quinta-feira, 29 de maio de 2025

Espírito Santo de Deus, vinde em nosso auxílio

 


Espírito Santo de Deus, vinde em nosso auxílio

Fundamental que reflitamos sobre a ação e a presença do Espírito Santo na Igreja, para que edifiquemos uma Igreja verdadeiramente sinodal, com a participação ativa de todos os seus membros:

“Neste ponto o Novo Testamento é bastante claro: o Espírito Santo é princípio constituinte da Igreja, a saber, sem Ele não haveria simplesmente Igreja, pois não teríamos fé em Jesus Cristo  (1 Cor 12,30), nem haveria Batismo (1 Cor 12,13), ministérios ordenados(1Tm 4,14; 2 Tm 1,6), perdão dos pecados (Jo 20,22s), tampouco saberíamos rezar como se deve (Rm 8,26), viver como cristãos (Gl 5,25) ou esperar uma vida eterna (Rm 8,11). Sendo assim, a adesão na fé, a escuta da Palavra de Deus como tal, a oração, a recepção dos sacramentos, a vida cristã, a missão da Igreja, tudo isso depende da ação do Espírito Santo. A Igreja não foi fundada somente em sua origem, porque Deus a constrói ativamente sem cessar.” (1)

Somos remetidos às palavras do Patriarca Atenágoras (1886-1972), acerca do Espírito Santo:

“Sem o Espírito Santo, Deus está distante, o Cristo permanece no passado, o Evangelho é uma letra morta, a Igreja uma simples organização, a autoridade um poder, a missão uma propaganda, o culto um arcaísmo, e a ação moral uma ação de escravos.

Mas no Espírito Santo o cosmos é enobrecido pela geração do Reino, o Cristo Ressuscitado está presente, o Evangelho se faz força do Reino, a Igreja realiza a Comunhão Trinitária, a autoridade se transforma em serviço, a Liturgia é memorial e antecipação, a ação humana se diviniza”.

Oremos:

Enviai, ó Deus, Vosso Espírito Santo, para que edifiquemos uma Igreja em que a sinodalidade vivida não seja apenas força de expressão, mas fato real e visto pela ativa participação de todos os seus membros, na mais perfeita sintonia e conexão entre o que se celebra e o que se vive nas orações e sacramentos.

Iluminai-nos, para que sejamos alegres discípulos missionários do Senhor, comprometidos com o Deus do Reino, um Deus de misericórdia e ternura, com sagrados compromissos de compaixão, proximidade e solidariedade para com todos e, de modo especial, com os que mais precisarem.

Dai-nos, ó Deus,  abertura de mente e coração, para que, com coragem, sejamos uma Igreja missionária, em saída, em permanente atitude de conversão e aberta ao sopro do Espírito, para anunciar e testemunhar a Palavra que Se fez Carne e habitou entre nós. Amém.

 

(1) A Igreja em transformação: razões atuais e perspectivas futuras – Mario de França Miranda – Edições Paulinas – 2020 – p.94

O Espírito da Verdade nos será enviado

                                                                         

O Espírito da Verdade nos será enviado

"Ainda um pouco de tempo, e já não me vereis;
e depois mais um pouco de tempo, e me tornareis a ver,
porque vou para junto do Pai." (Jo 16,16)

Ouvimos na quinta-feira da 6ª Semana do tempo da Páscoa a passagem do Evangelho de João (Jo 16,16-20).

Dentro de poucos dias celebraremos a Solenidade da Ascensão do Senhor, e com esta  termina o tempo de Sua presença em nosso meio, como foi fundamental para os discípulos e para toda a Igreja.

Sua nova presença será reconhecida na fé, com a acolhida do Espírito que nos enviou de junto do Seu Pai.

Vendo a história da Igreja, como também a história espiritual de todo o cristão, às vezes, há momentos em que Jesus parece estar ausente ou mesmo esquecido.

Estes momentos são marcados pela dúvida, obscuridade do espírito, da “noite”, como absoluta ausência de luz no caminho, da aparente ausência e silêncio de Deus, que parece irreversível.

Alguns chamam estes momentos de “secularização”, de ‘eclipse do sagrado”, de  “morte de Deus”.  Mas é exatamente nestes momentos que podemos redescobrir a verdadeira e purificada presença de Deus.

Oportunas são as palavras do Papa São Leão Magno (séc. V) e do Bispo Santo Agostinho (Séc. V) em suas Confissões, respectivamente:

“Toda a vida cristã se funda e se eleva sobre uma série admirável de ações divinas, pelas quais a graça de Deus nos manifesta sabiamente todos os Seus prodígios.

