quinta-feira, 27 de novembro de 2025

Vigiar e Orar

                                                                


Vigiar e Orar

Tempo de vigiar e orar, tempo de a fé viver,
para solidificar a esperança na vivência de uma
autêntica caridade para com o próximo.

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Lucas (Lc 21,20-28).

Trata-se de um convite que o Senhor nos faz para que preparemos Sua vinda gloriosa, tornando, assim, nossa vida mais luminosa e alegre; portanto, uma mensagem de alegria, confiança, esperança e compromisso na acolhida do Filho do Homem, Jesus, que faz acontecer o Projeto de um mundo novo.

Retrata os últimos dias da vida terrena de Jesus e a iminente destruição de Jerusalém (anos 70 D.C.), como de fato aconteceu.

Jesus anuncia uma Palavra de ânimo, “é preciso levantar a cabeça porque a libertação está próxima” (Lc 21,28). 

A comunidade não pode se amedrontar, mas deve abrir o coração à esperança, em atitude de vigilância e confiança.

A salvação não pode ser esperada de braços cruzados. Ela nos é oferecida como dom: Jesus vem, mas é preciso reconhecê-Lo nos sinais da história, no rosto dos irmãos, nos apelos dos que sofrem e buscam a libertação.

É preciso deixar que Ele transforme nossa mente e o coração para que Ele apareça em nossos gestos e palavras, em toda a nossa vida.

Celebramos a esperança de um mundo novo que há de vir e que depende de nosso testemunho: o Reino vem e acontece como realidade escatológica, ou seja, não será uma realidade plena neste tempo em que vivemos. Será plenitude somente depois que Cristo destruir definitivamente o mal que nos rouba a liberdade e ainda nos faz escravos.

Trabalhamos e nos empenhamos pelo Reino, que é já e ainda não, pois ainda que muitas coisas tenhamos feito e o mundo tornado melhor, ainda não será o “tudo melhor” que Deus tem reservado para nós. 

O Reino de Deus é uma realidade inesgotável, imensurável e indescritível, e o vemos em sinais.

Por ora, é preciso vigiar e orar, numa esperança que nos leve a viver uma caridade ativa tornando fecunda a nossa fé, ajudando o próximo a se reerguer de novo.

“A esperança não decepciona”

                                                             

“A esperança não decepciona”

Num mundo marcado por desorientações generalizadas, intolerância religiosa, angústias cotidianas, pandemias, diante de pequenos e grandes problemas ou desafios; o sentido da precariedade e da provisoriedade; da liquidez do tempo e da própria vida (modernidade líquida, segundo Zigmunt Bauman), e tantos outros fatos, que poderiam ser mencionados, como falar da esperança, ou mais ainda, como manter viva a esperança?

Nas páginas da Sagrada Escritura, encontramos o anúncio de um Deus que salva e liberta Seu povo, mantendo viva a Sua esperança, como vemos na passagem do Evangelho de Lucas (Lc 21,20-28).

É exatamente nos momentos difíceis, em que a perturbação e a angústia parecem querer nos apoderar, mantendo-nos prisioneiros de suas cadeias, é que temos que manter a coragem, firmados na esperança de que a libertação está próxima:

Quando estas coisas começarem a acontecer, levantem-se e ergam a cabeça, pois a libertação de vocês está próxima”, nos disse Jesus, nosso Senhor” (Lc 21,28).

Manter viva a esperança contra toda a esperança, como nos falou o Apóstolo Paulo aos romanos (Rm 4,18), referindo-se a Abraão: “Esperando contra toda esperança, ele acreditou. E assim ele se tornou pai de muitas nações, como lhe fora dito”.

Portanto, não se trata de uma esperança ingênua e inconsequente, mas uma esperança que se apoia na constância e na perseverança, com seu fundamento em Cristo:

“Portanto, tendo sido justificados pela fé, estamos em paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. Por meio d’Ele, através da fé, tivemos acesso a esta graça, na qual estamos firmes e nos gloriamos na esperança da glória de Deus. Mas não apenas isso. Nós nos gloriamos também nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a perseverança, a perseverança produz a experiência comprovada, a experiência comprovada produz a esperança. E a esperança não decepciona, pois o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,1-5).

Deste modo, cremos que somente por meio d’Ele a nossa esperança se torna atuação da libertação e a nossa vida se torna vida em liberdade (libertação de nós mesmos para a abertura necessária ao próximo e suas necessidades).

É possível falar e manter viva a esperança, porque sabemos em quem confiamos, e tudo podemos n’Aquele que nos fortalece (Fl 4,13).

