terça-feira, 9 de dezembro de 2025

Jesus revela a face misericordiosa do Pai

                                                                       

Jesus revela a face misericordiosa do Pai
 
“Jesus mostrou esta face do Pai,
indo pessoalmente à procura dos pecadores...”
 
Na terça-feira da segunda semana do Advento, a Liturgia nos apresenta a passagem do Evangelho sobre a Parábola da ovelha desviada (Mt 18,12-14), cujo paralelo também encontramos em Lucas (Lc 15,1-7).
 
Com a parábola refletimos sobre a ação de Jesus, revelando a verdadeira face de Deus Pai:
 
“Na Parábola da ovelha desgarrada revela-se a verdadeira face de Deus: a do pai que não se resigna a perder nenhum de seus filhos, nem mesmo o menor de todos, o mais miserável ou rebelde, mas o procura constantemente e de mil maneiras.
 
Jesus mostrou esta face do Pai, indo pessoalmente à procura dos pecadores, entretendo-se com eles, comendo em suas casas, apesar da ira dos mestres da lei e dos guardas das sagradas tradições.” (1)
 
A segunda parte do comentário, alude ao verdadeiro perdão divino, que pressupõe o desejo e compromisso de conversão, correspondendo à misericórdia de Deus:
 
“Pedir perdão – dizem alguns – com a certeza de obtê-lo em qualquer caso, é uma fuga às próprias responsabilidades, um incentivo ao erro, pois para toda ocorrência é sempre garantido o perdão de Deus. Porém não se trata só de passar a esponja e apagar: a misericórdia de Deus não é ingenuidade, mas convite à conversão, convite a praticarmos por nossa vez a misericórdia para com nossos irmãos”.(2)
 
Experimentar o perdão de Deus é abrir-se para uma relação intensa e profunda de amor com Ele, que nos ama incondicionalmente e está sempre pronto a nos perdoar.
 
Reflitamos:
 
- Estamos predispostos a reconhecer nossos pecados e pedir perdão?
- Estamos predispostos a também amar e perdoar a quem nos ofendeu?
 
- O quanto somos capazes de acreditar na conversão e volta de um irmão que pecou ao convívio da comunidade?
 
- Como compreendemos o efeito renovador da misericórdia, que é em favor de todos os pecadores, a fim de que nenhuma de suas ovelhas se perca e se extravie do rebanho?
 
- Quanto vivemos o que rezamos na Oração do Senhor – “Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”?
 
- Como foi a última vez que vivenciamos a alegria do perdão no Sacramento da Penitência?
 
Redescubramos a face misericordiosa do Pai que o Senhor nos revelou, vivendo gestos de reconciliação, preparemos uma frutuosa e santa celebração do Natal.
 
Concluindo, proponho três versículos para leitura e meditação sobre  o perdão:
 
- “Assim também, não é da vontade de vosso Pai, que está nos Céus, que um destes pequeninos se perca” (Mt 18,14);


- “Deus quer que todos os homens se salvem” (1Tm 2,4);


- “O Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido” (Lc 19,10).


(1) Missal Cotidiano - Editora Paulus 
(2) idem

Advento – Há de vir…

                                                     

Advento – Há de vir… 

Iniciamos o Tempo do Advento e com ele a preparação para a celebração de mais uma Festa do Natal do Senhor.

Para bem celebrá-lo e verdadeiramente, é preciso que vivamos intensamente este Tempo: cada gesto de amor; cada compromisso com a justiça e a paz é nossa participação ativa para que o Natal do Senhor não se reduza a uma festa como tantas outras, apenas fonte de vendas e lucros, mas uma Festa do Nascimento do Senhor, logo, nascimento da vida e da esperança de tempos novos. E, como temos sede de tempos novos! 

Há esperanças presentes no coração de nosso povo, à luz das Leituras Bíblicas deste Tempo. 

Há de vir um tempo novo em que a humanidade se deixará guiar pela luz do Senhor (Is 2,5), e não mais por ideias e pensamentos que ofuscam e obscurecem nossas relações de fraternidade. 

Há de vir um tempo em que nos revestiremos do Senhor Jesus Cristo em gestos de amor, perdão, partilha, compreensão, solidariedade, relações de igualdade… 

Há de vir um tempo em que estaremos vigilantes na espera d’Aquele que vem, em profundas e sinceras relações de amor, com o Criador, a criação e a criatura… 

Há de vir um tempo em que pousará sobre nós o Espírito de sabedoria e discernimento, conselho e fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus… Não mais o espírito de ambição, do lucro, do capital, ou qualquer outro espírito que ameace nossa vida. 

