sábado, 15 de novembro de 2025

A oração e o compromisso indispensável

                                                              

A oração e o compromisso indispensável

As mãos que elevamos aos céus
são as mesmas que na terra estendemos ao outro...

No sábado da 32ª Semana do Tempo Comum, a Liturgia nos apresenta a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 18,1-8), convidando-nos a refletir sobre a verdadeira oração, que consiste uma relação estreita e íntima com Deus, num diálogo intenso e insistente.

A oração leva-nos à compreensão do silêncio de Deus, respeito ao Seu ritmo, que não necessariamente é o nosso e, sobretudo, nos leva ao crescimento no Seu Amor.

Voltemo-nos para a passagem do Livro do Êxodo (Ex 17, 8-13a), em que o autor nos apresenta uma catequese sobre a oração, como força em nossa luta quotidiana.

A oração de Moisés é a grande intercessão em favor do povo hebreu contra os amalecitas. Enquanto ele mantém as mãos levantadas, há a vantagem sobre os inimigos, mas quando vencido pelo cansaço, suas mãos se abaixam, os inimigos dominam.

A oração é importante, e deve ser perseverante, persistente. Por isto, Aarão e Hur, ao lado de Moisés, amparam-lhe as mãos e assim os hebreus vencem os inimigos.

De fato, a libertação pressupõe a oração de Moisés e a intervenção de Deus, mas não dispensa a ação do povo. A mensagem catequética é explícita: a libertação se deve mais à ação de Deus do que aos esforços do Povo.

Deus não cruza os braços no processo de libertação do Seu Povo e a oração se torna a grande força para o combate e a vitória:

“A conquista é dom de Deus. Se o Povo de Deus reza e confia no Senhor, o próprio Senhor combate e vence; se o Povo de Deus se apoia apenas suas forças é derrotado” (1).

Também com o Apóstolo Paulo escrevendo a Timóteo (2 Tm 3,14-4,2), vemos como é importante a Palavra de Deus como fonte privilegiada de oração.

O texto foi escrito para as comunidades que viviam um contexto de perseguição, da falta do entusiasmo. Era mais do que necessário a redescoberta deste entusiasmo pelo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Era preciso retomar a fidelidade à doutrina, como grande herança dos Apóstolos, que é acompanhada pela fidelidade às Escrituras, fonte de formação e educação cristã, tornando o discípulo mais configurado ao Senhor.

Paulo exorta a uma proclamação da Palavra sem medo, sem pudores e com entusiasmo. Palavra que é oportuna para ensinar, persuadir, corrigir e formar.

Urge rever se a Palavra de Deus tem centralidade em nossa vida, como a valorizamos e que formação procuramos para melhor compreendê-la e melhor vivê-la.

Retomando a passagem do Evangelho (Lc 18,1-8), vemos Jesus a caminho de Jerusalém, e nos exorta à prática da verdadeira Oração, como diálogo contínuo e perseverante e que nos leva à abertura do coração ao Projeto de Salvação.

Muitas são as inquietações que nos cercam em todos os âmbitos (pessoal, familiar, comunitário e social, mundial...). Por vezes não entendemos o “silêncio de Deus”.

Mas aqui a grande notícia: Deus não é indiferente aos nossos sofrimentos. Porém, é preciso uma oração feita com paciência e com perseverança, até que o Projeto de Deus se cumpra.

A oração é sempre o momento em que nos colocamos diante de Deus, para reencontrarmos forças para perseverarmos no caminho do encontro de Seu Amor; é o abastecer para acolher e realizar, com coragem e entusiasmo, o Projeto de Salvação que Deus tem para nós.

Quando nos envolvemos pelo Amor de Deus, sabemos esperar em Sua aparente ausência, que é a mais verdadeira presença.

A oração há de ser sempre uma atitude que brota da fé em Deus, na confiança e na perseverança. Rezarmos sempre, sem nos desencorajarmos, com a certeza de que Deus nos escuta depressa, sem tardar.

Se Deus não nos atende pode ser porque não pedimos o necessário, e nossa oração não está devidamente sintonizada com o Seu Projeto de Vida e Salvação.

