homossexuais profundamente enraizadas ou apoiam a chamada cultura gay.

Em se tratando de tendências homossexuais que sejam apenas expressão de um problema transitório, elas devem ser claramente superadas, pelo menos três antes da Ordenação diaconal.

Compete à Igreja o discernimento da idoneidade dos candidatos ao ministério presbiteral, considerando dois aspectos indissociáveis na vocação sacerdotal: o Dom gratuito de Deus e a liberdade responsável do homem.

O simples desejo de ser sacerdote não é suficiente para receber o Sacramento da Ordem, bem como não existe um direito de recebê-la. Compete à Igreja definir os requisitos necessários para a recepção dos Sacramentos instituídos por Cristo: discernir a idoneidade daquele que quer entrar no seminário, acompanhá-lo durante os anos da formação e chamá-lo às Ordens sacras, se for julgado possuidor das qualidades requeridas.

Há quatro dimensões complementares indispensáveis na formação do futuro sacerdote: humana, espiritual, intelectual e pastoral. Para admitir um candidato um candidato à ordem diaconal a Igreja deve verificar, entre outras coisas, que tenha sido atingida a maturidade afetiva do candidato ao sacerdócio. No caso de uma séria dúvida a respeito do candidato, não deve admiti-lo à ordenação.

Há uma obrigatória responsabilidade dos formadores (Bispos, Reitor, Diretor Espiritual, etc.), avaliar todas as qualidades da personalidade e assegurar-se de que o candidato não apresente distúrbios sexuais incompatíveis com o sacerdócio.

Se um candidato pratica a homossexualidade ou apresenta tendências homossexuais profundamente radicadas, o seu diretor espiritual ou o seu confessor, têm o dever, em consciência, de orientá-lo a não buscar o Sacramento da Ordem.

O próprio candidato é o primeiro responsável da sua formação, devendo apresentar-se com confiança ao discernimento da Igreja, do Bispo que chama às Ordens, do reitor do Seminário, do Diretor espiritual e dos outros educadores do Seminário a quem o Bispo ou o Superior Geral confiaram a formação dos futuros sacerdotes.

A instrução afirma que “seria gravemente desonesto que um candidato ocultasse a própria homossexualidade para alcançar, não obstante tudo, a Ordenação. Um procedimento tão inautêntico não corresponde ao espírito de verdade, lealdade e de disponibilidade que deve caracterizar a personalidade daquele que se sente chamado a servir Cristo e a sua Igreja no ministério sacerdotal”.

O Papa Bento XVI aprovou e ordenou a publicação da referida Instrução. Caberá aos Bispos, às Conferências Episcopais e aos Superiores Gerais vigiarem para que as normas desta sejam observadas fielmente para o bem dos próprios candidatos, garantindo sempre à Igreja sacerdotes idôneos, verdadeiros pastores segundo o coração de Cristo.

Não foi objetivo da Instrução introduzir novidades a respeito do assunto, mas antes, reafirmar o Ensinamento da Igreja. Com os artigos ofereci ao leitor elementos para um posicionamento frente às interrogações que possam nos colocar, sobretudo para não ser induzido pelas distorções feitas pela mídia, com noticiários que não correspondem ao verdadeiro propósito da Igreja.
    

PS: Publicado no jornal Folha Diocesana, no ano de 2009, quando era Representante dos Presbíteros da Diocese de Guarulhos. 

quarta-feira, 31 de julho de 2024

Em poucas palavras...

                                                           


O Mistério da Cruz em nossa vida

“Em Jeremias, como em Cristo, há um aspecto trágico: o conhecimento do destino que lhe preparam os inimigos, sem possibilidade de evitá-lo. Não pode fazer outra coisa senão pôr-se nas mãos de Deus e esperar que este venha salvá-lo no cumprimento deste destino...

Deus, porém, mesmo em seu Mistério fulgurante, não esmaga a liberdade do homem; dar-se-á somente àquele que tiver o direito de cativá-lo. Aqui está a razão de ser da obediência de Cristo na cruz, que a Eucaristia nos convida a alcançar.” (1)

 

(1) Comentário Missal Cotidiano – Editora Paulus – pág. 280, sobre as passagens: Jr 11,18-20; Jo 7,40-53.

Os dons do Espírito e as Eleições (1)

                                                               



Os dons do Espírito e as Eleições

Acontecerá em outubro deste ano as Eleições Municipais para a escolha de Prefeitos/as e Vereadores/as.