Há de vir um tempo em que as firmes esperanças carregadas em nosso coração serão concretizadas, porque nossas esperanças estão no Senhor. 

Há de vir um tempo novo em que as espadas serão transformadas em arados e as lanças em foices, não pegarão mais em armas uns contra os outros e não mais travarão combate (Is 2,4).  

Milhões de pessoas no Brasil e no mundo em situação de miséria, e quantos  ainda morrem de fome todo dia pelo mundo.  

Em vez de se gastar em armas de guerra, em nome de um pretenso terrorismo, deveria gastar para erradicar a fome do mundo – um verdadeiro terrorismo!

Há de vir um tempo em que a criação e a criatura exultarão de alegria no Senhor, porque as mãos enfraquecidas serão fortalecidas, os joelhos debilitados serão firmados, os deprimidos serão animados… 

Cantaremos louvores ao Senhor com a infinita alegria brilhando em nosso rosto.

Há de vir um tempo em que olharemos nos olhos uns dos outros e diremos: valeu a pena preparar os caminhos do Senhor, e endireitar Suas veredas. Valeu a pena sonhar, lutar e se comprometer com a Vida…

Há de vir um tempo em que por causa d’Ele, Jesus, ficaremos escandalizados com o menor sinal de fome, desemprego, violência, preconceitos, prostituição infantil, concentração de terra e capital, corrupção e desigualdade social.

Há de vir o tempo que voltará o sorriso da vitória, da exultação, porque serão suprimidos, vencidos todos os sinais de dor, choro, pranto, luto, como nos fala o Livro do Apocalipse de São João (cf. Ap 21,1-4).

Há de vir um tempo em que conduzidos pelo Espírito, conceberemos uma nova família, santuário da vida, pequenina Igreja doméstica, porque somos santuários vivos de Deus, templos do Espírito Santo.

Consequentemente, geraremos uma nova humanidade; viveremos uma Ecologia integral, na perfeita relação com a nossa Casa Comum, a Terra, a criatura humana e toda a criação, pois tudo está interligado. Então será Natal, porque estaremos, portanto, na plenitude do relacionamento com o Deus Criador, assistidos pelo Espírito Santo, alegres e exultantes com a presença do Emanuel – Deus conosco – Jesus Cristo!

Vem Senhor Jesus! Ele há de vir. Ele veio, Ele vem, Ele virá!

Ah, se imitássemos Maria!

                                    

Ah, se imitássemos Maria!

Ah, se imitássemos Maria,
Tão diferente o mundo seria;
Nem mais dor, pranto,
Nem luto indesejável, desencantos.

Ah, se imitássemos Maria,
Vida de pecado não existiria;
Acolhida da graça divina,
Que bela lição nos ensina.

Ah, se imitássemos Maria,
A humanidade bem outra seria;
Sem despotismo, tirania, opressão...
Com fraternidade, um mundo mais irmão.

Ah, se imitássemos Maria,
O pão na mesa do irmão não faltaria;
Vida abundante de Seu Filho, sinal do Reino,
Amados e felizes, dias belos e serenos!

Ah, se imitássemos Maria!

Evangelizadores com espírito (Introdução)


Evangelizadores com espírito

Na Exortação “Evangelii Gaudium” (2014), no capítulo V, o Papa Francisco nos fala da necessidade de evangelizadores com espírito, ou seja, que se abram sem medo à ação do Espírito Santo, que Se manifestou maravilhosamente no dia de Pentecostes, e que levou os Apóstolos a saírem de si mesmos, transformados em anunciadores das maravilhas de Deus, de modo que cada um começou a entender na própria língua.

É preciso que os evangelizadores anunciem a Boa-Nova não somente com palavras, mas, sobretudo com uma vida transfigurada pela presença de Deus (n.259).

Assim temos a evangelização com espírito, muito diferente de um conjunto de tarefas vividas como uma obrigação pesada, que quase não se tolera ou se porta como algo que contradiz às nossas próprias inclinações e desejos.

Uma evangelização com espírito é possível quando se faz com o Espírito Santo, alma da Igreja evangelizadora.

Somos encorajados pelo Papa para uma ação evangelizadora mais ardorosa, alegre, generosa, ousada, cheia de amor até o fim e feita de vida contagiante.

Invoca a vinda do Espírito Santo para renovar, sacudir, impelir a Igreja, numa decidida saída de si mesma, a fim de evangelizar todos os povos (n.2610).

