domingo, 21 de dezembro de 2025

“Nunc Dimittis”

                                                          


“Nunc Dimittis”

A Igreja reza à noite, todos os dias, a Oração das Completas, e nela está contido o “Nunc Dimittis” - "agora deixe partir",  rezado por Simeão, homem justo e piedoso, quando da apresentação do Senhor no Templo (Lc 2,29-32).

Cristo, Luz das nações e glória de Seu povo, é um cântico evangélico que pode também ser rezado por quantos puderem nas orações da noite, ao terminar um dia de intensas atividades, preocupações e eventual cansaço, para um bom descanso e um novo dia bem iniciado:

“Antífona: Salvai-nos, Senhor, quando velamos, guardai-nos também quando dormimos! Nossa mente vigie com o Cristo, nosso corpo repouse em Sua paz!

“–29 Deixai, agora, Vosso servo ir em paz,
conforme prometestes, ó Senhor.

30 Pois meus olhos viram Vossa salvação
31 que preparastes ante a face das nações:

32 uma Luz que brilhará para os gentios
e para a glória de Israel, o Vosso povo.”

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. 
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Antífona: Salvai-nos, Senhor, quando velamos, guardai-nos também quando dormimos! Nossa mente vigie com o Cristo, nosso corpo repouse em Sua paz!

Natal: manjedoura, barca e cruz

 


Natal:  manjedoura, barca e cruz

 

“Temos no texto de hoje,
três agentes que participam nesse milagre da vida:
o Espírito Santo que gera, Maria que dá à luz, José dá o nome.” (1)
 

Que o Natal seja a Festa do Eterno Amor (o Espírito Santo), que veio ao encontro da humanidade por meio do Eterno Amado (Jesus Cristo), comunicador do pleno e infinito amor do Pai (o Eterno Amante).

Aprendamos com Maria e José a abertura aos desígnios divinos, que ultrapassam sempre nossos possíveis mesquinhos projetos e medidas bem como os horizontes.

Obediência à vontade divina, é critério incondicional para o autêntico Natal: nascimento da Vida, do Amor, da Luz que veio ao nosso encontro, ao Se fazer Deus Menino, e ao encarnar-Se, igual a nós, exceto no pecado.

Ele, Jesus na barca, à beira da praia, na montanha, na planície, sempre na proximidade e compaixão para com os pobres, nos ama, nos chama, nos envia, e a nós confia o Fogo e a Luz da Eterna Chama: o Santo Espírito do Pai, enviado para continuar Sua divina missão.

No Mistério da Encarnação, na manjedoura, lugar do alimento dos animais, foi posto; depois no Mistério de nossa Redenção, antes de ser glorificado, quis, para sempre, no altar, dar-Se em Comida e Bebida, Pão da Vida, Bebida de Imortalidade: A Santa Eucaristia. Amém.

 

(1)    Comentário de Pe Nilo Luza, ssp – Liturgia Diária – dezembro 2025 – p. 75

Minhas reflexões no Youtube

 
Acesse:

https://www.youtube.com/c/DomOtacilioFerreiradeLacerd d brba 

Maria que cremos e amamos

                                                         

Maria que cremos e amamos

Cremos que Maria foi acolhida na glória celeste por Jesus Ressuscitado, que está sentado à direita do Pai.

Cremos que Maria foi assunta ao céu, e, sobre a sua cabeça, foi colocada a coroa de doze estrelas. 

Cremos que, com a Assunção de Maria, se dá o nascimento para a plenitude da vida, associada à Ressurreição de Jesus. 

Cremos que Deus quis que Jesus tivesse Sua Mãe junto de Si para ficar bem perto de nós.

Cremos que ela, ao lado d’Ele, nos acompanha na grande comunhão e desejável proximidade.

Cremos que no coração de Maria, as coisas do Céu encontraram pleno espaço.

Cremos que no Imaculado Coração de Maria, Deus encontrou todo o espaço, e assim não faltou para ela espaço no céu: corpo e alma.

Cremos que Maria na Visitação, levou Jesus consigo à sua prima Isabel.

Cremos que na Assunção é Jesus que a leva para juntos de Si, do Pai e o Espírito.

Cremos que Maria no céu é glorificada, e esta também deve ser a nossa meta.

Imitemos suas virtudes, para adorarmos, em Espírito e Verdade, o seu Filho, fazendo tudo o que Ele, Jesus, nos disser (CF. Jo 2,5).

