“Amo porque amo, amo para amar”
O Abade e Doutor, São Bernardo de Claraval, (séc. XII), escreveu um Sermão, à luz do “Cântico dos Cânticos”.
“O amor basta-se a si mesmo, em si e por sua causa encontra satisfação. É seu mérito, seu próprio prêmio.
Além de si mesmo, o amor não exige motivo nem fruto. Seu fruto é o próprio ato de amar. Amo porque amo, amo para amar!
Grande coisa é o amor, contanto que vá a seu Princípio, volte à sua Origem, mergulhe em sua Fonte, sempre beba donde corre sem cessar.
De todos os movimentos da alma, sentidos e afeições, o amor é o único com que pode a criatura, embora não condignamente, responder ao Criador e, por sua vez, dar-lhe outro tanto.
Pois quando Deus ama não quer outra coisa senão ser amado, já que ama para ser amado; porque sabe que serão felizes pelo amor aqueles que O amarem. O amor do Esposo, ou melhor, o Esposo-amor somente procura a resposta do amor e a fidelidade. Seja permitido à amada responder ao Amor!
Por que a esposa - e esposa do Amor – não deveria amar? Por que não seria amado o Amor? É justo que, renunciando a todos os outros sentimentos, única e totalmente se entregue ao amor, aquela que há de corresponder a ele, pagando amor com amor. Pois mesmo que se esgote toda no amor, que é isto diante da perene corrente do amor do outro?
Certamente não corre com igual abundância o caudal do amante e do Amor, da alma e do Verbo, da esposa e do Esposo, do Criador e da criatura; há entre eles mesma diferença que entre o sedento e a fonte.
E então? Desaparecerá por isto e se esvaziará de todo a promessa da desposada, o desejo que suspira, o ardor da que a ama, a confiança da que ousa, já que não pode de igual para igual correr com o gigante, rivalizar a doçura com o mel, a brandura com o cordeiro, a alvura com o lírio, a claridade com o sol, a caridade com aquele que é a caridade?
Não. Mesmo amando menos, por ser menor, se a criatura amar com tudo o que é, haverá de dar tudo. Por esta razão, amar assim é unir-se em matrimônio, porque não pode amar deste modo e ser menos amada, de sorte que no consenso dos dois haja íntegro e perfeito casamento. A não ser que alguém duvide ser amado primeiro e muito mais pelo Verbo”.
Reflitamos sobre a motivação do próprio viver; das pequenas e grandes coisas que fazemos.
Quantas coisas fazemos por motivações, às vezes ocultas, às vezes até mesmo indizíveis...
São Bernardo nos provoca a redimensionar nossa prática pastoral, nossa vida familiar, compromissos sociais...
- Quais são as verdadeiras motivações de tudo que fazemos?
Reflitamos:
- Nosso agir tem como causa primeira o amor?
E, após cada gesto de doação e serviço, movidos pelo amor, digamos:
“Amo porque amo, amo para amar”.
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