Na Parábola, vemos que “Não corresponde ao estilo de Jesus Cristo um ensinamento que induz o discípulo a forçar a vontade de Deus, para O fazer mudar de ideias e obrigá-Lo a fazer aquilo que o homem quer! Pelo contrário, a Parábola é provocatória e, para compreendermos bem, temos de entender a inversão de perspectiva”  (2)

Importante dizer que oração não é transferência de responsabilidade para Deus. Deus fará o que a nós é impossível, e jamais nos dispensará de sinceros compromissos para que a graça seja alcançada.

“Como para Israel no deserto, também na nossa vida se trata de combater contra um adversário poderoso, que não pode ser vencido apenas com as nossas forças humanas.

A oração constante e convicta, é sinal de quem confia na ajuda divina, ‘levanta as mãos’ (Ex 17,11) e clama continuamente (cf. Lc 18,7), tirando proveito da Palavra que escutou, convencido de que pode realizar-se.” (3)

Quando orarmos pela paz, nos empenhemos pela paz. Quando orarmos pelos pobres, multipliquemos gestos de solidariedade para com os mesmos. Quando orarmos pela paz na família, façamos sincera revisão de nossas atitudes que venham a ferir esta paz.

Toda oração que elevamos aos céus, nos compromete, imediatamente com Deus, com o outro e conosco.

Reflitamos:

- O que é oração?
- Como e para que a oração?

- Quais são as pessoas que nos ensinam a beleza da oração em nossa vida?

- O que precisamos fazer para redescobrir o gosto, a beleza e a força da oração?

- Quais são os conteúdos de nossas orações?
- O que a oração repercute em nossa vida?
- Preparamo-nos para bem proclamar, acolher e viver a Palavra de Deus?

Concluindo, vemos que, na necessária conversão, para que melhores discípulos missionários do Senhor sejamos, é preciso que tenhamos fé, ou seja, uma atitude confiante para desejar fortemente tudo que seja conforme o Projeto de Deus.


(1) Lecionário Comentado – Editora Paulus - Lisboa - p. 600
(2) Idem  - p. 602
(3) Idem  - p. 603

Em poucas palavras...

                                                               


A “Igreja” e seus diversos nomes

“ «A Igreja é também muitas vezes chamada construção de Deus (1 Cor 3,9). O próprio Senhor se comparou à pedra que os construtores rejeitaram e que se tornou pedra angular (Mt 21, 42 par.: At 4, 11; 1 Pe 2, 7; Sl 118, 22).

Sobre esse fundamento é a Igreja construída pelos Apóstolos (1 Cor 3,11), e dele recebe firmeza e coesão. Esta construção recebe vários nomes: casa de Deus (1 Tm 3,15), na qual habita a sua família; habitação de Deus no Espírito (Ef 2,19-22); tabernáculo de Deus com os homens (Ap 21,3); e, sobretudo, templo santo, o qual, representado pelos santuários de pedra e louvado pelos santos Padres, é com razão comparado, na Liturgia, à cidade santa, a nova Jerusalém.

Nela, com efeito, somos edificados cá na terra como pedras vivas (1 Pd 2,5). Esta cidade, São João contemplou-a "descendo do céu, da presença de Deus, na renovação do mundo, como esposa adornada para ir ao encontro do esposo" (Ap 21, 1-2)» (Lumen Gentium n.6).”

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 756

Em poucas palavras...

                                                 


Igreja: templo do Espírito Santo

A Igreja é o Templo do Espírito Santo. O Espírito é como que a alma do Corpo Místico, princípio da sua vida, da unidade na diversidade e da riqueza dos seus dons e carismas.” (1)

 

(1)               Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 809

Em poucas palavras...

                                                         


Templo: lugar do encontro com Deus

Jesus subiu ao templo como quem sobe ao lugar privilegiado de encontro com Deus.

O templo é para Ele a casa do seu Pai, uma casa de oração, e indigna-Se com o fato de o átrio exterior se ter tornado lugar de negócio (Mt 21,13).