Natal: Não será apenas mais uma noite...

                                                     


Natal: Não será apenas mais uma noite...


“O anjo então lhes disse: ‘Não temais! Eu vos anuncio uma grande alegria, que será também a de todo o povo: hoje, na cidade da Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo.”      (cf. Lc 2,10-11)
 
Natal não será apenas mais uma noite como todas as outras,
Se não sequestrarmos seu autêntico conteúdo e sentido.
 
Será a celebração do nascimento do Verbo, Deus-Menino,
Que, fazendo-Se  Carne, vem redimir a humanidade e a história.
 
Emanuel, Deus-conosco, virá conosco caminhar,
Aprenderá com José e Maria os primeiros passos.
 
A noite escura de pecado para sempre iluminada será,
A graça, a paz, a luz aos pobres, pequeninos a comunicar.
 
Pulsará mais forte nosso pulso, e o coração a palpitar;
Com os anjos, glória a Deus, um hino haveremos de cantar.
 
A voz proclamou no deserto que Ele, Jesus, haveria de chegar;
A Palavra desde o princípio, em nossos corações, alegre acolhida.
 
Uma noite de alegre saudação, por todos os dias a se repetir:
Não seja reduzida à formal saudação, mas comunicação de amor.
 
Feliz Natal não reduzidos às luzes de vitrines, casas ou praças,
Mas expressão de amor e fidelidade à Palavra que não passa.
 
Que nosso Natal tenha matizes pascais,  alegria de Ressurreição.
Na fidelidade ao Senhor, na maceração, flagelação, mortificação.
 
Natal: renovemos a alegria incontida de discípulos missionários,
Do Senhor, intrépidas testemunhas com ardor a missionar.
 
Natal: nascimento do Verbo celebrado no altar,
Fé, esperança e caridade a vida toda a pautar. Amém.


Natal: Seja feita a Vossa vontade, Senhor! (IVDTAA)

                                                                   

Natal: Seja feita a Vossa vontade, Senhor!

Com a Liturgia do 4º Domingo do Advento (ano A), contemplamos e professamos a fé em Jesus Cristo, o Deus conosco que veio nos trazer a Salvação.

Na passagem da primeira Leitura (Is 7,10-14), a mensagem fundamental é que Deus nunca abandona o Seu povo e está sempre presente.

Com o Profeta, aprendemos que não se pode confiar em alianças efêmeras, passageiras, temporais (nações potentes, exércitos estrangeiros...). A confiança e a esperança devem ser tão apenas em Deus, do contrário, pode se incorrer em maior sofrimento e opressão.

É preciso que, como Povo de Deus, saibamos ler os sinais de Deus, para não confiarmos em falsas seguranças e ilusórias esperanças. Somente Deus, Sua presença e Palavra, devemos ter como nossa “rocha segura”.

Na passagem da segunda Leitura (Rm 1, 1-7), vemos que o verdadeiro encontro com Jesus, assim como aconteceu com o Apóstolo Paulo, culmina com o anúncio e testemunho d’Ele, de Sua Pessoa, Palavra e Projeto de Vida e Salvação.

Paulo se apresenta como o servo de Jesus Cristo (descendente de Davi), Apóstolo por chamamento e eleito para anunciar o Evangelho a todos os povos. Nisto consiste sua missão, que levou até o fim, culminando com o martírio e derramamento de sangue.

Com ele, aprendemos que a missão evangelizadora deve ser realizada com amor e espírito de serviço, com palavras e gestos concretos.

Na passagem do Evangelho (Mt 1,18-24), temos um texto catequético, em que nos é apresentado Jesus, o Deus conosco, que, ao Se encarnar, traz à humanidade um Projeto de vida e salvação, e para tanto, Deus quis contar com a colaboração humana (Maria e José).

Temos a descrição cuidadosa da mensagem do Anjo, e da revelação de quem é Jesus:

- Ele vem de Deus, com origem divina, pois Maria está grávida por obra do Espírito Santo;

- Sua missão é a Salvação de toda a humanidade, como indica o Seu nome;

- Ele é o Messias de Deus, da descendência de Davi, como por séculos fora anunciado (aqui o papel preponderante de José, com a paternidade adotiva).

Vivamos o Tempo do Advento como a graça do encontro com Jesus e a acolhida de Sua Pessoa, Palavra e Projeto, que transforma a nossa vida.

Vivamos o verdadeiro Natal, não um natal do consumismo, dos presentes trocados, das refeições mais enriquecidas.

