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terça-feira, 18 de novembro de 2025
Aprendamos com Zaqueu
Aprendamos com Zaqueu
Aprofundando a passagem do Evangelho de São Lucas (Lc 19,1-10), retomemos dois parágrafos do Catecismo da Igreja Católica:
- “Muitos pecados prejudicam o próximo. Há que fazer o possível por reparar esse dano (por exemplo: restituir as coisas roubadas, restabelecer a boa reputação daquele que foi caluniado, indenizar por ferimentos). A simples justiça o exige.
Mas, além disso, o pecado fere e enfraquece o próprio pecador, assim como as suas relações com Deus e com o próximo. A absolvição tira o pecado, mas não remedeia todas as desordens causadas pelo pecado.
Aliviado do pecado, o pecador deve ainda recuperar a perfeita saúde espiritual. Ele deve, pois, fazer mais alguma coisa para reparar os seus pecados: «satisfazer» de modo apropriado ou «expiar» os seus pecados. A esta satisfação também se chama «penitência».” (1)
- “Em virtude da justiça comutativa, a reparação da injustiça cometida exige a restituição do bem roubado ao seu proprietário:
Jesus louvou Zaqueu pelo seu compromisso: «Se causei qualquer prejuízo a alguém, restituir-lhe-ei quatro vezes mais» (Lc 19, 8). Aqueles que, de maneira direta ou indireta, se apoderaram de um bem alheio, estão obrigados a restituí-lo, ou a dar o equivalente em natureza ou espécie, se a coisa desapareceu, assim como os frutos e vantagens que o seu dono teria legitimamente auferido.
Estão igualmente obrigados a restituir, na proporção da sua responsabilidade e do seu proveito, todos aqueles que de qualquer modo participaram no roubo ou dele se aproveitaram com conhecimento de causa; por exemplo, aqueles que o ordenaram, o ajudaram ou o ocultaram.” (2)
Aprendamos com Zaqueu a firmar nossos passos no processo contínuo de conversão, tomando consciência da nossa condição pecadora, diante da Misericórdia Divina, a nós revelada pela Palavra e Pessoa de Jesus Cristo.
Seja a acolhida da Palavra do Evangelho sempre fonte de transformação de nossa vida, acompanhada de sinceros compromissos com a fraternidade, partilha, solidariedade, justiça e paz.
(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n.1459
(2)Idem – parágrafo n. 2412
O Senhor nos dirige Seu olhar de amor
O Senhor nos dirige Seu olhar de amor
Na terça-feira da 33ª Semana do Tempo Comum, ouvimos a passagem do Evangelho de Lucas, sobre a conversão de Zaqueu, o chefe dos cobradores de impostos (Lc 19,10).
Refletimos sobre o amor de Deus, sempre pronto a nos acolher e oferecer uma nova vida, desde que nos proponhamos à conversão, com salutares compromissos, com gestos de amor e partilha.
A acolhida de Jesus por Zaqueu, em sua casa, é marcante para a nossa espiritualidade e muito nos ajuda na caminhada de fé, como discípulos missionários do Senhor.
Os autores da Sagrada Escritura, de modo geral, não economizam tinta para descrever a face do Amor de Deus que nos transforma.
Zaqueu vendo a Misericórdia, e sendo por Ela visto, na sua expressão maior, que é o próprio Jesus, é transformado e faz sagrados propósitos: “… Senhor, eu dou metade dos meus bens aos pobres, e se defraudei alguém, vou devolver quatro vezes mais” (Lc 19,8).
Zaqueu não somente acolhe, mas se converte a partir da presença de Jesus. Ele é a representação de nossa miséria, nossa condição pecadora, que corre para ver a misericórdia.
Sua baixa estatura revela nossa pequenez, insignificância, nossa condição de criaturas diante do Criador, que apesar de nossas infidelidades, nossos pecados, jamais nos abandona, pois é próprio do amor não abandonar o amado.
Quando o homem corre para encontrar Deus (e não corre de Deus), por Ele é encontrado, e sente o desejo profundo de levar outros ao mesmo encontro. Verdadeiramente, o encontro com Deus nos transforma para sermos instrumentos de transformação na vida do outro.
Contemplemos, silenciosamente, a cena maior da história: Jesus é Deus, que veio ao encontro dos homens, no entanto, ainda há quem não queira encontrá-Lo, e deixar-se por Ele encontrar, porque não ama e não se sente amado, distanciando-se, assim, da vida e da felicidade.
Somente a experiência de amar e ser amado nos possibilita subir degraus na escada do conhecimento de Deus. Se assim não acontece, é porque ainda não O encontramos.
Quando abrimos as portas para a Salvação, a novidade se instaura em nosso coração e desejamos ardentemente comunicá-la, e escrevemos belas páginas de nossa história.
A experiência de Zaqueu pode ser a nossa experiência cotidiana, dependendo de cada um de nós.
A transformação acontece porque somos acolhidos pelo amor de Deus; e uma vez acolhidos e amados, transformados, somos revivificados e na comunidade reintegrados, para que nos tornemos partícipes da História da Salvação que, insistentemente, quer conosco escrever.