De tal modo isto acontece que, embora se trate de Mistérios que escapam à capacidade humana de compreensão e que inspiram um profundo temor reverencial, nem assim vacile a fé, esmoreça a esperança ou esfrie a caridade.”

“Tarde te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Estavas dentro de mim e eu estava fora, e aí te procurava... Estavas comigo e eu não estava contigo... Mas Tu me chamaste, clamaste e rompeste a minha surdez. Brilhaste, resplandeceste e curaste a minha cegueira.”

Assim nos ensina a fé: Deus está muito perto, e precisamos apreender os sinais de Sua divina presença, fazendo resplandecer Sua luminosidade em todos os âmbitos, por mais desafiadores que sejam, dando razão de nossa esperança, inabaláveis na fé, e movidos pela caridade que jamais passará.


Fonte: Missal Cotidiano – Editora Paulus – pp. 461-462

Pequei, Senhor Deus

                                                                    

Pequei, Senhor Deus

Um ato penitencial em tempos difíceis por que passamos passar.
Ora menos, ou mais, são nossas súplicas, que sobem como incenso,
chegando ao mais alto dos céus; alcançando a misericórdia divina.

Pequei, Senhor Deus. Tenha misericórdia de mim, porque sou pecador.
Por vezes ter naufragado no mar impetuoso das paixões desmedidas,
Ou mesmo por ter inflamado as labaredas do incêndio das vãs paixões.

Pequei, Senhor Deus. Tenha misericórdia de mim, por ter consentido
E me entregado, desenfreadamente, aos pecados capitais:
Soberba, avareza, luxúria, gula, ira, inveja e preguiça.

Pequei, Senhor Deus. Tenha misericórdia de mim, quando desnorteado,
Ardendo em impaciência, por objetivos não alcançados,
até mesmo ignorando Tua presença, existência, amor e bondade.

Pequei, Senhor Deus. Tenha misericórdia de mim, pelo sono não dormido;
Por tresnoitar, passando noites em claro, duvidando de Tua graça,
Como se dela prescindir pudesse, e tudo por próprias forças resolver.

Pequei, Senhor Deus. Tenha misericórdia de mim, por cegueira vivida,
Mergulhado em tormentos, aflição e angústias do cotidiano,
Procurando respostas e saídas tão apenas com recursos humanos.

Pequei, Senhor Deus. Tenha misericórdia de mim, quando desfaleci,
Sem forças para me levantar, levado pelos ventos dos dissabores,
E deixei-me arder e me consumir, na frágua do padecer, quase morrer.

Pequei, Senhor Deus. Tenha misericórdia de mim, quando desertificado,
E em meu apertado coração, como um cálice de amargura,
Não me uni ao Cálice Sagrado, e não bebi da Tua Salutar Bebida.

Pequei, Senhor Deus. Tenha misericórdia de mim. Volto a Ti
De coração contrito e humilhado, meus pecados tantos confesso,
Indigno e pecador que sou, clemência e misericórdia Te peço. Amém. Aleluia!

PS: Oportuno para rezarmos o Salmo 50

De Natã para Davi

                                                        

De Natã para Davi

Ó Davi que fizeste?
Tu que a Deus serviste,
Tu que a Deus desapontaste,
Reencontra o teu caminho,
Reorienta os teus passos.

Liberta-te dos laços que te afastam
Do laço eterno e indispensável;
Dos laços da ternura divina te reenvolva,
De Deus, goze inesgotável carinho.

Ó Davi que fizeste?
Tu que por Deus foste escolhido,
Desobedeceste a quem deve ser temido!
Tua humana fragilidade existencial
te afastou do bem, te inclinou ao mal.

Abra teus lábios e a Deus cante,
A Ele que nos perdoa a cada instante,
Reconheça com humildade teu pecado.

O Salmo por ti rezado não é apenas teu:
“Tende piedade, ó meu Deus, misericórdia!
Na imensidão de Vosso Amor, purificai-me!
Lavai-me todo inteiro do pecado
E apagai completamente a minha culpa!” (Sl 50, 3-4)

A tua confissão também não é apenas tua:
“Pequei contra o Senhor!” (2Sm 12,13)


PS: Inspirado na 1ª Leitura (2Sm 12, 1-7a.10-17) da Liturgia da Palavra do 3º Sábado do Tempo Comum - ano par.

Em poucas palavras...

 


                    Enriquecidos pelas virtudes divinas

"Toda a vida cristã se funda e se eleva sobre uma série admirável de ações divinas, pelas quais a graça de Deus nos manifesta sabiamente todos os Seus prodígios. 