Mais que comemorar o Natal, celebremos o Natal do Senhor, aprendendo com Maria e José, que acolheram o Verbo e permitiram que Ele crescesse em tamanho, sabedoria e graça diante de Deus.

Que o sim de Maria e de José leve-nos a refletir sobre os “sins” que Deus espera de todos nós para que o Seu Projeto de amor, vida, luz e paz, chegue a todas as pessoas.

O verdadeiro Natal ocorrerá em nossa vida quando formos totalmente sim para Deus e Sua vontade, e se preciso for, revendo nossos caminhos e projetos pessoais, colocando os Seus desígnios e vontade acima de nossas próprias vontades e caprichos.

Natal é a Luz de Deus que vem iluminar nossos caminhos obscuros, sobretudo quando vemos noticiários cotidianos em que a mentira, a maldade, o roubo, o desmando, a corrupção parecem prevalecer sobre as atitudes e pessoas de boa vontade. 

Maria Santíssima que a Igreja nos ensina a crer

 


Maria Santíssima que a Igreja nos ensina a crer

“Cremos que Maria Santíssima, que permaneceu sempre Virgem, tornou-se Mãe do Verbo Encarnado, nosso Deus e Salvador, Jesus Cristo; e que por motivo desta eleição singular, em consideração dos méritos de seu Filho, foi remida de modo mais sublime, e preservada imune de toda a mancha do pecado original; e que supera de longe todas as demais criaturas, pelo dom de uma graça insigne.

Associada por um vínculo estreito e indissolúvel aos mistérios da Encarnação e da Redenção, a Santíssima Virgem Maria, Imaculada, depois de terminar o curso de sua vida terrestre, foi elevada em corpo e alma à glória celestial; e, tornada semelhante a seu Filho, que ressuscitou dentre os mortos, participou antecipadamente da sorte de todos os justos.

Cremos que a Santíssima Mãe de Deus, nova Eva, Mãe da Igreja, continua no céu a desempenhar seu ofício materno, em relação aos membros de Cristo, cooperando para gerar e desenvolver a vida divina em cada uma das almas dos homens que foram remidos.” (1)

 

(1) Solene Profissão de fé na conclusão do «Ano da Fé» proclamado por ocasião do XIX centenário do martírio dos Apóstolos Pedro e Paulo em Roma – Papa São Paulo VI  – Praça de São Pedro -  30/06/1968 – parágrafos nn.14-15.

Mergulhemos com coragem nos Mistérios profundos de Deus! (IVDTAA)

                                               

Mergulhemos com coragem nos Mistérios profundos de Deus!

A Liturgia do 4º Domingo do Advento (Ano A) nos exorta para que intensifiquemos a preparação desta Festa do Natal do Senhor, com conversão, renovação e fortalecimento de nossa fidelidade ao Senhor.

A Liturgia da Palavra nos convida à purificação de indesejáveis alianças com falsos deuses que não nos alcançam a verdadeira alegria, somente assim teremos a possibilidade de um Natal bem celebrado. 

É imperativo a eliminação destas alianças, pois a verdadeira alegria só pode vir da Fonte das fontes, a Fonte da plena alegria, Cristo Jesus. Não percamos tempo em renovar nossa aliança de amor e fidelidade com Deus. Ele toma a iniciativa e espera nossa resposta.

Na passagem do Evangelho (Mt 1,18-24),  Deus gera Seu Filho, pelo orvalho do Espírito, no ventre de Maria. Uma vez gerado, acolhido, concebido, em vida doada no amor extremo de Cruz, e exaltado  por Sua gloriosa Ressurreição, nos reconciliará com Deus, fazendo-nos novas criaturas.       

Assim  é o Amor de Deus: gera a Fonte de amor - Jesus. Recria cada um de nós no Amor do Filho, por isto somos, d’Ele, amadas e preciosas criaturas... Em nós, faz morada pelo Espírito... 

Haverá Mistério mais belo e profundo a ser contemplado na Encarnação, Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus? 

Como é belo o Natal quando não esvaziamos o seu conteúdo Pascal; quando não o reduzimos a um fato do passado, a imóveis imagens num presépio!

Contemplemos duas figuras exemplares do Evangelho: Maria e José. Por trás da aparente singeleza da narrativa do sim de ambos, evidencia-se a dramaticidade vivida, a angústia, o temor... 