Se expulsa os vendilhões do templo é pelo amor zeloso a seu Pai: «Não façais da casa do meu Pai casa de comércio». «Os discípulos recordaram-se de que estava escrito: "O zelo pela tua casa devorar-me-á" (Sl 69, 10)» (Jo 2, 16-17).

Depois da ressurreição, os Apóstolos guardaram para com o templo um respeito religioso (At 2,46; 3.1; 5,20-21; etc).” (1)

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 584

sexta-feira, 14 de novembro de 2025

Vigilância ativa e perseverança na fé (XXXIIIDTCC)

                                                      


Vigilância ativa e perseverança na fé

                         “É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!” (Lc 21,19)

Na proximidade do final do Ano Litúrgico, a Liturgia do 33º Domingo do Tempo Comum (Ano C) nos convida a refletir sobre o sentido da História da Salvação e para onde Deus nos conduz: um mundo marcado pela felicidade plena e vida definitiva.

É preciso renascer em nós a esperança, para que dela brote a coragem para o enfrentamento das dificuldades, provações próprias na construção do Reino de Deus.

A passagem da primeira Leitura (Mal 3,19-20a) retrata o período pós-exílio, uma realidade marcada pelo desânimo, apatia e falta de confiança. 

O Profeta Malaquias (“o meu mensageiro”) convoca o Povo de Deus à conversão e à reforma da vida cultual, pois vivendo a fidelidade aos Mandamentos da Lei Divina reencontrará a vida e a felicidade. 

Seu anúncio sobre o Dia do Senhor é uma mensagem de confiança e esperança. Virá o Sol da Justiça. Este Sol é o próprio Jesus que brilha no mundo e insere a humanidade na dinâmica de um mundo novo, que consiste na dinâmica do Reino.

Numa situação difícil vivida pelo povo, é preciso viver a espera vigilante e ativa, reconhecendo a presença de Deus que intervém e comunica Sua força e poder. É preciso fortalecer a esperança, vencendo todo medo que paralisa.

A passagem da segunda Leitura (2 Ts  3,7-12) nos fala da vida futura e definitiva, que deve ser esperada sem preguiça e comodismo. A comunidade não pode cruzar os braços, tão pouco “viver nas nuvens”, assim como não pode perder tempo com futilidades, e nada de útil fazer.

É forte a mensagem dirigida à comunidade: não há lugar para parasitas que vivam à custa dos demais, o que se caracterizaria em consumidores.

Há uma exortação à responsabilização de todos, porque o Reino de Deus começa aqui e agora e a todos compromete. Não é a evasão do mundo: 

“...Jesus de Nazaré não traz uma plenitude totalmente pronta. Não em uma intervenção mágica que desresponsabiliza o homem. É verdade que chegou a plenitude prometida, mas espera ser completada. É um dom, mas simultaneamente uma conquista”. (1)

A passagem do Evangelho (Lc 21, 5-19) retrata a aproximação do final da caminhada de Jesus para Jerusalém. É no Templo de Jerusalém que realiza o Seu último discurso público acerca do cumprimento da Sua vida e da História inteira.

Na fidelidade ao Senhor, a Igreja, na realização de sua missão, também poderá sofrer dificuldades e perseguições, mas precisa manter-se confiante e perseverante.

Podemos falar em três tempos:

 O tempo da presença de Jesus e Sua missão, seguido da destruição do Templo alguns anos mais tarde;

 O tempo da missão da Igreja; 

– O tempo da vinda do Filho do Homem.

Enquanto aguardamos a segunda vinda do Senhor, Ele nos alerta para que não nos deixemos enganar por falsos pregadores (Lc 21,8); haverá catástrofes, terremotos, fome, epidemias (Lc 21,10-11), mas ainda não será o fim do mundo; assim como as perseguições serão inevitáveis para os que n’Ele crerem (Lc 21,12).

Por causa do Nome do Senhor Jesus, Seus discípulos serão levados aos tribunais e às “sinagogas”, na presença de reis e lançados nas prisões. Mas contarão sempre com a força de Deus para enfrentar os adversários e as dificuldades.