A História da Salvação é única e acolhe nossa realidade de pecado: em Deus o pecado cede lugar para a graça, a morte para a vida, a escuridão para a luz, o ódio para o amor, o rancor para o perdão, a carência do essencial para a abundância daquilo que é de fato vital.
Afinal, Ele veio para que tenhamos vida plena, consumando no seu ápice, o céu, a eternidade, a plenitude de seu Amor.
É próprio do amor de Deus não exterminar, não excluir, a fim de que todos sejam salvos.
Infinita é a superioridade da lógica de Deus em comparação com a lógica dos homens. A lógica do amor de Deus, passando pelo AT e NT, é sempre aquela que nos garante a verdadeira sabedoria e felicidade, e ninguém e nem nada nos poderá tirar desta lógica.
Nada poderá nos desviar do Caminho, porque n’Ele encontra-se a plena Verdade que nos garante a Vida abundante.
O rosto de Deus onipotente manifesta-se na grandiosidade de Sua tolerância e misericórdia, na Sua prontidão em conceder o perdão, no amor para com todas as criaturas, porque todas receberam o sopro da vida.
Falar de Seu rosto misericordioso não é romantismo inútil, estéril, discurso evasivo, ao contrário, crendo neste Deus bíblico, somos questionados na nossa capacidade de acolher o diferente, o pecador e a ele dirigir nosso perdão…
Esperando a Sua segunda vinda, é tempo favorável para o relacionamento e aprofundamento da nossa amizade com este Deus Amor que nos é revelado na Sagrada Escritura.
Acomodação, desistência, abandono do Mandamento do amor que nos dá vida nova, jamais!
O Senhor, aguardamos vigilantes, amando, e somente assim sentiremos Sua presença, plenamente mergulhado no Seu coração, no Seu Amor…
Finalmente, o encontro de Jesus com Zaqueu nos possibilita a reflexão sobre três olhares:
- O próprio olhar de Zaqueu, o olhar do pecador;
- O olhar dos olhares, o olhar de Jesus, o olhar d’Aquele que acolhe e ama, porque ama transforma;
- O olhar da multidão que recrimina e não compreende a intensidade e profundidade do amor de Deus pela humanidade, sobretudo a humanidade pecadora, que por Seu amor, amor extremado na Cruz a redimiu. Sim, por amor e por um amor filial, incondicional, fomos redimidos. Este é o nosso caminho: mais que o Deus de amor contemplar, Seu amor viver.
Que nossos olhares sejam como o olhar de Zaqueu, reconhecendo nossa condição pecadora, e fazendo a experiência da acolhida, amor e perdão divinos, por Deus enxergados, corações transformados. Somente assim os outros olhares também poderão se renovar…
É próprio do amor de Deus curar nossa cegueira. E curados, podemos ajudar a curar a cegueira do próximo. Curados de toda cegueira pelo Amor divino, podemos nos ver e nos relacionar como irmãos e irmãs.
“O amor do Senhor é uma chama devoradora, que se te pega te envolve todo, ainda antes que tu te percebas”, diz o teólogo Hans Urs Von Baltazar.
Reflitamos:
- Como amamos o pecador e o possibilitamos a se libertar de seu pecado?
- Qual a intensidade de perdão que somos capazes de viver?
- Como vivemos a lógica do amor que tem sua alta expressão na vivência do perdão?
- Como amar o pecador e odiar o pecado?
Somente o Amor de Deus transforma o mundo e o coração dos homens! É próprio do amor transformar o coração do amado!
Rezando com os Salmos - 100 (101)
Trilhemos o caminho do bem
e da justiça
“–1
Eu quero cantar o amor e a justiça,
cantar os meus hinos a Vós, ó Senhor!
–2 Desejo trilhar o caminho do bem,
mas quando vireis até mim, ó Senhor?
– Viverei na pureza do meu coração,
no meio de toda a minha família.
–3 Diante dos olhos eu nunca terei
qualquer coisa má, injustiça ou pecado.
– Detesto o crime de quem vos renega;
que não me atraia de modo nenhum!
–4 Bem longe de mim, corações depravados,
nem nome eu conheço de quem é malvado.
–5 Farei que se cale diante de mim
quem é falso e às ocultas difama seu próximo;
– o coração orgulhoso, o olhar arrogante
não vou suportar e não quero nem ver.
–6 Aos fiéis desta terra eu volto meus olhos;
que eles estejam bem perto de mim!
– Aquele que vive fazendo o bem
será meu ministro, será meu amigo.
–7 Na minha morada não pode habitar
o homem perverso e aquele que engana;
– aquele que mente e que faz injustiça
perante meus olhos não pode ficar.
–8 Em cada manhã haverei de acabar
com todos os ímpios que vivem na terra;
– farei suprimir da cidade de Deus
a todos aqueles que fazem o mal.”