Com isto, temos evangelizadores com espírito:
- que rezam e trabalham;
- que têm propostas místicas acompanhadas de compromisso social e missionário;
- com discursos e ações pastorais com espiritualidade que transformam o coração.

Para tanto, os evangelizadores com espírito precisam de momentos prolongados de adoração, de encontro orante com a Palavra, de diálogo sincero com o Senhor, sem o que incorrem em cansaços e as dificuldades naturais apagam o ardor da missão.

Porém não se trata de uma espiritualidade intimista e individualista que não corresponda às exigências da caridade e a lógica da Encarnação (n.262).

Cada tempo tem suas dificuldades para a evangelização, e o Papa acena para o aprendizado com os Santos, que nos precederam e enfrentaram as dificuldades próprias de seu tempo, e, a partir destes, apresenta-nos algumas motivações que são fundamentais para o evangelizador com espírito (n.263). (1)


(1) Nas postagens seguintes, apresento uma síntese das referidas motivações.

Evangelizadores com espírito (Parte I)


Evangelizadores com espírito

Primeira motivação:
Ao amor que recebemos de Jesus, aquela experiência de sermos salvos por Ele que nos impele a amá-Lo cada vez mais. (n. 264):
- “Como é doce permanecer diante de um crucifixo ou de joelhos diante do Santíssimo Sacramento, e fazê-lo simplesmente para estar à frente dos seus olhos...” (n.264).

- “A melhor motivação para se decidir a comunicar o Evangelho é contemplá-lo com amor, é deter-se nas suas páginas e lê-lo com o coração...” (n.264).

“É necessário recuperar um espírito contemplativo para que se redescubra que somos depositários de um bem que humaniza, que ajuda a levar uma vida nova” (n.264).

“Às vezes perdemos o entusiasmo pela missão, porque esquecemos que o Evangelho dá resposta às necessidades mais profundas das pessoas, porque todos fomos criados para aquilo que o Evangelho nos propõe: a amizade com Jesus e o amor fraterno” (n.264).

Evangelizar é comunicar uma verdade que não passa de moda, porque é capaz de penetrar onde nada mais pode chegar – “A nossa tristeza infinita só se cura com um amor infinito” (265):

“O verdadeiro missionário, que não deixa jamais de ser discípulo, sabe que Jesus caminha com ele, fala com ele, respira com ele, trabalha com ele. Sente Jesus vivo com ele, no meio da tarefa missionária. Se uma pessoa não O descobre presente no coração mesmo da entrega missionária, depressa perde o entusiasmo e deixa de estar seguro do que transmite, faltam-lhe força e paixão. E uma pessoa que não está convencida, entusiasmada, segura, enamorada, não convence ninguém” (n. 266).

Segunda motivação:
O prazer espiritual de ser povo – “Vós que outrora éreis um povo, agora sois Povo de Deus” (1 Pd 2,10).

A missão é uma paixão por Jesus e simultaneamente uma paixão pelo Seu povo: Ele nos toma do meio do povo e nos envia ao povo, de tal modo que a nossa identidade não se compreende sem esta pertença (n.268).

Jesus estava sempre no meio do povo, de modo que Sua entrega na Cruz é apenas o culminar deste estilo que marcou toda a Sua vida:

“Fascinados por este modelo, queremos inserir-nos a fundo na sociedade, partilhamos a vida com todos, ouvimos as suas preocupações, colaboramos material e espiritualmente nas suas necessidades, alegramo-nos com os que estão alegres, choramos com os que choram e comprometemo-nos na construção de um mundo novo, lado a lado com os outros...” (n.269).

Uma tentação que precisamos tomar cuidado: a tentação de ser cristãos mantendo uma prudente distância das chagas do Senhor – “Mas Jesus quer que toquemos a miséria humana, que toquemos a carne sofredora dos outros...” (n. 270).

É preciso dar razão de nossa esperança: “Jesus não nos quer como príncipes que olham desdenhosamente, mas como homens e mulheres do povo... Assim, experimentaremos a alegria missionária de partilhar a vida com o povo fiel de Deus, procurando acender o fogo no coração do mundo” (n. 271).

O discípulo missionário, quando plenamente devotado em seu trabalho evangelizador, experimenta o prazer de ser um manancial que transborda e refresca os outros (n.272).

Somos advertidos, como discípulos: “Não se vive melhor fugindo dos outros, escondendo-se, negando-se a partilhar, resistindo a dar, fechando-se na comodidade. Isto não é senão um lento suicídio” (n. 272).