Não marcados pela ausência divina, ao contrário, uma proximidade que arranca de seus corações expressão de total confiança, um salto no escuro exigido pela fé para o reencontro com o esplendor da luz e da verdade. Entregam-se plenamente nas mãos de Deus, acolhem Seus desígnios que ultrapassam os limites humanos.

Maria e José nos levam a refletir quantas vezes titubeamos, tememos, oscilamos... A tibieza nos acompanha e manchamos o verdadeiro sentido do Natal, esvaziando-o de autêntico conteúdo, quando marcado pelo consumismo, ceias que nada expressam, presentes que não são acompanhados de verdadeiro amor e carinho; cartões grafados sem a tinta imprescindível do Espírito; a tinta do amor.

Maria e José, ainda que não compreendam os Mistérios e desígnios de Deus, confiam e não se contrapõem ao mesmo, exemplarmente mergulham na obscuridade do Mistério de Deus. E este é o grande convite de Deus para nós neste Natal: aceitar participar do Seu Plano de Salvação, não por nossos méritos, mas por Sua misericórdia.

A Salvação de Deus para nós é possível, mas não dispensa nossa liberdade de resposta e participação. 

Na escola de Maria e José aprendemos, a Deus, entregar todo nosso ser, nossa corporeidade, mente, espírito, tempo, fragilidade e nossa força na acolhida no mais profundo de nós, no presépio, mais ainda, na manjedoura de nosso coração Aquele que veio, vem e virá!

Eis o que nos levará a uma autêntica devoção à Nossa Senhora e ao seu justo e corajoso esposo José, aquele que tão bem soube cuidar da Fonte da Vida!

Que o Advento seja Tempo favorável de nos rejuvenescermos no amor de Deus, e assim no Natal saborearmos a alegria de nos doarmos aos irmãos, como tão bem fizeram Maria e José.

Deus vem ao nosso encontro... Abracemos com alegria esta proposta de Salvação. 

Fecharmo-nos a Deus, eclipsando-O de nossas vidas e negarmos Cristo, fará desaparecer o sentido e o valor da vida. A esperança dará lugar ao desespero, bem como a alegria sucumbirá dando lugar à depressão; afundaremos no lodaçal do pecado, da escuridão, do desamor, do rancor, da injustiça, da solidão... Desintegração pessoal, humano-afetiva, espacial e cósmica que trará funestas consequências, instaurando o caos indesejável, afastando-nos do sonho e desejo de Deus: o Reino, o reencontro do paraíso em passos firmes e certos para a plenitude do Seu amor – céu...

Diante do presépio nos coloquemos e uma vez extasiados pela singeleza do mesmo, renovemos nossa fidelidade a Deus, revigoremo-nos no Banquete da Eucaristia; deixemo-nos iluminar pela Luz Divina que a Palavra resplandece.

Com Maria e José, aprendamos que a promessa da vinda do Salvador não foi uma promessa inócua, jamais realizada; aprendamos com eles que Deus promete, Deus cumpre, pois é próprio do amor de Deus cumprir Suas promessas. 

Com eles, busquemos a Salvação que se destina a todos, não por imposição, mas acolhida com amor e liberdade, maturidade e fidelidade. Depende do quanto, a ela, nos abrimos na acolhida do Verbo que em nós mais uma vez quer fazer morada...

Ainda é tempo de preparar um lugar digno para a presença do Deus Menino, lá no mais profundo de nós, do que nós de nós mesmos. Afinal, é próprio do amor de Deus querer habitar no coração daqueles que Ele ama!



PS: IV Domingo do Advento -(ano A) -  Liturgia da Palavra: Is 7,10-14; Sl 23; Rm 1,1-7; Mt 1,18-24 

Sejamos inundados pelo Santo Espírito (IVDTA)

                                          


Sejamos inundados pelo Santo Espírito

Acolhamos a Exposição sobre o Evangelho de São Lucas, escrita pelo Bispo Santo Ambrósio  (Séc. IV), na qual reflete sobre a visitação da Virgem Maria à sua prima Isabel, que se encontrava grávida e em idade avançada, aquela que era estéril, mas para Deus nada é impossível.

O Anjo anunciara à Virgem Maria coisas misteriosas. Para fortalecer sua fé com um exemplo, anunciou-lhe a maternidade de uma mulher idosa e estéril, como prova de que é possível a Deus tudo que Ele quer.

