terça-feira, 16 de dezembro de 2025

“Nunc Dimittis”

                                                          


“Nunc Dimittis”

A Igreja reza à noite, todos os dias, a Oração das Completas, e nela está contido o “Nunc Dimittis” - "agora deixe partir",  rezado por Simeão, homem justo e piedoso, quando da apresentação do Senhor no Templo (Lc 2,29-32).

Cristo, Luz das nações e glória de Seu povo, é um cântico evangélico que pode também ser rezado por quantos puderem nas orações da noite, ao terminar um dia de intensas atividades, preocupações e eventual cansaço, para um bom descanso e um novo dia bem iniciado:

“Antífona: Salvai-nos, Senhor, quando velamos, guardai-nos também quando dormimos! Nossa mente vigie com o Cristo, nosso corpo repouse em Sua paz!

“–29 Deixai, agora, Vosso servo ir em paz,
conforme prometestes, ó Senhor.

30 Pois meus olhos viram Vossa salvação
31 que preparastes ante a face das nações:

32 uma Luz que brilhará para os gentios
e para a glória de Israel, o Vosso povo.”

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. 
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Antífona: Salvai-nos, Senhor, quando velamos, guardai-nos também quando dormimos! Nossa mente vigie com o Cristo, nosso corpo repouse em Sua paz!

"Sete duelos"

                                                               

"Sete duelos"

“ Sede sóbrios e vigilantes. O vosso adversário, o diabo, rodeia como um leão a rugir, procurando a quem devorar. Resisti-lhe, firmes na fé.” (1 Pd 5, 8-9a)

Inicialmente, vi a verdade duelando com a mentira que, muitas vezes, se apresentou na boca de pessoas bem maquiadas, trajadas, com palavras bem versadas.

Mentira tão bem apresentada, com convicção e persuasão, que parecia uma verdade incontestável. Vi a verdade tão frágil como se não fosse sobreviver. Mas a verdade não pode morrer, pois seria a morte da própria história e da humanidade.

O duelo continuará. Que vença a verdade no final, a verdade que nos faz verdadeiramente livres, que nos vem do Evangelho, como o próprio Senhor nos diz: – “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8, 32).

Vi a vida duelando com a morte, e assim o fará até o fim da existência. Vi a vida florescendo teimosamente numa flor na singeleza de um barranco, ou brotando nas fendas do asfalto.

Vi a vida vencendo a morte, quando o pão foi partilhado, quando se fez renascer o sorriso nos lábios de alguém que participou de nosso cotidiano, amenizando a dor e o drama de uma solidão e, por vezes, até mesmo abandono, em visitas solidárias e expressão de compaixão e comunhão.

Vi este duelo de tantas pessoas que, em suas atividades profissionais, com zelo, amor, ética, tudo fazem para resgatar, salvar vidas, dando o melhor de si, mesmo na precariedade de recursos materiais e humanos; vencendo cansaços, limites, descasos e carências em todos os âmbitos (educação, saúde, lazer, habitação...).

O duelo continuará. Que a vida seja no final a mais bela vencedora: a vida plena e feliz que Jesus veio nos trazer – “Eu vim para que todos tenham vida e tenham vida plenamente” (Jo 10, 10).

Vi a luz quase que se apagando diante da imensidão das trevas do pecado, da injustiça, da infidelidade, desobediência aos desígnios divinos para a humanidade. Mas vi que quanto maior a escuridão, maior é o efeito da chama.

Aprendi com muitos que o auge da escuridão é, de fato, o início de um novo dia; luz que haverá de ser irradiada, sobretudo, por aqueles que um dia o Batismo receberam, para ser no mundo luz, na prática da Boa-Nova das Bem-Aventuranças, como projeto e programa de vida.

O duelo continuará. Cremos na Palavra do Divino Mestre e Senhor que assim nos falou: “Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12).

Vi o sonho duelando com os pesadelos, quando pais e mães, incansáveis, se desdobraram para o melhor oferecer aos filhos, enfrentando filas e aprendendo o milagre da partilha do pouco que se tem, para que o milagre do amor possibilitasse a vitória de um filho (a) em objetivos e sonhos cultivados; bem como vi filhos que sonham, dando o melhor de si, para que o sonho de seus pais não se tornem tristes pesadelos, que roubam as forças e a alegria da existência e da razão, porque se deram e se doaram.

