sábado, 27 de dezembro de 2025

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São João Evangelista, o discípulo amado do Senhor

                                                      


São João Evangelista, o discípulo amado do Senhor

O Evangelho de João é simbolizado pela águia: Jesus vem do alto, ao Se encarnar em nossa humanidade, entre nós: “O Verbo Se fez Carne e veio habitar entre nós” (Jo 1,14).

João, o discípulo amado do Senhor, viu e tocou na Carne do Verbo, e com Ele aprendemos que o encontro com Jesus marca para toda a vida, e se coloca a caminho discípulo missionário, alegres mensageiros do Verbo, peregrinos de esperança.

Deste modo, quem ama o Senhor:

- Reclina em Seu peito (nós diante do Santíssimo Sacramento);

- Cria vínculos de afeto, comunhão e amizade;

- Presente nos momentos gloriosos, mas também nos momentos dolorosos e luminosos;

- Permanece fiel até o fim;

- Chega primeiro no encontro do Amado;

- Sabe qual é o seu lugar dentro da comunidade;

- Compreende e vive a sinodalidade;

- Vê e acredita que Ele Ressuscitou;

- Reconhece o Ressuscitado - “É o Senhor”.

João, Discípulo Amado do Senhor, pelo Senhor e por Sua Mãe, Maria é o autor das Sagradas Cartas de Amor, Verdade e Luz.

João também nos agracia com o Livro do Apocalipse: a perseverança dos discípulos que lavaram as vestes no sangue do Cordeiro Vitorioso - Jesus Cristo.

Assim como São João Evangelista, para sempre sejamos! Amém. 

Peregrinos da Esperança e ação do Espírito Santo (súplica)

 


Peregrinos da Esperança e ação do Espírito Santo  (súplica)

Oremos: 

Enviai, Senhor, o Vosso Espírito para que tenhamos uma fé inquebrantável, esperança viva e caridade generosa.               

Enviai, Senhor, Vosso suave sopro do Espírito para nos  acalentar, acalmar, consolar, conduzir e firmar nossos passos.

Enviai, Senhor, os raios fulgurantes e ardentes do Espírito para aquecer nosso coração e novas relações fraternas construirmos. 

Enviai, Senhor, a água cristalina do Teu Espírito, para saciar as sedes tantas que carregamos, por Vós plenamente saciadas. 

Enviai, Senhor, o que de fato precisamos, pois nos conheceis e sabeis antes mesmo que Vos peçamos.

Vós que agis sempre nos surpreendendo, porque assim é o amor: Alegrai-vos ao surpreender, surpreendes porque nos amais. 

Vos glorificamos pela Vossa presença conduzindo a Igreja e a História, pois não há absolutamente nada bom sem o Santo Espírito. 

Enviai Vosso Espírito para rejuvenescer a Igreja renovando-a constantemente, na perfeita união com o Esposo, pois o Espírito e a Esposa dizem ao Senhor Jesus: “Vem”. Amém.

 

 

Fonte: Tratado do Bispo Basílio Magno (séc. IV)

 

“Peregrinos da esperança: coração ardente, pés a caminho”

                                                  


“Peregrinos da esperança: coração ardente, pés a caminho”

“Ainda que a figueira não floresça,
nem a vinha dê seus frutos,
a oliveira não dê mais o seu azeite,
nem os campos, a comida
 
mesmo que faltem as ovelhas nos apriscos
e o gado nos currais:
mesmo assim, eu me alegro no Senhor,
exulto em Deus, meu Salvador!” (1)
 
Ainda que a cruz de tantos nomes pese sobre meus ombros,
Tenho que seguir adiante, pois não posso jamais desistir,
Porque peregrino da esperança, coração ardente, pés a caminho.
 
Ainda que as mudanças tantas do mundo não as veja acontecer,
Tenho que persistir, contemplando os pequenos sinais do Reino,
Porque peregrino da esperança, coração ardente, pés a caminho.
 
