sábado, 13 de dezembro de 2025

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Nosso amor por Maria e a Igreja, nossas mães

                                              


Nosso amor por Maria e a Igreja,  nossas mães

Sejamos enriquecidos pelo Sermão escrito pelo Bem-aventurado Isaac, abade do Mosteiro de Stella (Séc. XII):

“O Filho de Deus é o primogênito dentre muitos irmãos; sendo Filho único por natureza, associou a si muitos pela graça, para serem um só com Ele. Com efeito, a quantos o recebem, deu-lhes capacidade de se tornarem filhos de Deus (Jo 1,12).

Constituído Filho do homem, a muitos constituiu filhos de Deus. Ele, o Filho único, por seu amor e poder associou muitos a Si. E todos esses, embora sejam muitos por sua geração segundo a carne, são um só com Ele pela regeneração divina.

Um só, portanto, é o Cristo total, cabeça e corpo: Filho único do único Deus nos céus e de uma única mãe na terra. Muitos filhos, e um só Filho. Pois assim como a cabeça e os membros são um só Filho, assim também Maria e a Igreja são uma só Mãe e muitas mães; uma só Virgem e muitas virgens.

Ambas são mães e ambas são virgens; ambas concebem virginalmente do mesmo Espírito; ambas, sem pecado, dão à luz uma descendência para Deus Pai. Maria, imune de todo pecado, deu à luz a Cabeça do corpo; a Igreja, para a remissão de todos os pecados, deu à luz o corpo da Cabeça. Ambas são mães do Cristo, mas nenhuma delas pode, sem a outra, dar à luz o Cristo total.

Por isso, nas Escrituras divinamente inspiradas, o que se atribui de modo geral à Igreja, virgem e mãe, aplica-se particularmente a Maria. E o que se atribui especialmente a Maria, virgem e mãe, pode-se com razão aplicar de modo geral à Igreja, virgem e mãe; e quando o texto se refere a uma delas, pode ser aplicado indistinta e indiferentemente a uma e à outra.

Além disso, cada alma fiel é igualmente, a seu modo, esposa do Verbo de Deus, mãe de Cristo, filha e irmã, virgem e mãe fecunda. É a própria Sabedoria de Deus, o Verbo do Pai, que designa ao mesmo tempo a Igreja em sentido universal, Maria num sentido especial e cada alma fiel em particular.

Eis o que diz a Escritura: E habitarei na herança do Senhor (cf. Eclo 24,7.13). A herança do Senhor é, na sua totalidade, a Igreja, muito especialmente é Maria, e de modo particular, a alma de cada fiel. No tabernáculo do seio de Maria, o Cristo habitou durante nove meses; no tabernáculo da fé da Igreja, habitará até o fim do mundo; e no amor da alma fiel, habitará pelos séculos dos séculos.” (1)

Temos como Mãe Maria e a Igreja, e isto implica que devemos viver a vida nova dos filhos de Deus, quando mergulhados na graça do Batismo e recebemos o selo do Espírito Santo.

Implica também que devemos viver como irmãos e irmãs, estabelecendo e fortificando laços de comunhão e fraternidade, na superação de toda e qualquer forma de exclusão, ou qualquer outra forma que nos distancie uns dos outros, ou que venha a macular a sacralidade e a beleza de nossa vida, como imagens e semelhança de Deus, por Ele criados.

Tempo do Advento, tempo favorável para reconciliação e perdão, e refazer nossos laços de amizade e comunhão, para que não seja em vão a Eucaristia que participamos e comungamos, Divino Cálice do Redentor, Pão de eternidade e imortalidade. Amém. 

(1) Liturgia das Horas – Volume Advento/Natal – pág. 214-215

Natal: irradiemos a luz do Senhor

                                                               

Natal: irradiemos a luz do Senhor

O que ressoa no coração 
quando ouvimos ou pronunciamos este nome:  
João Batista?

Coragem, fidelidade, despojamento, simplicidade,
Coerência, transparência, com Deus amizade e intimidade...
Profeta da ousada esperança de um Mundo Novo;
A voz que anuncia a Palavra que ilumina a vida do povo.

Humilde sinal da Luz que viria iluminar o mundo,
Amigo do Esposo da humanidade, que amor profundo!
Inspirado em sua vida e exemplo tão expressivo
Tenhamos mesmo amor, entrega por Deus tão vivo!