Cremos que Deus é o nosso refúgio na tribulação, assim como é a nossa força em nossa fraqueza, e nos conforta no sofrimento, concedendo-nos o perdão de nossas culpas, reencontramos a alegria na experiência viva e contínua de Sua misericórdia, que nos renova, redime e nos recoloca no caminho, sem que nos curvemos diante das dificuldades e aparentes derrotas.

Crer na vida nova do Ressuscitado, é fazer da vida constantes passagens, até que façamos a mais importante de todas: a passagem definitiva da morte para a vida eterna.

Jesus, a Verdade em Pessoa

                                              

Jesus, a Verdade em Pessoa

“A verdade vos tornará livres” (Jo 8,32)

“Senhor, fazei de nós instrumentos da Vossa paz.
Fazei-nos reconhecer o mal que se insinua em uma comunicação que não cria comunhão.

Tornai-nos capazes de tirar o veneno dos nossos juízos.
Ajudai-nos a falar dos outros como de irmãos e irmãs.

Vós sois fiel e digno de confiança;
fazei que as nossas palavras sejam sementes de bem para o mundo:
onde houver rumor, fazei que pratiquemos a escuta;

onde houver confusão, fazei que inspiremos harmonia;
onde houver ambiguidade, fazei que levemos clareza;

onde houver exclusão, fazei que levemos partilha;
onde houver sensacionalismo, fazei que usemos sobriedade;
onde houver superficialidade, fazei que ponhamos interrogativos verdadeiros;

onde houver preconceitos, fazei que despertemos confiança;
onde houver agressividade, fazei que levemos respeito;
onde houver falsidade, fazei que levemos verdade.
Amém.”




PS: Acesse, se desejar, e leia a mensagem na integra para o 52º Dia Mundial das Comunicações Sociais (2018), que tem como Lema “A verdade vos tornará livres

Oração do Papa Francisco a Jesus, a Verdade em Pessoa, inspirada na conhecida oração franciscana.

Peregrinos da esperança, compromisso com a paz

 


Peregrinos da esperança, compromisso com a paz

 
Na Mensagem  para o 52º Dia Mundial das Comunicações Sociais (2018), que teve como Lema “A verdade vos tornará livres” (Jo 8, 32), e como tema: – “Fake news e jornalismo de paz”, o Papa Francisco nos apresentou uma oração inspirada na conhecida oração franciscana, muito oportuna para que a retomemos e rezemos em todo o tempo:
 
“Senhor, fazei de nós instrumentos da Vossa paz.
Fazei-nos reconhecer o mal que se insinua em uma comunicação que não cria comunhão.
 
Tornai-nos capazes de tirar o veneno dos nossos juízos.
Ajudai-nos a falar dos outros como de irmãos e irmãs.
 
Vós sois fiel e digno de confiança;
fazei que as nossas palavras sejam sementes de bem para o mundo:
 
onde houver rumor, fazei que pratiquemos a escuta;
onde houver confusão, fazei que inspiremos harmonia;
onde houver ambiguidade, fazei que levemos clareza;
onde houver exclusão, fazei que levemos partilha;
onde houver sensacionalismo, fazei que usemos sobriedade;
onde houver superficialidade, 
fazei que ponhamos interrogativos verdadeiros;
onde houver preconceitos, fazei que despertemos confiança;
onde houver agressividade, fazei que levemos respeito;
onde houver falsidade, fazei que levemos verdade. Amém.”
 
Vivamos Ano Jubilar (2025), como peregrinos da esperança e comprometidos com a paz, afinal, como nos falou o Apóstolo Paulo: “A esperança não decepciona” (cf. Rm 5,5).
 

O “imperativo da hora”

                                                       

O “imperativo da hora”

Acolher a Boa-Nova do Evangelho, é pautar a vida pelo “imperativo da hora”.
Muitas são as atividades que nos acompanham dia a dia, até o momento
Em que a morte põe um ponto final provisório, rompido com a Ressurreição,
com páginas a serem escritas na primavera celestial, em que as flores não morrem.

Mas, pode acontecer que, imprudentes como as virgens que ficaram dormindo,
Fiquemos a bater para que a porta se abra para a festa da eterna núpcias,
E ouviremos o Senhor nos dizer, para epílogo eterno de desespero:
“Digo-vos que não sei de onde sois” (Lc 13, 25 ) – será tarde demais!

É hoje, e mais que hoje, é agora a hora de nossa corajosa decisão:
Conversão permanente, na vigília e na Oração, no cotidiano ressoadas
Em gestos, pensamentos e palavras de caridade sempre vivenciadas,
Esperança enraizada na fé, sem covardia, com o Reino comprometidos.                                                                          
É o tempo da graça, tão favorável para nossa salvação,
Apenas a Deus adorando, no próximo, o amor vivenciando,
Sem a perda da liberdade, no uso dos bens que passam
Para abraçar e alcançar com alegria os bens eternos.

