quinta-feira, 25 de dezembro de 2025

Vendaval de fé, esperança e caridade

                                                                                 

Vendaval de fé, esperança e caridade

Lágrimas que se misturam e se escondem nas gotas da chuva.

Desilusão e desencanto por vezes querem fincar raízes, teimosamente, no mais profundo de nós.

Pesadelo prolongado de uma pandemia que persiste e nos rouba forças, projetos, sonhos e a vida de tantos que amamos e para sempre amaremos.

Arautos mentem e fazem adeptos e fiéis discípulos ao lado e virtualmente.

Lágrimas que se misturam e se escondem nas gotas da chuva.

Dói a alma tantas páginas de histórias desterradas, em migração para sobrevivência e em busca de sonhos e liberdade.

Corrói a alma, os que “moram sem morar” nas ruas e praças, ao relento e frutos de uma sociedade, em números dia a dia em aumento.

Cenário de desmatamento, queimadas, frutos de práticas sem escrúpulos, onde se objetiva apenas o lucro, capital, pois isto tão apenas interessa.

Rios e matas e vales gemem em dores de parto, na espera da reconciliação, a fim de que sejam preservados como obra divina da Criação.

Lágrimas que se misturam e se escondem nas gotas da chuva.

É tempo de secar as lágrimas e deixar que as gotas da chuva venham fecundar nossa fé na Palavra do Senhor, que assim falou à viúva de Naim diante da morte de seu único filho:

“O Senhor ao vê-la, ficou comovido e disse-lhe: ‘Não chores!’. Depois aproximando-se, tocou o esquife, e os que o carregavam pararam. Disse Ele então: ‘Jovem, Eu te ordeno, levanta-te” (Lc 7,13-14).

É tempo de ouvir o assobio do sopro da fé nos vãos de nossas janelas,

Que aos poucos vai se tornando um vendaval incontrolável de vigorosa fé.

Fé que, ainda pequena, como um grão de mostarda, move montanhas, que em Deus confia e se entrega, em resposta fiel e com o Reino comprometido.

Fé que ilumina os passos para que não tropecemos e nem os pés firamos, se a escuridão, teimosamente, se fizer no caminho.

Fé na promessa divina de que novo céu e nova terra, teremos e veremos, sem choro, dor, pranto, luto e lamento.

É tempo de secar as lágrimas, e deixar as gotas da chuva regar o chão fecundo do coração da humanidade.

É tempo de ouvir o assobio do sopro da esperança nos vãos de nossas janelas,

Que aos poucos vai se tornando um vendaval incontrolável de virtuosa esperança.

Esperança de ver a humanidade fortalecendo laços de fraternidade universal, em luminosa amizade social.

É tempo de secar as lágrimas com os raios do Sol Nascente;

É tempo de ouvir o assobio do sopro da caridade nos vãos de nossas janelas, que aos poucos vai se tornando um vendaval envolvente de caridade, abundante como chuva derramada em nós, porque assim é o amor de Deus.

É tempo incessante de ouvir o Apóstolo que nos diz:

“Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e as dos anjos, se eu não tivesse a caridade, seria como bronze que soa ou como címbalo que tine. Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência, ainda que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse a caridade, nada seria” (1 Cor 13,1-2)

Venha, Senhor, o tão esperado vendaval de fé, esperança e caridade.

Tão somente assim, promotores da beleza e sacralidade da vida, seremos.

Vossa luz faremos, pelas obras, resplandecer, porque assim é a fé que opera através da caridade (Gl 5,6), em renovada esperança contra toda falta de esperança. Amém.


PS: escrito em novembro de 2020


Sejamos alegres mensageiros do Verbo! (Natal do Senhor)

                                                                         

Sejamos alegres mensageiros do Verbo!

É Natal! “O Verbo Se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14), assim nos anunciou o Evangelista João na Missa do Dia de Natal.