“Quem segue a Cristo poderá encontrar dificuldades, mesmo no seio da própria família; aderir a Jesus, de fato, muitas vezes comporta uma ruptura com as próprias tradições, e conflitos com o ambiente de onde se provém, a ponto de incorrer na denúncia dos próprios familiares (Lc 21,16-17). (2)

Nesta vigilância ativa e no testemunho dado é que a comunidade vivificará a fé, reencontrará a intimidade com Jesus, superará todo medo e alcançará a vida eterna plena e feliz: “É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!” (Lc 21,19).

“A coragem de resistir sob a pressão do mundo (mesmo para nós hoje) é condição importante para sermos verdadeiros discípulos de Jesus, dispostos a segui-Lo até a Cruz. É aí que Cristo reina! Assim nos preparamos para a Solenidade de Cristo Rei” .(3)

Considerando que “Toda a Igreja é missionária, em virtude da mesma caridade com que Deus enviou Seu Filho para a Salvação de todos os homens. E única é sua missão, a de se fazer próxima de todos os homens e todos os povos, para se tornar sinal universal e instrumento eficaz da paz de Cristo (RdC 8)” (4), ao término de mais um Ano Litúrgico, é tempo de avaliarmos e projetarmos uma nova caminhada.

Reflitamos:

 Qual foi o testemunho de fé que demos ao longo desta caminhada litúrgica?
 Tenho permanecido firme na fé, ou tenho vacilado em alguns momentos?

 Diante das dificuldades que marcam a vida de cada um e da história, qual confiança tenho em Deus para enfrentá-las?
 Qual esperança cultivo no coração?

 Como estou preparando a segunda vinda do Senhor?
 Quais os reais compromissos com o Reino que multiplico como expressão de uma vigilância ativa?

 Como tenho consumido o tempo na espera do Senhor que vem?

Oremos renovando nosso compromisso diante de Deus para que permaneçamos firmes na fé, e um dia alcancemos a vida eterna: 
“Ó Deus, princípio e fim de todas as coisas,
Que reunis a Humanidade no Templo vivo do Vosso Filho,
Fazei que através dos acontecimentos,
Alegres e tristes deste mundo,
Mantenhamos firme a esperança do Vosso Reino,
Com a certeza de que, na paciência,
possuiremos a vida. Amém.”  (5)

    
(1) – Missal Dominical – Editora Paulus -  pp. 1295-1296.
(2) (3) – Lecionário Comentado - Editora Paulus - p. 807. 
(4) – Missal Dominical - Editora Paulus - p. 1296.
(5) – Lecionário Comentado - Editora Paulus - p. 809.

A dor cortante da ausência

                                         


A dor cortante da ausência
 
Quando alguém parte,
Por um tempo nada parece ter sentido.
Nem sonhos, nem projetos, nada mais...
 
Parece morrermos com quem se foi,
Suaves lembranças de palavras, momentos,
Na memória, enraizados e eternizados.
 
Estilhaçados como um cristal sobre o chão,
O que poderá nos refazer e nos colocar em pé,
Se não a fé, como pequeno grão de mostarda?
 
Mas o amor de Cristo nos impele (1)
E somos alimentados pelo Seu Divino Alimento,
Pão da Vida e de Eternidade. (2)
 
“Levanta-te e come”, assim falou o anjo ao Profeta.
Por duas vezes, pois uma não foi o bastante:
“Levanta-te e come, porque o caminho é longo.” (3)
 
No canto dos olhos, aparece uma pequena luz.
E com a esperança na Ressurreição, caminhamos,
Até que um dia na eternidade nos reencontremos. Amém.

 

(1)           Cf. 2 Cor 5,14

(2)           Cf. Jo 6,41-51

(3)           Cf. 1 Rs 19,4-8

O juízo final e a vigilância necessária

                                                                

O juízo final e a vigilância necessária

Ouvimos, na sexta-feira da 32ª Semana do Tempo Comum, a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 17,26-37), em que somos convidados a estar sempre preparados para o encontro com Deus:

“O juízo que nos espera é a revelação daquilo que realmente somos; a morte nos mostrará toda a verdade. Sua vinda nos detém no ponto em que nos encontramos no relacionamento com Deus e com os homens: ódio e amor, bondade e malícia, egoísmo e generosidade ficam imobilizados no instante em que cessa a vida” (1).