“imperativo da hora” não nos permite vacilo e letargias.
Comendo e bebendo do Verdadeiro Pão e Verdadeira Comida,
A nós oferecidos em cada Santa Eucaristia, Banquete de Amor,
Sem medo de a Ele nos entregarmos, n’Ele nos abandonando totalmente.

É agora o imperativo do bem fazer e, com Ele, do mal se livrar.
É a hora de o bom combate da fé viver, completar a corrida,
A Ele entregarmos nossa vida, nosso ser, porque tão somente assim
Vida plena haveremos de ter, e a coroa da glória um dia receber.
Amém! Aleluia!

PS: Oportuno para a reflexão das passagens do Evangelho: Mt 25,1-13; Lc 16,1-13; 21,34-36

Dai-nos, Senhor, prudência e simplicidade de coração

                                                         

Dai-nos, Senhor, prudência e simplicidade de coração 

Sejamos enriquecidos pela Homilia da divina fonte da Tradição da Igreja: a Homilia do Bispo e doutor da Igreja, São João Crisóstomo (séc. IV).
 
“Enquanto somos ovelhas, vencemos e ficamos por cima, seja qual for o número dos lobos que nos rodeiam. Se, ao contrário, formos lobos, seremos vencidos; não teremos a ajuda do pastor. Pois este apascenta ovelhas, não lobos; abandonar-te-á e te deixará, porque não lhe dás ocasião de mostrar seu poder. 

O que o Senhor quer dizer é isto: Não fiqueis perturbados quando, ao vos enviar para o meio dos lobos, Eu vos ordeno ser como ovelhas e pombas. Eu vos poderia proporcionar o contrário: enviar-vos sem mal algum em vista, sem vos sujeitar ao lobo qual ovelha, porém, tornar-vos mais terríveis do que leões. 

Convém que seja assim. Isto vos fará mais refulgentes e proclamará meu poder. Dizia o mesmo a Paulo: Basta-te minha graça, pois a força se realiza na fraqueza (2Cor 12,9).
 
Fui Eu mesmo que estabeleci isto para vós. Ao dizer, pois: Eu vos envio como ovelhas (Lc 10,3), subentende: Não desanimeis por este motivo; Eu sei, certamente, Eu sei que assim sereis invencíveis. 

Em seguida, para que não viessem a pensar que poderiam conseguir algo por si mesmos, sem demonstrar que tudo vem da graça, e, assim, não julgassem ser coroados sem méritos, diz: Sede prudentes como serpentes e simples como pombas (Mt 10,16). 

Que vantagem terá nossa prudência entre tantos perigos? dizem eles. Como poderemos ter prudência, sacudidos por tantas ondas? Por maior que seja a prudência que uma ovelha possua, no meio de lobos, e de tão grande número de lobos, que poderá fazer? 

Seja qual for a simplicidade de uma pomba, que lhe adiantará, diante de tantos gaviões ameaçadores? Para aqueles que não entendem, nada certamente. Para vós, porém, será de muito proveito.

Mas vejamos a prudência que aqui se exige: a da serpente. Esta expõe tudo, até mesmo se lhe cortam o corpo, não se defende, contanto que proteja a cabeça. Assim também tu, diz Ele, à exceção da fé, entrega tudo: dinheiro, corpo, até mesmo a vida. 

A fé é a cabeça e a raiz; salva esta, tudo o mais que perderes, recuperarás depois ao dobro. Por isso, não ordenou ser só simples, nem só prudente; mas uniu as duas coisas, a fim de serem verdadeiramente uma força. Ordenou a prudência da serpente para não receberes golpes mortais; e a simplicidade da pomba, para não te vingares dos que te fazem o mal nem afastares por vingança os perseguidores. Sem ela, de nada vale a prudência. 

E não pense alguém ser impossível cumprir este preceito. Mais do que todos, conhece Ele a natureza das coisas; sabe que a ferocidade não se aplaca com a ferocidade, mas com a brandura.” (1)

Sejamos fortalecidos para maior correspondência na realização do Projeto do Senhor, na construção do Seu Reino, para que de fato Ele reine em nossos corações e em todo o universo. 

Se formos ovelhas do rebanho do Senhor, com Ele, venceremos todas as dificuldades, ameaças, provações, pois experimentaremos e testemunharemos o poder de Deus que age em nossa vida; de outro lado, não basta estar no rebanho, pois a falta de fidelidade e coerência de fé nos fará lobos, e então seremos vencidos. 

