quinta-feira, 4 de julho de 2024

Deus, o grande incompreendido

                                                   

Deus, o grande incompreendido

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Mateus (Mt 9,9-13), em que se contempla quão misericordioso é o nosso Deus. 

Assim Se expressa o Senhor:

– “Aprendei, pois, o que significa: ‘Quero misericórdia e não sacrifício’De fato, eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores” (v. 13).

Vejamos o que nos diz o Comentário do Missal Cotidiano:

Deus foi sempre o grande incompreendido por parte dos homens. Incompreendido em Seu agir, em Suas intervenções, incompreendido em Seu silêncio, incompreendido em Suas exigências e em Sua lei.

Mas a incompreensão maior e mais estranha refere-se à Sua misericórdia. É a incompreensão de quem não crê na misericórdia de Deus, de quem tem medo d’Ele, de quem treme ao pensar em comparecer à Sua presença, e foge do mal unicamente para evitar os Seus castigos...”.

Quem poderá compreender o Coração de Deus?

Quem souber viver a misericórdia para com o próximo, na sincera e frutuosa prática da acolhida, do perdão, superação.

Quem souber saborear a mais bela e pura alegria que nasce do perdão dado e recebido.

Quem não crer que o ódio, o rancor, o ressentimento fossilizarão ou criarão raízes nas entranhas mais profundas do coração.

Quem souber transformar o coração de pedra num coração de carne, terno e manso, para que nele Deus possa frutuosa e ricamente fazer Sua morada.

Quem não crer que a obscuridade ao outro deva ser para sempre imposta pelo seu erro, tropeço, falha.

Quem souber compreender na exata medida o erro cometido, sem nada acrescentar, e ter também a maturidade de se colocar no lugar do outro, porque todos somos passíveis de erros.

Quem do Senhor Jesus mesmos sentimentos, pensamentos e ações tiver. Quem como Ele agir. Quem souber gerar e formar Cristo em Si e no outro, no amor que renova, recria, reencanta, refaz, reconduz...

Quem poderá compreender o Coração de Deus?

Ó incompreendido Amor de Deus que questiona o amor humano, tão pequeno, quantificável, porque limitado, medido, calculado, com parcimônia por vezes comunicado.

Ó incompreendido Amor de Deus, que o nosso assim também o seja. Amor não é para ser compreendido, amor é para amar, simplesmente; sem teorias, explicações, racionalizações. Amor de Cruz, que ama, acolhe, perdoa, renova, faz renascer e rompe a barreira do aparentemente impossível.

O Amor vivido no extremo da Cruz, foi, é e será para sempre o verdadeiro Amor. Tão incompreendido, mas tão necessário e desafiador para a humanidade em todo tempo.

Amor que, se vivido, nos credencia para a eternidade de Deus, que é a vivência e mergulho na plenitude de Seu amor, luz, alegria, vida  e paz. Amém.

PS: Proclamado no Sábado depois das cinzas a passagem paralela -  Evangelho de Lucas (Lc 5,27-32).

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