São Tomé viu e
tocou as chagas gloriosas do Senhor
Quando celebramos a Festa
do Apóstolo São Tomé, ouvimos a passagem do Evangelho de São João (Jo 20,24-29),
em que Jesus Se manifesta no centro da comunidade, reunida no primeiro dia da
semana, com as portas fechadas, com medo dos judeus.
Da mesma forma, oito dias depois, agora
com a presença de Tomé e a sua profissão de fé, quando toca as Chagas gloriosas
do Senhor.
Vejamos o que nos diz o Bispo e Doutor
Santo Agostinho (séc. V):
“Não lhes bastou vê-Lo com os próprios
olhos, quiseram apalpar com as mãos Seu corpo e as cicatrizes das feridas
recentes; até o ponto de que o discípulo que tinha duvidado, tão prontamente
como tocou e reconheceu as cicatrizes, exclamou: Meu Senhor e Meu Deus! Aquelas
cicatrizes eram as credenciais d’Aquele que tinha curado as feridas dos demais.
O Senhor não podia ressuscitar sem as
cicatrizes? Sem dúvida, mas sabia que no coração de Seus discípulos ficaram
feridas que haveriam de ser curadas pelas cicatrizes conservadas em Seu corpo.
E o que respondeu o Senhor ao discípulo que, reconhecendo-O por seu Deus,
exclamou: Meu Senhor e meu Deus? Disse-lhe: Crestes porque
me vistes? Bem-aventurados os que creram sem terem visto.
A quem chamou de bem-aventurados,
irmãos, senão a nós? E não somente a nós, mas a todos os que venham depois de
nós. Porque, não muito tempo depois, tendo-Se apartado de seus olhos mortais
para fortalecer a fé em seus corações, todos os que doravante crerão n’Ele,
crerão sem ver-Lhe, e sua fé teve grande mérito: para conquistar essa fé,
mobilizaram unicamente Seu piedoso coração, e não o coração e a mão
comprovadora.” (1)
Deus nos concede a graça de sermos
chamados Bem-aventurados, porque cremos sem nunca ter visto, sem nunca ter
tocado.
A profissão de fé de Tomé possibilitou que também viéssemos a afirmar
nossa fé no Cristo Vivo, Glorioso, Ressuscitado, Aquele que vive e reina pelos
séculos dos séculos. Amém.
Roguemos ao Senhor que cure nossas
cicatrizes de tantos nomes, para que curados por suas gloriosas Chagas, nos
coloquemos em atitude de anunciadores e testemunhas de Sua Palavra e Projeto de
Vida Plena para todos.
Não permitamos que as dificuldades que
ferem nossos sonhos, levem-nos a perder a fé nas gloriosas Chagas, crendo que
as chagas provisórias podem nelas se transformar e nos conduzir a novos espaços
e sagrados compromissos.
Como Tomé, é preciso que creiamos,
tenhamos uma fé no poder de Deus, que cura as feridas e cicatrizes de nossa
alma, portanto, supliquemos sempre:
“Meu Senhor e Meu Deus!” Curai-me. Fortalecei-me. Enviai-me para Vos testemunhar com
fidelidade, coragem e ardor. Amém.
Aleluia
(1) Lecionário
Patrístico Dominical – Editora Vozes – 2013 – p.597
PS: Festa celebrada dia 03 de julho.
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