quinta-feira, 4 de setembro de 2025
Irradiemos, em todo o lugar, a luz do Senhor
Irradiemos, em todo o lugar, a luz do Senhor
quarta-feira, 3 de setembro de 2025
“Somos morada de Deus”
Vigilância necessária no relacionamento comunitário
Vigilância
necessária no relacionamento comunitário
Sejamos
enriquecidos pelo Sermão escrito pelo bispo e doutor da Igreja, Santo Agostinho
(séc. V), no aprofundamento da passagem do Evangelho de Marcos (Mc
9,38-43.45.47-48).
“Portanto,
quando escutas: Ai do mundo por causa dos
escândalos, não te assustes. Ama a lei de Deus e não haverá escândalo para
ti. Mas se aproxima a mulher te sugerindo não sei que mal. A amas como deve
amar-se a esposa, como membro teu que ela é. Mas se teu olho te escandaliza, se tua mão te escandaliza, se teu pé te
escandaliza, como ouviste no Evangelho: corta-os
e lança-os longe de ti.
Quem
te é muito querido, aquele a quem tens muito apreço, considera-o grande,
considera-o como teu membro querido enquanto não comece a escandalizar-te, ou
seja, a persuadir-te algum mal. Escutai que isto é o escândalo.
Colocamos
como exemplo a Jó e a sua esposa; porém, ali não aparece a palavra escândalo.
Escuta o Evangelho: Quando o Senhor se pôs a falar de sua paixão, Pedro começou
a dissuadir-lhe de padecer. Aparta-te de
mim, satanás, porque tu és para mim escândalo. Desta forma o Senhor, que te
deu o exemplo de como viver, te ensinou em que consiste o escândalo e o modo de
precaver-te dele.
Tendo-lhe
dito antes: Feliz és, Simão Bar Jona,
tinha manifestado que era seu membro. Mas quando começou a servir-lhe de
escândalo, cortou o membro; em seguida o refez e o repôs. Portanto, será
escândalo para ti quem comece a te persuadir para algum mal. E entenda-o bem
vossa caridade: isto acontece a maior parte das vezes não por malignidade, mas
por uma perversa benevolência.
Por
exemplo: teu amigo te vê, que te ama e a quem amas, teu pai, teu irmão, teu
filho, tua esposa; teu amigo te vê no mal e quer te fazer mal. O que é te ver
no mal? É te ver em alguma tribulação. Talvez a sofres por causa da justiça;
talvez a sofres porque não queres proferir um falso testemunho. Falei isto a
modo de exemplo. Estes abundam, visto que ai
do mundo por causa dos escândalos!
Por
exemplo: um homem poderoso, para alcançar seu despojo e conseguir seu roubo, te
pede o serviço do falso testemunho. Tu te negas; negas a falsidade, para não
negar a verdade. Para não perder tempo, ele se enfurece e, sendo poderoso, te
recompensa. Aproxima-se o teu amigo que não deseja ver-te em tal aperto com
estas palavras: ‘Suplico-te, faz o que te diz: que importância tem?’ Talvez se
repete o que satanás disse ao Senhor: Está
escrito de ti que enviará os seus anjos para que teu pé não tropece. Talvez
também este teu amigo, como vê que és cristão, quer persuadir-te com
testemunhos da lei a que faças o que ele pensa que deves fazer. ‘Faz o que diz’. ‘O quê?’ ‘O que ele deseja’.
‘Mas se trata de uma mentira, de uma falsidade’. ‘Não leste que todo homem é
mentiroso?’ Eis aqui já o escândalo. Trata-se de teu amigo; o que vais
fazer? É tua mão, teu olho: Arranca-o e
lança-o longe de ti. O que significa arranca-o e lança-o longe de ti? Não
consintas. Arranca-o e lança-o longe de
ti significa não consentir.