Portanto, a missão no coração do povo não é uma parte da vida, ou ornamento que se pode por de lado, tão pouco um apêndice ou um momento isolado da vida de uma pessoa. (n. 273).

Evangelizadores com espírito (Parte II)


Evangelizadores com espírito

Terceira motivação:  
A ação misteriosa do Ressuscitado e do Seu Espírito. O discípulo não pode cair no pessimismo, no fatalismo e na desconfiança, mas, como discípulo do Ressuscitado, ser portador de esperança:

Cristo Ressuscitado e glorioso é a fonte profunda da nossa esperança, e não nos faltará a sua ajuda para cumprir a missão que nos confia” (n. 275).

É preciso que o discípulo tome cuidado, nos alerta o Papa:

“Pode acontecer que o coração se canse de lutar, porque, em última análise, se busca a si mesmo num carreirismo sedento de reconhecimentos, aplausos, prêmios, promoções; então a pessoa não baixa os braços, mas já não tem garra, carece de ressurreição. Assim, o Evangelho, que é a mensagem mais bela que há neste mundo, fica sepultado sob muitas desculpas” (n. 277).

Noutra passagem também nos adverte:
“Às vezes invade-nos a sensação de não termos obtido resultado algum com os nossos esforços, mas a missão não é um negócio nem um projeto empresarial, nem mesmo uma organização humanitária, não é um espetáculo para que se possa contar quantas pessoas assistiram devido à nossa propaganda. É algo de muito mais profundo, que escapa a toda e qualquer medida” (n. 279).

É preciso que nos empenhemos totalmente, mas deixar que seja o Espírito Santo a nos tornar fecundos, como melhor Lhe parecer, os nossos esforços “n. 279): é para manter o ardor missionário é preciso uma decidida confiança no Espírito Santo (n. 280):

“Mas não há maior liberdade do que a de se deixar conduzir pelo Espírito, renunciando a calcular e controlar tudo e permitindo que Ele nos ilumine, guie, dirija e impulsione para onde Ele quiser. O Espírito Santo bem sabe o que faz falta em cada época e em cada momento. A isto se chama de ser misteriosamente fecundos” (n. 280).


Quarta motivação:
A força missionária da intercessão. A Oração de intercessão não nos afasta da verdadeira contemplação, porque esta não pode deixar de fora os outros, no que consistiria numa falsa contemplação (n.281):

“Quando um evangelizador sai da Oração, o seu coração tornou-se mais generoso, libertou-se da consciência isolada e está ansioso por fazer o bem e partilhar a vida com os outros” (n.282), e por isto, afirma o Papa, os grandes homens e mulheres de Deus foram grandes intercessores: “A intercessão é como ‘fermento’ no seio da Santíssima Trindade” (n.283).


Evangelizadores com espírito (Parte III)

Evangelizadores com espírito

Quinta motivação:

A presença de Maria, a Mãe da Evangelização. Com o Espírito Santo, Maria está sempre presente no meio do povo (At 1,140). Maria é Mãe da Igreja evangelizadora, e, sem Ela, não podemos compreender cabalmente o espírito da nova evangelização:

“Ao pé da Cruz, na hora suprema da nova criação, Cristo conduz-nos a Maria; conduz-nos a Ela, porque não quer que caminhemos sem uma mãe; e, nesta imagem materna, o povo lê todos os mistérios do Evangelho. Não é do agrado do Senhor que falte à Sua Igreja o ícone feminino” (n.285).

O Papa cita o Beato Isaac da Estrela, que nos expressou a maravilhosa ligação íntima entre Maria, a Igreja e cada fiel:

“Nas Escrituras divinamente inspiradas, o que se atribui em geral à Igreja, Virgem e Mãe, aplica-se em especial à Virgem Maria (...).

Além disso, cada alma fiel é igualmente, a seu modo, esposa do Verbo de Deus, mãe de Cristo, filha e irmã, virgem e mãe fecunda.

(...) No tabernáculo do ventre de Maria, Cristo habitou durante nove meses; no tabernáculo da fé da Igreja, permanecerá até ao fim do mundo; no conhecimento e amor da alma fiel habitará pelos séculos dos séculos” (n.285).

Assim o Papa nos apresenta Maria:

“Maria é aquela que sabe transformar um curral de animais na casa de Jesus, com uns pobres paninhos e uma montanha de ternura. Ela é a serva humilde do Pai, que transborda de alegria no louvor.

