Vigiar e orar em todo o tempo
"Eis que venho em breve, trazendo comigo a minha recompensa, para retribuir a cada um segundo as suas obras." (Ap 22,12)
Vigiar e orar em todo o tempo
"Eis que venho em breve, trazendo comigo a minha recompensa, para retribuir a cada um segundo as suas obras." (Ap 22,12)
Silêncio
orante diante do Trono
“Através
d’Ele (Jesus Cristo morto na Cruz) é dado aos crentes a força na fraqueza, a
glória na humilhação, a vida na morte”. (1)
Fixei
por um tempo meus olhos nos Teus,
Vítima
de olhares de insanas crueldades.
Como
podemos crucificar quem nos viu
Com
olhar de ternura, de misericórdia?
Olhos
fixos em Teus lábios quase inertes,
Relembrando
Tuas palavras como fogo,
Labaredas
divinas que aquecem nossos medos,
De
tantas situações por que possamos passar.
Contemplei
Teus ouvidos, sempre prontos a ouvir
Nossos
gritos, súplicas e, por vezes, injustos lamentos.
No
trono, ainda ouves palavras imerecidas,
E
o canto da morte Te envolve, mas não será o último.
Tua
face marcada pela dor, agonia, flagelo...
Para
nos devolver a imagem maculada pelo pecado;
Traços
desfigurantes para nos devolver o que perdêramos:
Os
traços impressos pelo Pai na obra da criação divina.
Tuas
mãos, por cravos atrozmente cravadas,
Mãos
tantas vezes estendidas aos pecadores, imerecidamente,
Após
Sua Gloriosa Ressurreição por nós, continuarão,
A
nos tocar, chamar e a nos enviar em divina missão.
Teus
pés, também pelos cravos fixos no Trono da Cruz,
Recordam
a cena memorável em que lavaste nossos pés,
Em
lição de amor, humildade, doação e serviço.
Que
nossos pés jamais se cansem do divino caminho.
Por
fim, olhos fixos na indizível Fornalha Ardente
Do
Teu trespassado Sagrado Coração, água e sangue jorrados.
Igreja
Nascente, Alimento de Eternidade abundante,
Tornas-Te
Comida e Bebida no Mistério da Eucaristia. Amém.
(1)
Papa São Leão Magno (séc V):
Fonte de inspiração: Lc 23,35-43
Medos paralisantes?!
Jamais!
Medos que nos submetem à inércia.
Medos que nos fazem inoperantes,
Longe daquilo que mais ansiamos: a própria liberdade,
Por falta de objetivos, submersos na mediocridade.
Medos paralisantes?!
Jamais!
Medo do congelamento da ética e dos bons princípios,
Que faz sucumbir vorazmente humanidade e planeta.
Medo que rarefaz as mais belas utopias;
Que faz naufragar belos sonhos e fantasias.
Medos paralisantes?!
Jamais!
Medos mórbidos que enfraquecem a luta.
Medos sórdidos que fazem perder o brilho da alma.
Medos que nos apequenam e nos fazem decrépitos.
Medos a serem vencidos, se formos intrépidos.
Medos paralisantes?!
Jamais!
Medos que desde o ventre nos acompanham,
Enfrentados, cotidianamente, permitem crescimento,
Com a virtude da fé, divina virtude por Deus concedida,
Exorciza o que nos paralisa, tornando bela a vida.
Medos paralisantes?!
Jamais!
Medos existem para serem enfrentados.
Se presente a virtude da fé, última palavra, medo, não será!
Se presente a esperança, mais do que superável;
Concretiza-se a caridade mais que desejável: indispensável!
Medos paralisantes?!
Jamais!
Com Ele a Palavra, a última Palavra:
“Não tenhais medo!”
(Mt 10,26-33).
PS: apropriado para reflexão da passagem do Evangelho de Mateus (Mt 10, 24-33; Mt 14,22-33; Mc 4,35-41; Lc 21,5-19; Jo 6,16-21)
Permaneçamos confiantes e firmes na fé
“Jesus respondeu: Cuidado para não serdes enganados, porque muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Sou eu!’ E ainda: ‘O tempo está próximo’. Não sigais essa gente!”
Na terça-feira da 34ª Semana do Tempo Comum, ouvimos a passagem do Evangelho de São Lucas (Lc 21, 5-11), em que refletimos sobre a necessária fé, para que nos mantenhamos firmes na espera do Senhor que virá gloriosamente, embora não saibamos quando.
O discípulo missionário do Senhor, na espera do Senhor que vem, deve manter-se em permanente vigilância, sem jamais dar ouvidos às vozes que dizem “sou eu” e “o tempo está próximo”.
Não obstante a insegurança cósmica que vivemos, inquietações de ordem política, econômica, saúde e outras tantas, é preciso manter-se sempre firmes na fé, e esta firmeza consiste na certeza de que não estamos sós, pois Ele, Jesus Cristo, caminha conosco e nos comunicou o Seu Espírito, para continuarmos a Sua missão na construção do Reino de Deus.