Ainda que as ondas do mar pareçam forças absolutas possuir,
O barco agitado, o medo na travessia a fazer, n’Ele, Jesus, confiar.
Porque peregrino da esperança, coração ardente, pés a caminho.
 
Ainda que as montanhas e vales a subir e caminhar,
Na busca de objetivos que pareçam jamais poder alcançar, seguir...
Porque peregrino da esperança, coração ardente, pés a caminho.
 
Ainda que a luz do sol pareça não mais no céu irradiar,
Porque o caminho se fez mais escuro em pleno dia, pelas inquietações,
peregrino da esperança, coração ardente, pés a caminho.
 
Ainda que não encontre respostas para os mistérios cotidianos,
Nas asas do Espírito, na busca das coisas do alto, onde habita Deus,
Porque peregrino da esperança, coração ardente, pés a caminho.
 
Ainda que as forças pareçam eternamente exauridas,
Do Pão da Palavra e da Eucaristia, nutrir-se e seguir...
Porque peregrino da esperança, coração ardente, pés a caminho. 
 
Ontem, hoje e sempre.
Como os discípulos de Emaús, (2)
Peregrino da esperança, coração ardente, pés a caminho. Amém. Aleluia!
 
(1)             cf. Hb 3,17-18
(2)             cf. Lc 24,13-35 

Peregrinos da esperança e a necessária compaixão

                                                            


Peregrinos da esperança e a necessária compaixão

A compaixão leva Jesus e Seus discípulos a romperem toda forma de distanciamento social, em efetivo e afetivo compromisso com o próximo, em solidariedade expressa em gestos concretos.

Quando as mãos estão carregadas de compaixão, elas se tornam oblativas, abertas e servidoras.

Deste modo, a compaixão é o sentimento que faz a conexão das mãos com o coração, ou seja, ter compaixão é ter coração nas mãos.

Concluo com as palavras do Comentário do Missal Cotidiano:

“Serão talvez pequenas coisas, mas não descuremos o pouco, que tem seu valor. O caminho a percorrer é o do ‘coração na mão’; Um coração bom, aberto a todos, reconciliado e sensível aos outros.”.

 

(1) Missal Cotidiano – Editora Paulus – passagem da Leitura – (Pr 3,27-34) – p.1297

Peregrinar na esperança e irradiar luz divina

 


Peregrinar na esperança e irradiar luz divina

Uma súplica luz da passagem da Carta de Paulo aos Efésios:

“Nenhuma palavra perniciosa deve sair dos vossos lábios, mas sim alguma palavra boa, capaz de edificar oportunamente e de trazer graça aos que a ouvem.

Não contristeis o Espírito Santo com o qual Deus vos marcou como com um selo para o dia da libertação.

Toda a amargura, irritação, cólera, gritaria, injúrias, tudo isso deve desaparecer do meio de vós, como toda a espécie de maldade.

Sede bons uns para com os outros, sede compassivos; perdoai-vos mutuamente, como Deus vos perdoou por meio de Cristo” (Ef 4,29-32).

Oremos:

Ó Deus, firmais nossos passos, como peregrinos de esperança, a fim de que jamais sucumbamos à força do pecado, e que, por Vossa infinita bondade, apagueis nossas transgressões e purificai nossos corações, eliminando toda ferrugem de nossa alma.

Afastai de nós toda inclinação para o mal, na vigilância de nossos pensamentos, palavras e ações, para que vivamos plenamente de acordo com a Vossa vontade.

Nós Vos adoramos e pedimos que carreguemos com fidelidade nossa cruz cotidiana, nos passos do Vosso Filho que por Sua gloriosa Cruz, trouxe a salvação para o mundo inteiro, na mais perfeita expressão de misericórdia.

Nós Vos adoramos e glorificamos por meio do Vosso Filho, o Cristo Salvador, Sol nascente e Luz sem ocaso, que ilumina os nossos passos desde o amanhecer, em comunhão com o Santo Espírito. Amém.