Multipliquemos nossas reflexões para o discernimento em nossas escolhas, tendo como fonte a Sagrada Escritura, através da qual Deus fala, conduz e ilumina nossos passos.

Como tão bem expressou o Bispo e Doutor Santo Agostinho (séc. V), ”A Sagrada Escritura é para nos ajudar a decifrar o mundo; para nos devolver o olhar da fé e da contemplação, e transformar a realidade numa grande revelação de Deus”.

Entretanto, tudo isto somente acontece quando acolhemos a presença do Espírito Santo, que torna possível a autêntica comunicação que gera comunhão: “Então apareceram línguas como de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito os inspirava.” (At 2, 3-4).

Como em Pentecostes, o Espírito de Deus permanentemente nos enriquece e nos assiste com os sete dons:

Com o dom da Sabedoria, aprendemos e nos comprometemos decididamente com um Projeto de vida e paz, e somos iluminados para governar nossa vida segundo os desígnios divinos, a nós revelados pelos seus sagrados Mandamentos,  sentindo e dando gosto de Deus à vida.

Discernimos com o dom do Entendimento o que é justo e bom, sem ilusões e erros, de modo que nossos pensamentos e sentimentos e ações se tornam a expressão do viver para Deus, que conosco sempre está, jamais nos desamparando.

Empenhamo-nos com o dom do Conselho na correspondência à vontade amorosa de Deus, vivendo e ensinando sagrados valores com sinceridade, pureza e retidão de coração, participando da realização do plano divino de salvação, na mais perfeita sintonia entre o que celebramos e vivemos, jamais separando a fé da vida quotidiana e seus combates necessários.

Enriquecidos pelo dom da Fortaleza, somos cumulados da graça divina, intensificando e aprofundando nossos momentos de intimidade com Deus, na oração, mas de modo especialíssimo no sublime Sacramento da Eucaristia, fonte e ápice da vida cristã; vivendo com fidelidade o Mandamento do Amor, que se expressa concretamente no amor ao próximo; testemunhando a fé, com serenidade e firmeza.

Buscamos, agraciados pelo o dom da Ciência, o conhecimento pleno da verdade do Evangelho do Reino, com docilidade ao Espírito nas mais diversas situações, agradáveis ou não, favoráveis ou adversas, sem lamentações estéreis, mas com olhar e compromisso renovados, porque acompanhados da fina flor da esperança.

Renovamos com o dom da Piedade, a cada momento, nossa resposta de amor a Deus, numa profunda comunhão com Deus, acompanhado de maior fidelidade às Sagradas Escrituras, tornando-nos mais fraternos e solidários, comprometidos com a promoção da justiça e da paz, para que misericordiosos como o Pai o sejamos.

Finalmente, com dom do Temor, solidificamos nossa relação filial para com Deus, adorando-O em espírito e verdade, buscando, em primeiro lugar, o Seu Reino e a Sua justiça, e assim, tudo mais nos será acrescentado.

Como Igreja, comunidade de comunidades, vivendo a graça do batismo, como profetas, sacerdotes e reis, a Palavra de Deus há de estar não somente em nossas mãos, mas entranhada em nossa mente e coração, orientando nossos pensamentos, palavras e ações, para que afastemos todo medo, covardia, indiferença ou omissão.

Cremos piamente que, pelo Espírito assistidos, viveremos a graça da missão que o Senhor nos confia, conservando uma alma cristalina, a generosidade de coração, na plena comunhão com o Deus Uno e Trino.

Enfim, invoquemos a luz do Seu Espírito, neste tempo que antecede as Eleições, para que façamos sábias escolhas, e renovemos compromissos sagrados com a transformação da dura realidade que vivemos, sobretudo para que nossas cidades se tornem mais humanas e fraternas, oferecendo condições melhores de vida para todos, sem feridas insanas de desigualdade, pobreza, violência e exclusão.


PS: Escrito em setembro de 2020


Os Dons do Espírito e as Eleições (2)

                                                          Resultado de imagem para Os Dons do Espírito e as Eleições

   Os Dons do Espírito e as Eleições 

Invoquemos a luz do Santo Espírito, para que façamos sábias escolhas nas eleições Municipais (Prefeito, Vereador), tornando mais humana e fraternas nossas cidades, oferecendo condições melhores de vida para todos, sem feridas insanas de desigualdade, pobreza, violência e exclusão.