De tal modo isto acontece que, embora se trate de Mistérios que escapam à capacidade humana de compreensão e que inspiram um profundo temor reverencial, nem assim vacile a fé, esmoreça a esperança ou esfrie a caridade".(1)



(1) Papa São Leão Magno (séc V)

“Oração a Cristo”

                                                      

“Oração a Cristo”

Elevemos a Deus esta Oração a Cristo do Papa São Paulo VI, em que se dirige a Cristo, nosso único medianeiro.

“Ó Cristo, nosso único medianeiro.

Tu és necessário: para entrarmos em comunhão com Deus Pai; 
para nos tornarmos contigo, que és Filho único e Senhor nosso, 
Seus filhos adotivos; 
para sermos regenerados no Espírito Santo.

Tu és necessário, ó único verdadeiro mestre das verdades ocultas e indispensáveis da vida, 
para conhecermos o nosso ser e o nosso destino, o caminho para O conseguirmos.

Tu és necessário, ó Redentor nosso, para descobrirmos a nossa miséria e para a curarmos; 
para termos o conceito do bem e do mal e a esperança da santidade; para deplorarmos os nossos pecados e para obtermos o Seu perdão.

Tu és necessário, ó irmão primogênito do gênero humano, 
para encontrarmos as razões verdadeiras da fraternidade entre os homens, os fundamentos da justiça, os tesouros da caridade, o sumo bem da paz.

Tu és necessário, ó grande paciente das nossas dores, 
para conhecermos o sentido do sofrimento e 
para lhe darmos um valor de expiação e de redenção.

Tu és necessário, ó vencedor da morte, 
para nos libertarmos do desespero e da negação e 
para termos certezas que nunca desiludem.

Tu és necessário, ó Cristo, ó Senhor, ó Deus conosco, 
para aprendermos o amor verdadeiro e 
para caminharmos na alegria e na força da Tua caridade, 
ao longo do caminho da nossa vida fatigosa, 
até ao encontro definitivo contigo amado, esperado, 
bendito nos séculos. Amém”.

O jardim de nossa alma

                                                        

O jardim de nossa alma

Senhor, professamos nossa fé e amor por Vós,
que sois o Grão por quem foi feito o mundo,
Iluminando as trevas e renovando a Igreja,

Senhor, fostes o Grão suspenso na Cruz, com tanta eficácia que, 
mesmo estando cravado, somente com Vossa Palavra 
raptastes o ladrão do madeiro e o transladastes às delícias do paraíso.

Vós sois o Grão ferido pela lança no Seu lado,
Destilando para os sedentos uma Bebida de imortalidade,
Quando do Vosso lado aberto, água e sangue verteram.

Vós sois o Grão de mostarda, descido do madeiro e depositado no horto, 
e cobristes toda a terra com os Seus ramos,
Para que neles fôssemos enxertados e nutridos pela Seiva do Vosso Amor.

Vós sois, Senhor, o Grão depositado no horto,
Plantando Vossas raízes até o inferno, e,
tomando convosco as almas que ali jaziam.

Sois, Senhor, o Grão que, em três dias, as almas levastes para o céu,
Com Vossa Ressurreição e Ascensão. À direita do Pai,
Sentado para reinar sobre tudo e sobre todos e todo o universo.

Ó Senhor, Vós inaugurastes o Reino dos Céus 
e nos apresentastes semelhante a um grão de mostarda, 
que um homem tomou e o semeou em seu horto.

Senhor, Vós sois a Semente de vida semeada na terra por Deus Pai; 
o gérmen de imortalidade que reconciliais com Deus 
e ao mesmo tempo nos alimentais!

Semeai este Grão de mostarda no horto de nossa alma,
Pois assim, seremos um horto bem regado, 
um manancial de águas cuja veia nunca seca.

Senhor, que a Vossa Palavra seja plantada em nosso coração, 
no horto de nossa alma, tornando nosso coração 
o chão fértil onde ela possa cair e produzir os frutos que esperais.

Senhor, que continuemos no permanente caminho de conversão 
da mente e do coração, fecundando a Vossa Divina Semente da Boa- Nova, vivendo com alegria e ardor como discípulos Vossos.

Senhor, nutridos da Mesa da Eucaristia, pelo Vosso Corpo e Sangue, remédio de imortalidade e antídoto para não morrer, firmes no bom combate, continuemos, até que um dia, possamos a glória alcançar. 

Senhor, que divirtamo-nos convosco sob esta árvore, com a dança dos Anjos, glorificando ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo, agora e sempre e por todos os séculos dos séculos. Amém.


PS: Inspirado no Sermão do Bispo São João Crisóstomo (séc. IV) sobre o grão de mostarda.

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