Logo ao ouvir a notícia, Maria dirigiu-se às montanhas, não por falta de fé na profecia ou falta de confiança na mensagem, nem por duvidar do exemplo dado, mas guiada pela felicidade de ver cumprida a promessa, levada pela vontade de prestar um serviço, movida pelo impulso interior de sua alegria.

Já plena de Deus, aonde ir depressa senão às alturas? A graça do Espírito Santo ignora a lentidão. Manifestam-se imediatamente os benefícios da chegada de Maria e da presença do Senhor, pois quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança exultou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo (Lc 1,41).

Notai como cada palavra está escolhida com perfeita precisão e propriedade: Isabel foi a primeira a ouvir a voz, mas João foi o primeiro a pressentir a graça; aquela ouviu segundo a ordem da natureza, este exultou em virtude do Mistério.

Ela percebeu a chegada de Maria, ele, a do Senhor; a mulher ouviu a voz da mulher, o menino sentiu a presença do Filho; elas proclamam a graça de Deus, eles realizam-na interiormente, iniciando no seio de suas mães o Mistério de misericórdia; e, por um duplo milagre, as mães profetizam sob a inspiração de seus filhos.

A criança exultou, a mãe ficou cheia do Espírito Santo. A mãe não se antecipou ao filho; mas estando o filho cheio do Espírito Santo, comunicou-o a sua mãe. João exultou; o espírito de Maria também exultou.

A alegria de João se comunica a Isabel; quanto a Maria, porém, não nos é dito que recebesse então o Espírito, mas que seu espírito exultou. – Aquele que é incompreensível agia em sua mãe de modo incompreensível – Isabel recebe o Espírito Santo depois de conceber; Maria recebeu antes. Por isso, Isabel diz a Maria: Feliz és tu que acreditaste (cf. Lc 1,45).

Felizes sois também vós, que ouvistes e acreditastes, pois toda alma que possui a fé concebe e dá à luz a Palavra de Deus e conhece Suas obras.

Esteja em cada um de vós a alma de Maria para engrandecer o Senhor: em cada um esteja o espírito de Maria para exultar em Deus. Embora segundo a natureza haja uma só Mãe do Cristo, segundo a fé o Cristo é o fruto de todos; pois toda alma recebe o Verbo de Deus desde que, sem mancha e libertada do pecado, guarda a castidade com inteira pureza.

Toda alma que alcança esta perfeição, engrandece o Senhor como a alma de Maria o engrandeceu e seu espírito exultou em Deus, seu Salvador.

Na verdade, o Senhor é engrandecido, como lemos noutro lugar: Comigo engrandecei ao Senhor Deus (Sl 33,4). Não que a palavra humana possa acrescentar algo ao Senhor, mas porque Ele é engrandecido em nós: a imagem de Deus é o Cristo e assim, quando alguém age com piedade e justiça, engrandece essa imagem de Deus, a cuja semelhança foi criado; e, engrandecendo-a, participa cada vez mais da grandeza divina.”

Retomemos a iluminadora afirmação: 

"A graça do Espírito ignora a lentidão”. Reflitamos sobre esta afirmação.

O Espírito Santo ignora a lentidão, por isto Maria plena do Espírito pôs-se apressadamente ao encontro de sua prima para servir com alegria, ficando o tempo necessário e retornando, sabendo a hora de entrar e sair de cena.

Viver é colocar-se em constante atitude de serviço, em plena prontidão, mas, no tempo certo, sair de cena. O que verdadeiramente conta são as sementes que se lançou a serem fecundadas pelo Espírito de Deus, que faz germinar abundantemente todo bem que se faz.

Em tempo do Advento, quem melhor do que Maria para nos ajudar na preparação para um autêntico Natal, celebração do Nascimento do Deus Salvador, o Emanuel, Deus que conosco vem caminhar? Maria, sem dúvida alguma!

Ao se aproximar mais um Natal, que não tardemos em sua preparação, para que mais uma vez sejamos inundados pela graça, amor e luz que nos vêm de Deus por meio de Jesus Cristo, em plena comunhão com Santo Espírito.

Oremos:

“Senhor, Deus, ao anúncio do Anjo, a Virgem Imaculada acolheu Vosso Verbo inefável e, como habitação da divindade, foi inundada pela luz do Espírito Santo.

Concedei que, a Seu exemplo, abracemos humildemente a Vossa vontade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.” 

Irromperá no coração vigilante a luz e a alegria do Natal!