A proclamação das Leituras do Antigo Testamento nos convida à reflexão sobre a alegria de Israel, que deve ser a nossa alegria, devido à certeza de que Deus veio para o meio de nós.

O que era promessa e tão esperado agora se vê realizado: Deus Se faz recém-nascido, um menino com toda a fragilidade própria do humano.

Jesus Cristo é a transcrição histórica, visível e insuperável de Deus. A visibilidade, a tocabilidade, a presença d’Ele em nosso meio. O Deus Conosco que Se deixou tocar.

“Fazendo-Se Carne”, a Palavra de Deus tornou-se visível. Uma Palavra que não só se ouve, mas também se vê. O Verbo não Se furtou à opacidade da História, ao contrário, entrou nela, e dela tomou parte.

A Palavra de Deus se comunica com o homem mediante uma profunda partilha de experiências, inserindo-se em suas contradições. Na Sua morte e nas Suas dores, nas Suas perguntas e nos Seus insucessos, Jesus é verdadeiramente um Deus entre nós, companheiro de nossa vida.

Fazendo-Se um de nós, engloba a plenitude da humanidade, incluindo a fragilidade, a fadiga, a derrota, a dor e a morte. Para nos revelar o Rosto de Deus, o Filho compartilhou nossas experiências.

Isto é o Natal. Deus já não está escondido, mas revelou-Se dentro da nossa humanidade concreta e dentro da nossa história. Jesus, Filho de Deus, feito homem, tornou visível e conhecível o Rosto de Deus; o Rosto de um Pai que é amor, misericórdia, perdão, atenção com todos, e de modo especial pelos empobrecidos.

Não podemos separar o Menino da Manjedoura do Cristo da Cruz. Celebrando o Natal devemos parar silenciosamente diante destas duas imagens inseparáveis e contemplar uma bela e surpreendente Boa Notícia, que nos revela a intensidade do Amor de Deus.

Na Cruz devemos ver, sobretudo, um Deus que morre pelo homem, ao invés de um mártir que morre por Deus.

Dois anseios mais profundos encontrarão respostas: querendo saber quem é Deus olhemos para Jesus; e querendo saber quem é o Homem também olhemos para Jesus. 

Se quisermos corresponder à graça da acolhida do mais belo Hóspede que em nós habita – Jesus – imitemo-Lo, sigamo-Lo. Sejamos alegres mensageiros do Diviníssimo Amor, Alegria e Luz.

Há que se questionar sobre a ausência, muitas vezes, da alegria nas nossas comunidades cristãs ou na própria vida do cristão. 

Acaso terá sido perdida porque o Evangelho que anunciamos e ouvimos se tornou descolorido, mesmice, sendo incapaz de entusiasmar a nós e ao mundo, sem implicações, ressonâncias e apelos sinceros de conversão?

Não podemos esvaziar o conteúdo da Boa Nova que anunciamos, acolhemos, ouvimos. É preciso que a testemunhemos.

Que o Natal consista na renovação da alegria de sermos mensageiros do amor, da alegria e da luz. Só o fará bem quem O contemplou no Presépio, na Palavra proclamada e na Eucaristia celebrada, precedida de um frutuoso Advento, que consistiu num tempo de espera, de vigilância, de conversão e de preparação para Sua chegada.

Ele chegou! Feliz Natal! 


PS: Fonte de pesquisa: Lecionário Comentado – Advento/Natal - Organizador Giuseppe Casarin - Editora Paulus - Lisboa - 2009 - pp.241-245

Cristo é a Plenitude da Revelação (Natal do Senhor)

                                                           


Cristo é a Plenitude da Revelação

Professemos nossa fé à luz da Constituição dogmática Dei Verbum sobre a revelação divina, do Concílio Vaticano II (séc. XX), que nos apresenta Cristo, como a plenitude da Revelação da presença e o amor de Deus por todos nós.