O duelo continuará. Que vençam os mais belos e sagrados sonhos, cultivados no sono sagrado, que alimenta de horizontes o tempo acordado de viver, como diz a canção.

Vi a fé, pequena como um grão de mostarda, duelando com a montanha da incredulidade da força de Deus, que vem em socorro de nossa fraqueza.

Vi a fé autêntica duelando com a fé alienante, por vezes mágica, transferindo soluções para Deus, quando Ele tudo dispôs em nossas mãos.

Até mesmo vi a fé com raízes bíblicas duelando com a pseudofé, fonte de renda e enriquecimentos improcedentes, e até escandalizantes.

Vi a fé de mãos dadas com a razão, em muitos que não se cansam de procurar respostas e saídas para amenizar a dor, o pranto, e o lamento de vidas pela enfermidade fragilizadas, agonizadas.

O duelo continuará. Que a fé seja o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem (Hb 11,1). Como que uma força e impulso que não nos permitem desistir do bom combate.

Vi a esperança, plantada, cultivada e enraizada em mentes e corações duelando contra o seu oposto, o nada mais esperar, como se tivesse chegado ao fim da história, ao caos absoluto e insuperável.

Vi a esperança no canto dos olhos de enfermos, em novo amanhecer envolvidos em suas atividades, como também no olhar de tantos (crianças, jovens, adultos e idosos) de que algo novo há de surgir.

Vi a esperança de mãos dadas com a alegria no coração dos que conseguem ver além do cinza dos muros, e, se preciso como poetas e cantores, emprestam a voz, o olhar e os ouvidos para anunciar que podemos construir a paz, como incansáveis artesãos.

O duelo continuará. Como Abraão que, em esperança, creu contra a esperança, para que se tornasse pai de muitas nações (Rm 4,18), e como canta o poeta: “mas renova-se a esperança. Nova aurora a cada dia. E há que se cuidar do broto para que a vida nos dê flor, flor e fruto”.

Finalmente, vi o maior de todos os duelos: o amor duelando com o ódio, em tantas notícias de violência, assassinatos, chacinas, sangue de inocentes derramado, o chão tristemente marcando, com manchas execráveis, que ferem nosso olhar e nos fazem sofrer pela triste lembrança.

Vi o ódio sorrindo, em aparente destruição do amor, como se ele pudesse ser e ter a última palavra. Mas cremos que o amor é a força que, ainda que em aparentes últimos suspiros, renasce para além de nossa compreensão e discursos racionais, pois o amor jamais passará, nos disse o apóstolo e assim o cremos (1 Cor 13, 8).

O duelo continuará. Que vença o amor no final, pois fomos criados pelo Amor da Trindade, para viver no amor, e amando, encontrar o sentido do existir e a verdadeira felicidade. Somente quem ama é verdadeiramente feliz. 

Sete duelos que vi e vivi, ou que vimos e vivemos; duelos que continuaremos enfrentando, sem fugas e recuos, sempre com o Amor de Deus, que foi pelo Espírito derramado em nossos corações (Rm 5,5).

Na fidelidade a Jesus, renovemos sagrados compromissos com o Seu Reino; permaneçamos firmes no bom combate da fé (2Tm 4, 7-8), contando sempre com a força do Espírito, para que sejamos totalmente atentos aos desígnios do Pai.
Permaneçamos firmes e vigilantes no bom combate da fé, sempre! 

PS: Oportuno para o 3ºDomingo do Advento - Domingo da Alegria.

Rezando com os Salmos - Sl 110(111)

 




As obras do Senhor são verdade e justiça

–1 Eu agradeço a Deus de todo o coração *
junto com todos os Seus justos reunidos!
–2 Que grandiosas são as obras do Senhor, *
elas merecem todo o amor e admiração!

–3 Que beleza e esplendor são os Seus feitos! *
Sua justiça permanece eternamente!
–4 O Senhor bom e clemente nos deixou *
a lembrança de suas grandes maravilhas.

–5 Ele dá o alimento aos que O temem *
e jamais esquecerá Sua Aliança.
–6 Ao Seu povo manifesta Seu poder, *
dando a Ele a herança das nações.

–7 Suas obras são verdade e são justiça, *
seus preceitos, todos eles, são estáveis,
–8 confirmados para sempre e pelos séculos, *
realizados na verdade e retidão.