Peregrinos da Esperança, aprendamos com Tobias

                                                       

Peregrinos da esperança, aprendamos com Tobias

Um pequeno decálogo do discípulo missionário do Senhor, à luz do Livro de Tobias:

01 – Ser vigilante em todas as obras.
02 – Mostrar-se prudente na conversação.
03 – Não fazer a ninguém o que para si não desejar.
04 – Dar do próprio pão a quem tem fome.
05 – Dar as próprias vestes aos que estão despidos.
06 – Dar de esmola todo o supérfluo.
07 – Bendizer ao Senhor em todo o tempo.
08 – Pedir ao Senhor que sejam retos os caminhos.
09 – Pedir ao Senhor êxito em todos os passos.
10 – Pedir ao Senhor êxito, também, em todos os projetos.

Dez bons propósitos a serem vividos, como discípulos missionários, para que sejamos sal da terra e luz do mundo, como nos disse o próprio Senhor (Mt 5,13-16), a fim de que sejamos peregrinos da esperança.

Estejam, portanto, presentes estas orientações em nosso pensar, falar e agir: vigilância, prudência, bondade, partilha, a súplica confiante ao Senhor para êxito em nosso discipulado, no anúncio e testemunho, acompanhado do louvor e gratidão por Sua presença que nos fortalece, porque nos envia o Seu Espírito para maior fidelidade ao Pai.


Fonte inspiradora: Tb 4,14b-15a.16ab.19a

Peregrinos da esperança e da consolação divinas

                                                 


Peregrinos da esperança e da consolação divinas

“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e Deus de toda consolação.

Ele nos consola em todas as nossas aflições, para que, com a consolação que nós mesmos recebemos de Deus, possamos consolar os que se acham em toda e qualquer aflição.” (2 Cor 1,3-4)

Peregrinos da esperança, aprendemos, como filhos e filhas, ao experimentar a bondade do Pai que tanto nos ama, a sermos bondosos com os irmãos e irmãs, com quem angústias e esperanças, alegrias e tristezas compartilhamos.

Aprendamos com o Apóstolo Paulo que, por Deus, não só foi consolado, mas também soube a muitos, nas provações, consolar, animar e pôr-se no caminho do discipulado, perfeitamente configurados ao Senhor, na fidelidade em carregar a cruz cotidiana.

Como precisamos do calor da caridade de Deus derramada em nossos corações, por meio do Seu Espírito, a fim de que comuniquemos aos outros a experiência de amor vivida, que nos impele na missão de discípulos missionários do Senhor.

Tão somente assim nossa experiência será convincente, porque transmitirá algo de vivo e pessoal, na maturidade de sofrermos com Cristo, aprofundando a solidariedade que nos faz alcançar a perfeita e plena alegria, tão somente com Ele, como nos falou (cf. Jo 15).

Peregrinos da consolação e da esperança sejamos, e assim, livres para amar e servir, de tal modo que se a dor vier, perderá sua força  obsessiva e opressora, experimentando a misericórdia, bondade e consolação divinas, e nosso sofrimento será embebido de amor e serenidade. Amém.

Fonte: Missal Cotidiano – Editora Paulus – p. 874 – Comentário sobre a passagem da Segunda Carta de Paulo aos Coríntios (2Cor 1,1-7)

Peregrinos da esperança iluminados pelas atitudes de Maria

                                                   

Peregrinos da esperança iluminados pelas atitudes de Maria

 
Na visitação do Arcanjo Gabriel, Maria dá o seu “sim” para a encarnação do Verbo:  Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a Tua Palavra!” (Lc 1,38).
 
Não foi uma resposta fácil, pois como vemos nos versículos anteriores, no diálogo com o Arcanjo, teve que superar natural perturbação ou medo da missão que Deus a ela tinha reservado: em seu ventre duas naturezas se encontrariam, a divina e a humana.
 
