sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Santo Alberto Magno: sabedoria e santidade

                                                        



Santo Alberto Magno: sabedoria e santidade 

Santo Alberto Magno, um dos Santos da Igreja que marcou profundamente a minha vida pessoal por tudo que fez como Bispo, Pastor e Doutor da Igreja, cuja Memória é celebrada dia 15 de novembro.

Quando nos dispomos a conhecê-lo, vemos quão pertinente é a sua contribuição para os dias atuais, em que procuramos o equilíbrio no relacionamento entre a fé e a razão.

“Alberto, chamado ‘Magno’, quando ainda estava vivo, foi um grande homem não somente nas ciências humanas, mas também na sabedoria cristã, cultivando durante toda a vida uma profunda união com Deus e um grande amor pela humanidade.

Nasceu aproximadamente no ano 1200 em Lauingen, na Baviera (Alemanha), e, quando o pai se transferiu para a Itália no séquito de Frederico II, aproveitou para continuar seus estudos na Universidade de Pádua, onde era muito vivo o interesse pelas ciências naturais.

Ali encontrou o sucessor de São Domingos, o beato Jordão de Saxônia, geral dos dominicanos.

Ele tinha ido a Pádua para pregar aos jovens universitários. Nessa ocasião, dez estudantes pediram para seguir o ideal dominicano. Entre esses, estava Alberto de Lauingen.

Embora os estudos fossem sua paixão, Alberto colocou de lado os seus livros e correu atrás do ideal de São Domingos.

Jordão de Saxônia, que havia percebido o talento do rapaz, mandou-o logo para Colônia. Tinha cerca de 23 anos e, depois do noviciado e dos estudos teológicos, foi mestre de Teologia nas escolas da sua ordem, primeiro em Hidelsheim, depois em Friburgo, em Ratisbona, em Strasburgo, em Colônia, em Paris e daí novamente em Colônia.

Neste período teve a oportunidade de aprofundar seu conhecimento sobre Aristóteles. O pensamento aristotélico estava penetrando no mundo acadêmico daquele tempo por intermédio do filósofo Averróis, que o apresentava como inimigo da visão cristã tradicional, a visão agostiniana.

Alberto, homem sereno e objetivo, quis estudar Aristóteles sem preconceitos, procurando as traduções imperfeitas existentes e não encontrou nele aquele inimigo da Igreja que outras pessoas lhe haviam descrito.

A pedido dos seus confrades começou a escrever uma vasta enciclopédia.

Ao comentar Aristóteles e citando também autores como o árabe Averróis e o judeu Moisés Maimônides, teve a oportunidade de aprofundar a Lógica, a Retórica, a Ética, a Política, a Metafísica e as várias ciências naturais, como a Matemática, a Astronomia, a Física, a biologia, tudo quanto tinha sido produzido na bacia mediterrânea dos tempos antigos até aquele momento.

Durante vinte anos trabalhou nessa obra monumental, abriu o pensamento europeu para a experimentação e estimulou os cristãos a não terem medo das ciências humanas, porque elas são portadoras da verdade e não podem senão ajudar na compreensão das verdades da fé.

Naturalmente ele não aceitava de olhos fechados tudo o que Aristóteles, Platão e os seus comentaristas haviam escrito. Expunha com objetividade o pensamento de outrem, mas também o corrigia, o completava e às vezes o refutava.

Mas era tão forte naquele tempo a aversão ao aristotelismo também por parte de alguns dominicanos, que Alberto teve de responder com palavras muitas vezes fortes:

‘Existem alguns que, por ignorarem as coisas, querem de todos os modos combater o emprego da Filosofia e, sobretudo, entre os dominicanos, onde não existe e ninguém que se opunha a eles. São como animais brutos que se atiram contra coisas que não conhecem’.

Um discípulo, porém, o entendia perfeitamente: Tomás de Aquino. Se tivemos uma Suma Teológica do pensamento cristão na Idade Média, devemos não só ao gênio de Tomás, mas também à mente iluminada de Alberto que abriu a estrada para Tomás de Aquino.