Cremos em Deus, que nos criou e nos conserva pelo Seu Verbo o Universo, e apresenta-Se à humanidade, nas coisas criadas, um contínuo testemunho de Si mesmo; além disso, querendo abrir o caminho da Salvação eterna, manifestou-Se desde o princípio a nossos primeiros pais.

Cremos em Deus, que nunca nos abandona, pois depois que nossos pais caíram, com a promessa da redenção, deu-nos a esperança da Salvação e cuidou sem cessar do gênero humano, acompanhado da prática das boas obras.

Cremos em Deus, que no tempo próprio, chamou Abraão para fazer dele um grande povo; depois dos patriarcas, ensinou esse povo, por meio de Moisés e dos profetas, a conhecê-Lo como único Deus vivo e verdadeiro, Pai providente e Juiz justo, e a esperar o Salvador prometido

Cremos que Deus, preparou o caminho para o Evangelho, e depois de ter falado muitas vezes e de muitos modos por meio dos profetas, nestes dias que são os últimos, Ele nos falou por meio do Seu Filho (cf. Hb 1,1-2).

Cremos em Jesus Cristo, o Verbo feito Carne, homem igual a nós, exceto no pecado, veio para nos comunicar a Palavra (Jo 3,34) e consumar a obra da salvação que o Pai Lhe confiou.

Cremos que Deus nos enviou Seu Filho, o Verbo eterno que nos ilumina, para habitar entre nós e nos dar a conhecer os Seus segredos de vida plena, eterna e feliz.

Cremos que quem O vir, vê também o Pai, por toda a Sua presença e por tudo o que manifesta de Si mesmo, por Suas palavras e obras, Seus sinais e milagres, sobretudo, por Sua morte e gloriosa Ressurreição dentre os mortos, e finalmente, pelo envio do Espírito da Verdade, que aperfeiçoa e completa a Revelação de que Deus está conosco para nos libertar das trevas do pecado e da morte e nos ressuscitar para a vida eterna.

Cremos, portanto, que com Jesus celebramos a Nova e Eterna Aliança, que jamais passará; e já não haverá nova revelação pública a esperar antes da manifestação gloriosa de nosso Senhor Jesus Cristo, que aguardamos vigilantes, perseverantes e orantes. Amém.

  

(1) Dei Verbum – capítulos 3 e 4

Com o Verbo reaprendamos imprescindíveis verbos! (Natal do Senhor)

                                                             

Com o Verbo reaprendamos imprescindíveis verbos!

Como Deus é bondade, misericórdia, compaixão e Sua ternura é para sempre, mais uma vez Ele vem para que possamos continuar o reaprendizado vital e necessário.

Quando o Verbo Se encarnar, será o tempo de nossa conjugação.
Porém, mais que conjugar os verbos, vivê-los!

Jesus, o Verbo dos verbos, Se encarnou para que outros verbos aprendêssemos, mais que conjugar, viver...

Ponhamo-nos em imediata conjugação e vivência.
Então será Natal!

Reaprender a amar, sonhar, perdoar…
Rebrotar frutos que saciem fome de vida, fraternidade…
Recriar a obra de Deus.
Redobrar pequenos gestos de solidariedade…

Reencantar o mundo, a vida, as pessoas…
Refazer nossos caminhos, projetos…
Regozijar sempre no Senhor!
Rejuvenescer nossos sonhos, fantasias e utopias.

Reler a história dos pobres e encarnar no tempo presente a Boa Nova, assegurando um futuro inédito…
Remotivar nossas forças, coragem…
Renascer a esperança em cada amanhecer…
Reorientar nossos valores…

Repropor ao mundo os valores do Evangelho
Ressaborear a alegria dos pobres que contemplaram o maior mistério testemunhado pela história, a encarnação do Verbo…
Retecer a rede do amor que nos permite chegar à alma do nosso próximo.