Deste modo, o encontro poderá ser “de alegria ou de infinito desespero, conforme o sentido que cada um tiver dado à própria existência” (2).

Segundo o Lecionário Comentado, “a aplicação dos exemplos à vinda do Filho do Homem não é de fácil compreensão. Através de uma série de contraposições, o texto afirma a necessidade de não voltar atrás, como fez a mulher de Lot (cf Gn 19,26) e, implicitamente, a exigência de estar preparado” (3).   
                                           
No versículo final da referida passagem, quando os discípulos lhe perguntaram - “Senhor, onde acontecerá isso?” (Lc 17,37), temos a enigmática resposta de Jesus: - “Onde estiver o cadáver, aí se reunirão os abutres”.

Vejamos algumas possíveis explicações, em que podemos fazer referência ao juízo final:

- A profecia de Ezequiel, retomada pelo livro do Apocalipse, em que o Profeta se refere à batalha vitoriosa final contra as forças do mal. Os animais de rapina ou os abutres serão mandados a comer as carnes dos cadáveres (Ez 39,4.17-20; Ap 19,17-18);

- O vale de Josafá, onde acontecerá o juízo final de acordo com a profecia de Joel (Jl 4,2.12);

- E ainda, um simples provérbio popular semelhante a este: “Onde há fumaça, há fogo!”.

Entretanto, o que podemos, de fato, apreender, é a necessária atitude de discípulos missionários: a vigilância; de modo que, à Sua chegada, estejamos devidamente preparados, doando a nossa vida, perdendo-a para ganhá-la eternamente, e não sejamos como “cadáveres para os abutres”.

Estejamos sempre prontos, a serviço da vida plena e definitiva, para que mereçamos a glória da eternidade.

Oremos:

Iluminai, Senhor, os nossos corações, com o esplendor da Vossa divindade, para que não andemos na escuridão, pois sois a Luz do Mundo, e quem Vos Segue não caminhará nas trevas, mas terá a luz da vida.

Firmai, Senhor,  nossos passos, para que caminhemos, com segurança, rumo à Pátria da luz eterna, e assim, devidamente preparados para a Sua chegada gloriosa. Amém.


(1) (2) Missal Cotidiano - pp. 1493-1494
(3) Lecionário Comentado – Editora Paulus – 2011 - pp. 781-782

Sempre tempo de conversão com oração, jejum e esmola

 


Sempre tempo de conversão com oração, jejum e esmola

Sejamos enriquecidos pela Homilia de um Autor do século segundo:

“Penso não ter dado um conselho sem importância sobre a temperança; se alguém o seguir, não se arrependerá e salvará a si mesmo e a mim que dei o conselho.

Não é pequena a recompensa de quem reconduzir à salvação o que se extraviara e se perdera. Podemos retribuir a Deus, nosso criador, se aquele que diz e o que escuta disser e escutar com fé e caridade.

Permaneçamos, pois, justos e santos em nossa fé e oremos com confiança a Deus que afirmou: Ainda estarás a falar e te responderei: Eis-me aqui (cf. Is 58,9).

Esta palavra é sinal de grande promessa; porque o Senhor se mostra mais pronto a dar do que o suplicante a pedir.

Participantes de tão grande benignidade, não invejemos um ao outro por ter recebido bens tão excelentes. Estas palavras enchem de tanto gozo aos que as realizam, quanto de reprovação aos rebeldes.

Irmãos, tendo assim uma boa ocasião de nos arrepender, enquanto temos tempo e há quem nos receba, convertamo-nos para o Senhor que nos chamou. Se renunciamos a nossas paixões desregradas, dominamos nossa alma. Negando-lhe seus desejos maus, participaremos da misericórdia de Jesus. Sabei, pois, já vem o dia do juízo qual fornalha ardente e parte dos céus se desfará (cf. Ml 3,19) e toda a terra será liquefeita como chumbo ao fogo.