                                                                       

Irromperá no coração vigilante a luz e a alegria do Natal!

Tempo do Advento, um tempo tão rico e expressivo marcado por quatro semanas em que preparamos a chegada do Verbo em nosso meio, para que o Natal seja muito mais que banquetes com comidas e bebidas, presépios, árvores de natal, amigos secretos e trocas de presentes...

Há de ser a Festa da alegria em acolher o Menino Deus em cada coração humano, manjedoura acolhedora do Verbo: Sol nascente e luz sem ocaso, que vem aquecer e iluminar nossos passos.

O Tempo do Advento nos coloca na mais profunda atitude de oração, com novenas, confissões... Na oração assídua, vigiamos atentos na espera d’Aquele que veio, vem e virá.

Em Sua primeira vinda veio na humildade da Carne. Virá na manifestação de Sua Glória.

Na vigilância e em oração somos fortalecidos no bom combate da fé, vivendo o tempo da Igreja, o tempo do Espírito e do testemunho, ao redor da Mesa da Palavra e da Eucaristia.

Colocamo-nos em atitude de vigilância, percebendo Sua vinda nos acontecimentos.

Encontramos o Senhor da glória na História da Salvação e na vida da humanidade.  

É muito cômodo ficarmos contemplando aquela criança na manjedoura, com Sua docilidade, ternura... Mas, é preciso contemplar nesta mesma criança, Aquele que anunciou a Boa Nova do Reino, que passa pelo jugo da cruz, numa fidelidade ao Projeto do Pai e um Amor que ama até o fim.

A Cruz que revela a força desarmada do amor.

Há de se recuperar o sentido Pascal do Natal! 

Natal e Páscoa não são duas festas distintas!  
                                                
Natal, iluminado pelo Mistério Pascal, é sempre apelo e expectativa de mudança, de conversão de preparação dos caminhos para Sua chegada. Passagens haverão de acontecer em nossa vida:  Do pecado para a graça, da discórdia à comunhão, do ódio ao amor.

O Menino Deus vem ao nosso encontro trazendo em Suas mãos a Cruz como instrumento de trabalho.

Todo coração humano é como terra a ser lavrada. Que nossa alma seja lavrada com o lenho da Cruz, e que nela o Cristo plante o maravilhoso jardim do Espírito, lançando as sementes do Verbo, de Sua Palavra, como nos dizia o Bispo São Macário no século IV.

Deixemos que a Luz do Natal invada o mais profundo de nós manifestando-a em todos os lugares: na família, na comunidade e na sociedade, porque estará abundante e transbordante em nosso coração.

Ela, invadindo no mais profundo de nós mesmos, onde Deus se encontra, irromperá a mais agradável surpresa de alguém que espera e não se decepciona.

Que Ele renasça neste mais profundo de nós, em lugar privilegiado e imprescindível, o coração humano, tornando-se impossível ocultar Sua luz...

Coração humano:

Mais que presépio, uma manjedoura para o Deus Menino!
Mais que uma manjedoura, um sacrário para o Deus Eucarístico!
Como sacrário, morada do Altíssimo, do Deus Diviníssimo!
Morada da pleníssima Luz que a humanidade aquece e ilumina!

Embora por nós imerecidos, templo privilegiado do Altíssimo!
Embora pecadores, habitação não mui digna do Santíssimo! Amém!

Maria, a Mãe que cremos e amamos

                                                                  


Maria, a Mãe que cremos e amamos

Maria, cremos que tu és:

- A primeira discípula, quem melhor aprendeu as coisas de Jesus, teu Amado Filho;

- A primeira daqueles que «escutam a Palavra de Deus e a põem em prática» (Lc 11, 28);

- A primeira a colocar-se entre os humildes e pobres do Senhor para nos ensinar a esperar e receber, com confiança, a salvação que vem apenas de Deus;

- A primeira a quem Jesus parecia dizer: “Segue-me”, mesmo antes de dirigir este chamamento aos Apóstolos ou a quaisquer outros (cf. Jo 1, 43)»;

- Modelo de fé e caridade para a Igreja pela sua obediência à vontade do Pai, cooperadora na obra redentora do seu Filho na abertura à ação do Espírito Santo;

- Aquela a quem mais valeu ser discípula de Cristo do que ter sido mãe de Cristo, como nos falou Santo Agostinho;

- Mais discípula que mãe, a primeira e a mais perfeita discípula de Cristo;

- Mãe, e que  Cristo te entregou a nós porque não quer que caminhemos sem uma mãe;

- A Mãe fiel que se tornou «Mãe de todos os que creem, e ao mesmo tempo, é «a Mãe da Igreja evangelizadora, e nos acolhe assim como Deus nos quis convocar, não apenas como indivíduos isolados, mas como Povo que caminha;

- A nossa Mãe, que quer sempre caminhar conosco, estar perto, ajudar-nos com a sua intercessão e o seu amor;

- A Mãe do Povo fiel que, movida por uma ternura amorosa, caminha em meio ao seu povo e cuida das suas angústias e vicissitudes. Amém.