É a amiga sempre solícita para que não falte o vinho na nossa vida. É aquela que tem o coração trespassado pela espada, que compreende todas as penas.

Como Mãe de todos, é sinal de esperança para os povos que sofrem as dores do parto até que germine a justiça. Ela é a missionária que Se aproxima de nós, para nos acompanhar ao longo da vida, abrindo os corações à fé com o seu afeto materno.

Como uma verdadeira mãe, caminha conosco, luta conosco e aproxima-nos incessantemente do amor de Deus” (n.286).

Fala-nos de sua forte expressão na religiosidade popular:

“Através dos diferentes títulos marianos, geralmente ligados aos santuários, compartilha as vicissitudes de cada povo que recebeu o Evangelho e entra a formar parte da sua identidade histórica.

Muitos pais cristãos pedem o Batismo para seus filhos num santuário mariano, manifestando assim a fé na ação materna de Maria que gera novos filhos para Deus.

É lá, nos santuários, que se pode observar como Maria reúne ao seu redor os filhos que, com grandes sacrifícios, vêm peregrinos para A ver e deixar-se olhar por Ela.

Lá encontram a força de Deus para suportar os sofrimentos e as fadigas da vida. Como a São João Diego, Maria oferece-lhes a carícia da sua consolação materna e diz-lhes: «Não se perturbe o teu coração. (...) Não estou aqui eu, que sou tua Mãe” (n. 286).

Maria é a Mãe do Evangelho vivente, e podemos contar com sua intercessão na ação evangelizadora. (n.287).


Evangelizadores com espírito (Final)

Evangelizadores com espírito

O Papa apresenta também um estilo mariano na atividade evangelizadora:

Porque sempre que olhamos para Maria, voltamos a acreditar na força revolucionária da ternura e do afeto. Nela, vemos que a humildade e a ternura não são virtudes dos fracos, mas dos fortes, que não precisam maltratar os outros para se sentir importantes” (n. 288).

Podemos contar com Maria, e o Papa encerra a Exortação esta Oração: 

“Virgem e Mãe Maria, Vós que, movida pelo Espírito,
acolhestes o Verbo da vida na profundidade da vossa fé humilde,
totalmente entregue ao Eterno, ajudai-nos a dizer o nosso «sim»
perante a urgência, mais imperiosa do que nunca,
de fazer ressoar a Boa-Nova de Jesus.

Vós, cheia da presença de Cristo, 
levastes a alegria a João, o Batista,
fazendo-o exultar no seio de sua mãe. 
Vós, estremecendo de alegria,
cantastes as maravilhas do Senhor. 
Vós, que permanecestes firme diante da Cruz com uma fé inabalável, e recebestes a jubilosa consolação da ressurreição, 
reunistes os discípulos à espera do Espírito para que nascesse a Igreja evangelizadora.

Alcançai-nos agora um novo ardor de ressuscitados
para levar a todos o Evangelho da vida que vence a morte.

Dai-nos a santa ousadia de buscar novos caminhos
para que chegue a todos o dom da beleza que não se apaga.

Vós, Virgem da escuta e da contemplação, Mãe do amor, esposa das núpcias eternas, intercedei pela Igreja, da qual sois o ícone puríssimo,
para que ela nunca se feche nem se detenha
na sua paixão por instaurar o Reino.

Estrela da nova evangelização, 
ajudai-nos a refulgir com o testemunho da comunhão, 
do serviço, da fé ardente e generosa,
da justiça e do amor aos pobres, 
para que a alegria do Evangelho
chegue até aos confins da terra e nenhuma
periferia fique privada da sua luz.

Mãe do Evangelho vivente,
manancial de alegria para os pequeninos,
rogai por nós. Amém. Aleluia!” (n.288)


Advento: a missão da Igreja na espera do Senhor!

                                                             

Advento: a missão da Igreja na espera do Senhor!

Senhor Jesus, como membros de Vossa Igreja, todos somos chamados por Vós a alcançar a graça da santidade, certos de que, somente na glória celeste, alcançaremos a sua plena realização, quando vierdes para a restauração de todas as coisas, e o mundo chegará à plenitude em Vós.

Senhor Jesus, cremos que fostes, elevado sobre a terra, e atraístes todos a Vós, Ressuscitado de entre os mortos, infundistes nos discípulos o Vosso Espírito vivificador e por Ele constituístes a Igreja, Vosso Corpo, como Sacramento universal da Salvação.

Senhor Jesus, cremos que, o gênero humano e o universo inteiro, alcançarão o fim esperado, quando tudo for perfeitamente por Vós e em Vós restaurado.

Senhor Jesus, cremos que estais sentado à direita do Pai, e atuais continuamente na terra, a fim de levardes para junto de Vós todos por Vós resgatados e alimentados com o Vosso próprio Corpo e Sangue.

Senhor Jesus, cremos que já chegou para nós a plenitude dos tempos, e a restauração do mundo  já foi realizada, definitivamente, e, de certo modo, encontra-se já,   antecipada neste mundo.

Senhor Jesus, contemplamos a prometida restauração que esperamos, mas já começada, pois, em Vós, progride com o Espírito Santo e, por Ele, continua na missão evangelizadora da Igreja.

Senhor Jesus, fortalecei nossa fé e ensinai-nos o sentido da nossa vida temporal, com a esperança dos bens futuros, revigorados na missão que o Pai nos confiou no mundo, e empenhados na nossa salvação e de toda a humanidade.

Senhor Jesus, conduzi, na terra, Vossa Igreja, santa e pecadora, na espera de novos céus e da nova terra, em que habitará a plena justiça. 

Senhor Jesus, conduzi com Vosso Espírito a Vossa Igreja peregrina, revigorada pelos Sacramentos, passageira neste mundo e vivendo no meio das criaturas, que gemem e sofrem as dores de parto, esperando a manifestação dos filhos de Deus (Rm 8,19-22).

 Maranathá! Vem, Senhor Jesus! Amém.

 

PS: Conferir o Documento Conciliar “Lumen Gentium”, capítulo VII, que nos fala da índole escatológica da Igreja peregrina e sua união com a Igreja celeste (n.48). - (Lumen Gentium n.48)

João Batista: o maior de todos os Profetas (IIIDTAA)

João Batista: o maior de todos os Profetas

No Tempo do Advento, em várias passagens, vemos a presença de João Batista, que muito nos ajuda a viver intensamente a preparação da Celebração do Natal do Senhor, e uma delas, é a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 11,2-11).

João Batista, que foi enviado para preparar a vinda do Messias, o último dos Profetas, apontou o modo de como acolhê-Lo, e recebeu de Jesus estas Palavras: “em verdade Eu vos digo, de todos os homens que já nasceram, nenhum é maior do que João Batista” (Mt 11,11).

Inclusive, é honrado pelos mulçumanos como um dos vinte e cinco profetas do Islão, e o seu túmulo honorário, em Damasco, é sinal do diálogo entre cristãos e mulçumanos.

Vejamos o que nos diz o Corão sobre ele:

“Concedemos-lhe a sabedoria desde criança, ternura da nossa parte, e pureza. Era um dos timoratos, carinhoso com os seus pais, nem violento nem desobediente. A paz sobre ele no dia em que nasceu, no dia da sua morte e no dia em que será ressuscitado para uma nova vida” (Corão, 12.15).(1)

As palavras de João continuam ressoando em nossos dias, ajudando-nos a preparar o caminho que leva a Jesus Cristo, e assim celebrarmos um autêntico Natal.

Oremos:

“Despertai, Senhor, os nossos corações para prepararmos os caminhos do Vosso Filho Unigênito, a fim de que, pelo Mistério da Sua vinda, possamos servir-Vos com Espírito renovado. Por N.S.J.C. Amém”. (2)



(1) (2) Lecionário Comentado – Editora Paulus – Lisboa – 2011 - Volume Advento Natal – p.114
Oportuno para a reflexão sobre a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 3,10-18; 7,19-23; Mc 1,1-8; Jo 1,6-8.19-28)

Deus nos criou para a alegria! (IIIDTAA)

Deus nos criou para a alegria!

A Liturgia do 3º Domingo do Advento (ano A) nos convida à alegria, sobretudo porque se aproxima uma das maiores Festas do cristianismo: O Natal do Senhor!

A alegria pela libertação chegou e a esperança está acesa: “Alegrai-vos no Senhor...” é o refrão que sentimos ressoar no mais profundo de nossa alma ao ouvir a proclamação da Palavra de Deus (Is 35,1-6.10; Tg 5,7-10; Mt 11,2-11).

O profeta Isaías tem uma única intenção: despertar a esperança e a confiança dos exilados.

Nada de desânimo, nada de covardia, nada de abaixar os braços, pois Deus vem para salvar e libertar o Seu povo...  O profeta é aquele que planta no mais profundo de quem precisa a semente da esperança que se concretiza na confiança e na coragem de lutar, no empenho do bom combate da fé.