Senhor, dai-nos o dom da SABEDORIA, para que aprendamos e nos comprometamos decididamente com um Projeto de vida e paz, e assim sejamos iluminados para governar nossa vida segundo os desígnios divinos, revelados pelos sagrados Mandamentos,  sentindo e dando gosto de Deus à vida.

Dai-nos, o dom do ENTENDIMENTO, para discernir o que é justo e bom, sem ilusões e erros, de modo que nossos pensamentos e sentimentos e ações se tornem a expressão do viver para Deus, que conosco sempre estais, jamais nos desamparando.

Senhor, dai-nos o dom do CONSELHO, para que nos empenhemos na correspondência à vossa vontade, vivendo e ensinando sagrados valores com sinceridade, pureza e retidão de coração, participando da realização do plano divino de salvação, na mais perfeita sintonia entre o que celebramos e vivemos, jamais separando a fé da vida quotidiana.

Sejamos enriquecidos pelo dom da FORTALEZA, e cumulado de graça divina, intensificando e aprofundando nossos momentos de intimidade Convosco, na oração, mas de modo especialíssimo no sublime Sacramento da Eucaristia, fonte e ápice da vida cristã; vivendo com fidelidade o Mandamento do Amor, que se expressa concretamente no amor ao próximo; testemunhando a fé, com serenidade e firmeza.

Senhor, agraciados pelo dom da CIÊNCIA, busquemos o conhecimento pleno da verdade do Evangelho do Reino, com docilidade ao Espírito nas mais diversas situações, agradáveis ou não, favoráveis ou adversas, sem lamentações estéreis, mas com olhar e compromisso renovados, porque acompanhados da fina flor da esperança.

Renove em nós o dom da PIEDADE, para que correspondamos ao Vosso amor, numa profunda comunhão Convosco, acompanhado de maior fidelidade às Sagradas Escrituras, tornando-nos mais fraternos e solidários, comprometidos com a promoção da justiça e da paz, para que misericordiosos como o Pai o sejamos.

Finalmente, Senhor, com o dom do TEMOR, solidifiquemos nossa relação filial para com Deus, adorando-O em espírito e verdade, buscando, em primeiro lugar, o Seu Reino e a Sua justiça, e assim, tudo mais nos será acrescentado.

PS: Escrito em setembro de 2020

Com a Sabedoria do Espírito, busquemos o Reino de Deus

                                                          

 Com a Sabedoria do Espírito, busquemos o Reino de Deus

Na Liturgia da Palavra da quarta-feira da 17ª Semana do Tempo Comum, ouviremos as Parábolas da pérola, do tesouro escondido, sobre o Reino de Deus, questionando nossas prioridades diante de Jesus.

É preciso que o Reino seja para nós o valor supremo e que, a exemplo de Salomão, peçamos a sabedoria para fazer as devidas escolhas, sem nos prendermos aos valores efêmeros, passageiros, mas aos valores eternos.

A súplica de Salomão (1 Rs 3,5.7-12), questiona nossas súplicas: ele pediu um coração sábio para governar com justiça.

Enquanto oração foi perfeita, leva-nos a refletir sobre o que pedimos, o que recebemos de Deus e o que fazemos com o que recebemos. 

A Salomão, Deus acrescentou riqueza, glória, longa vida. Deus nunca deixará faltar nada, mas bem sabemos que Salomão foi seduzido pelos valores passageiros, e é para nós, em todos os tempos, um sinal de advertência para que não incorramos no mesmo erro.

Vivemos numa constante decisão entre o ilusório ou real, passageiro ou eterno, sendo assim podemos nos questionar sobre o que, de fato, fundamenta nossa felicidade.

Voltando às Parábolas exclusivas de Mateus que tinha diante de si uma comunidade imersa na monotonia, na falta de empenho, numa vivência morna da fé, logo, pouco exigente e comprometida.

Colocava-se uma questão fundamental: como perseverar diante das perseguições e hostilidades, dificuldades que vão se apresentando na caminhada da comunidade?

Aqui está a beleza das Parábolas: revigoram o ânimo, reavivam o entusiasmo, ajudam no discernimento e fortalecem no seguimento.