De fato, em suas entranhas um encontro se daria: da imensidão de Deus com a fragilidade; da pequenez de uma humana criatura, Jesus, verdadeiramente homem e Deus.
 
O primeiro mistério gozoso nos convida a contemplar as atitudes de Maria diante de Deus e Seus Mistérios:
 
- Maria é modelo de Fé e confiança, e acreditou que para Deus nada é impossível;
- Entregou-se nas mãos de Deus com total disponibilidade, com seu “Fiat”, abrindo o caminho para  a Encarnação do Verbo e a nossa Salvação;
- Abertura e obediência total à vontade divina, ainda que ultrapasse sua compreensão.
 
Vemos que "A obediência de fé" vivida por Maria, ao receber a mensagem do anjo, e sua resposta, revela total confiança e submissão à vontade de Deus; e esta atitude de Maria refletirá a obediência de Jesus, que também se submete à vontade do Pai em sua missão redentora.
 
Concluindo, peregrinos da esperança que somos, seja a nossa devoção a Nossa Senhora fecunda, acompanhada pelas mesmas atitudes, para não incorrermos em estéril devoção.
 

“Salve Rainha, Mãe de Misericórdia...”

Em poucas palavras (São João Evangelista)

                                             


Peregrinar na esperança com o discípulo amado

A transmissão da fé cristã é, antes de mais, o anúncio de Jesus Cristo, para Levar à fé n'Ele. Desde o princípio, os primeiros discípulos arderam no desejo de anunciar Cristo:  «Nós é que não podemos deixar de dizer o que vimos e escutamos» (At 4, 20). E convidam os homens de todos os tempos a entrar na alegria da sua comunhão com Cristo:

«O que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos tocaram acerca do Verbo da vida, é o que nós vos anunciamos, pois a vida manifestou-Se e nós vimo-la e dela damos testemunho: nós vos anunciamos a vida eterna que estava junto do Pai e nos foi manifestada. Nós vos anunciamos o que vimos e ouvimos, para que estejais também em comunhão conosco. E a comunhão em que estamos é com o Pai e com o Seu Filho, Jesus Cristo. E escrevemos tudo isto para a nossa alegria ser completa» (1 Jo, 1, 1-4).”

(1)               Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 425

São João Evangelista viu e ouviu o Senhor

                                                           

São João Evangelista viu e ouviu o Senhor

No dia 27 de dezembro, celebramos a Festa de São João Evangelista, e somos enriquecidos por um dos Tratados do Bispo Santo Agostinho (séc. V), à luz da Primeira Epístola de São João.

“O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos, o que tocamos com as nossas mãos acerca do Verbo da Vida. Quem poderia tocar com suas mãos o Verbo, se não fosse porque o Verbo Se fez carne e habitou entre nós?

 O Verbo, que Se fez carne para poder ser tocado com as mãos, começou a ser carne no seio da Virgem Maria; mas não foi então que começou a ser o Verbo, porque, como diz São João, Ele era desde o princípio. Vede como a sua Epístola é confirmada pelas Palavras do seu Evangelho que acabais de escutar: No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus.

Talvez haja alguém que tome a expressão «Verbo da Vida» como se fosse referida a Cristo, mas não ao corpo de Cristo que podia ser tocado com as mãos. Reparai no que vem a seguir: E a Vida manifestou-Se. Portanto, Cristo é o Verbo da Vida.

E como Se manifestou? Era desde o princípio, mas não Se tinha manifestado aos homens; apenas Se tinha manifestado aos Anjos, que O contemplavam e se alimentavam d’Ele como de seu pão. Mas que diz a Escritura? O homem comeu o Pão dos Anjos.