=9 Enviou libertação para o Seu povo, †
confirmou Sua Aliança para sempre. *
Seu nome é santo e é digno de respeito.

=10 Temer a Deus é o princípio do saber, †
e é sábio todo aquele que o pratica. *
Permaneça eternamente o Seu louvor.”

Com o Salmo 110(111) contemplamos as grandes obras do Senhor, sobretudo os prodígios durante o Êxodo.

Também o autor do Livro do Apocalipse nos convida a contemplar as maravilhas por Deus realizadas:

“Grandes e maravilhosas são as tuas obras, Senhor Deus todo-poderoso! (Ap 15,3).

Supliquemos a Deus para nos conceda um olhar contemplativo de Suas maravilhas, e assim renovemos nossos sagrados compromissos com a Boa Nova do Reino, passando sempre da contemplação para a oblação. Amém.

“Fidelidade Constante”

                                                    

“Fidelidade Constante”

Na fidelidade a Ti, Jesus, felicidade encontrarei.
Na fidelidade a Ti, Jesus, para sempre eu viverei.

Fidelidade aos Mandamentos da Lei Divina,
Ao Projeto de Amor tão belo e imensurável,
À Missão por Jesus a Igreja confiada,
Com o Sopro do Espírito, indispensável.

Fidelidade ao anúncio do Evangelho,
Aos Mistérios a serem celebrados,
E na vida de conteúdo acompanhados,
Frutos de eternidade são garantidos.

Fidelidade na construção do Reino,
Como servos inúteis, mas por Deus queridos.
Incansáveis, corajosos, ardorosos,
Porque pelo Paráclito assistidos.

Fidelidade na busca de um novo céu,
De uma nova terra em que tudo se renovará;
Nem mais dor, luto e pranto.
Ó que alegria! Quem do coração a roubará?

Fidelidade constante em tudo e em todas as circunstâncias,
Dentro da Igreja e em todos os âmbitos da vida,
Em todos os espaços, atividades e promessas feitas,
em todos os compromissos, renovada,  vivida.

Fidelidade às promessas feitas
No Sacramento do Matrimônio diante do altar.
Fidelidade, amor e aliança para sempre,
Com tua força e sabedoria que não hão de faltar. 

Fidelidade às promessas feitas
Na ordenação de Seus eleitos
Que os sagrados compromissos se renovem,
Pastor e rebanho mais santos e perfeitos.

Assim são as coisas divinas:
Exigem de nós a “fidelidade constante”,
Sem a cruz renunciar, no amor a Deus,
Que será o nunca bastante.

Fidelidade a Ti, Jesus,
Felicidade encontrarei.
Fidelidade a Ti, Jesus,
Para sempre eu viverei.

Amém. Aleluia!

Passagens bíblicas: Mt 19,3-12; 21,28-32; Mc 10,1-12

O Sim de Maria ilumina o nosso sim de cada dia

                                                                           

O Sim de Maria ilumina o nosso sim de cada dia

Reflexão em preparação ao Natal do Senhor, em pleno tempo do Advento, ouvimos a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 1,26-38).

Sejamos enriquecidos por uma trecho do Sermão do Abade São Bernardo (séc. XII), meditando sobre os Mistérios da Salvação que nos veio pela Encarnação do Verbo, Jesus Cristo.

“O Santo, que nascer de ti, será chamado Filho de Deus (cf. Lc 1,35), fonte de sabedoria, o Verbo do Pai nas alturas! Este Verbo, através de ti, Virgem santa, Se fará Carne, de modo que Aquele que diz: Eu no Pai e o Pai em mim (cf. Jo 10,38), dirá também: Eu saí do Pai e vim (Jo 16,28).

No princípio, diz João, era o Verbo. Já borbulha a fonte, mas por enquanto apenas em si mesma. Depois, e o Verbo era com Deus (cf. Jo 1,1), habitando na luz inacessível.

O Senhor dizia anteriormente: Eu tenho pensamentos de paz e não de aflição (cf. Jr 29,11). Mas teu pensamento está dentro de ti, ó Deus, e não sabemos o que pensas; pois quem conheceu a mente do Senhor ou quem foi seu conselheiro? (cf. Rm 11,34).
  