 

PS: Fonte - Dicastério para a Doutrina da Fé  Mater Populi fidelis - Nota doutrinal sobre alguns títulos marianos referidos à cooperação de Maria na obra da Salvação – parágrafos n.73.76

 

Superemos e afastemos toda a lentidão

                                                           

Superemos e afastemos toda a lentidão

Inspiradoras são as palavras do Bispo Santo Ambrósio (séc. IV), para nos prepararmos para o Natal do Senhor e fazermos nossos planos para o ano novo que se aproxima: 

Logo ao ouvir a notícia, Maria dirigiu-se às montanhas não por falta de fé, nem por duvidar do exemplo dado, mas guiada pela felicidade de ver cumprida a promessa, levada pela vontade de prestar um serviço, movida pelo impulso interior de sua alegria. Já plena de Deus, aonde ir depressa senão às alturas? A graça do Espírito Santo ignora a lentidão. Manifestaram-se imediatamente os benefícios da chegada de Maria e da presença do Senhor, pois quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança exultou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo...”.

Emoção e gratidão pulsam nas entranhas do coração ao olhar para o ano que haveremos de iniciar e ver o quanto se fez, como Igreja que somos.

A ação evangelizadora somente pode ser realizada com amor, empenho, dedicação nas inúmeras reuniões, encontros, Sacramentos, formações, manifestações, enfim, múltiplas atividades, sempre contando com a graça do Espírito Santo, que ignora a lentidão, mas conhece a fecundidade da prontidão e a mais bela atitude dos humildes, a gratidão pelas graças recebidas de Deus.

Alegremo-nos com descortinar de um novo ano, sempre assistidos pelo fogo do Espírito, e concretizemos nossos sonhos e projetos.

Afastemos toda a lentidão, para não entristecermos o Espírito de Deus, que de nós espera sempre pronta e imediata disponibilidade, como encontrou no coração de Maria. Como o poeta, nossos olhares tenham fome de horizontes novos...

A evangelização nas cidades nos desafia: “permaneçamos na cidade”, não em atitude estática, mas extática diante das manifestações maravilhosas de Deus através de Sua Igreja, procurando caminhos para concretizar sinceros de conversão; fortalecimento de uma catequese de inspiração catecumenal; santificação e solidificação da família; evangelizar pelos diferentes meios de comunicação social; fortalecimento da opção pelos pobres em alegre acolhida do outro e, assim, a Deus acolhermos.

Nossas cidades, como Judá, têm suas “montanhas”, que são os inúmeros desafios que se nos apresentam... Urge que aprendamos, com Maria, a nos colocarmos prontamente a caminho no encontro do outro, para que levemos a alegria da presença de Deus.

Somente quando nos pomos a caminho Deus aparece e Sua alegria transborda, como naquele encontro de Maria e Isabel, que até hoje ressoa em nossos ouvidos e coração.

Com a graça do Espírito, superemos e afastemos toda a lentidão; que tenhamos mãos e joelhos fortalecidos, como bem profetizou Isaías (Is 35,3), e o coração, pela Palavra e Eucaristia, nutrido, para a Semente do Verbo lançar, sem esquecer de que nada teremos para semear se antes a Palavra, no mais profundo de nós, não acolhermos e, que uma vez regada e fecundada, frutos abundantes hão de se multiplicar.

Como Maria, ponhamo-nos a caminho sem demora, letargia, desculpas. Evitemos todos os retrocessos inúteis e indesejáveis; se recuos houver que seja para rever erros e multiplicar acertos, pois como muito bem disse o bispo: “A graça do Espírito ignora a lentidão”.

Sintamos o transbordamento da alegria de amar e servir, para que não sejamos ignorados pelo Espírito, e com Maria, aprendamos, para no caminho da Evangelização, mais do que empenhados, horizontes inéditos alcançarmos.