Não podemos nos iludir na espera de um final feliz, como num romance:
“Na perspectiva da terra, o fim será um fracasso; pressupõe provavelmente solidão a respeito dos antigos amigos e dos membros do grupo familiar que busca o êxito ou o progresso nesta vida; pressupõe dificuldades a respeito dos poderes deste mundo, que sempre desconfiam de quem anuncia outras verdades e exigências; parece que as leis da natureza e da história se riem da ilusão e da utopia do cristão”. (1)
Vivendo o tempo presente, continuemos peregrinando na fé convictos de que:
“Nada de Jesus está perdido com a Páscoa; nada do cristão pode perder-se no caminho da sua cruz e do seu fracasso, pois a vida da Páscoa devolve-lhe tudo, vitorioso e transformado”. (2)
Finalizando o ano Litúrgico, renovemos a graça de sermos discípulos missionários do Senhor, empenhando-nos decididamente no testemunho cristão, a fim de que sejamos merecedores de contemplar a face gloriosa de Deus, quando de nossa Páscoa.
(1) Comentários à Bíblia Litúrgica – Gráfica Coimbra 2 – Palheira – p.1193
(2) Idem
Quando chegarmos à fonte, veremos a Luz
Sejamos enriquecidos
pelo Tratado sobre João, escrito pelo bispo Santo Agostinho, (Séc. V):
“Nós, cristãos, em
comparação com os infiéis, já somos luz; porque, como diz o Apóstolo: Outrora
éreis trevas; agora, luz no Senhor. Andai como filhos da luz (Ef 5,8). E em
outro lugar: Passou a noite, o dia se aproximou; rejeitemos, pois, as obras
das trevas e revistamos as armas da luz; como em pleno dia caminhemos com
dignidade (Rm 13,12-13).
Todavia, em comparação
com aquela luz a que chegaremos, ainda é noite até mesmo o dia em que estamos.
Ouve o apóstolo Pedro, quando do magnífico esplendor desceu até ele a voz
dirigida a Cristo Senhor: Tu és meu Filho muito amado, em que pus minhas
complacências. Esta voz, continua, nós a ouvimos vinda do céu, quando
estávamos com ele no monte santo (2Pd 1,17-18).
Já que, porém, nós não
estivemos lá e não ouvimos então esta voz do céu, o mesmo Pedro nos fala: E
a palavra profética se tornou mais segura para nós; fazeis bem em dar-lhe
atenção como a uma lâmpada em lugar escuro, até que brilhe o dia e a estrela da
manhã desponte em vossos corações (cf. 2Pd 1,19).
Quando, pois, vier nosso
Senhor Jesus Cristo e, segundo diz o apóstolo Paulo, iluminar tudo quanto se
oculta nas trevas e manifestar os pensamentos do coração, para que receba cada
um de Deus seu louvor (1Cor 4,5), então num dia assim não haverá mais
necessidade de lâmpadas: não se lerá mais o profeta, não se abrirá o volume do
Apóstolo, não buscaremos o testemunho de João, não precisaremos do próprio
Evangelho. Portanto, todas as Escrituras serão retiradas do centro onde, na
noite deste mundo, elas se acendiam como lâmpadas a fim de não ficarmos nas
trevas.
Afastadas todas estas
luzes, não tendo mais de brilhar para nós, indigentes, e dispensando o auxílio
que por esses homens de Deus nos era dado, vendo conosco aquela verdadeira e
clara luz, o que é que veremos? Onde nosso espírito irá alimentar-se? Por que
se alegrará com o que vê? Donde virá aquele júbilo que nem olhos viram, nem
ouvidos ouviram, nem subiu jamais ao coração do homem? (cf. 1Cor 2,9). O que é
que veremos?
Eu vos peço: amai
comigo, correi crendo comigo, desejemos a pátria celeste, suspiremos pela
pátria do alto, sintamo-nos como peregrinos aqui. Que veremos então? Responda o
evangelho: No princípio era o Verbo e o Verbo era com Deus, e o Verbo era
Deus (Jo 1,1). No lugar de onde te banhou o orvalho, chegarás à fonte.
Aí, de onde o raio de
luz, indiretamente e como por rodeios, foi lançado a teu coração tenebroso,
verás a luz sem véus; vendo-a, recebendo-a, serás purificado. Caríssimos,
diz João, somos filhos de Deus e ainda não se manifestou o que seremos; sabendo
que, quando aparecer, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal qual é (1Jo
3,2).
Percebo que vossos
sentimentos sobem comigo para as alturas, mas o corpo corruptível pesa sobre
a alma; e a habitação terrena com a multiplicidade dos pensamentos oprime o
espírito (Sb 9,15). Também eu irei deixar de lado este livro, saireis
também vós, cada um para sua casa. Sentimo-nos bem na luz comum, muito nos
alegramos, exultamos de verdade; mas, ao afastar-nos uns dos outros, dele não
nos afastemos.” (1)
Aspiramos alcançar a
eternidade, e um dia chegarmos à Fonte Divina da Luz, o céu, e então veremos a
Luz.
Por ora,
peregrinando longe do Senhor, com Ele sempre presente, é tempo de irradiarmos Sua
luz pela palavra e pela vida em todos os âmbitos de nossa vida (cf. Mt 5,13-16).
(1)
Liturgia das Horas – Volume
IV - Tempo Comum – pp. 518-519
“A serenidade e o ardor...”
“A serenidade e
o ardor devem caracterizar os cristãos no cumprimento das suas tarefas diárias.
Cada liturgia, especialmente a da Eucaristia, é uma nova visita de Deus. Cada domingo
é um ‘Dia do Senhor’ e o Ano Litúrgico uma série ininterrupta de domingos.” (1)
(1)
Missal Quotidiano, Dominical e
Ferial – Editora Paulus – Lisboa – 2012 – pág.2250 – Passagem do Evangelho – Lc
21,5-19