Alguém que desaparece, diminui para que o Senhor cresça,
Sabe que a fidelidade tem um preço, cortaram-lhe a cabeça.
Fulgor róseo de seu sangue expressou fidelidade à Lei Divina,
Que diante do pecado, não cede, não cansa, não se declina!

João, cujo nome lembra que Deus é misericórdia,
Imitá-lo para semear sementes da humana concórdia.
Hoje, João que nos céus com o Amado em Santa Comunhão,
É para nós uma seta que aponta Jesus: nossa Redenção!

Com mesma coragem e fidelidade, vivamos,
Para não celebrarmos em vão o Natal do Senhor.
Do Senhor, sermos corajosos discípulos missionários,
Nas mais adversas situações e lugares.
A Sua Divina Luz irradiar, e o verdadeiro Natal celebrar. Amém. 

PS: Apropriado para a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 17,10-13)

sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Rezando com os Salmos - Sl 106 (107)

 


Agradeçamos a Deus por Sua infinita bondade e amor

“ –1 Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque eterna é a Sua misericórdia!

2 Que o digam os libertos do Senhor,
que da mão dos opressores os salvou
 –3 e de todas as nações os reuniu,
do Oriente, Ocidente, Norte e Sul.

4 Uns vagavam, no deserto, extraviados,
sem acharem o caminho da cidade.
5 Sofriam fome e também sofriam sede,
e sua vida ia aos poucos definhando.

6 Mas gritaram ao Senhor na aflição,
e ele os libertou daquela angústia.
 –7 Pelo caminho bem seguro os conduziu
para chegarem à cidade onde morar.

8 Agradeçam ao Senhor o Seu amor
e as suas maravilhas entre os homens!
 –9 Deu de beber aos que sofriam tanta sede
e os famintos saciou com muitos bens!

10 Alguns jaziam em meio a trevas pavorosas,
prisioneiros da miséria e das correntes,
11 por se terem revoltado contra Deus
e desprezado os conselhos do Altíssimo.
 –12 Ele quebrou seus corações com o sofrimento;
eles tombaram, e ninguém veio ajudá-los!

13 Mas gritaram ao Senhor na aflição,
e Ele os libertou daquela angústia.
 –14 E os retirou daquelas trevas pavorosas,
despedaçou suas correntes, seus grilhões.

15 Agradeçam ao Senhor por Seu amor
e por suas maravilhas entre os homens!
 –16 Porque Ele arrombou portas de bronze
e quebrou trancas de ferro das prisões! 

 –17 Uns deliravam no caminho do pecado,
sofrendo a consequência de seus crimes;
 –18 todo alimento era por eles rejeitado,
e da morte junto às portas se encontravam.

  –19 Mas gritaram ao Senhor na aflição,
e ele os libertou daquela angústia.
 –20 Enviou sua palavra e os curou,
e arrancou as suas vidas do sepulcro.

 –21 Agradeçam ao Senhor o Seu amor
e as suas maravilhas entre os homens!
 –22 Ofereçam sacrifícios de louvor,
e proclamem na alegria Suas obras!

 –23 Os que sulcam o alto-mar com seus navios,
para ir comerciar nas grandes águas,
 –24 testemunharam os prodígios do Senhor
e as Suas maravilhas no alto-mar.

 –25 Ele ordenou, e levantou-se o furacão,
arremessando grandes ondas para o alto;
 –26 aos céus subiam e desciam aos abismos,
seus corações desfaleciam de pavor.

 –27 Cambaleavam e caíam como bêbados,
e toda a sua perícia deu em nada.
 –28 Mas gritaram ao Senhor na aflição,
e Ele os libertou daquela angústia.

 –29 Transformou a tempestade em bonança,
e as ondas do oceano se calaram.
30 Alegraram-se ao ver o mar tranquilo,
e ao porto desejado os conduziu.

 –31 Agradeçam ao Senhor o seu amor
e as Suas maravilhas entre os homens!
 –32 Na assembleia do Seu povo o engrandeçam
e o louvem no conselho de anciãos!

 –33 Ele mudou águas correntes em deserto,
e fontes de água borbulhante em terra seca;
 –34 transformou as terras férteis em salinas,
pela malícia dos que nelas habitavam. 