Reuniversalizar os direitos à vida…
Reviver cada momento como se fosse único, porque como disse o poeta: “ontem é passado, amanhã é mistério e o hoje é uma dádiva, um presente de Deus…”

Façamos de nosso coração o lugar predileto; 
revisitemos a Manjedoura de tão grande Hóspede – Jesus, 
o mesmo ontem, hoje e sempre.
Na Manjedoura, 
na Barca, 
na Cruz,
Vamos sempre com Jesus!

Natal: Com Jesus, as necessárias mudanças (Natal do Senhor)

 


Natal: Com Jesus,  as necessárias mudanças 

“Ele (Jesus), portanto, foi pequeno, foi criança,
para que possais vós, ser perfeitos adultos;
Ele foi envolvido em faixas, para que sejais, vós,
libertados das garras da morte;
 
Ele, na manjedoura, para vos por sobre o Altar;
Ele, na terra, para que estejais vós entre as estrelas;
não havia lugar para Ele na sala comum,
para que tenhais vós várias moradas na casa do Pai” (1)
 
Vigilantes, esperamos a chegada da noite tão esperada:
Celebrar o Natal do Senhor -  nasceu para nós o Salvador.
Olhos fixos nos olhos daquela criança, um Deus Menino,
Com os anjos, demos glória a Deus, em coro, num alegre hino.
 
Soem forte os sinos em todas as capelas e matrizes;
A luz veio iluminar nossos caminhos tão obscuros,
Pelas marcas da infidelidade, em pequenos ou grandes atos;
Agora, com Ele, novas atitudes, novos compromissos, de fato.
 
Com Ele renasce, em todo lugar e corações, a esperança ,
Com o imperativo, para toda a humanidade, de novas mudanças,
Em que se renovam compromissos com a vida, marca de fraternidade,
Nas ruas, nas praças, no campo e nas cidades.
 
Mudanças de faces e expressões múltiplas anunciadas:
Mudança de rumos que conduzam a uma nova realidade,
Em que haja marcas do sorriso, acompanhado de cantos,
Reapaixonamento pela vida, lágrimas enxugadas de prantos.


Mudança de assuntos reais ou virtuais, com novas pautas,
Não mais a promoção de discursos de ódios e divisões,
Superação de toda forma de rotulações marcadas pelo preconceito,
Que não edificam pontes, mas apenas erguem indesejáveis muros.
 
É Natal, tempo de virar tantas páginas,
Escrever novas linhas, uma nova história,
Com mudanças radicais e completas,
Que deem à vida novos conteúdos e cores.
 
É Natal, tempo de tomarmos consciência de que tudo passa,
Consciência de nossas limitações, fragilidades e finitudes,
Superação de toda petulância, arrogância, autossuficiência;
Renascimento, no mais profundo de nós, da necessária ternura.
 
Natal: repensar caminhos, novas diretrizes a nos conduzir,
Iluminados pela Palavra do Verbo que Se fez Carne,
Para nos ensinar a mais bela e imprescindível lição:
Amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como Ele nos amou.
Amém.
 
 
(1).Santo Ambrósio - séc. IV

É Natal! (Natal do Senhor)

                                                          

É Natal!
Quero ver o sorriso nos teus lábios,
O brilho no teu olhar,
E o teu coração mais forte a pulsar.

É Natal!
Abra os teus ouvidos.
É de Amor que ELE  vai te falar.
É alegria que Ele vai anunciar.

É Natal!
Esperança que mais forte vai gritar.
Tuas mãos são fortalecidas.
Os pés protegidos.
Teus joelhos revigorados.

É Natal! 
Exultemos de Alegria!

Peregrinamos confiantes com o Verbo (Natal do Senhor)

                                               


Peregrinamos confiantes com o Verbo

Sejamos enriquecidos pelo Sermão do  Bispo Santo Agostinho (Séc. V) sobre a Encarnação do Verbo, em que nos exorta a peregrinarmos longe do Senhor, para, um dia, sermos saciados com Sua Visão, na glória eterna.