Desceu, por isto, o pensamento da paz para a obra da paz: O Verbo Se fez Carne e já habita em nós (cf. Jo 1,14). Habita totalmente pela fé em nossos corações, habita em nossa memória, habita no pensamento e chega a descer até a imaginação.

Que poderia antes o homem pensar sobre Deus, a não ser talvez fabricando um ídolo no coração? 

Era incompreensível e inacessível, invisível e inteiramente impensável; agora, porém, quis ser compreendido, quis ser visto, quis ser pensado.

De que modo, perguntas? Por certo, reclinado no presépio, deitado ao colo da Virgem, pregando no monte, pernoitando em Oração; ou pendente da Cruz, pálido na morte, livre entre os mortos e dominando o inferno; ou ainda ressurgindo ao terceiro dia, mostrando aos Apóstolos as marcas dos cravos, sinais da vitória, e, por último, diante deles subindo ao mais alto do céu.

O que não se poderá pensar verdadeira, piedosa e santamente disto tudo? Se penso algo destas realidades, penso em Deus e em tudo Ele é o meu Deus. 

Meditar assim, considero sabedoria, e tenho por prudência renovar a lembrança da suavidade que, em essência tão preciosa, a descendência sacerdotal produziu copiosamente, e que, haurindo do alto, Maria trouxe para nós em profusão.”

Temos, em breves palavras, um itinerário da Encarnação do Verbo feito criança até a Sua glorificação no céu, onde reina glorioso junto de Deus.

Pelo “sim” de Maria, nos veio do alto o Verbo para nos redimir, e por isto tão bem expressou o Abade:  Aquele que “era incompreensível e inacessível, invisível e inteiramente impensável; agora, porém, quis ser compreendido, quis ser visto, quis ser pensado.”

Silenciemo-nos e contemplemos Jesus:

“... reclinado no presépio, deitado ao colo da Virgem, pregando no monte, pernoitando em oração; ou pendente da Cruz, pálido na morte, livre entre os mortos e dominando o inferno; ou ainda ressurgindo ao terceiro dia, mostrando aos Apóstolos as marcas dos cravos, sinais da vitória, e, por último, diante deles subindo ao mais alto do céu”.

Com Maria, renovemos o nosso sim aos desígnios e Projeto divino, para que tenhamos vida plena e feliz, como ela nos ensinou naquele dia memorável das Bodas de Caná (cf. Jo 2,1-12).

De modo especial, nestes dias em que nos preparamos para celebrar o nascimento do seu amado Filho, o Menino Jesus, contemplemos o presépio e fixemos o olhar em Maria, a Mãe que jamais fecha seus olhos à nossa realidade.

O nosso sim de cada dia

                                                        

O nosso sim de cada dia

Há pequenas grandes palavras em nossa vida:
mãe, pai, amor, fé, sim e não...

Sim palavra tão pequena, mas tão densa de conteúdo.
Palavra tão dita, mas muitas vezes desdita.

Palavra tão sonora, mas às vezes transformada em desagradável ruído.

Palavra sagrada, tantas vezes pronunciada, mas muitas vezes esquecida...

É preciso repensar os nossos sins. 
Tantos sins que viraram nãos, tantos nãos que viraram sins. 
Sins que não foram dados, que foram adiados, covardemente calados, e que não poderiam ter sido omitidos.
Sins de imperativos revigoramentos!

Nãos que deveriam ser dados e para sempre confirmados.
Nãos que deveriam ser revogados e nunca existidos...

Não a Deus dado no Paraíso, pecado introduzido,
arrogância, afastamento, onipotência, diálogo rompido,
presunção assumida, amizade perdida...

Mas o sim do Amor de Deus falou mais alto que o não da humanidade, de nossos primeiros pais, ontem, hoje e sempre.

O sim do Amor de Deus, anunciado e cantado pelos profetas, rezado pelos salmistas, visibilizado em Jesus, pleno e indefectível sim a Deus: Amor que ama até o fim!

Fidelidade vivida, comprovada, testemunhada com o Sangue derramado. 
Que mais poderia por nós fazer, o Divino Amado? 
Sim pelo Pai acolhido e para sempre confirmado,
quando à Sua direita o Filho foi exaltado, glorificado.

Sim de um Deus Encarnado, que para sempre fosse amado,
adorado, obedecido: “Tenhamos em nós os mesmos sentimentos que existem em Cristo Jesus” (Fl 2,5).