35 Converteu em grandes lagos os desertos
e a terra árida em fontes abundantes;
36 e ali fez habitarem os famintos,
que fundaram sua cidade onde morar.

37 Plantaram vinhas, semearam os seus campos,
que deram frutos e colheitas abundantes.
 –38 Abençoou-os e cresceram grandemente,
e não deixou diminuir o seu rebanho.

39 Mas depois ficaram poucos e abatidos,
oprimidos por desgraças e aflições;
40 porém Aquele que confunde os poderosos
e os fez errar por um deserto sem saída,
 –41 retirou da indigência os Seus pobres,
e qual rebanho aumentou suas famílias.

42 Que os justos vejam isto e rejubilem,
e os maus fechem de vez a sua boca!
 –43 Quem é sábio, que observe essas coisas
e compreenda a bondade do Senhor!”

Com o Salmo 106(107) elevamos ação de graças a Deus pela libertação que ele realiza em todo o tempo, porque infinito é Seu amor e sua bondade:

“Agradecimento ao Deus libertador, que salva dos mais diversos perigos, fazendo-nos experimentar sua presença viva em nossa vida e história.” (1)

Esta ação de Deus nós a vemos na retratada na passagem do Livro dos Atos dos Apóstolos:

“Deus enviou sua palavra aos israelitas e lhes anunciou a boa-nova da paz, por meio de Jesus Cristo” (cf. At 10,36).

Glorifiquemos a Deus e elevemos ação de graças a Ele pelas maravilhas que realiza em favor do Seu Povo, e por sua permanente presença e ação em Sua Igreja.

 

(1) Comentário da Bíblia Edições CNBB – p. 820

O Sim de Maria e a Encarnação do Verbo

                            


O Sim de Maria e a Encarnação do Verbo

Celebramos, no dia 12 de dezembro, a Festa em louvor a Nossa Senhora de Guadalupe, e ouvimos na Missa a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 1,39-47).

Sejamos enriquecidos por uma parte do Sermão do Abade São Bernardo (séc. XII), meditando sobre os Mistérios da Salvação que nos veio pela Encarnação do Verbo, Jesus Cristo.

O Santo, que nascer de ti, será chamado Filho de Deus (cf. Lc 1,35), fonte de sabedoria, o Verbo do Pai nas alturas! Este Verbo, através de ti, Virgem santa, Se fará Carne, de modo que Aquele que diz: Eu no Pai e o Pai em mim (Jo 10,38), dirá também: Eu saí do Pai e vim (Jo 16,28).

No princípio, diz João, era o Verbo. Já borbulha a fonte, mas por enquanto apenas em si mesma. Depois, e o Verbo era com Deus (Jo 1,1), habitando na luz inacessível.

O Senhor dizia anteriormente: Eu tenho pensamentos de paz e não de aflição (cf. Jr 29,11). Mas teu pensamento está dentro de ti, ó Deus, e não sabemos o que pensas; pois quem conheceu a mente do Senhor ou quem foi seu conselheiro? (cf. Rm 11,34).
  
Desceu, por isto, o pensamento da paz para a obra da paz: O Verbo Se fez Carne e já habita em nós (Jo 1,14). Habita totalmente pela fé em nossos corações, habita em nossa memória, habita no pensamento e chega a descer até a imaginação.

Que poderia antes o homem pensar sobre Deus, a não ser talvez fabricando um ídolo no coração? Era incompreensível e inacessível, invisível e inteiramente impensável; agora, porém, quis ser compreendido, quis ser visto, quis ser pensado.

De que modo, perguntas? Por certo, reclinado no presépio, deitado ao colo da Virgem, pregando no monte, pernoitando em Oração; ou pendente da Cruz, pálido na morte, livre entre os mortos e dominando o inferno; ou ainda ressurgindo ao terceiro dia, mostrando aos Apóstolos as marcas dos cravos, sinais da vitória, e, por último, diante deles subindo ao mais alto do céu.

O que não se poderá pensar verdadeira, piedosa e santamente disto tudo? Se penso algo destas realidades, penso em Deus e em tudo Ele é o meu Deus. Meditar assim, considero sabedoria, e tenho por prudência renovar a lembrança da suavidade que, em essência tão preciosa, a descendência sacerdotal produziu copiosamente, e que, haurindo do alto, Maria trouxe para nós em profusão.”