Neste momento, ficarão patentes as obras dos homens, as ocultas e as manifestas. Por isso, a esmola é boa como penitência pelo pecado. Melhor o jejum do que a oração; a esmola mais que estes dois: a caridade cobre uma multidão de pecados (1Pd 4,8). Contudo, a oração, feita de consciência pura, livra da morte. Feliz quem for reconhecido perfeito nestas coisas; porque a esmola afasta o pecado.

Façamos, portanto, penitência de todo o coração, para que nenhum de nós pereça. Se temos a obrigação de afastar os outros do culto dos ídolos e instruí-los, quanto mais devemos nos empenhar na salvação de todas as almas, que já gozam do verdadeiro conhecimento de Deus!

 Ajudemo-nos, então, um ao outro, de modo a reconduzir ao bem mesmo os fracos; para salvarmo-nos todos, não só cada um se converta, mas exortemo-nos mutuamente.”

Convertamo-nos a Deus que nos chamou e façamos penitência de todo o coração, nos exorta o autor da Homilia.

Retomo parte que nos fala da oração, jejum e esmola que somos chamados a praticar em todo o tempo, mas de modo especial na quaresma (cf. Mt 6,1-18), para que as vivamos na mais bela expressão de conversão e solidariedade com quem mais precisar:

“Neste momento, ficarão patentes as obras dos homens, as ocultas e as manifestas. Por isso, a esmola é boa como penitência pelo pecado. Melhor o jejum do que a oração; a esmola mais que estes dois: a caridade cobre uma multidão de pecados (1Pd 4,8). Contudo, a oração, feita de consciência pura, livra da morte. Feliz quem for reconhecido perfeito nestas coisas; porque a esmola afasta o pecado.”

Em poucas palavras...

 


Oração com consciência pura, livra da morte

“Neste momento, ficarão patentes as obras dos homens, as ocultas e as manifestas.

Por isso, a esmola é boa como penitência pelo pecado. Melhor o jejum do que a oração; a esmola mais que estes dois:’ a caridade cobre uma multidão de pecados’’ (1Pd 4,8).

Contudo, a oração, feita de consciência pura, livra da morte. Feliz quem for reconhecido perfeito nestas coisas; porque a esmola afasta o pecado.”

 

(1) Homilia de um ator do século II

Em poucas palavras...

 


Cristãos: templo do Espírito Santo

“«Justificados pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito do nosso Deus» (1 Cor 611), «santificados e chamados a serem santos» (1 Cor 1,2) os cristãos tornaram-se «templo do Espírito Santo» (1 Cor 6, 19).

Este, que é o «Espírito do Filho», ensina-os a orar ao Pai (Gl 4,6) e, tendo-Se feito vida deles, impele-os a agir (Gl 5,25) para produzirem os frutos do Espírito (Gl 5,22) mediante uma caridade ativa.

Curando as feridas do pecado, o Espírito Santo renova-nos interiormente por uma transformação espiritual (Ef 4,23), ilumina-nos e fortalece-nos para vivermos como «filhos da luz» (Ef 5, 8) «em toda a espécie de bondade, justiça e verdade (Ef 5, 9).”   (1)

 

 

(1)  Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 1695

Mensagem do Santo Padre Leão XIV para o IX Dia Mundial dos Pobres (2025) – Síntese

 




Mensagem do Santo Padre Leão XIV para o IX Dia Mundial dos Pobres (2025) – Síntese

 

Celebraremos no XXXIII Domingo do Tempo Comum - 16 de novembro de 2025, o IX Dia Mundial dos pobres, iniciado com o Papa Francisco.

A Mensagem tem como motivação bíblica – “Tu és a minha esperança, ó Senhor Deus” (cf. Sl 71,5), em tempo de Ano Jubilar.

Reconhecemos que Deus é a nossa primeira e única esperança, também nós fazemos a passagem entre as esperanças que passam e a que permanece para sempre.