Sim que venceu as correntes do inferno e do pecado; Satanás vencido. Vida nova, plena de graça de mais belo e suave sentido.
Sim! Palavra tão pequena e tão importante!

Seja para o forte, seja para o fraco; seja para o hesitante, seja para o decidido; seja para o tímido, seja para o extrovertido; temerosos e corajosos; batizados ou não batizados, mas de boa vontade e de bons propósitos movidos!

Continuemos refletindo sobre outros tantos sins:
O SIM de Maria no Mistério da Encarnação de Jesus e sua participação da obra da Redenção da Humanidade.

O sim dado no dia de nosso Batismo, no dia da primeira Eucaristia, no dia da Crisma, no casamento celebrado diante do Altar Sagrado.

O sim dado num dia de Ordenação Diaconal,   Presbiteral e Episcopal.
Sim que foi dado a um amigo em promessa de lealdade, fidelidade, solidariedade.

Sim que se assumiu em compromissos éticos e profissionais.
Sim dado por tantos políticos em promessas que hão de se cumprir. 
Sim nas pequeninas coisas para que o sejamos fiéis nas grandes.

Sim a compromissos firmados, promessas e juras feitas...

A Eternidade não se alcança pelas tantas promessas que se faz,
mas pelo sim amorosamente esforçado e dedicado, 
intensamente vivido.

Disse Jesus que os céus serão abertos para quem a
Ele se voltou e Seu Projeto aceitou.

Quem antes era um não a Deus,
n'Ele encontrou nova possibilidade,
um sim para o serviço da vinha ressoou...

Sumos sacerdotes, anciãos no povo, pretensamente justos,
sim a Lei, o Verbo recusou, a Ele se fechou.

Ainda mais: O crucificou...
Quem deveria ser sim a Deus em nosso meio,
um cruento não se tornou.

Tentaram calar o Sim do Amor de Deus,
mas o não da maldade foi vencido, o veneno foi expelido.
Da Árvore da Vida, o sim da vida mais forte
do que o não da morte falou:
Cristo, Verbo de Deus, na
Força e Vida do Espírito,
O Pai Ressuscitou...

Sim! Palavra tão pequena...

Deus quer o nosso sim

                                                        


Deus quer o nosso sim

Na terceira terça-feira do Advento ouvimos a proclamação da passagem do Evangelho (Mt 21,28-32), e contemplamos um Deus que chama a todos para participarmos, com empenho concreto, da construção do Mundo Novo de justiça e paz que Ele sonhou e propõe insistentemente.

Diante deste convite, podemos nos acomodar, isolar ou colaborar. Portanto, não basta dizer sim, mas realizar este sim dado com todo ardor, como Jesus o fez no anúncio e realização de Sua missão redentora e concretização do Reino. Sua vida foi marcada pelo amor, serviço, doação até a entrega total na Cruz.

Vivendo um amor que ama até o fim, esvaziando-Se, empobrecendo-Se, despojando-Se para nos enriquecer, nos cumular de todas as bênçãos, graças e riquezas. Fazendo-Se pobre, enriqueceu-nos copiosamente.

Na passagem mencionada encontramos a Parábola dos dois filhos, que mais uma vez leva-nos a refletir sobre a alegria e a graça de trabalhar na Vinha do Senhor. Para além da aparente singeleza da Parábola, há um conflito muito forte que deve ser percebido.

Jesus está em Jerusalém, onde culminará Sua missão, cenário de Sua Paixão e Morte. Mais precisamente está no Templo, que é o centro do poder político, econômico e ideológico daquela época e Se dirige ao chefe dos sacerdotes (poder religioso-ideológico) e aos anciãos do povo (poder econômico), ou seja, os líderes religiosos judaicos que se constituirão nos opositores e principais sujeitos de Sua morte.

A Parábola fala de um filho que disse sim ao pai e não foi para a vinha (que são os próprios acima descritos). De outro lado o filho que disse não e foi para a vinha são os pecadores, as prostitutas, os marginalizados, os publicanos que se abriram à Boa Nova de Jesus.  

Trata-se, portanto de uma parábola de confronto e de conflito entre o Mestre da Justiça e os promotores da sociedade injusta.

Mais tarde Mateus aplicará a Parábola na recusa dos Judeus e no acolhimento por parte dos pagãos à Boa Nova de Jesus.