Pelo “sim” de Maria, nos veio do alto o Verbo para nos redimir, e por isto tão bem expressou o Abade: Aquele que “era incompreensível e inacessível, invisível e inteiramente impensável; agora, porém, quis ser compreendido, quis ser visto, quis ser pensado.”

Temos, em breves palavras, um itinerário da Encarnação do Verbo feito criança até a Sua glorificação no céu, onde Reina glorioso junto de Deus.

Silenciemo-nos e contemplemos Jesus:

“... reclinado no presépio, deitado ao colo da Virgem,
pregando no monte, pernoitando em oração;
ou pendente da Cruz, pálido na morte,
livre entre os mortos e dominando o inferno;
ou ainda ressurgindo ao terceiro dia,
mostrando aos Apóstolos as marcas dos cravos,
sinais da vitória, e, por último, diante deles subindo
ao mais alto do céu”.

Nesta contemplação, fixemos também nossos olhos em Sua Mãe que jamais fecha seus olhos à nossa realidade, como ela o fez em Guadalupe, Aparecida e tantos outros momentos e lugares.

Com Maria, renovemos o nosso sim aos desígnios e Projeto divino, para que tenhamos vida plena e feliz, como ela nos ensinou naquele dia memorável das Bodas de Caná (Jo 2,1-11).

Com Maria, preparemos o Natal do Senhor

                                                                       

Com Maria, preparemos o Natal do Senhor

A passagem do Evangelho (Lc 1,39-47), que ouvimos na Festa de Nossa Senhora de Guadalupe, no dia 12 de dezembro, faz parte do chamado “Evangelho da Infância de Jesus”. 

É uma “homologese” (gênero literário especial que não pretende ser um relato fidedigno sobre acontecimentos, mas antes uma catequese destinada a proclamar as realidades salvíficas que a fé prega sobre Jesus: que Ele é o Messias, o Filho de Deus, o Deus conosco).

Em resumo, é uma catequese sobre Jesus, e nesta passagem, encontramos três mensagens fundamentais:

- Jesus vem ao encontro da humanidade para redimi-la.

- Sua presença, fruto da ação do Espírito, provoca estremecimento incontrolável de alegria no coração dos que esperam a concretização das promessas divinas: alegria, vida, paz e felicidade.

- Vem ao encontro através da fragilidade e simplicidade dos pobres, que se constituem instrumentos de Deus para a realização da salvação e libertação da humanidade.

É necessário estremecer de alegria, porque somos portadores do Verbo que Se fez e Se faz Carne em nosso coração.

Belém é aqui e agora, que acolhe o Salvador para se tornar uma alegre notícia de vida para os empobrecidos.

A luz brilhará nas trevas para os corações que temem a Deus! Nascerá o Salvador no coração dos que amam e que anseiam pela paz e vida plena.

Acolher e anunciar a proposta de Jesus é o verdadeiro sentido do Natal que vamos celebrar. Demos mais um passo...

Reflitamos:

- Qual a Boa-Nova que anunciamos aos pobres?
- Nosso modo de viver revela que estamos nos preparando para acolher o Verbo que quer fazer morada em nosso coração?

- Quais têm sido os esforços de conversão, mudança radical de pensamentos, atitudes em nossa vida em todos os seus âmbitos?

- quando procuramos o Sacramento da Penitência, para nos reconciliarmos com Deus e com os irmãos, experimentando a alegria da misericórdia e do perdão divinos?

Vivamos este tempo que nos separa da Noite do Natal, no cultivo do  silêncio, revisão e preparação do que ainda for preciso.

Mais do que árvores de Natal, amigos secretos, pisca-pisca, ceias fartas, é preciso que nosso coração esteja totalmente limpo, aberto para a acolhida do Verbo que Se fez e Se faz carne sempre, para ficar conosco em qualquer circunstância.
É próprio de quem ama não se separar daquele que se ama. Sendo assim, Deus não Se separa de nós, porque nos ama, ainda que não O amemos o bastante.

Urge um cristianismo mais alegre e contagiante, experimentado e testemunhado na fragilidade de Maria, de Isabel e de tantos outros; portanto, devemos nos tornar, cada vez mais, veículos da mensagem de alegria e jamais veículos fúnebres do Evangelho.