“Quem poderia conhecer todos os tesouros de sabedoria e ciência ocultos em Cristo e escondidos na pobreza de sua carne? Ele, sendo rico, Se fez pobre por nossa causa, a fim de enriquecer-nos com a Sua pobreza (cf. 2Cor 8,9). Quando assumiu nossa condição mortal e experimentou a morte, manifestou-Se na pobreza; contudo, não perdeu Suas riquezas, mas prometeu-as para o futuro.

Como é grande a riqueza de Sua bondade, reservada para os que O temem e concedida aos que n’Ele esperam! Agora o nosso conhecimento é imperfeito, até chegar o que é perfeito. Para sermos capazes de alcançá-Lo é que o Cristo, igual ao Pai na condição divina, fez-Se igual a nós na condição de servo e nos recriou a semelhança divina.

O Filho único de Deus, tornando-Se Filho do Homem, torna filhos de Deus a muitos filhos dos homens; e promovendo a nossa condição de servos com a Sua forma visível de servo, tornou-nos livres e capazes de contemplar a Sua forma divina.

Somos filhos de Deus, mas ainda não se manifestou o que seremos! Sabemos que, quando Ele Se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque O veremos tal como Ele é (1Jo 3,2). 

Ora, quais são esses tesouros de sabedoria e ciência, para que servem essas riquezas divinas senão para satisfazer a nossa pobreza? Para que essa imensa bondade senão para nos saciar? Mostra-nos o Pai, isto nos basta (Jo 14,8).

E, em certo Salmo, um de nós, expressando nossos sentimentos ou falando por nós, diz ao Senhor: Serei saciado quando se manifestar a Vossa glória (cf. Sl 16,15 Vulg.). Ele e o Pai são um só; e quem O vê, vê também o Pai. Por conseguinte, o Rei da glória é o Senhor Deus do universo (Sl 23,10). Voltando-Se para nós, Ele nos mostrará o Seu rosto; seremos salvos e saciados, e isso nos bastará.

Mas até que isso aconteça, até mostrar o que nos basta, até bebermos e ficarmos saciados na fonte da vida que é Ele mesmo, enquanto caminhamos na fé e peregrinamos longe d’Ele, enquanto temos fome e sede de justiça e desejamos, com indizível ardor, contemplar a beleza de Cristo na Sua condição divina, celebremos com amorosa devoção o nascimento de Deus na condição de servo.

Se ainda não podemos contemplar Aquele que foi gerado pelo Pai antes da aurora, celebremos o Seu nascimento da Virgem no meio da noite. Se ainda não podemos compreender Aquele cujo nome subsistirá enquanto o sol brilhar (cf. Sl 71,17), reconheçamos que armou Sua tenda ao sol (cf. Sl 18,6).

Se ainda não vemos o Unigênito que permanece no Pai, recordemos o Esposo saindo do quarto nupcial (cf. Sl 18,6). Se ainda não estamos preparados para o Banquete do nosso Pai, conheçamos o presépio de nosso Senhor Jesus Cristo”.

Celebrar o Natal do Senhor, é tempo favorável para firmamos nossos passos, peregrinando longe d'Ele, com Ele mais perto de nós do que possamos estar de nós mesmos.

Peregrinamos já com a alegria de contemplá-Lo pela fé, até que possamos ser saciados com a visão gloriosa prometida por Ele, que se fez o Caminho, a Verdade e a Vida; o único Caminho que nos conduz ao Pai (cf. Jo 14,6).

Peregrinemos sem vacilar na fé, esmorecer na esperança e esfriar na caridade, vivendo como filhos de Deus, e identificados com Ele na exigente e irrenunciável prática da caridade ativa e efetiva.