Com a Parábola, Jesus nos ensina que todos somos chamados para trabalhar na Vinha. Não há lugar para o imobilismo, a preguiça, o comodismo, a autossuficiência, o egoísmo.

- Sendo assim, o que significa dizer “sim” a Deus? Somente a procura dos Sacramentos não basta.

- Como vivo os Sacramentos que celebro e qual o conteúdo vivencial da Palavra que escuto?

Não basta assentar-se nos bancos das Igrejas e pregar em seus púlpitos. É preciso testemunhar a Palavra que se anuncia, que se proclama. Testemunhá-la com toda nossa fragilidade, imperfeição, dando o melhor de nós onde quer que estejamos.  É preciso por em prática a Fé, a Esperança e a Caridade.

Demos, incansavelmente, provas concretas de nosso amor. Como uma mãe que diz ao filho: “Pára de me dizer que gosta de mim. Prova-me!” Fácil é dizer, é preciso viver, dar o melhor de nós, simplesmente por amor.

No Tempo do Advento e sempre, somos chamados à conversão, à confiança, à responsabilidade, à esperança encarnada, em total fidelidade a Deus.

Tenhamos Jesus como modelo de vida e a coragem de imitá-Lo, pois Ele chegou à glória, passando pela Cruz; desceu ao poço mais profundo da miséria e solidão humana para ser exaltado, glorificado e “diante d’Ele todo joelho se dobre e toda língua proclame que Ele é o Senhor” (Fl 2,10).

Embora sem méritos, o Senhor nos chamou para trabalhar em Sua vinha.

Reflitamos:

- Qual é a nossa resposta?
- Quais as conversões que devemos realizar em nossa vida para melhor correspondermos aos desígnios de Deus e caminharmos rumo aos horizontes de uma sociedade justa e fraterna?

Seja o nosso “sim” a Deus vivo e verdadeiro, denso de conteúdo e compromissos. 

Procuremos a mais perfeita coerência entre o que cremos e o que vivemos, e deste modo, verão Cristo em nós, e como Paulo, digamos: 

“E já não sou eu que vivo: é Cristo que vive em mim. E a vida que vivo agora na carne, eu a vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e Se entregou a Si mesmo por mim.”  (Gl 2,20)

Em poucas palavras...

                                                           


Jesus, a Misericórdia de Deus para com os pecadores

“O Evangelho é a revelação, em Jesus Cristo, da misericórdia de Deus para com os pecadores (Lc 15). O anjo assim o disse a José: «Pôr-Lhe-ás o nome de Jesus, porque Ele salvará o seu povo dos seus pecados» (Mt 1, 21), o mesmo se diga da Eucaristia, sacramento da Redenção: «Isto é o meu sangue, o sangue da Aliança, que vai ser derramado por todos para a remissão dos pecados» (Mt 26, 28).” (1)

 

(1)Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 1846

Em poucas palavras...

                                                           


O julgamento final

“No entardecer de nossa vida seremos julgados pelo amor” (1)

 

(1) São João da Cruz – séc. XVI

Oração ao Arcanjo São Miguel

                                                           

Oração ao Arcanjo São Miguel

Ó Deus, pela intercessão do Arcanjo São Miguel, Padroeiro de nossa Diocese, protegei-a assim como as nossas cidades. Ajudai-nos na luta contra o pecado do egoísmo, da indiferença e do desânimo, para maior fidelidade a Vós.

Libertai-nos de toda maledicência e murmuração; expulsai de nosso meio tudo que gera divisão. Colocai em nosso coração muita coragem para lutar contra as forças do mal.

Fazei de nós ardentes discípulos missionários do Vosso Filho Jesus, iluminados e apaixonados pelo Evangelho, a fim de vivermos a fraternidade, a justiça, o amor e a solidariedade.

Alimentados pelo Pão da Palavra e da Eucaristia, a Vós confiamos e entregamos nossas paróquias, comunidades, famílias,  trabalhadores e enfermos.

Ensinai-nos a viver plenamente a vossa vontade, acolhendo no coração o que o Arcanjo São Miguel nos revela por sua missão: “Quem como Deus?”.

Tudo isso Vos pedimos por meio do Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Amém! 