Celebrando esta Festa com Maria, aprendamos fazer do Natal, a Festa de maior correspondência ao Amor divino, indizível, infinito, incompreensível.

“Santa Maria, Mãe de Deus”

                                                   



“Santa Maria, Mãe de Deus”

Maria é verdadeiramente Mãe de Deus, como veremos em uma das Cartas escrita pelo Bispo São Cirilo de Alexandria (séc. IV),um expressivo defensor da maternidade divina da Virgem Maria.

“Causa-me profunda admiração haver alguns que duvidam em dar à Virgem Santíssima o título de Mãe de Deus. Realmente, se nosso Senhor Jesus Cristo é Deus, por que motivo não pode ser chamada de Mãe de Deus a Virgem Santíssima que O gerou? Esta verdade nos foi transmitida pelos discípulos do Senhor, embora não usassem esta expressão.

Assim fomos também instruídos pelos Santos Padres. Em particular, Santo Atanásio, nosso pai na fé, de ilustre memória, na terceira parte do livro que escreveu sobre a santa e consubstancial Trindade, dá frequentemente à Virgem Santíssima o título de Mãe de Deus.

Vejo-me obrigado a citar aqui suas palavras, que têm o seguinte teor: ‘A Sagrada Escritura, como tantas vezes fizemos notar, tem por finalidade e característica afirmar de Cristo Salvador estas duas coisas: que Ele é Deus e nunca deixou de o ser, visto que é a Palavra do Pai, Seu esplendor e sabedoria; e também que nestes últimos tempos, por causa de nós, Se fez homem, assumindo um corpo da Virgem Maria, Mãe de Deus’.

E continua mais adiante: “Houve muitos que já nasceram santos e livres de todo pecado. Por exemplo: Jeremias foi santificado desde o seio materno; também João, antes de ser dado à luz, exultou de alegria ao ouvir a voz de Maria Mãe de Deus’.

Estas palavras são de um homem inteiramente digno de lhe darmos crédito, sem receio, e a quem podemos seguir com toda segurança. Com efeito, ele jamais pronunciou uma só palavra que fosse contrária às Sagradas Escrituras.

De fato, a Escritura, verdadeiramente inspirada por Deus, afirma que a Palavra de Deus se fez carne, quer dizer, uniu-se à carne dotada de alma racional. Portanto, a Palavra de Deus assumiu a descendência de Abraão e, formando para si um corpo vindo de uma mulher, tornou-se participante da carne e do sangue. Assim, já não é somente Deus, mas homem também, semelhante a nós, em virtude da Sua união com a nossa natureza.

Por conseguinte, o Emanuel, Deus-conosco, possui duas realidades, isto é, a divindade e a humanidade. Todavia, é um só Senhor Jesus Cristo, único e verdadeiro Filho por natureza, ainda que ao mesmo tempo Deus e homem.

Não é apenas um homem divinizado, igual àqueles que pela graça se tornam participantes da natureza divina; mas é verdadeiro Deus que, para nossa salvação, Se tornou visível em forma humana, conforme Paulo testemunha com as seguintes palavras: ‘Quando se completou o tempo previsto, Deus enviou Seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sujeito à Lei, a fim de resgatar os que estavam sujeitos à Lei e para que todos recebêssemos a filiação adotiva’ (Gl 4,4-5)”.

Tendo Maria como Mãe de Deus, podemos contar com sua indispensável presença, como Mãe do Verbo, Mãe da Igreja, e, portanto, nossa Mãe, que jamais nos abandona e está sempre nos orientando e nos abençoando no caminho, para que jamais dele nos desviemos.

Verdadeiramente Mãe de Deus e nossa, Maria, a Estrela da Evangelização, nos orienta, para que sigamos os passos de seu Amado Filho, ouvindo e fazendo tudo o que Ele nos disser,  assim como fez naquele dia nas Bodas de Caná (Jo 2,1-11), e jamais nos faltará o Vinho Novo do amor, da alegria, da vida e da paz, que somente Jesus pode nos conceder.

Voltemo-nos a estas orações, que nos acompanham, e as rezemos com mais fervor:

"Ave Maria, cheia de graça..."
"Salve Rainha, Mãe de Misericórdia..."