O Salmo
100(101) nos apresenta os propósitos de um rei justo:
Programa
de um rei fiel a Deus, inspirado na meditação da Lei e na sabedoria de Israel:
amar a o bem, fugir da iniquidade, rodear-se de gente reta e sincera, proteger
os justos e exterminar os malfeitores.” (1)
Como
discípulos missionários do Senhor tenhamos estes santos propósitos impelidos
pelo Mandamento que o Senhor nos deu, atentos às Suas Palavras – “Se me
amais, guardareis os meus mandamentos” (Jo 14,15).
(1) Comentário da Bíblia Edições CNBB – p. 811
Rever caminhos, firmar os passos
Aperfeiçoamento espiritual constante
Na passagem da Carta aos Colossenses (Cl 1,9b-11), o apóstolo Paulo exorta a comunidade de Colossas e a nós, em todo o tempo, a fim de que tenhamos um aperfeiçoamento espiritual constante, vivamos uma vida agradável a Deus:
“Que chegueis a conhecer plenamente a vontade de Deus, com toda a sabedoria e com o discernimento da luz do Espírito. Pois deveis levar uma vida digna do Senhor, para lhe serdes agradáveis em tudo. Deveis produzir frutos em toda a boa obra e crescer no conhecimento de Deus, animados de muita força, pelo poder de Sua glória, de muita paciência e constância, com alegria.” (1)
O Apóstolo Paulo faz exortações imprescindíveis para a vida cristã:
- o conhecimento pleno da vontade de Deus;
- viver uma vida digna do Senhor para ser agradáveis a Ele em tudo;
- produzir frutos em toda a boa obra;
- crescer no conhecimento de Deus.
Completando a reflexão, assim lemos no Missal Cotidiano:
"A comunidade cristã procura em todas as coisas o que faz caminhar com Deus. Descobrir antes de tudo um encontro com Deus... contemplá-Lo também na face do irmão e restituir um rosto humano ao homem desfigurado. Sim o conhecimento é para o amor. Sem amor, de que vale o conhecimento de Deus. De que vale dar o próprio corpo às chamas?"(1)
Ressoem as palavras do Senhor, que ouvimos na passagem do Evangelho de Mateus:
“Assim brilhe a Vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus” (Mt 5,16)
Oremos:
Senhor Deus, ajudai-nos a conhecer plenamente a Vossa vontade, com toda a sabedoria e discernimento da luz do Espírito, e uma vez conhecida, com Vosso Espírito, a vivamos concretamente, dia a dia.
Ajudai-nos a levar uma vida digna, na fidelidade aos Vossos divinos mandamentos, para que, em tudo, sejamos agradáveis a Vós, irradiando a Vossa Luz a quantos precisarem, e sermos sal da terra e fermento na massa, a serviço do Vosso Reino.
Concedei-nos a graça de produzir frutos em toda boa obra, de modo especial os frutos do Espírito: caridade, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, lealdade, mansidão, continência (Gl 5,2).
Iluminai nossa mente e as entranhas mais profundas de nosso coração, para que ao Vos conhecermos, cada vez mais Vos amemos, até que um dia possamos contemplá-lo face a face, na glória da eternidade.
“Ensinai-me a Vos procurar e mostrai-Vos quando Vos procuro; pois não posso prourar-Vos se não me ensinais nem encontrar-Vos se não Vos mostrais. Que desejando eu Vos procure, procurando Vos deseje, amando Vos encontre, e encontrando Vos ame”. (2)
Dai-nos, Senhor Deus, a graça de crescermos no conhecimento de Vós, bem como no conhecimento pleno de Vossa vontade, para que a realizando, vivamos uma vida digna e que Vos agrade, sobrepondo sempre a Vossa à nossa, e tão somente assim produziremos frutos em toda a boa obra.
Ajudai-nos a levar muitos a Vos dar glória ao virem as obras que fazemos, resplandecendo a Vossa luz no mundo, e sendo sal da terra, vivendo assim a graça do batismo que recebemos, na fidelidade às Palavras de Vosso Filho, em comunhão com o Espírito Santo. Amém.
1) Comentário do Missal Cotidiano - Editora Paulus - pág. 1231
) Santo Anselmo – séc. XII
PS: Apropriado para reflexão da passagem da Carta de Paulo aos Colossenses (Cl, 1,9-14), proclamada na quinta-feira da 22ª Semana do Tempo Comum.
Quando acolhemos o Senhor, tudo se transforma!
“Germes da semente divina”
Em poucas palavras...
“Sede misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso” (Lc 6, 36)
Um programa de vida para quem desejar ser verdadeiramente discípulo missionários de Jesus, pois é rico de alegria e paz:
“O imperativo de Jesus é dirigido a quantos ouvem a sua voz (cf. Lc 6, 27). Portanto, para ser capazes de misericórdia, devemos primeiro pôr-nos à escuta da Palavra de Deus.
Isso significa recuperar o valor do silêncio, para meditar a Palavra que nos é dirigida. Deste modo, é possível contemplar a misericórdia de Deus e assumi-la como próprio estilo de vida.” (1)
(1) Papa Francisco - Misericordiae Vultus - Bula de Proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia – 8/12/2015-20/112016