Portanto, a Vida manifestou-Se na carne, para que, nesta manifestação, aquilo que só o coração podia ver, fosse visto também com os olhos e desta forma sarasse os corações. De fato o Verbo só pode ser visto com o coração, ao passo que a carne pode ser vista também com os olhos corporais. Éramos capazes de ver a carne, mas não éramos capazes de ver o Verbo. Por isso o Verbo Se fez carne que nós podemos ver, para sarar em nós aquilo que nos torna capazes de ver o Verbo.

Nós damos testemunho do Verbo e vos anunciamos a vida eterna, que estava junto do Pai e foi manifestada em nós, isto é, foi manifestada entre nós e, ainda mais claramente, foi-nos manifestada.

Nós vos anunciamos o que vimos e ouvimos. Prestai atenção: Nós vos anunciamos o que vimos e ouvimos. Eles viram o Senhor presente na carne, ouviram as Palavras da sua boca e anunciaram-nas a nós. Por isso também nós ouvimos, mas não vimos.

Seremos nós, por isso, menos afortunados que aqueles que viram e ouviram? Mas então, porque acrescenta: Para que estejais também em comunhão conosco? Eles viram e nós não vimos; e, apesar disso, estamos em comunhão, porque temos uma fé comum.

E a nossa comunhão é com o Pai e com o Seu Filho, Jesus Cristo; e vos escrevemos isto, para que a vossa alegria seja completa”.

Tendo celebrado o Natal do Senhor, contemplemos e adoremos a Vida, Jesus, que Se manifestou na carne.

Vejamos com os olhos do coração. João, Pedro, e os apóstolos viram e ouviram o Verbo. D’Ele se tornaram Apóstolos, e foram enviados para proclamar a Sua Palavra, com a proteção e a presença de Sua Mãe, a Estrela da Evangelização.

Não vimos a Carne com os olhos da carne, mas vemos com o olhar da fé e, como nos disse o bispo, podemos nos alegrar da mesma forma, porque eles ouviram e nos falaram d’Ele.

Não podemos vê-Lo como viram, mas podemos ouvir por meio deles que nos falam do Verbo, e assim, sintamos a mesma alegria “...na mesma comunhão de vida, na mesma caridade, na mesma unidade”. 

PS: 1 Jo 1,1-3

Os sete sinais no Evangelho no quarto Evangelho

                                               


Os sete sinais no Evangelho no quarto Evangelho

Na primeira parte da sua obra, João Apóstolo e Evangelista, procura nos revelar quem é Jesus Cristo e sua missão, bem como apresentar a Sua natureza divina.

Ele nos apresenta através de sete sinais:

  • As bodas de Caná (Jo 2,1-12)
  • A Cura do filho de um funcionário real (Jo 4,43-54)
  • A Cura do enfermo na piscina de Betesda (paralítico) (Jo 5,1-47)
  • A Multiplicação dos pães (Jo 6,1-15)
  • O Caminhar sobre as águas do mar (Jo 6,16-70)
  • A Cura do cego de nascença (Jo 9,1-41)
  • A Ressurreição de Lázaro (Jo 11,1-54)

 

São João Apóstolo e Evangelista: o discípulo amado

                                                   


São João Apóstolo e Evangelista: o discípulo amado

Celebramos no dia 27 de dezembro a Festa de São João Apóstolo e Evangelista em plena oitava do Natal do Senhor.

Este foi quem na ceia repousou sobre o peito do Senhor, e a ele, como aos outros apóstolos foram revelados os segredos do Reino que se espalhou por toda a terra, com palavras de vida, como nos lembra a antífona da entrada da Missa de sua Festa.

A este Evangelista, Jesus se revela de forma mais íntima, manifestando-se a ele como o Filho de Deus feito homem.

João era filho de Zebedeu, rico pescador de Betsaida (Mc 1,20; Mt 4,18-22, Jo 1,44), e de Salomé, uma das mulheres que se puseram a serviço de Jesus e de seus apóstolos.

João foi provavelmente educado, como o irmão Tiago, em ambientes da seita dos zelotes  (Mc 3,17; Lc 9,53-56).