Retoma as palavras do Papa Francisco, em que nos afirma que a pobreza mais grave é não conhecer a Deus, na Evangelii Gaudium:

 “A pior discriminação que sofrem os pobres é a falta de cuidado espiritual. A imensa maioria dos pobres possui uma especial abertura à fé; tem necessidade de Deus e não podemos deixar de lhe oferecer a sua amizade, a sua bênção, a sua Palavra, a celebração dos Sacramentos e a proposta dum caminho de crescimento e amadurecimento na fé”. (n. 200).

A regra da fé e um segredo da esperança: embora importantes, todos os bens desta terra, as realidades materiais, os prazeres do mundo ou o bem-estar econômico não são suficientes para fazer o coração feliz: «Seja Deus todo motivo de presumires. Sente necessidade d’Ele para que Ele te cumule. Tudo o que possuíres fora d’Ele é imensamente vazio» (Enarr. in Ps. 85,3) (Santo Agostinho).

Devemos manter viva a esperança cristã, que é como uma âncora, que fixa o nosso coração na promessa do Senhor Jesus, que nos salvou com a Sua morte e ressurreição e que retornará novamente no meio de nós, renovando nossos compromissos com as cidades dos homens, na construção da cidade de Deus, pois a esperança, sustentada pelo amor de Deus derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo (cf. Rm 5, 5), transforma o coração humano em terra fértil, onde pode germinar a caridade para a vida do mundo.

Reafirma a inseparabilidade da Tradição da Igreja sobre a permanente circularidade entre as três virtudes teologais: fé, esperança e caridade: “A esperança nasce da fé, que a alimenta e sustenta, sobre o fundamento da caridade, que é a mãe de todas as virtudes. E precisamos de caridade hoje, agora”

Deste modo, o convite bíblico à esperança traz consigo o dever de assumir, sem demora, responsabilidades coerentes na história, na prática da  caridade que é «o maior mandamento social» (Catecismo da Igreja Católica, 1889), no enfrentamento das causas estruturais da pobreza que  devem ser enfrentadas e eliminadas.

São desafiadoras as palavras do Papa para que vivamos autenticamente o Dia Mundial dos pobres, não os vendo como um passatempo para a Igreja, mas sim os irmãos e irmãs mais amados, porque cada um deles, com a sua existência e, também, com as palavras e a sabedoria que trazem consigo, levam-nos a tocar com as mãos a verdade do Evangelho, e precisam ser vistos como “sujeitos criativos”:

“Por isso, o Dia Mundial dos Pobres pretende recordar às nossas comunidades que os pobres estão no centro de toda a ação pastoral. Não só na sua dimensão caritativa, mas igualmente naquilo que a Igreja celebra e anuncia... Os pobres não são objetos da nossa pastoral, mas sujeitos criativos que nos estimulam a encontrar sempre novas formas de viver o Evangelho hoje.”

Promover o bem comum é nossa responsabilidade social que tem o seu fundamento no gesto criador de Deus, que dá a todos os bens da terra: assim como estes, também os frutos do trabalho do homem devem ser igualmente acessíveis:

“Com efeito, ajudar os pobres é uma questão de justiça, muito antes de ser uma questão de caridade. Como observa Santo Agostinho: «Damos pão a quem tem fome, mas seria muito melhor que ninguém passasse fome e não precisássemos ser generosos para com ninguém. Damos roupas a quem está nu, mas Deus queira que todos estejam vestidos e que ninguém passe necessidades sobre isto» (Comentário à 1 Jo, VIII, 5).

Finaliza a Mensagem nos convidando a confiar em Maria Santíssima, consoladora dos aflitos, entoando um canto de esperança do Te Deum – “Em Vós espero, Meu Deus, não serei confundido eternamente”.

 E expressa seu desejo para que este Ano Jubilar incentive o desenvolvimento de políticas de combate às antigas e novas formas de pobreza, além de novas iniciativas de apoio e ajuda aos mais pobres entre os pobres:

“Trabalho, educação, habitação e saúde são condições para uma segurança que jamais se alcançará com armas. Congratulo-me com as iniciativas já existentes e com o empenho que é manifestado diariamente a nível internacional por um grande número de homens e mulheres de boa vontade.”