Os
membros de nosso corpo, pela coesão, formam uma unidade, pela coesão que vivem,
e pela coesão se unem entre si. Onde há dissensão há enfermidade ou ferida.
Portanto, visto que é teu membro, o amas; mas se te escandaliza, arranca-o e lança-o longe de ti. Não
consintas; afasta-o de teus ouvidos, talvez volte corrigido.” (1)
Na
vivência comunitária, devemos ser vigilantes na própria conduta, para que não
sejamos motivo de escândalo, fragilizando a convivência e fortalecimento de
nossas comunidades.
Bem
afirmou o bispo – “Ama a lei de Deus e
não haverá escândalo para ti”.
Na
prática fecunda do Mandamento do amor a Deus e ao próximo, não seremos causa de
escândalo, bem como, saberemos ajudar nosso próximo a retornar ao bom caminho,
na fidelidade ao Senhor.
Seja
em todo o tempo vivida a misericórdia em suas expressões, como nos lembra Santa
Faustina de Kowalskas:
“Vós
mesmo mandais que eu me exercite em três graus da misericórdia; primeiro: Ato
de misericórdia, de qualquer gênero que seja; segundo: Palavra de misericórdia
– se não puder com a ação, então com a palavra; terceiro: Oração. Se não puder
demonstrar a misericórdia com a ação nem com a palavra, sempre a posso com a
oração. A minha oração pode atingir até onde não posso estar fisicamente.
Ó meu Jesus, transformai-me em Vós,
porque Vós tudo podeis”. Amém.” (2)
(1)
Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes – 2013 – pp.477-478
(2)Santa Faustina Kowalska, escrito em 937, Diário (p.163 - Caderno I)
A oração e prática da Palavra divina
A
oração e prática da Palavra divina
Reflexão
à luz da Carta de São Tiago (Tg 1,17-18.21-22.27), sobre a inseparável relação
entre fé e obras.
O
autor da Carta nos exorta a não sermos meros ouvintes da Palavra, mas
praticantes, não nos enganando a nós mesmos.
A
fidelidade aos ensinamentos de Cristo nos compromete com o próximo
(representado na figura do órfão e da viúva), e nisto consiste a verdadeira
religião, pura e sem mancha: solidariedade vivida e vigilância, para não se
contaminar com os contravalores que o mundo apresenta.
É
preciso, portanto, superar a frieza, o legalismo e o ritualismo religioso,
procurando viver uma Religião comprometida com o Reino por Jesus inaugurado.
A
Palavra de Deus quer encontrar no coração humano a frutuosa acolhida, portanto,
há um itinerário da Palavra: acolher, acreditar, anunciar e testemunhar a
Palavra de Deus, que nos garante vida e felicidade plena.
É
preciso que demos mais tempo à Palavra de Deus, em frutuosa oração e reflexão,
que farão brotar novas atitudes e compromissos com Deus e o Seu Projeto para a humanidade.
É
sempre tempo de cultivar maior intimidade e compromisso com a Palavra de Deus,
e fundamental que valorizemos a prática da leitura orante com seus passos, a lectio divina, composta por quatro etapas: 1) lectio
(leitura), 2) meditatio (meditação),
3) oratio (oração) e 4) contemplatio (contemplação).
Em poucas palavras...
“Mas é Deus que primeiro chama o homem...”
“Mas é Deus que primeiro chama o homem. Muito embora o homem se esqueça do seu Criador ou se esconda da sua face, corra atrás dos ídolos ou acuse a divindade de o ter abandonado, o Deus vivo e verdadeiro chama incansavelmente cada pessoa ao misterioso encontro da oração.
Na oração, é sempre o amor do Deus fiel a dar o primeiro passo; o passo do homem é sempre uma resposta. A medida que Deus Se revela e revela o homem a si mesmo, a oração surge como um apelo recíproco, um drama de aliança.
Através das palavras e dos atos, este drama compromete o coração e manifesta-se ao longo de toda a história da Salvação.”