Foi devido ao seu interesse que Tomás ocupou a cátedra universitária dominicana em Paris”.

Santo Alberto Magno foi um homem de governo e construtor da paz:

“Do ano de 1253 a 1256, Alberto foi provincial da sua ordem na Alemanha. Homem de muitos livros revelou-se também experiente na arte de governar.

Viajando frequentemente e a pé, visitou os quarenta mosteiros dos frades da Holanda até a Áustria e os numerosos conventos das dominicanas, instruindo, corrigindo e sobretudo fomentando a vida de Oração e a concórdia nas comunidades.

Pensava já em poder entregar-se em tempo integral à sua tarefa de escritor, quando o Papa o elegeu bispo de Ratisbona.

A diocese, por causa das lutas internas, encontrava-se em um estado de causar dó quanto ao acerto econômico e moral.

Cumprida sua tarefa, pediu e foi exonerado do governo da diocese para levar adiante os seus estudos, mas no ano de 1261, Urbano IV o encarregava de pregar a cruzada nos países de língua alemã”.

Seus últimos anos foram marcados pela dedicação à ciência e à Oração:

“Em 1277, enquanto vivia tranquilo no convento de Wursburg, tomou conhecimento de que o bispo de Paris, Estevão Tempier, tinha condenado dezenove teses, algumas das quais sustentadas por Tomás de Aquino.

Alberto, embora já de idade avançada, seguiu para Paris e defendeu o pensamento do seu discípulo, a fim de que a ignorância e a inveja não fizessem retroceder perigosamente o pensamento cristão.

Dois anos depois redigia o seu testamento, deixando aos pobres suas coisas e aos dominicanos de Colônia seus livros.

Sua caminhada, por tantos anos repleta de uma intensa atividade intelectual, agora escorria na Oração silenciosa e profunda.

Morreu em 15 de novembro de 1280 e foi sepultado em Colônia. Para a canonização, precisou aguardar o ano de 1931, quando PIO XI o proclamou Doutor da Igreja e PIO XII, em 1941, o nomeou padroeiro dos cultores das ciências naturais”.

Santo Alberto Magno: um Doutor universal de saber enciclopédico:

“A formidável atividade literária de Santo Alberto é entendida como a mais gigantesca da Idade Média.

Ela se estende a quase todas as ciências sacras e profanas, e a tudo o que de melhor foi produzido pelas civilizações gregas, latina e árabe.

O seu mérito principal consiste em ter intuído o valor da filosofia aristotélica e em tê-la introduzido na cultura contemporânea, purificada das falsas e artificiais interpretações orientais, e integrada com o pensamento de Platão.

Mais que um construtor de novos sistemas, Santo Alberto foi um diligente recolhedor de materiais, que tornaram possível ao seu grande discípulo a síntese filosófico teológica.

Na Exegese Bíblica, deu realce ao sentido literal e histórico, contrariamente ao uso do tempo; em Moral, moderou o aristotelismo com o platonismo agostiniano; na Mística, com os comentários ao pseudo-Dionísio, deixou assim grandes traços para contribuir para aquele reflorescimento da vida espiritual que na Alemanha e nos Países Baixos tomará o nome de Devoção moderna.

Mas acima de tudo precisamos acrescentar que ele não separou nunca a atividade literária de uma profunda união com Deus”.

Urge aprofundar sobre a intrínseca relação entre a fé e a cultura, e voltar às sábias fontes da Igreja, como este luminar.

Com Santo Alberto Magno, aprendemos que as ciências humanas e as ciências divinas são degraus para chegar até Deus.

Uma autêntica ciência colocada a serviço do homem e da mulher, não nos distancia de Deus, assim como uma fé autêntica, lapidada, não nos exila do convívio com Deus, ao contrário, nos insere cada vez mais numa relação íntima e frutuosa, para que os valores do Reino aconteçam: amor, verdade, justiça, fraternidade, liberdade, vida, paz...


PS: Citações extraídas da “Revista Ave-Maria” – novembro de 2014 – pp. 14-16.

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