Autores:
Pe. Hermes Firmiano Pedro – Diocese de Guanhães - MG
Dom Otacilio F. Lacerda

A humildade e a paz

 


                                          A humildade e a paz
 
Reflexão à luz do Livro 2 “Da Imitação de Cristo”, cap. 2-3, escrito por Tomas Kempis no séc. XV, em que nos apresenta a humildade como o pressuposto para o alcance da paz:
 
“Não te preocupes muito em saber quem é por ti ou contra ti, mas deseja e procura que Deus te ajude em tudo que fizeres.
 
Tem boa consciência e Deus será tua boa defesa. A quem Deus quiser ajudar, nenhum mal poderá prejudicar.
 
Se souberes calar e sofrer, verás certamente o auxílio do Senhor.
 
Ele sabe o tempo e o modo de te libertar, portanto, entrega-te a Ele inteiramente. A Deus pertence aliviar-nos e tirar-nos de toda confusão. Às vezes é muito útil, para guardar maior humildade, que os outros conheçam e repreendam nossos defeitos.
 
Quando o homem, por causa de seus defeitos, se humilha, então facilmente acalma os outros, e desarma os que estão irados contra ele. O humilde, Deus protege e livra; ao humilde ama e consola. Ao homem humilde Se inclina; ao humilde dá-lhe abundantes graças, e depois de seu abaixamento eleva-o a grande honra. Ao humilde, revela Seus segredos, e com doçura o atrai a Si e convida.
 
O humilde, depois de receber uma afronta, conserva sua paz: porque confia em Deus e não no mundo. 
 
Não julgues que fizeste algum progresso se não te considerar inferior a todos. Primeiro conserva-te em paz; depois poderás pacificar os outros. O homem pacífico é mais útil do que o letrado. O homem dominado pelas paixões, até o bem converte em mal e acredita facilmente no mal. O homem bom e pacífico tudo converte em bem.
 
Quem está em boa paz não suspeita mal de ninguém. Mas, quem é descontente e inquieto, com diversas suspeitas se atormenta; não tem sossego nem deixa os outros sossegar. Diz muitas vezes o que não devia; e deixa de fazer o que mais lhe conviria. Preocupa-te com as obrigações alheias e descuida-se das próprias. Zela, portanto, primeiro por ti mesmo, e depois poderás zelar devidamente por teu próximo.
 
Bem sabes desculpar e disfarçar tuas faltas, mas não queres aceitar as desculpas dos outros. Seria mais justo acusares a ti e desculpares teu irmão. Se queres que te suportem, suporta também os outros” (1)
 
Estamos vivendo o Tempo do Advento, que consiste em quatro semanas de preparação intensa para a celebração do nascimento do Menino Deus, o Verbo que Se fez Carne e habitou entre nós (cf. Jo 14,6), o Salvador de toda a humanidade.
 
Deste modo, o Advento é tempo de:
 
- Renascer algumas coisas em nós, para que outras possam florescer e frutificar; a humildade é uma delas, e uma vez renascida e revigorada, frutos de paz nascerão em nosso coração;
 
-   Reconhecer que somos terra, húmus, que do pó viemos e ao pó retornaremos; que precisamos aprender usar das coisas que passam e abraçar as que não passam;
 
-  Derrubar as montanhas do egoísmo, que insistem em permanecer dentro de nós;
 
- Elevar os vales da nossa fragilidade, para nos revigorarmos da força divina, para o bom combate da fé;
 
-   Aplainar caminhos tortos e retirar todas as asperezas que marcam relacionamentos próximos e mesmo distantes;
 
-  Reter Cristo em nós, “Mas não com laços de injustiça, nem com nós de corda, mas com laços da caridade, com as rédeas do Espírito e pelo afeto da alma... Se queres também reter o Cristo, tenta fazê-lo e não tenhas medo dos sofrimentos. Pois, não raro, é no meio dos suplícios do corpo, nas mãos dos perseguidores, que O encontramos mais facilmente” ”(cf. Santo Ambrósio (séc. IV).
 
Deus nos concede, a cada dia,  novas páginas para serem bem escritas, e tão somente assim escrevemos as linhas do Advento, e o parágrafo de uma vida para uma história de permanente Natal.
 
Preparemo-nos para celebrar o nascimento 
d’Aquele que  nasce e renasce 
a cada instante de nossa História!
Amém!
 
(1)  Liturgia das Horas – Tempo do Advento/Natal – p.240-242

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