Perdão sem limites, um eterno aprendizado
“Se cada um não perdoar
a seu irmão, o Pai não vos perdoará”
Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Mateus (Mt 18,21-19,1), em que o Senhor nos convida a viver o perdão sem limites, um eterno aprendizado:
“Qualquer que seja o motivo que leva Pedro a fazer sua pergunta uma coisa é certa; ele quer que Jesus confirme a existência de um limite no exercício da caridade cristã.
É confortador saber quando e onde se pode, com tranquila consciência, ignorar as injunções da caridade cristã (pois é mais interessante saber quando cessam do que onde começam tais obrigações).
Parece de fato mais que justo que em certo momento possamos dizer: “Basta! afinal somos homens!” Queremos ser o eco do nosso ambiente…
Jesus, porém, nos diz que devemos ser o eco daquilo que Deus fez por nós. Ninguém é homem pelo fato de poder “explodir”, mas pelo fato de poder desenvolver em si e transmitir aos outros aquilo que Deus nos deu.
A lei do perdão é vinculante não facultativa; é como um contrato firmado com o Sangue de Cristo. Ora, depende de mim ratificá-lo derramando sobre os meus semelhantes aquilo que Deus me deu: “Eis como meu Pai celeste agirá convosco…” (v.35) (1)
A segunda fonte, sobre o perdão, afirma:
"Temos uma ideia tão elevada do perdão que nunca a utilizamos realmente... As pessoas perdoam ou então fingem: no máximo pensam que não querem vingar-se.
É verdade, humanamente não é possível perdoar. O perdão é somente dom de Deus, um dom intenso. Por isso a palavra perdão deriva duma palavra utilizada na Idade Media, per-dom, a qual significa precisamente ‘dom profundo’... podemos e devemos perdoar porque fomos perdoados.
Assim escreveu Graham Greene – “ninguém suporta não ser perdoado: só Deus é capaz disso”. Mas perdoar é possível graças ao dom de Deus que previne qualquer iniciativa nossa e como resposta a um amor maior...
Só num percurso de fé podemos exercer o perdão na vida concreta, por exemplo, para com quem não consegue considerá-lo na sua vida de homem: o perdão não é a fraqueza de quem não sabe fazer valer as suas razões, mas a novidade que rompe as cadeias que tornam a pessoa amarrada a si mesma” (2)
É sempre tempo para dar e pedir perdão; e somente é possível porque antes por Deus fomos perdoados, por um perdão e Amor sem medida e sem méritos.
Porque amados e perdoados, podemos de devemos amar e perdoar, pois sem o quê, não poderíamos rezar a Oração que o Senhor nos ensinou.
Somente a prática do perdão nos faz verdadeiramente livres, rompendo as amarras que nos reduzem horizontes e movimentos.
O perdão é algo que não se aprende e se vive totalmente. Sempre teremos algo a aprender na escola do perdão com o Divino Mestre da Misericórdia que nos amou e nos perdoou. Somos, nesta escola maravilhosa, eternos aprendizes.
Quanto mais perdoarmos e formos perdoados, mais livres seremos e mais semelhantes ao Divino Mestre o seremos. Não podemos nos dizer cristãos sem a graça do perdão recebido e partilhado.
Bem sabemos o quanto difícil o é. Haverá algo mais belo que um perdão dado e recebido, um relacionamento restaurado?
A leveza e a alegria do Espírito, só alcança quem vive a graça do perdão.
Temos muito a aprender. Não recuemos! Avancemos, pois assim é a vida de fé.
PS: Liturgia da terça-feira do 3ª semana da Quaresma: Dn 3,25.34-43; Sl 25 (24); Mt 18,21-35.
(1) Missal Cotidiano - Editora Paulus - pág. 238
(2) cf. Lecionário Comentado - Tempo da Quaresma
Nenhum comentário:
Postar um comentário