Contemplamos quatro nascimentos...

                                                   


Contemplamos quatro nascimentos...

O primeiro e maior de todos os nascimentos, que estamos nos preparando para celebrar: o nascimento do Menino Jesus, o Verbo que Se fez Carne e habitou entre nós, e nós vimos a Sua glória, como nos falou o Evangelista João (Jo 1,1-14).

Jesus é a luz dos povos, nossa paz, o Redentor da humanidade, o caminho, a verdade e a vida: “Mas, vindo à plenitude dos tempos, Deus enviou Seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a Lei, para remir os que estavam debaixo da Lei, a fim de recebermos a adoção de filhos” (Gl 4,4-5).

O segundo é o nascimento de Sansão, filho de Manué, cuja mulher era estéril. De fato, Deus manifesta a sua força e onipotência pela escolha de instrumentos frágeis ou incapazes (a esterilidade da mãe de Sansão). O menino foi consagrado a Deus desde o seio materno, exercendo a função de libertador do povo eleito dos filisteus – “Ela deu à luz um filho e deu-lhe o nome de Sansão. O menino cresceu e o Senhor o abençoou. O Espírito do senhor começou a agir nele no Campo de Dã” (Jz 13,2-7.24-25a).

O terceiro nascimento é de João Batista, filho de Zacarias e Isabel, ambos também em idade avançada, somada à esterilidade de Isabel. João Batista, aquele que, mais tarde, iria para o deserto para ser uma voz a gritar que se preparasse a chegada do Messias. João não era a Palavra, era a voz; não era a Luz, mas testemunha da Luz; não era o caminho, mas apontava e exortava para a preparação do caminho; Àquele que viria e que seria o Caminho, a Verdade e a vida, Jesus (Lc 1,5-25).

O quarto nascimento é o nosso, que fomos pensados e predestinados por Deus para sermos santos e irrepreensíveis sob o Seu olhar de amor. De Deus viemos, n’Ele nos movemos e somos, e para Ele haveremos de voltar, crendo e vivendo n’Aquele que Ressuscitou e nos alcançou a eternidade: Jesus Cristo Ressuscitado, a quem damos toda a honra, glória e poder.

O Tempo do Advento é o tempo favorável para revermos nossa história, as linhas que estamos escrevendo, o legado que estamos deixando. Tempo favorável de nos prepararmos para que, ao celebrar o Natal do Senhor, renasça dentro de cada um de nós, o melhor de Deus.

Tempo de fazermos de nosso coração a verdadeira e desejada manjedoura, o lugar preferido para que o Menino Deus possa nascer e acolhido ser, e nossa vida um novo sentido ganhar, e no mundo, Seu amor, vida, Palavra e missão, testemunhar.

“Nascido de uma mulher”

                                                          


“Nascido de uma mulher” 

“Quando se completou o tempo previsto,
Deus enviou o Seu Filho, nascido de uma mulher,
nascido sujeito à Lei” (Gl 4,4) 

Na passagem da Carta de Paulo aos Gálatas (Gl 4, 4-7), mais uma vez, contemplamos o amor de Deus, que vem ao nosso encontro “nascido de uma mulher” (segundo a carne), Maria, e por meio deste Filho nos tornamos livres e amados e podemos nos dirigir a Deus chamando-O de “Abbá” (papai), consequentemente, filhos de Deus; e sujeito a lei (situado no contexto da cultura judaica).

E foi na “plenitude do tempo” – “Quando se completou o tempo previsto” (Gl 4,4), que se deu o cumprimento do tempo messiânico ou escatológico, encerrando de modo perfeito uma longa expectativa, e fundamental participação teve Maria: 

“O aparecimento de Cristo na história humana não foi uma mera irrupção vertical que tocou a periferia do acontecer mundano de uma maneira simplesmente tangencial. O Filho de Deus emergiu no meio da história, como qualquer homem, suportando todas as consequências da alienação humana: ‘nascido de uma mulher, nascido sob o domínio da lei’” (1). 