Iluminados pela Divina Palavra e nutridos pelo Salutar Pão de Eternidade na Mesa da Eucaristia, como peregrinos neste mundo que somos, mas não sem rumo, não sem destino, porque sabemos em quem cremos e em quem pomos a esperança: Jesus, na plena comunhão com o Espírito Santo, na fidelidade ao Projeto do Pai. Amém.

“O Verbo Se fez Carne” (Natal do Senhor)

                                                   


“O Verbo Se fez Carne”

Na Missa do Dia de Natal, celebramos o Mistério da Encarnação numa atitude de serena alegria e de ação de graças por tão maravilhoso acontecimento:

- O Filho eterno do Pai fez-Se homem;
- O Verbo que tudo criou fez-Se carne da nossa carne;

- Aquele que habitava nos Céus pôs a Sua morada no meio de nós;
- A “verdadeira luz” que veio ao mundo, deu a conhecer a Deus “a quem nunca O tinha visto”.

Na passagem da primeira Leitura, proclamamos o oráculo do Profeta Isaías (Is 52, 7-10). Um oráculo em forma de poema, com um lirismo surpreendente:

“Como são belos sobre os montes os pés do mensageiro que anuncia a paz, que traz a Boa Nova, que proclama a Salvação...” (Is 52.7).

Somos convidados a contemplar a Pessoa do recém-nascido reclinado numa manjedoura, e assim contemplamos a imensurável humildade de um Deus, cuja força se manifesta na fraqueza.

Na passagem da segunda Leitura, ouvimos o início da Epístola aos Hebreus (Hb 1,1-6). Deus, ao contrário dos ídolos mudos, falou conosco e por muito tempo, de modo especial pelos Profetas.

“Nestes tempos, que são os últimos”, enviou a Sua própria Palavra, “imagem do Seu ser divino”, do Seu desígnio, da Sua vontade. Ele mesmo Se faz Palavra e vem ao nosso encontro. Ele, Palavra viva e eficaz (Hb 4,12)."

Na proclamação do Evangelho de São João, ouvimos os primeiros versículos (Jo 1,1-18). Com extrema beleza e estilo próprio, o Evangelista, ao mesmo tempo, sóbrio e solene, nos apresenta a Encarnação de Jesus através de um grande hino litúrgico, como que a abertura de uma “Sinfonia do Novo Mundo”.

Enuncia os temas que, logo a seguir, se desenvolverão em múltiplas variações com contrapontos sutis, de modo que o realismo da Encarnação do Filho de Deus constitui o centro desta vigorosa introdução do Evangelho.

A Palavra feita Carne é a revelação do Pai, do Seu amor. Receber, acolher e crer nesta Palavra é ter a vida eterna, como afirma nos capítulos posteriores.

Verdadeiramente assim cremos: Deus, movido por amor, desce misericordiosamente ao nosso encontro, porque havíamos caído miseravelmente, conforme nos falou o Bispo Santo Agostinho.

Agora que celebramos o Mistério desta Presença em nosso meio, urge que sejamos alegres mensageiros do Verbo, num mundo marcado por vezes por realidades sombrias, tristes e de morte.

A Encarnação do Verbo é, ao mesmo tempo, a nossa elevação, porque Ele Se faz hóspede de nossa alma e nos envia para sermos, no mundo, sinal de Sua presença, como alegres discípulos da misericórdia divina, dando razão de nossa esperança, no corajoso testemunho de nossa fé, inflamados pelo fogo do Seu indizível Amor.

Enfim, contemplar a Encarnação e ver a glória de Deus, é viver de modo a favorecer que vejam e sintam a presença de Deus em nós e em todas as pessoas.


PS: Missal Quotidiano, Dominical e Ferial – Ed Paulus – Lisboa - pp.178-180
Apropriado para dia 31 de  dezembro - Jo 1,1-18

Em poucas palavras...(Natal do Senhor)

                                   

 

                           Feliz e Santo Natal do Senhor! 