(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo 2.567
Em poucas palavras...
Pecados que bradam ao céu
“A tradição catequética lembra também a existência de «pecados que bradam ao céu».
Bradam ao céu: o sangue de Abel (Gn 4,10); o pecado dos sodomitas (Gn 18,20; 19,13); o clamor do povo oprimido no Egito (Ex 3,7-10); o lamento do estrangeiro, da viúva e do órfão (Ex 20,20-22); a injustiça para com o assalariado (Dt 24,14-15; Tg 5,4).” (1)
(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 1867
Deus misericordioso não quer que ninguém se perca
Deus
misericordioso não quer que ninguém se perca
“Prega a palavra, insiste a tempo
e fora de tempo” (cf. 2Tm 4,2)
Sejamos
enriquecidos pelo sermão sobre os pastores, escrito pelo bispo e doutor da
Igreja, Santo Agostinho (Sec. V).
“A
desgarrada não reconduzistes e a que se perdia não fostes procurar (Ez
34,4). Aqui às vezes caímos em mãos dos
ladrões e nos dentes dos lobos vorazes.
Rogamos,
pois, que oreis por estes nossos perigos.
Também as ovelhas são rebeldes.
Quando procuramos as erradias, declaram não ser nossas, para seu erro e
perdição: ‘Que quereis de nós? Por que nos procurais?’ Como se não fosse
o mesmo motivo que nos faz querê-las e procurá-las; porque se desviam e se
perdem. ‘Se estou no erro, diz, se na morte, que queres de mim? Por que me procuras?’ Justamente porque
estás no erro, quero reconduzir-te; porque te perdeste quero encontrar-te. ‘Quero
assim errar, quero assim me perder’.
Queres
vaguear assim, queres perder-te assim?
Muito bem, mas eu não quero. Ouso
dizer isto mesmo: sou importuno. Escuto
o Apóstolo que diz: Prega a palavra, insiste a tempo e fora de tempo (2Tm
4,2).
Com
quem, a tempo? Com quem, fora de
tempo? A tempo com os desejosos, fora de
tempo com os que não querem ouvir. Sou
inteiramente importuno, ouso dizer: ‘Tu
queres errar, tu queres perecer; eu não quero’. E afinal, não o quer Aquele que me faz
tremer.
Se
eu quiser o erro, vê o que me dirá, vê como me repreenderá: Ao desgarrado não
reconduzistes, ao que se perdera não fostes procurar. Temerei mais a ti do que a Ele? Teremos todos de nos apresentar ao tribunal
de Cristo (2Cor 5, 10).
Reconduzirei
a desgarrada, procurarei a perdida. Quer
queiras quer não, assim farei. E se, em
minha busca, os espinhos dos bosques me rasgarem, eu me obrigarei a ir por
todos os atalhos difíceis.
Baterei
todos os cercados; enquanto me der forças o Senhor que me ameaça, percorrerei
tudo sem descanso.
Reconduzirei
a desgarrada, procurarei a perdida. Se
não queres que eu sofra, não te desgarres, não te percas. E pouco dizer que tenho pena de ti,
desgarrada e perdida. Tenho medo de que, se te abandonar, venha a matar o que é
forte. Escuta o que se segue. E ao que era forte, matastes (Ez 34,3). Se eu abandonar a desgarrada e perdida, o que
é forte terá gosto em desgarrar-se e perder-se.”
Na fidelidade ao Deus de misericórdia, devemos fazer todo o esforço
para que nenhuma de Suas “ovelhas” se disperse, por isto é preciso insistir a
tempo e fora do tempo.
De fato, Deus jamais desiste de nós, e é Sua divina vontade que todos sejam salvos. Cabe a nós darmos nossa resposta livre e decidida de amor, sem jamais afastar de Seu rebanho, e do cumprimento de Sua vontade, sobretudo o amor a Ele acima de tudo e de todos. Amém.