A comunidade deve ver no Reino a grande pérola ou tesouro pelo qual todo sacrifício deve ser feito e toda renúncia não será em vão.

É preciso rever a escala de valores que pautam nossa vida, o que nos seduz, o que consome nossas forças, nosso tempo; bem como refletir sobre a alegria que devemos ter por sermos instrumentos, colaboradores na realização do Reino.

Na conclusão do Evangelho os discípulos são chamados a compreender, acolher o novo ensinamento proposto, num renovado compromisso e empenho.

Deste modo, o Reino de Deus é o nosso maior tesouro. Participemos de sua realização como herdeiros da graça em Cristo Jesus pelo Espírito Santo no amor do Pai.

Renúncias, relativizações, discernimentos são para nós pedidos, para que não nos percamos no que é efêmero, passageiro, ilusório,  buscando o que é eterno.

É preciso buscar e se abrir a Sabedoria divina para acolher e compreender e se comprometer com o Reino.

Devemos renunciar de modo absoluto ao pecado, como assim prometemos no dia de nosso Batismo, e para melhor servir ao Reino renunciar àquilo que não é mal em si (riquezas, prestígio, poder). 

Temos um valor maior, sermos instrumentos do Reino vale muito mais do que tudo isto.

Reflitamos:

- O que pedimos quando dizemos: “Venha a nós o Vosso Reino”?
- Qual tem sido o conteúdo de nossas súplicas?

- Temos consciência de nosso papel na realização do Reino? 
- Como Igreja, estamos a serviço do Reino?

- Sentimos alegria contagiante ao trabalhar para que o Reino de Deus aconteça?

O melhor Ele já nos deu: O Espírito Santo e os sete Dons: Sabedoria, Entendimento, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade e Temor de Deus.

Empenhemo-nos alegremente na construção do Reino, o Espírito nos assiste, a Sabedoria nos é comunicada incessantemente.  Saibamos fazer as renúncias necessárias pelo mais Belo Tesouro - Jesus.

Que nossas mãos aprendam a partilhar

                                                 

Que nossas mãos aprendam a partilhar

Na passagem do Evangelho de Mateus (Mt 13,44-52), temos a apresentação das parábolas de Jesus: tesouro escondido; a pérola preciosa e a rede lançada ao mar, que recolhe peixes bons e maus.

São iluminadoras as palavras do Bispo e Doutor Santo Agostinho (séc. V), em seu Sermão, sobretudo em relação à parábola do tesouro escondido:

“Todo o mal que os maus fazem é registrado – e eles não o sabem. No dia em que ‘Deus virá e não se calará’ (Sl 50, 3) […]. Então, Ele Se voltará para os da sua esquerda: ‘Na terra, dir-lhes-á, Eu tinha posto para vós os meus pobrezinhos, Eu, Cabeça deles, estava no céu sentado à direita do Pai – mas na terra os meus membros tinham fome: o que vós tivésseis dado aos meus membros, teria chegado à Cabeça. Quando Eu coloquei os meus pobrezinhos na terra, constituí-os vossos portadores para trazerem as vossas boas obras ao meu tesouro. Vós nada depositastes nas mãos deles: por isso nada encontrais em Mim’” . (1)

Os “pobrezinhos na terra” foram constituídos por Nosso Senhor Jesus Cristo, portadores das boas obras ao tesouro do Senhor. E apresentarão, nas mãos de Deus, o que nelas depositarmos.

Somos remetidos à prática das Obras de Misericórdia Corporais e Espirituais, na fidelidade a Jesus e ao Evangelho (dar de comer aos famintos, dar de beber aos sedentos, vestir os nus, acolher os peregrinos, dar assistência aos enfermos, visitar os presos, enterrar os mortos), que por sua vez não se separam das Obras de Misericórdia Espirituais (aconselhar os indecisos, ensinar os ignorantes, admoestar os pecadores, consolar os aflitos, perdoar as ofensas, suportar com paciência as fraquezas do próximo, rezar a Deus pelos vivos e defuntos).

Deste modo, seremos autênticos discípulos missionários do Senhor, com os passos firmados a caminho do juízo final diante d’Ele, que nos julgará, ao final de nossa vida, pelo amor vivido.

Concluímos com as palavras de São João da Cruz (séc. XVI): No crepúsculo de nossa vida, seremos julgados pelo amor”.

Fonte de pesquisa: Catecismo da Igreja Católica – n.1039

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