“E O Verbo fez-Se Carne, e habitou entre nós; e nós vimos a Sua glória; glória que Ele tinha junto do Pai como Filho único, cheio de graça e de verdade.” (cf Jo 1,14): 

1- Para nos salvar, reconciliando-nos com Deus; 

2 - Para que assim conhecêssemos o amor de Deus;

3 - Para ser o nosso modelo de santidade;

4 - Para nos tornar «participantes da natureza divina» .

 

Fonte: Catecismo da Igreja Católica - nn.457-460

 

Natal: o melhor de Deus renasceu em nossos corações (Natal do Senhor)

 


                Natal: o melhor de Deus renasceu em nossos corações

Celebrar o Natal do Menino Jesus é celebrar o renascimento do melhor de Deus em nossos corações:

Da alegria daquela Noite Santa comunicada pelos anjos, e multidão celestial, com as humildes testemunhas dos pastores. Renasça sempre a alegria de sermos também testemunhas do Mistério da Encarnação do Verbo; d’Aquele que desceu ao nosso encontro, misericordiosamente, quando caímos miseravelmente pelo pecado e pela desobediência (cf. Santo Agostinho).

Da esperança de ver sinais de morte transformados em sinais de vida, porque a Vida veio ao nosso Encontro; contemplar os sinais de escuridão iluminados pelo Esplendor da Luz Divina que veio nos iluminar.

Da esperança que nos move e nos faz comprometidos na construção de novos céus e nova terra, jamais nos curvando diante da banalização e mediocrização da vida, com a consciência de que temos que passar pelo mundo deixando melhor para os que haverão de vir depois de nós. Celebrar o Natal é se tornar sagrado instrumento de esperança, sobretudo para os que mais precisarem.

Da esperança de ver o amor triunfando sobre o ódio, afinal o amor de Deus haverá de falar mais alto no coração de toda a humanidade, e em sua expressão máxima, quando Aquela Criança Se doar, no consumar de Sua Divina Missão,  no Mistério da Paixão, Morte na Cruz, Vida Nova, Páscoa, Ressurreição.

Da necessária consciência da ética do cuidado da vida, seja ela pessoal, familiar, eclesial, social, planetária. É próprio do amor de Deus cuidar de todos nós, criados à Sua imagem e semelhança. Cuidados pela Trindade Santa de amor, para também sermos zelosos cuidadores da vida em sua totalidade. Cuidado expresso na acolhida, comunhão, solidariedade, respeito à sacralidade do outro.

Da consciência de que somos mensageiros da paz, na superação de toda discórdia, destruindo muros que fragilizam e distanciam pessoas, famílias, comunidades. Somos Mensageiros da paz, do Príncipe da Paz que veio nos comunicar o Shalom, a plenitude de todos os bens. Mensageiros de paz edificam pontes que criam proximidade, comunhão, fraternidade, amizade, solidariedade; jamais muros da inimizade.

Da confiança e a certeza de que a graça que foi derramada em nossos corações pelo Espírito Santo (Rm 5,5), comunicada por Aquele que Se Encarnou, por nós viveu e morreu, e do alto no-la comunicou, a fim de que vivamos com equilíbrio, justiça e piedade (Tt 2,12).

Renascido o melhor de Deus em nosso coração, é tempo de irradiar no mundo tudo que faça a vida melhor, e de modo especialíssimo, o amor, a alegria e a luz do Menino Deus. Do Deus que Se fez carne igual a nós, exceto no pecado, e que armou sua tenda entre nós.

Um Deus Menino, que chora, sorri, tem sede e fome, e que cresceu em tamanho, Sabedoria e Graça diante de Deus.

Um Deus que veio enxugar nossas lágrimas, acalentar nossos prantos.

Uma luz brilhou para nós na escuridão da noite.

Feliz Natal do Senhor! Amém. Aleluia!