Enviados como cordeiros em meio aos lobos, é a ocasião em que o Senhor manifesta a Sua graça em nossa fraqueza. Não há porque desanimar, com Ele, somos invencíveis, como o próprio Paulo afirmou, mais que vencedores (Rm 8, 37). 

Urge que sejamos prudentes como as serpentes (não permitir o golpe mortal) e simples como as pombas (não fomentar a lógica da violência), a fim de que a ferocidade seja vencida com a brandura. 
 
Mantenhamos viva e intacta a fé, contra toda dificuldade e esperança.

Perseveremos no caminho da caridade, do amor, do perdão, que são marcas distintivas dos discípulos missionários do Senhor. 

Supliquemos ao Senhor para que Ele nos dê, por Seu Espírito, a prudência e a simplicidade necessárias, para que continuemos a missão a nós confiada. 

Oremos:
 
Senhor nosso Deus,
Que sois o refúgio na tribulação,
Força na fraqueza e conforto no sofrimento,
Concedei-nos a prudência e sabedoria necessárias,
Para que, como membros do Vosso rebanho,
Com coragem, combatendo o bom combate da fé,
Um dia, a glória da eternidade mereçamos receber,
E a Vossa glória celestial para sempre contemplar.
Amém. 


(1) Liturgia das Horas - Tempo Comum - Volume IV - pp.524-526

A beleza do Tempo do Advento (Ano A) (IDTAA)

                                                           



A beleza do Tempo do Advento (ano A)

Antes de apresentarmos a mensagem que a Liturgia da Palavra nos oferece, podemos assim entender o Tempo do Advento:

“Hoje nós não esperamos a vinda do Messias – que já apareceu em Belém há mais de dois mil anos – mas a Sua manifestação ao mundo. É nesta perspectiva que adquire sentido o Tempo que dedicamos à preparação do Natal, Tempo que mais do que ‘Advento’, deveria ser chamado ‘Preparação para o Advento’” (1).

Agora vejamos o que nos propõe a Liturgia:

- No primeiro Domingo (ano A) retrata a vinda escatológica de Jesus (a Sua segunda vinda gloriosa, que professamos e aguardamos na vigilância). Somos chamados a “atitude da vigilância”. Todos os textos proclamados evocam a manifestação do Senhor no fim dos tempos e a urgência da preparação para este final da história da humanidade na terra.

- No segundo Domingo (e também no terceiro) retrata a Sua vinda na História. A atitude que se ressalta é a “conversão”, a partir da voz de João Batista, que exorta a preparar os caminhos do Messias esperado.

- No terceiro Domingo, temos a identificação de Jesus testemunhado pelas Suas obras. De fato era Ele que haveria de vir. A marca deste Domingo é a “alegria”, pela Sua primeira vinda e a espera paciente e confiante de Sua segunda vinda.

- No quarto Domingo nos fala do “anúncio“ a José, sobre o nascimento do Filho de Maria como Salvador e Deus conosco.

Em relação à Palavra proclamada nestes Domingos:

- Na primeira leitura, percorremos um itinerário de consciência progressiva do caráter salvífico da vinda d’Aquele que foi prometido e que será reconhecido, no quarto Domingo, na Pessoa de Jesus de Nazaré.

- Na segunda Leitura, temos um convite a nos deixar conduzir pela vigilância, paciência e fidelidade às Escrituras, reconhecendo em Jesus, o Filho de Deus, e vivendo a obediência da fé.

Neste sentido, somos convidados à vigilância e à conversão, esperando com alegria e perseverança a chegada de Deus, na encarnação do Verbo, com a destruição da injustiça e da impiedade, trazendo a salvação para todos os que n’Ele crerem.

Concluindo, podemos afirmar que o Tempo do Advento é uma frutuosa introdução no Mistério do Ano Litúrgico e a celebração da tríplice vinda de Jesus: “As poucas semanas que precedem a Festa do Natal constituem uma importante iniciação ao Mistério insondável da Encarnação, que desde então é o âmbito em que vivemos na fé e na esperança” (2).

Sobre esta tríplice vinda, fiquemos com as palavras de São Bernardo (séc. XIII), em sua Homilia para o Advento:

“Na primeira vinda, o Senhor veio em carne e debilidade, nesta segunda, em espírito e poder; e na última, em glória e majestade. Esta vinda intermediária é como que uma senda por que se passa da primeira para a última: na primeira, Cristo foi nossa redenção; na última, aparecerá como nossa vida; nesta, é o nosso descanso e o nosso consolo” (3).


(1) Lecionário Comentado - Editora Paulus - p.35
(2) Missal Quotidiano Dominical e Ferial – Editora Paulus – Lisboa – 2011 pp. 27-28
(3) idem p.28

Quem sou eu

Minha foto
4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG