quinta-feira, 18 de dezembro de 2025

Minhas reflexões no Youtube

 
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Resquiescat in pace - Descanse em paz!

                                          


Resquiescat in pace  - Descanse em paz!

O sol escondido sob as nuvens, dia sombrio, como ficaram os dias sem você, desde quando partiu, e meus olhos nadam em lágrimas vertentes.

Hoje, uma lembrança com misto de tristeza suave e dilacerante me consome, e volto meus olhos para o passado, procurando preencher o vácuo que você deixou, que por vezes parece impreenchível.

Não fosse a fé na ressurreição da carne, ficaria apenas a sombra do túmulo, eterna sombra da morte; eterno descanso; ocaso sem esperança; derradeira pulsação da vida, sem desabrochar na outra margem.

Não fosse a fé na ressurreição da carne, aquele momento supremo da vida, seria um eterno sábado; o véu da morte ficaria para sempre posto, e não reconheceríamos os sinais do Ressuscitado, “os panos dobrados e colocados à parte” desde aquela memorável madrugada (cf. Jo 20, 7).

Mas creio na ressurreição da carne, e a morte é o descansar no regaço do Senhor; o dormir o sono da noite, sem horas após o último suspiro e o cerrar dos olhos à luz; o sentimento do frio pelas asas da morte a roçar a fronte; o fugir dos últimos lampejos da vida.

RIP – Resquiescat in pace – Descanse em paz amigo/a. Que o Senhor se compadeça de sua alma e o tenha para sempre em Sua glória, até que um dia também faça a necessária e derradeira passagem e viveremos o epílogo da eternidade e comunhão na glória dos céus, com os anjos e santos. Assim creio. Assim espero. 

Tenho que seguir em frente, lembrando com carinho de cada momento que vivemos; cada sorriso compartilhado; cada lágrima enxugada; cada dificuldade superada...

Descanse em paz! O brilho do Sol nascente vem nos iluminar, até que um dia possamos nos céus nos encontrar. Amém.

Creio n’Aquele que veio, vem e virá: Jesus

 


Creio n’Aquele que veio, vem e virá: Jesus

“Aguardamos o nosso Salvador, o Senhor, Jesus Cristo.
Ele transformará o nosso corpo humilhado
e o tornará semelhante ao seu corpo glorioso,
com o poder que tem de sujeitar a Si todas as coisas.” ( Fl 3,20b-21)

Creio na Encarnação Do Verbo, feito Carne, envolto em faixas e reclinado num presépio, e assim ao vir pela primeira vez, revestido de nossa fragilidade, para realizar o plano eterno do amor de Deus para nós, suportando a cruz, sem recusar a Sua ignomínia, abrindo-nos o caminho da Salvação.

Creio que virá pela segunda vez, revestido da glória de Sua majestade, num manto de luz, cercado de uma multidão de anjos, para nos conceder em plenitude os bens prometidos que hoje, vigilantes, esperamos.

Creio na primeira vinda de Cristo que foi nossa redenção, e na Sua segunda vinda, quando aparecerá como nossa vida. 

Creio na Sua presença contínua em espírito e poder, como numa senda, guiando-nos da primeira para a segunda vinda gloriosa, que vigilantes esperamos. Amém.

 

Fontes: Prefácio do Advento I;  São Cirilo de Jerusalém – séc. IV; São Bernardo (séc. XII)

 

A beleza do Tempo do Advento

                                                           



A beleza do Tempo do Advento (ano A)

Antes de apresentarmos a mensagem que a Liturgia da Palavra nos oferece, podemos assim entender o Tempo do Advento:

“Hoje nós não esperamos a vinda do Messias – que já apareceu em Belém há mais de dois mil anos – mas a Sua manifestação ao mundo. É nesta perspectiva que adquire sentido o Tempo que dedicamos à preparação do Natal, Tempo que mais do que ‘Advento’, deveria ser chamado ‘Preparação para o Advento’” (1).

Agora vejamos o que nos propõe a Liturgia:

- No primeiro Domingo (ano A) retrata a vinda escatológica de Jesus (a Sua segunda vinda gloriosa, que professamos e aguardamos na vigilância). Somos chamados a “atitude da vigilância”. Todos os textos proclamados evocam a manifestação do Senhor no fim dos tempos e a urgência da preparação para este final da história da humanidade na terra.

- No segundo Domingo (e também no terceiro) retrata a Sua vinda na História. A atitude que se ressalta é a “conversão”, a partir da voz de João Batista, que exorta a preparar os caminhos do Messias esperado.

- No terceiro Domingo, temos a identificação de Jesus testemunhado pelas Suas obras. De fato era Ele que haveria de vir. A marca deste Domingo é a “alegria”, pela Sua primeira vinda e a espera paciente e confiante de Sua segunda vinda.

- No quarto Domingo nos fala do “anúncio“ a José, sobre o nascimento do Filho de Maria como Salvador e Deus conosco.

Em relação à Palavra proclamada nestes Domingos:

- Na primeira leitura, percorremos um itinerário de consciência progressiva do caráter salvífico da vinda d’Aquele que foi prometido e que será reconhecido, no quarto Domingo, na Pessoa de Jesus de Nazaré.

- Na segunda Leitura, temos um convite a nos deixar conduzir pela vigilância, paciência e fidelidade às Escrituras, reconhecendo em Jesus, o Filho de Deus, e vivendo a obediência da fé.

Neste sentido, somos convidados à vigilância e à conversão, esperando com alegria e perseverança a chegada de Deus, na encarnação do Verbo, com a destruição da injustiça e da impiedade, trazendo a salvação para todos os que n’Ele crerem.

Concluindo, podemos afirmar que o Tempo do Advento é uma frutuosa introdução no Mistério do Ano Litúrgico e a celebração da tríplice vinda de Jesus: “As poucas semanas que precedem a Festa do Natal constituem uma importante iniciação ao Mistério insondável da Encarnação, que desde então é o âmbito em que vivemos na fé e na esperança” (2).

Sobre esta tríplice vinda, fiquemos com as palavras de São Bernardo (séc. XII), em sua Homilia para o Advento:

“Na primeira vinda, o Senhor veio em carne e debilidade, nesta segunda, em espírito e poder; e na última, em glória e majestade. Esta vinda intermediária é como que uma senda por que se passa da primeira para a última: na primeira, Cristo foi nossa redenção; na última, aparecerá como nossa vida; nesta, é o nosso descanso e o nosso consolo” (3).


(1) Lecionário Comentado - Editora Paulus - p.35
(2) Missal Quotidiano Dominical e Ferial – Editora Paulus – Lisboa – 2011 pp. 27-28
(3) idem p.28 - (in São Bernardo, Homilia sobre o Advento, 5,1-2, Opera omnia, edição cisterciense, 4, 1966, 188-190).

Glorifiquemos a Deus pelo Mistério da Encarnação do Verbo

                                                   


 Glorifiquemos a Deus pelo Mistério da Encarnação do Verbo

No dia 18 de dezembro, ao ouvir, em pleno Tempo do Advento, a poucos dias de celebrarmos o Natal do Senhor, a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 1,18-24), sejamos enriquecidos pelo Sermão do Venerável e Doutor da Igreja, São Beda (séc. VIII), em que nos fala do grande e insondável Mistério da Encarnação do Verbo no ventre de Maria:

“Em poucas palavras, porém cheias de realismo, o evangelista São Mateus descreve o nascimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo pelo qual o Filho de Deus, eterno antes do tempo, apareceu no tempo como Filho do Homem.

Conduzindo o evangelista à sucessão genealógica, partindo de Abraão até chegar a José, o esposo de Maria, e enumerar – conforme o modo costumeiro de narrar às gerações humanas – a totalidade seja dos genitores como dos gerados, e dispondo-se a falar do nascimento de Cristo, ressaltou a enorme diferença que existe entre Ele e os demais nascimentos: os outros nascimentos ocorrem através da união normal do homem e da mulher, enquanto que Ele, por ser o Filho de Deus, veio ao mundo através de uma virgem. E era conveniente sob todos os aspectos que Deus, ao decidir tornar-Se homem para salvar os homens, não nascesse senão de uma virgem, pois era impensável que uma virgem não gerasse a nenhum outro, senão a um que, sendo Deus, ela O gerasse como Filho.

Eis que, disse o profeta, a Virgem conceberá, e dará à luz um filhoe lhe porá o nome de Emanuel (que significa ‘Deus conosco’). O nome que o profeta dá ao Salvador, ‘Deus conosco’, indica a dupla natureza de Sua única Pessoa.

Na verdade, Aquele que é Deus nascido do Pai antes de todos os séculos, é o mesmo que, na plenitude dos tempos tornou-se, no seio materno, no Emanuel, isto é, em ‘Deus conosco’, porque Se dignou assumir a fragilidade de nossa natureza na unidade de Sua Pessoa, quando a Palavra se fez carne e habitou entre nós, quando de modo admirável começou a ser o que nós somos, sem deixar de ser o que era, assumindo de tal forma nossa natureza que não ficasse obrigado a deixar de ser o que Ele era.

Maria deu à luz, pois, a Seu Filho primogênito, isto é, ao Filho de Sua própria carne. Deu à luz Àquele que, antes da criação, nasceu Deus de Deus, e na humanidade, na qual foi criado, superava superabundantemente a toda criatura. E Ele lhe pôs, diz, o nome de Jesus.

Jesus é nome do filho que nasceu da Virgem; nome que significa – conforme a explicação angélica – que Ele salvaria o Seu povo de seus pecados. E Aquele que salva dos pecados salvará da mesma forma das corruptelas da alma e do corpo, que são sequelas do pecado.

A palavra ‘Cristo’ designa a dignidade sacerdotal ou régia. Na lei, tanto os sacerdotes como os reis eram chamados ‘cristos’ pela crisma, isto é, pela unção com o óleo sagrado: eram um sinal de alguém que, ao manifestar-se no mundo como verdadeiro Rei e Pontífice, foi ungido com o óleo de júbilo entre todos os seus companheiros.

Devido a esta unção ou crisma, é chamado Cristo; aos que participam desta unção, ou seja, desta graça espiritual, são chamados de ‘cristãos’. Que Ele, por ser nosso Salvador, nos salve de nossos pecados; enquanto Pontífice nos reconcilie com Deus Pai; na Sua qualidade de Rei; digne-se conceder-nos o Reino eterno de Seu Pai, Jesus nosso Senhor, que com o Pai e o Espírito Santo vive e reina e é Deus, por todos os séculos dos séculos. Amém.” (1)

Reflitamos e contemplemos sobre o grande e insondável Mistério da Encarnação do Verbo no ventre de Maria, mas também nos convida a refletir sobre a graça que recebemos de nos tornarmos “cristãos”.

Como cristãos, seguidores de Jesus Cristo, somos ungidos, marcados, assinalados para a mais bela missão: a continuidade da missão de Jesus Cristo, cujo nascimento a poucos dias celebraremos.

Seja o Natal a Festa do Eterno Amor (o Espírito Santo), que veio ao encontro da humanidade por meio do Eterno Amado (Jesus Cristo), comunicador do pleno e infinito amor do Pai (o Eterno Amante).

Natal é a Festa em que somos envolvidos e mergulhamos intensa e profundamente no amor de Deus, para que deste amor sejamos sinais e comunicadores.

Oremos:

Ó Deus de Amor e ternura, que por meio do Vosso Filho, nosso Salvador, sejamos salvos de nossos pecados, remidos pela graça e ação do Santo Espírito.

Ó Deus de misericórdia e bondade, que por meio do Vosso Filho, nosso divino Pontífice, nos reconcilie convosco, e assim, vivamos relações mais humanas e fraternas.

Ó Deus onipotente e onipresente, que por meio do Vosso Filho Rei e Senhor de todos os povos; seja-nos concedida a graça da vinda do Vosso Reino, que é eterno e universal: Reino da verdade e da vida, Reino da santidade e da graça, Reino de justiça, do amor e da paz. Amém.

 

(1) Lecionário Comentado – Editora Vozes – 2013 -  pp.32-33    

Natal do Senhor: Transbordamento do Amor Divino

                                                        

Natal do Senhor: Transbordamento do Amor Divino

                 “Ó doce intercâmbio, ó misteriosa iniciativa... Ó imensa benignidade e amor de Deus”


Vivendo o Tempo do Advento, preparemo-nos à luz da Carta a Diogneto (Séc. II), que nos fala sobre o Amor de Deus revelado por meio do Seu Filho, Jesus Cristo:

“Nenhum homem viu a Deus nem O conheceu, mas Ele mesmo Se manifestou. Manifestou-Se pela fé, pois só a ela é concedida a visão de Deus. O Senhor e Criador do universo, Deus, que fez todas as coisas e as dispôs em ordem, não só amou os homens, mas também foi paciente com eles.

Deus sempre foi, é e será o mesmo: benigno e bom, isento de ira, veraz; só Ele é bom. E quando concebeu Seu grande e inefável desígnio, só o comunicou a Seu Filho. Enquanto mantinha oculto e em reserva Seu plano de sabedoria, parecia abandonar-nos e esquecer-se de nós.

Mas, quando revelou por Seu Filho amado e manifestou o que havia preparado desde o princípio, ofereceu-nos tudo ao mesmo tempo: participar de Seus benefícios, ver e compreender. Quem de nós poderia jamais esperar tamanha generosidade?

Tendo Deus, portanto, tudo disposto em Si mesmo com o Seu Filho, deixou-nos, até estes últimos tempos, seguir nossos impulsos desordenados, desviados do caminho reto pelos maus prazeres e paixões.

Não que Ele tivesse algum gosto com nossos pecados; tolerando-os, não aprovava aquele tempo de iniquidade, mas preparava este tempo de justiça.

Assim, convencidos de termos sido, naquele período, indignos da vida em razão de nossas obras, tornemo-nos agora dignos dela pela bondade de Deus. E depois de mostrar nossa incapacidade de entrar pelas próprias forças no Reino de Deus, nos tornemos capazes disso pelo poder divino.

Quando, pois, a nossa iniquidade atingiu o auge e se tornou manifesto que a paga merecida do castigo e da morte estava iminente, chegou o tempo estabelecido por Deus para revelar sua bondade e poder.

Ó imensa benignidade e amor de Deus! Ele não nos odiou, não nos rejeitou nem Se vingou de nós, mas nos suportou com paciência. Cheio de compaixão, assumiu nossos pecados, entregou Seu próprio Filho como preço de nossa redenção: o santo pelos pecadores, o inocente pelos maus, o justo pelos injustos, o incorruptível pelos corruptíveis, o imortal pelos mortais. O que poderia apagar nossos pecados a não ser Sua justiça? Por quem poderíamos ser justificados, nós, ímpios e maus, senão pelo Filho de Deus?

Ó doce intercâmbio, ó misteriosa iniciativa, ó surpreendente benefício, ser a iniquidade de muitos vencida por um só justo e a justiça de um só justificar muitos ímpios!”

Intensifiquemos nossa preparação para bem celebrarmos o Natal do Senhor, e seremos totalmente envolvidos pelo Seu amor, bem como nosso coração terá a graça do transbordamento deste amor imensurável de Deus.

Contemplemos com este mavioso intercâmbio com a Encarnação do Verbo, a misteriosa iniciativa divina que sempre nos surpreende com o Seu infinito Amor, que jamais nos desampara, sobretudo em momentos tão difíceis por que passamos.

A poucos dias de celebrarmos o Natal do Senhor, que todos nos abramos à comunicação do Amor de Deus, que veio, vem e virá sempre ao nosso encontro.

Que de modo muito especial, nossas famílias se abram a esta Boa Notícia, para que a luz de Deus ilumine mais forte na Noite tão esperada, e em todos os dias do novo ano que se aproxima.

Rezando com os Salmos - Sl 110(111)

 




As obras do Senhor são verdade e justiça

–1 Eu agradeço a Deus de todo o coração *
junto com todos os Seus justos reunidos!
–2 Que grandiosas são as obras do Senhor, *
elas merecem todo o amor e admiração!

–3 Que beleza e esplendor são os Seus feitos! *
Sua justiça permanece eternamente!
–4 O Senhor bom e clemente nos deixou *
a lembrança de suas grandes maravilhas.

–5 Ele dá o alimento aos que O temem *
e jamais esquecerá Sua Aliança.
–6 Ao Seu povo manifesta Seu poder, *
dando a Ele a herança das nações.

–7 Suas obras são verdade e são justiça, *
seus preceitos, todos eles, são estáveis,
–8 confirmados para sempre e pelos séculos, *
realizados na verdade e retidão.

=9 Enviou libertação para o Seu povo, †
confirmou Sua Aliança para sempre. *
Seu nome é santo e é digno de respeito.

=10 Temer a Deus é o princípio do saber, †
e é sábio todo aquele que o pratica. *
Permaneça eternamente o Seu louvor.”

Com o Salmo 110(111) contemplamos as grandes obras do Senhor, sobretudo os prodígios durante o Êxodo.

Também o autor do Livro do Apocalipse nos convida a contemplar as maravilhas por Deus realizadas:

“Grandes e maravilhosas são as tuas obras, Senhor Deus todo-poderoso! (Ap 15,3).

Supliquemos a Deus para nos conceda um olhar contemplativo de Suas maravilhas, e assim renovemos nossos sagrados compromissos com a Boa Nova do Reino, passando sempre da contemplação para a oblação. Amém.

Natal: a luz do Menino Deus brilhará mais forte

                                                     

Natal: a luz do Menino Deus brilhará mais forte

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Mateus (Mt 1,18-24).

Trata-se de  um texto catequético, em que nos é apresentado Jesus, o Deus conosco, que, ao Se encarnar, traz à humanidade um Projeto de vida e salvação, e para tanto, Deus quis contar com a colaboração humana (Maria e José).

Temos a descrição cuidadosa da mensagem do Anjo, e da revelação de quem é Jesus:

- Ele vem de Deus, com origem divina, pois Maria está grávida por obra do Espírito Santo;

- Sua missão é a Salvação de toda a humanidade, como indica o Seu nome;

- Ele é o Messias de Deus, da descendência de Davi, como por séculos fora anunciado (aqui o papel preponderante de José, com a paternidade adotiva).

Vivamos o Tempo do Advento como a graça do encontro com Jesus e a acolhida de Sua Pessoa, Palavra e Projeto, que transforma a nossa vida, a fim de que celebremos e vivamos o verdadeiro Natal do Senhor, e que jamais seja o natal do consumismo, de troca de presentes apenas, ou refeições mais enriquecidas.

Mais que comemorar o Natal, celebremos o Natal do Senhor, aprendendo com Maria e José, que acolheram o Verbo e permitiram que Ele crescesse em tamanho, sabedoria e graça diante de Deus.

Que o sim de Maria e de José leve-nos a refletir sobre os “sins” que Deus espera de todos nós para que o Seu Projeto de amor, vida, luz e paz, chegue a todas as pessoas.

O verdadeiro Natal ocorrerá em nossa vida quando formos totalmente sim para Deus e Sua vontade, e se preciso for, rever nossos caminhos e projetos pessoais, colocando os Seus desígnios e vontade acima de nossas próprias vontades e caprichos.

Natal é a Luz de Deus que vem iluminar nossos caminhos obscuros, sobretudo quando vemos noticiários cotidianos em que a mentira, a maldade, o roubo, o desmando, a corrupção parecem prevalecer sobre as atitudes e pessoas de boa vontade. 

Advento: rejuvenescidos no Amor de Deus

                                                 

Advento: rejuvenescidos no Amor de Deus

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Mateus (Mt 1,18-24), em que somos convidados a intensificar a preparação desta Festa do Natal do Senhor, com conversão, renovação e fortalecimento de nossa fidelidade ao Senhor.

Urge a purificação de indesejáveis alianças com falsos deuses que não nos alcançam a verdadeira alegria, somente assim teremos a possibilidade de um Natal bem celebrado, como tão bem nos exortam os Profetas bíblicos.

É imperativo a eliminação destas alianças, pois a verdadeira alegria só pode vir da Fonte das fontes, a Fonte da plena alegria, Cristo Jesus. Não percamos tempo em renovar nossa aliança de amor e fidelidade com Deus. Ele toma a iniciativa e espera nossa resposta.

Na passagem do Evangelho vemos como  Deus gera Seu Filho, pelo orvalho do Espírito, no ventre de Maria. Uma vez gerado, acolhido, concebido, em vida doada no amor extremo de Cruz, e exaltado  por Sua gloriosa Ressurreição, nos reconciliará com Deus, fazendo-nos novas criaturas.       

Assim  é o Amor de Deus: gera a Fonte de amor - Jesus. Recria cada um de nós no Amor do Filho, por isto somos, d’Ele, amadas e preciosas criaturas... Em nós, faz morada pelo Espírito.

Cremos que não há Mistério mais belo e profundo a ser contemplado na Encarnação, Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus.

Como é belo o Natal quando não esvaziamos o seu conteúdo Pascal; quando não o reduzimos a um fato do passado, a imóveis imagens num presépio...

Contemplemos duas figuras exemplares do Evangelho: Maria e José. Por trás da aparente singeleza da narrativa do sim de ambos, evidencia-se a dramaticidade vivida, a angústia, o temor... Não marcados pela ausência divina, ao contrário, uma proximidade que arranca de Seus corações expressão de total confiança, um salto no escuro exigido pela fé para o reencontro com o esplendor da luz e da verdade. Entregam-se plenamente nas mãos de Deus, acolhem Seus desígnios que ultrapassam os limites humanos.

Maria e José, ainda que não compreendam os Mistérios e desígnios de Deus, confiam e não se contrapõem ao mesmo, exemplarmente mergulham na obscuridade do Mistério de Deus. E este é o grande convite de Deus para nós neste Natal: aceitar participar do Seu Plano de Salvação, não por nossos méritos, mas por Sua misericórdia.

A Salvação de Deus é possível, mas não dispensa nossa liberdade de resposta e participação.

Na escola de Maria e José aprendemos, a Deus, entregar todo nosso ser, nossa corporeidade, mente, espírito, tempo, fragilidade e nossa força na acolhida no mais profundo de nós, no presépio, mais ainda, na manjedoura de nosso coração Aquele que veio, vem e virá!

As atitudes e testemunhos de Maria e José convidam-nos a refletir sobre  quantas vezes titubeamos, tememos, oscilamos... A tibieza nos acompanha e ofuscamos o verdadeiro sentido do Natal, esvaziando-o de autêntico conteúdo, sobretudo quando marcado pelo consumismo, ceias que nada expressam, presentes que não são acompanhados de verdadeiro amor e carinho; cartões grafados sem a tinta imprescindível do Espírito; a tinta do amor...

Eis o que nos levará a uma autêntica devoção a Nossa Senhora e a seu justo e corajoso esposo José, aquele que tão bem soube cuidar da Fonte da Vida!

Que o Advento seja Tempo favorável de nos rejuvenescermos no amor de Deus, e assim no Natal saborearmos a alegria de nos doarmos aos irmãos, como tão bem fizeram Maria e José.

Deus vem ao nosso encontro... Abracemos com alegria esta proposta de Salvação. Fecharmo-nos a Deus, eclipsando-O de nossas vidas e negarmos Cristo, fará desaparecer o sentido e o valor da vida. A esperança dará lugar ao desespero, bem como a alegria sucumbirá dando lugar à depressão; afundaremos no lodaçal do pecado, da escuridão, do desamor, do rancor, da injustiça, da solidão... Desintegração pessoal, humano-afetiva, espacial e cósmica que trará funestas consequências, instaurando o caos indesejável, afastando-nos do sonho e desejo de Deus: o Reino, o reencontro do paraíso em passos firmes e certos para a plenitude do Seu amor – céu...

Diante do presépio, coloquemo-nos em adoração extática, e uma vez extasiados pela singeleza do mesmo, renovemos nossa fidelidade a Deus, revigoremo-nos no Banquete da Eucaristia; deixemo-nos iluminar pela Luz Divina que a Palavra resplandece...

Com Maria e José, aprendamos que a promessa da vinda do Salvador não foi uma promessa inócua, jamais realizada; aprendamos com eles que Deus promete, Deus cumpre, pois é próprio do amor de Deus cumprir Suas promessas. 

Com eles, busquemos a Salvação que se destina a todos, não por imposição, mas acolhida com amor e liberdade, maturidade e fidelidade. Depende do quanto, a ela, nos abrimos na acolhida do Verbo que em nós mais uma vez quer fazer morada...

Urge a preparação de um lugar digno para a presença do Deus Menino, no mais profundo de nós, do que nós de nós mesmos. Afinal, é próprio do amor de Deus querer habitar no coração daqueles que Ele ama!


Cremos na concepção virginal de Maria

                                                             


Cremos na concepção virginal de Maria

Na passagem do Evangelho de Mateus (Mt 1,18-24), que nos apresenta a origem de Jesus Cristo.

A título de aprofundamento, retomemos um parágrafo do Catecismo da Igreja Católica:

“Tem, por vezes, causado impressão o silêncio do Evangelho de São Marcos e das epístolas do Novo Testamento sobre a conceição virginal de Maria. Também foi questionado, se não se trataria aqui de lendas ou construções teológicas fora do âmbito da historicidade.

A isto há que responder: a fé na conceição virginal de Jesus encontrou viva oposição, troça ou incompreensão por parte dos não-crentes, judeus e pagãos (São Justino, Orígenes, Sacrosanctum Concilium n. 132, 270); mas não tinha origem na mitologia pagã, nem era motivada por qualquer adaptação às ideias do tempo.

O sentido deste acontecimento só é acessível à fé. que o vê no «nexo que liga os mistérios entre si» (Vaticano I), no conjunto dos mistérios de Cristo, da Encarnação até à Páscoa.

Já Santo Inácio de Antioquia fala deste nexo: «O príncipe deste mundo não teve conhecimento da virgindade de Maria e do seu parto, tal como da morte do Senhor: três mistérios extraordinários, que se efetuaram no silêncio de Deus».”  (1)

Concluamos professando nossa fé com o Credo Niceno constantinopolitano:

Creio em um só Deus,

Pai todo-poderoso,

Criador do céu e da terra,

de todas as coisas visíveis e invisíveis.

Creio em um só Senhor, Jesus Cristo,

Filho Unigênito de Deus,

nascido do Pai

antes de todos os séculos:

Deus de Deus,

Luz da luz,

Deus verdadeiro de Deus verdadeiro,

gerado, não criado,

consubstancial Pai.

Por Ele todas as coisas foram feitas.

E, por nós, homens,

e para a nossa salvação,

desceu dos Céus.

E encarnou pelo Espírito Santo,

no seio da Virgem Maria,

e se fez homem.

Também por nós foi crucificado

sob Pôncio Pilatos;

padeceu e foi sepultado.

Ressuscitou ao terceiro dia,

conforme as Escrituras;

E subiu aos Céus,

onde está sentado à direita de Deus Pai.

De novo há de vir, em sua glória,

para julgar os vivos e os mortos;

e o Seu reino não terá fim.

Creio no Espírito Santo,

Senhor que dá a vida,

procede do Pai e do Filho;

e com o Pai e o Filho

é adorado e glorificado:

Ele que falou pelos profetas.

Creio na Igreja

Una, Santa, Católica e Apostólica.

Professo um só batismo

para remissão dos pecados.

Espero a ressurreição dos mortos;

E a vida do mundo que há de vir.

Amém.


(1)         Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 498

Maria e José: modelos de confiança e abertura à vontade divina

                                                 

Maria e José: modelos de confiança e abertura à vontade divina

Reflexão à luz da passagem do  Evangelho de Mateus  (Mt 1,18-24),  que nos fala do Mistério da Encarnação de Jesus, Deus conosco”, que vem ao encontro da humanidade, com uma proposta  e salvação para todos.

No entanto, é preciso acolher a Salvação de coração e braços abertos deixando-se transformar por sua proposta.

Dediquemos especial atenção à participação de Maria e José neste Mistério do amor de Deus, ao Se encarnar entre nós, fazendo-Se um de nós, semelhante em tudo, exceto no pecado.

Contemplemos Maria:

“Maria calava, sofria e punha nas mãos de Deus a sua honra e as angústias por que José iria passar por sua causa; e Deus, que tinha revelado já a Isabel o mistério da concepção de Jesus, poderia igualmente vir a revelá-lo a José. De tudo isto fica para nós o exemplo de Maria e de José: não admitir suspeitas temerárias e confiar sempre em Deus”. (1)

Contemplemos São José:

O que nos falam três santos da Igreja (São Bernardo, Santo Agostinho, e São João Crisóstomo, respectivamente):

“ São José  foi tomado dum assombro sagrado perante a novidade de tão grande milagre, perante a proximidade de tão grande mistério, que a quis deixar ocultamente… José tinha-se, por indigno…’”. (2)

- “A José não só se lhe deve o nome de pai, mas este é-lhe devido mais do que a qualquer outro. Como era pai? Tanto mais profundamente pai, quanto mais casta foi a sua paternidade… O Senhor não nasceu do germe de José. Mas à piedade e amor de José nasceu um filho da Virgem Maria, que era Filho de Deus”. (3)

- “Não penses que, por ser a concepção de Cristo obra do Espírito Santo, tu (José) és alheio ao serviço desta divina economia; porque, se é certo que não tens nenhuma parte na geração e a Virgem permanece intacta, não obstante, tudo o que pertence ao ofício de pai, sem atentar contra a dignidade da virgindade, tudo te entrego a ti, o pôr o nome ao filho. (…) Tu lhe farás as vezes de pai, por isso, começando pela imposição do nome, Eu te uno intimamente com Aquele que vai nascer”. (4)

Percebemos que nada foi tão simples e claro para Maria e José. E no diálogo e silêncio orante, souberam se abrir ao Mistério da ação divina, como mais expressivos modelos de confiança e abertura ao Plano da Salvação que Deus tinha para nós.

Vivendo este Tempo do Advento, temos a graça de rever nossa abertura aos planos e projetos que Deus tem para cada um de nós, e o quanto precisamos nos abrir, em total confiança, para dele participarmos, como fizeram Maria e José.

Assim vivendo, nos preparamos melhor para celebrar o inaudito acontecimento da História: a Encarnação do Verbo, o Menino Deus, que vem ao nosso encontro para conosco caminhar, e não reduziremos o Natal à comemoração de um fato passado, mas um acontecimento que se dá todos os dias e nos renova para trilharmos caminhos de justiça, paz, vida, amor e luz,

 

(1); (2); (3); (4) https://www.presbiteros.org.br/roteiro-homiletico-natal-de-nosso-senhor-missa-da-vigilia-ano-c/

 

Sejamos envolvidos nos sonhos de Deus

                                                         

Sejamos envolvidos nos sonhos de Deus

A passagem do Evangelho (Mt 1,18-24) nos fala do nascimento de Jesus, que nascerá de Maria, prometida em casamento a José, filho de Davi.

A figura de José é marcada, nesta passagem, pela fé e humildade. Ele soube manter a justa compostura em face do Mistério da Encarnação; abriu-se aos desígnios divinos, expressando sinceridade e abertura ao anúncio do Anjo.

Assim afirma o Missal Cotidiano, à luz desta atitude de José:

“Só quem está disposto à franca obediência a Deus, ouvirá sua Palavra e poderá colaborar em sua obra, porquanto só quem sabe ouvir sabe também obedecer. Quando a parte puramente humana faz silêncio, tem-se o coração aberto para ouvir e executar o querer divino”. (1)

José é modelo para nós de alguém que crê em Deus, e está sempre atento às Suas revelações, pronto a deixar-se envolver nos Seus sonhos.

Somente quem sabe ouvir, sabe obedecer. Assim foi José diante de Deus, assim também haveremos de ser sempre, para nos abrimos aos Mistérios dos desígnios divinos.

Um dos mais belos aprendizados a ser feito durante toda a vida: aprender a ouvir o Senhor, que nos fala, por vezes, na aparente ausência, e, sobretudo na ausência das palavras multiplicadas de nossa parte. 

Silenciar-se diante de Deus para que Ele possa nos falar, afinal Ele é a Palavra, e tem a Palavra certa em todos os momentos de nossa vida.

Aprendamos com José a nos envolver nos sonhos e Projetos divinos, para que em nossa vida não se multipliquem pesadelos, fazendo ruir nossos projetos. 

Coloquemos acima de tudo o querer de Deus a nosso respeito e o Projeto que Ele tem para cada um de nós a realizar.

Somente quando nos envolvemos nos sonhos de Deus, aprendemos o necessário silêncio para escutá-Lo, e nossa vida ganha cor, beleza, alegria e luz. Somente assim, poderemos sentir e celebrar o verdadeiro Natal do Senhor em nossa vida.

Concluamos com esta oração, por intercessão de São José, homem justo, temente e piedoso, que muito tem a nos ensinar:

Oremos:

"Deus Todo-Poderoso, que na aurora nos novos tempos confiastes a São José a guarda dos Mistérios da Salvação dos homens, concedei à Vossa Igreja, por Sua intercessão, a graça de os conservar fielmente e de os realizar até à sua plenitude. Por N.S. J. C. Amém.” (1)



(1)         Missal Cotidiano - Editora Paulus - pág.79
(2)        Oração da Coleta - Missa em louvor a São José.

Em poucas palavras...

                                                


O Mistério da Encarnação

No texto evangélico de hoje (Mt 1,18-24), são apresentados os três personagens que encabeçam o início dos acontecimentos definitivos:

- o Filho de Deus, tornado homem, Jesus e o Emanuel (vv. 21-23): Maria de Nazaré, esposa de José, tornada mãe de Jesus por obra do Espírito Santo (vv.18-20); José, da casa de David, chamado a fazer de pai do Filho de Deus e de Maria, ao impor-Lhe o nome de Jesus (vv. 1-9-20.24).” (1)

 

 

(1) Lecionário Comentado – Volume Advento/Natal – Editora Paulus – Lisboa – 2011 – pág. 168-169

4º Domingo do Advento - Ano A

A tríplice vinda do Senhor

                                                       

A tríplice vinda do Senhor

Com o Tempo do Advento refletimos sobre a Vinda do Senhor, colocando-nos em atitude de conversão, mudança de pensamentos e ações, para que celebremos o resplandecer da verdadeira luz do Natal.

Sejamos enriquecidos pelo Sermão do Abade São Bernardo (séc. XII), que nos fala da tríplice vinda do Senhor (1):

Primeira Vinda:             Ele veio.
Vinda intermediária:     Ele vem.
Segunda Vinda:             Ele virá.

Primeira Vinda: O Senhor apareceu na terra e conviveu com os homens e mulheres.
Vinda intermediária: É oculta, e somente os eleitos o vêem em si mesmos e recebem a Salvação.
Segunda Vinda: Todo homem verá a Salvação de Deus (Lc 3,6).

Primeira Vinda: Eleo Senhor, veio na fraqueza da carne.
Vinda intermediária: Ele, o Senhor, vem espiritualmente manifestando o poder de Sua graça.
Segunda Vinda: Ele, o Senhor, virá com todo o esplendor de Sua glória.

Primeira Vinda: Ele é o Princípio.
Vinda intermediária: Ele é o caminho que conduz da primeira a última.
Segunda Vinda: Ele é o Fim.

Primeira Vinda: Ele veio como nossa redenção.
Vinda intermediária: Ele vem como nosso repouso e consolação.
Segunda Vinda: Ele virá como nossa Vida. 

Reflitamos:

- Como contemplo a primeira vinda do Senhor neste Natal que se aproxima?
- Como estou vivendo esta vinda intermediária do Senhor?
- De que modo preparo a Sua segunda vinda e o que ela significa na minha vida

Permaneçamos vigilantes e orantes na espera do Senhor que veio, vem e virá!

Como é bom saber que não estamos sós!
Nunca estivemos e tampouco o estaremos.
Desde que estejamos abertos a acolher a
Sua tríplice vinda em nossa vida...

“Maranathá”: Vem Senhor Jesus!
“Vem Senhor, vem nos salvar, com Teu povo vem caminhar!”


(1) Liturgia das Horas Vol. I - pp.137-138

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