De fato, Jesus, o Filho de Deus, assumiu a natureza humana no seio de uma mulher e Se inseriu na realidade histórica de determinado povo, colocando-Se, portanto, sob a Lei (Gl 4,4. Rm 1,3); e com isto, veio nos resgatar da Lei para nos tornar filhos no Filho, filhos de Deus porque nascidos d’Ele (Jo 1,12-13; 3,3.5): 

Aqui, como em Fl 2,6-11), apresenta-nos Cristo realizando o único esquema de toda a ação libertadora. Este esquema tem três tempos: 

1 – Inserção na miséria que é preciso salvar.

2 – Autolibertação com base num acréscimo de força salvadora.

3 – Arrasto dos outros companheiros de miséria” (2). 

Como o libertador perfeito, em primeiro lugar, partilha a alienação legal, da qual haveria de salvar a humanidade. Abre mão de todos os privilégios e Se coloca em favor dos últimos, dos oprimidos e por fim, arrasta consigo aqueles que O seguem com mesma missão e destino. 

E como Igreja Sinodal que somos, fazendo esta experiência de filhos amados de Deus, a comunidade é vocacionada a criar e fortalecer os laços fraternos, sem marginalização ou exclusão, ou escravidão, como tão bem acenou o Papa Francisco em sua Mensagem para o dia Mundial da paz (2015): – “Já não escravos, mas irmãos". 

A exemplo de Maria, a serva do Senhor e bendita entre todas as mulheres no fruto do seu seio, cantemos hinos de ação de graças ao Pai, que nos plenificou de todos os bens através de Seu Amado Filho, feito homem por nós, e por nós, morto e ressuscitado.

 

(1)         (2) - Comentários à Bíblia Litúrgica – Gráfica Coimbra 2 – pág.1558

Fonte de pesquisa: Missal Dominical – Editora Paulus – 1995 – p. 115

Rezando à luz dos Prefácios da Bem-Aventurada Virgem Maria

 


Rezando à luz dos Prefácios da Bem-Aventurada Virgem Maria

Rezemos à luz dos cinco Prefácios da Bem-Aventurada Virgem Maria conforme Missal Romano:

I - A maternidade da Bem-Aventurada Virgem Maria:

“...Por obra do Espírito Santo ela concebeu o vosso Filho Unigênito e, sem perder a glória de sua virgindade, deu ao mundo a luz eterna, Jesus Cristo, Senhor nosso...”

II – A Igreja louva a Deus com as palavras de Maria:

- “...Na comemoração da Bem-aventurada, exaltamos, ainda mais, vossa clemência, inspirando-nos no mesmo hino que ela cantou em vosso louvor.

De fato, fizestes grandes coisas por toda a terra e, de geração em geração, manifestastes a vossa infinita misericórdia, quando olhastes para a humildade de vossa serva, e nos destes, por meio dela, o autor da salvação da humanidade, vosso Filho Jesus Cristo, Senhor nosso...”

III – Maria, imagem e Mãe da Igreja:

- “Acolhendo vosso Verbo no seu coração imaculado, ela mereceu concebê-lo em seu seio virginal, e dando à luz o Fundador, acalentou a Igreja que nascia.

Recebendo aos pés da cruz o testamento da caridade divina, ela assumiu todos os seres humanos como filhos e filhas, gerados para a vida eterna pela morte de Cristo.

Ao esperar com os Apóstolos o Espírito prometido, unindo suas súplicas às preces dos discípulos tornou-se modelo da Igreja orante...”

IV – Maria, sinal de consolação e esperança:

- “Nós vos louvamos e bendizemos na (...) da Bem-aventurada Virgem Maria, por Cristo, Senhor nosso.

Humilde serva, ela acolheu vossa palavra e a guardou no seu coração; admiravelmente unida ao mistério da redenção, perseverou com os apóstolos em oração, esperando a vinda do Espírito Santo; agora resplandece no caminho da nossa vida, como sinal de consolação e de firme esperança...”

V – Maria, imagem da nova humanidade:

“...Na plenitude dos tempos revelastes o mistério escondido nos séculos antigos para que o mundo inteiro recuperasse a vida e a esperança.

Pois, em Cristo, novo Adão, e em Maria, nova Eva, manifestastes o mistério da vossa Igreja como primícia da humanidade redimida.

Por este dom admirável, toda a criação, na força do Espírito Santo, retorna ao caminho original da Páscoa eterna...”

“Salve Rainha, Mãe de Misericórdia, vida e doçura...”

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