 

 

PS: Se desejar ler a mensagem na integra, acesse:

https://www.vatican.va/content/leo-xiv/pt/messages/poor/documents/20250613-messaggio-giornata-poveri.html

Mensagem do Santo Padre Francisco para o VIII Dia Mundial dos pobres (síntese) (2024)

 


Mensagem do Santo Padre Francisco para o VIII Dia Mundial dos pobres (síntese)

No dia 17 de novembro de 2024, celebraremos o VIII Dia Mundial dos pobres, e mais uma vez o Papa Francisco nos apresenta uma mensagem, que tem como inspiração bíblica o Livro de Sirac – “A oração do pobre eleva-se até Deus” ( cf. Sir 21,5), dentro do contexto do ano dedicado à oração, com vistas ao Jubileu Ordinário 2025.

No caminho para o Ano Santo, nos exorta para que todos sejamos  peregrinos da esperança, promovendo sinais concretos de um futuro melhor.

Neste sentido, o papa lembra que nossa oração chega à presença de Deus, mas não se trata de uma oração qualquer, mas a oração do pobre.

Convida-nos ao aprofundamento do livro de Ben-Sirá, o Livro do Eclesiástico, escrito no século II a. C, que não é muito conhecido e merece ser descoberto pela riqueza dos temas que aborda, sobretudo quando se refere à relação do homem com Deus e com o mundo.

O autor aborda os problemas nada fáceis da liberdade, do mal e da justiça divina, que hoje são de grande atualidade também para nós, e pretende transmitir a todos o caminho a seguir, para uma vida sábia e digna de ser vivida diante de Deus e dos irmãos.

Deste modo, um dos temas a que este autor sagrado dedica mais espaço é a oração, pois “a oração do humilde penetrará as nuvens, e não se consolará, enquanto ela não chegar até Deus. Ele não se afastará, enquanto o Altíssimo não olhar, não fizer justiça aos justos e restabelecer a equidade. O Senhor não tardará nem terá paciência com os opressões” (Sir 35,17-19)

E ainda – “A oração, por conseguinte, encontra o certificado da sua autenticidade na caridade que se transforma em encontro e proximidade. Se a oração não se traduz em ações concretas, é vã; efetivamente, «a fé sem obras está morta» (Tg 2, 26).”

O papa denuncia a violência causada pelas guerras e a consequência de novos pobres, vítimas inocentes produzidas por esta má política das armas, e não podemos recuar diante desta realidade.

Afirma o papa: “Neste ano dedicado à oração, precisamos de fazer nossa a oração dos pobres e rezar com eles. É um desafio que temos de aceitar e uma ação pastoral que precisa de ser alimentada. Com efeito, «a pior discriminação que sofrem os pobres é a falta de cuidado espiritual....”.

Portanto, o Dia Mundial dos Pobres tornou-se um compromisso na agenda de cada comunidade eclesial, e deve nos envolver a todos – “É uma oportunidade pastoral que não deve ser subestimada, porque desafia cada fiel a escutar a oração dos pobres, tomando consciência da sua presença e das suas necessidades. É uma ocasião propícia para realizar iniciativas que ajudem concretamente os pobres e, também, para reconhecer e apoiar os numerosos voluntários que se dedicam com paixão aos mais necessitados...”

Recorda dois grandes testemunhos de amor e compromisso com os pobres: Madre Teresa de Calcutá, e São Bento José Labre (1748-1783).

Finaliza exortando para que sejamos amigos dos pobres, seguindo os passos de Jesus, o primeiro a se solidarizar com os últimos, contando com a presença da Santa Mãe de Deus, Maria Santíssima, que nos sustenta neste caminho, ela que é modelo de confiança e solidariedade com os pobres.

 

PS: Se desejar, leia a mensagem na íntegra:

https://www.vatican.va/content/francesco/pt/messages/poveri/documents/20240613-messaggio-viii-giornatamondiale-poveri-2024.html

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