O profeta, como portador da Palavra de Deus, é aquela voz que nos acompanha, nos fortalece no irrenunciável empenho com o Projeto libertador de Deus que é a ação de gerar vida em abundância.

O Profeta assume a história de seu povo, coloca-se com ele em marcha, da escravidão para a liberdade, olhando o mundo com o olhar da esperança, levando todos a abandonar os óculos escuros do desespero.

Urge que acolhamos, como os profetas, a proposta libertadora de Deus em nossa vida, remando contra a maré  das ideias dominantes, nem sempre coincidentes com o pensamento divino. 

Deste modo o profeta olha o mundo com os olhos de Deus para testemunhar com fidelidade, confiança e esperança em todas as circunstâncias e em todos os momentos.

Com os profetas e com o Apóstolo Tiago, aprendemos que alegria de Deus não nos dispensa de compromissos, empenhos, embates, passos largos a serem dados em busca de horizontes inéditos, como que reconstruindo o paraíso que foi manchado pelo pecado.

O Apóstolo Tiago nos exorta à paciência e ao olhar de fé que deve ser renovado cotidianamente em cada Banquete da Eucaristia celebrado a fim de que a alegria e a esperança invadam nosso coração.

Ele também nos ensina que é sempre tempo de reavivar a confiança e paciência na espera do Senhor que veio, vem e virá... Recuperar e jamais perder os valores cristãos autênticos e cultivar a paciência até que ocorra a intervenção final de Deus na história: confiar no Senhor não é sinônimo de cruzar os braços.

Urge cada dia, reconstruir o paraíso, não como saudade estéril, mas como esperança e confiança frutuosa.

Deste modo é que no Evangelho contemplamos a ação de Jesus; Deus veio ao nosso encontro através do Seu Filho e com Ele a proposta libertadora: os desesperados recuperam a esperança, os surdos voltam a escutar a Palavra, os cegos enxergam novo horizonte além do sol poente; os coxos reconquistam a liberdade; os pobres se abrem para a solidariedade e o amor de Deus.

Num mundo marcado pela mentira e fingimento, urge a necessidade da sinceridade, como nos motiva o testemunho de João Batista que exerce sua missão com fidelidade, sinceridade e sem medo.

Com João, e todos os profetas, aprendemos uma salutar lição: a força divina começa no exato momento em que reconhecemos a nossa fragilidade e nos abrimos à manifestação de Deus, à ação de Sua graça e abertura para o Seu perdão.

Somente deste modo a alegria e a esperança invadirão e transbordarão em nosso coração: “irromperá no coração dos que creem a alegria da luz do Natal!”.

Reflitamos:

- Num mundo marcado pela depressão, tristeza, dor, como ser sinal de alegria?

- Onde e quando precisamos ser profetas da alegria, portadores de uma Palavra que renova, revigora, refaz forças na construção do Reino de Deus?

- Qual o caminho verdadeiro para expor nossas dúvidas com toda sinceridade diante de Deus e com quem convivemos?

Preparemos o Natal para que vivamos uma vida cristã mais autêntica e a alegria verdadeira será mais que desejável em nosso coração; será transbordamento, porque edificada sobre o fundamento e fonte da verdadeira alegria: Jesus!


PS: Aos que estiverem enfraquecidos, desanimados... Convido que retome e leia  Isaías 35.  O Profeta fala nas entranhas de nosso coração...

Alegremo-nos, o Senhor está para chegar! (IIIDTAA)

Alegremo-nos, o Senhor está para chegar!

“Alegrai-vos sempre no Senhor, de novo vos digo,
alegrai-vos: O Senhor está perto” (1)

A Liturgia do 3º Domingo do Advento (ano A) é um convite à alegria pela proximidade do Senhor que está para chegar, cujo nascimento no Natal haveremos de celebrar.

Estamos, portanto, no Domingo da Alegria, que a Igreja chama de Domingo “Gaudete”.

A Palavra nos convida a não nos inquietarmos com nada: “Alegrai-vos, pois a libertação está para chegar”.

Na primeira Leitura, ouvimos a passagem do Profeta Isaías (Is 35, 1-6a.10), em que este tem o desejo de despertar a esperança e a confiança nos exilados.

Está próxima a chegada de Deus, que conduzirá o povo para a Terra da liberdade, da vida plena e feliz.

Trata-se de um hino em que se convida à autêntica alegria, deixando de lado todo desânimo, pois a ação de Deus consiste em gerar vida em abundância.