Natal: Acolher, Escutar e Viver (Natal do Senhor)

                                                                  

Natal: Acolher, Escutar e Viver

É Natal:
Quando acolhemos o Emanuel na forma de uma Criança,
Quando escutamos a Boa Nova do Senhor Jesus,
Quando vivemos e morremos com Cristo, o Senhor,
Para com Ele vivermos como Ressuscitados.
É Natal quando morremos para o pecado e vivemos plenamente para Deus.

É Natal:
Quando acolhemos o Verbo que Se fez Carne e habitou entre nós...
Quando escutamos a Palavra comunicada pelo Verbo...
Quando vivemos e encarnamos esta mesma Boa Nova!

Natal:
É o Mistério do Deus que no princípio era a Palavra;
Pela qual Deus o universo criou.
É Mistério profundo da Encarnação da Palavra, para o mundo redimir.
Que no meio da humanidade veio habitar, e Sua tenda entre nós armar,
Para dentro dela, como que numa escola, a Lei maior ensinar:

O Amor que ensina Amar!
É Mistério da Redenção da humanidade,
Pela Palavra rejeitada, crucificada, Ressuscitada,
Poderosamente pelo Pai, glorificada!
No Mistério da encarnação e redenção nossa humanidade é edificada!

É Natal:
Quando Deus armou Sua tenda entre nós,
Revelando o Seu mais terno jeito de ser:
Amor, Amante e Amado.
Deu-nos o seu rosto de amor conhecer.

É Natal:
Quando na Palavra Encarnada Deus Se torna visível,
Na Palavra acolhida e vivida um mundo novo se torna possível.
Quando a Palavra Se fez Carne,
A humanidade de Jesus, o amor de Deus, sem fim e sem limites, comunicou.
Na Palavra foi acolhida a linguagem do amor, que gera vigor e luz, a humanidade aprendeu!
A Luz para sempre no meio dos homens resplandeceu!

Natal:
Não é a festa de muitas palavras incompletas, transitórias, provisórias, vazias;
Mas a Festa da Palavra, da Palavra definitiva, viva e eterna.
Pois Nele não se separa o falar e o fazer.
Aquele que fala de amor é o próprio amor em ação.
Aquele que fala de perdão é o próprio perdão em comunicação.
Aquele que fala de compaixão é o próprio que não peca pela omissão.
Aquele que fala de paz é o próprio que não Se deixa mover pela cólera, ira e destruição.
Aquele que fala de partilha, é o próprio que Se comove, solidariza e não permite a ambição.
Aquele que fala da beleza da natureza e da criação,
Com ela Se relaciona com sobriedade, equilíbrio e proteção, nunca com gesto de destruição!

É Natal:

Quando contemplamos os belos pés dos mensageiros,
Que trazem consigo mensagem de paz, amor e harmonia,
Esperança, coragem e alegria...

É Natal:
Quando entregamos ao mais Belo Mensageiro e à própria
Mensagem do Pai, nosso ser, corpo, mente, espírito, tempo, forças e fraquezas,
Para esta Bela Notícia ao mundo anunciar.

É Natal:
Quando de Cristo nos tornamos alegres mensageiros,
Quando nos tornamos, para os que mais precisam, novos Cristos,
Na mão que se estende, no ouvido que escuta, no coração que se abre,
Como nEle crerão se não houver alguém que Dele, e por Ele, fale?

É Natal:
Quando aprendemos que sempre haverá uma possível saída,
Quando a Ele conferimos sempre a Palavra última!
Palavra última de luz, alegria, paz, carinho, ternura, perdão,
Confiança, acolhida, combates, anúncio, entrega, empenho e compreensão...

Será sempre Natal:
Quando nossa mente e coração pela Palavra e Espírito iluminados,
Dons, carismas, riquezas partilhados.
Brotará o que há de melhor no mais profundo de nosso coração.
Natal trará sempre consigo a semente da Ressurreição.

Feliz Natal! 

Quem sou eu

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