Copiosas bênçãos divinas continuem a cair sobre nós, e nada façamos sem invocar o Divino Espírito:

“Vinde Espírito Santo, enchei os corações dos Vossos fiéis e acendei neles o fogo do Vosso amor...”.

Em poucas palavras... (IVDTAA)

                                                   

A concepção virginal é uma obra divina

“As narrativas evangélicas (Mt 1, 18-25: Lc 1, 26-38) entendem a conceição virginal como uma obra divina que ultrapassa toda a compreensão e possibilidade humanas (Lc 1,34): «O que foi gerado nela vem do Espírito Santo», diz o anjo a José, a respeito de Maria, sua esposa (Mt 1, 20).

A Igreja vê nisto o cumprimento da promessa divina feita através do profeta Isaías: «Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho» (Is 7, 14), segundo a tradução grega de Mt 1, 23.”

 

(1)               Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 497


Em poucas palavras... (IVDTAA)

                                                


O Mistério da Encarnação

No texto evangélico de hoje (Mt 1,18-24), são apresentados os três personagens que encabeçam o início dos acontecimentos definitivos:

- o Filho de Deus, tornado homem, Jesus e o Emanuel (vv. 21-23): Maria de Nazaré, esposa de José, tornada mãe de Jesus por obra do Espírito Santo (vv.18-20); José, da casa de David, chamado a fazer de pai do Filho de Deus e de Maria, ao impor-Lhe o nome de Jesus (vv. 1-9-20.24).” (1)

 

 

(1) Lecionário Comentado – Volume Advento/Natal – Editora Paulus – Lisboa – 2011 – pág. 168-169

4º Domingo do Advento - Ano A

Sejamos envolvidos nos sonhos de Deus (IVDTAA)

                                                         

Sejamos envolvidos nos sonhos de Deus

A passagem do Evangelho (Mt 1,18-24) nos fala do nascimento de Jesus, que nascerá de Maria, prometida em casamento a José, filho de Davi.

A figura de José é marcada, nesta passagem, pela fé e humildade. Ele soube manter a justa compostura em face do Mistério da Encarnação; abriu-se aos desígnios divinos, expressando sinceridade e abertura ao anúncio do Anjo.

Assim afirma o Missal Cotidiano, à luz desta atitude de José:

“Só quem está disposto à franca obediência a Deus, ouvirá sua Palavra e poderá colaborar em sua obra, porquanto só quem sabe ouvir sabe também obedecer. Quando a parte puramente humana faz silêncio, tem-se o coração aberto para ouvir e executar o querer divino”. (1)

José é modelo para nós de alguém que crê em Deus, e está sempre atento às Suas revelações, pronto a deixar-se envolver nos Seus sonhos.

Somente quem sabe ouvir, sabe obedecer. Assim foi José diante de Deus, assim também haveremos de ser sempre, para nos abrimos aos Mistérios dos desígnios divinos.

Um dos mais belos aprendizados a ser feito durante toda a vida: aprender a ouvir o Senhor, que nos fala, por vezes, na aparente ausência, e, sobretudo na ausência das palavras multiplicadas de nossa parte. 

Silenciar-se diante de Deus para que Ele possa nos falar, afinal Ele é a Palavra, e tem a Palavra certa em todos os momentos de nossa vida.

Aprendamos com José a nos envolver nos sonhos e Projetos divinos, para que em nossa vida não se multipliquem pesadelos, fazendo ruir nossos projetos. 

Coloquemos acima de tudo o querer de Deus a nosso respeito e o Projeto que Ele tem para cada um de nós a realizar.

Somente quando nos envolvemos nos sonhos de Deus, aprendemos o necessário silêncio para escutá-Lo, e nossa vida ganha cor, beleza, alegria e luz. Somente assim, poderemos sentir e celebrar o verdadeiro Natal do Senhor em nossa vida.

Concluamos com esta oração, por intercessão de São José, homem justo, temente e piedoso, que muito tem a nos ensinar:

Oremos:

"Deus Todo-Poderoso, que na aurora nos novos tempos confiastes a São José a guarda dos Mistérios da Salvação dos homens, concedei à Vossa Igreja, por Sua intercessão, a graça de os conservar fielmente e de os realizar até à sua plenitude. Por N.S. J. C. Amém.” (1)



(1)         Missal Cotidiano - Editora Paulus - pág.79
(2)        Oração da Coleta - Missa em louvor a São José.

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