O Povo de Deus vive um segundo êxodo, ainda mais grandioso que o primeiro. É preciso que olhe o mundo com os olhos da esperança, jamais com os óculos do desespero, para não sucumbir diante das forças da morte que não prevalecem para sempre.

Nisto consiste o verdadeiro Advento: a contemplação da intervenção divina; e ser, no mundo, como o profeta Isaías uma testemunha da alegria, da confiança em Deus e da esperança que n’Ele não decepciona.

De fato, ser Profeta é remar contra a maré, vendo o mundo com os olhos de Deus. É preciso, no mundo, ontem, hoje e sempre, homens e mulheres que deem este testemunho.

Na passagem da segunda Leitura (Tg 5,7-10), Tiago exorta a comunidade a não desistir da espera do Senhor que vem, cultivando a paciência e a confiança.

Tiago é um sábio judeu-cristão que repensa, de maneira muito original, as máximas da sabedoria judaica, vividas plenamente nas Palavras e ação do Senhor.

Preocupa o autor o abuso da sobreposição da fé às obras, bem como o abuso dos ricos sobre os pobres.

Exorta à perseverança, à união e a não perda dos valores cristãos, apresentando para isto, a proposta de uma autêntica vida cristã.

Acentua nesta passagem a esperança que deve iluminar o coração de todos na comunidade, pois a libertação está para chegar, mas a confiança no Senhor não nos permite o cruzar dos braços.

Esta esperança, acompanhada da paciência e confiança, é que dá coragem na luta, no bom combate da fé, em sua perfeita tradução em obras.

Esperar com confiança, mas sem revolta. Empenhar-se prontamente para o Projeto Libertador de Deus, que significa para nós a verdadeira preparação para o Natal.

No Evangelho (Mt 11,2-11), refletimos sobre a ação de Jesus que veio para comunicar vida, alegria e luz. Um Reino de justiça e de paz com Ele se inaugura. 

A passagem pode ser dividida em duas partes: na primeira, Jesus responde a pergunta de João Batista, confirmando que Jesus é Ele mesmo, o Messias esperado.

Na segunda, temos a descrição, pelo próprio Jesus, de Sua Pessoa, mensagem e missão.

A mensagem central é que Deus vem sempre ao nosso encontro, jamais nos abandona e sempre continuará a vir, oferecendo-nos a Salvação.

Com Ele tudo se transforma: os desesperados encontram a esperança; os surdos recuperam a possibilidade de escutar a Sua Palavra em comunicação autêntica; os cegos voltam a enxergar um novo horizonte; os coxos e paralíticos reencontram a liberdade, o dinamismo para a vida e, finalmente, os pobres, correspondendo ao Amor de Deus, vivem a partilha e a solidariedade. O mundo marcado pela mentira e fingimento dará lugar ao mundo novo marcado pela verdade, sinceridade.

Com Jesus, na acolhida de Sua Pessoa e Sua Palavra, tudo se renova. Nisto consistirá para nós o Natal genuinamente cristão.

É esta a mensagem que a Liturgia do Domingo “Gaudete” nos apresenta: alegria verdadeira somente com Deus, e em Deus, pode ser encontrada; e esta tão somente é alcançada no exato momento que reconhecemos nossa fragilidade e nos abrimos à manifestação do poder de Deus e de Sua presença, que comunica graça e perdão.

Somos feitos por Deus para a alegria. Que jamais a percamos, cultivando a paciência necessária, e o nosso olhar de fé seja sempre renovado.

A Liturgia do Advento, os momentos pessoais, familiares e comunitários de Oração e uma boa confissão devem nos transformar.

Reflitamos:

Ø Como estamos preparando o Natal do Senhor?
Ø Como andam nossa alegria, confiança e esperança no Senhor?

Ø Qual é o fundamento de nossa alegria?
Ø Em que consiste a verdadeira alegria que Deus quer nos oferecer?

Ø Num mundo marcado pela depressão, tristeza, dor e morte, como ser sinal de vida e de alegria?
Ø A alegria tem sido uma marca de nossas comunidades?


A Festa do Natal do Senhor se aproxima, muito mais que comemorada, é preciso que seja celebrada e, assim, a alegria e a esperança invadirão nosso coração. No coração dos que creem irromperá a alegria e a luz do Natal.

Não deixemos lugar algum para o desânimo, desesperança. Descruzemos os braços e abramos o coração.

Maranathá! Vem Senhor Jesus!

(1) Antífona de entrada da Missa do 3º Domingo do Advento. 

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