Antes de seguir Jesus era discípulo de João Batista (Jo 1,35-41), e foi encaminhado pelo próprio João Batista para seguir Jesus.

Do grupo dos apóstolos foi um dos mais ativos, e a quem o Senhor confiou o maior número de encargos e os mais íntimos segredos (Mt 17,1-8; Mc 13,3; Lc 22,8; Jo 13,23; Mt 26,37; Jo 19,26; 20;3).

Participou do Concílio de Jerusalém (Gl 2,9) e, exercendo longa vida apostólica, foi exilado na ilha de Patmos, ao tempo de Domiciano (Ap 1).

No centro do seu Evangelho apresentou a manifestação de Deus ao mundo na pessoa do Cristo: Jesus é Filho de Deus, e se apresenta como tal várias vezes como aquele que diz “Eu sou” de formas muito concretas e múltiplas.

A estas  manifestações João dá o nome de “testemunho” ou de “missão”, numa série de “sinais da glória de Deus”.

O mais importante destes realiza-se na “hora da glorificação de Cristo no Mistério Pascal”, e estes sinais perpetuam-se na vida da Igreja e nos Sacramentos da presença do Senhor.

João nos deixou suas Cartas na Sagrada Escritura, que prolongam o ensinamento de seu Evangelho: Deus que é “Amor e luz”, os deveres cristãos derivados da caridade e as precauções contra o pecado, e outros temas fundamentais.

O Livro do Apocalipse, também seu,  é essencialmente uma meditação sobre o significado da história, redigida segundo um gênero literário muito usado no mundo hebraico, com o intuito de fortalecer a fé cristã exposta a perseguições: Cristo já venceu o mundo e Satanás; os que participam dos sofrimentos de Cristo participarão também do seu triunfo. Com Jesus, o Princípio e o Fim, o vencedor, também seus seguidores o serão, na fidelidade e coragem ao viver a fé no testemunho cotidiano (1).

Como vemos, é notável a participação deste Apóstolo e Evangelista no Mistério da Encarnação do Verbo, e sua missão Redentora de toda a humanidade.

Teve a graça de ver, ouvir e tocar o Salvador, como ele mesmo nos diz em sua Primeira Carta – “o que era desde o princípio, o que nós ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida” (1 Jo 1,1).

Como Apóstolo e Evangelista conviveu com o próprio Jesus, e com Ele se manteve fiel até o fim, aos pés da cruz, e foi testemunha de Sua Ressurreição como vemos nos Evangelhos.

Oremos:

“Ó Deus todo-poderoso, nós vos pedimos que o Verbo feito Carne, que São João anunciou com seu Evangelho, habite sempre entre nós por este  Mistério que celebramos. Por Cristo, Nosso Senhor. Amém” (2)


(1)Fonte de pesquisa: Missal Cotidiano – Editora Paulus – p. 1838
(2) Oração depois da Comunhão da Missa da Festa de São João Apóstolo e Evangelista

São João Evangelista: Ele tocou na Carne do Verbo da Vida

                                                                    

São João Evangelista: Ele tocou na Carne do Verbo da Vida

"Não poderia ficar para sempre
morto Aquele a quem tanto amei"

Celebraremos no dia 27 de dezembro a Festa do Evangelista São João, “o discípulo que Jesus amava”.

João, juntamente com Pedro, é o primeiro a receber o alegre anúncio da Ressurreição. E, como sabemos pelo Evangelho, ele corre e chega primeiro ao sepulcro, pelo fato de ser mais jovem ou mesmo por ser amado por Jesus e sentir ânsias de reencontrar o Amado.

Entretanto, João mesmo impelido pelo amor e com a agilidade na corrida, que o possibilitou chegar primeiro, o respeito pela idade mais avançada somado ao papel eclesial de Pedro à frente da comunidade, o levou a discernir e saber esperar e deixando que este entrasse primeiro.

O discípulo amado soube esperar, pois é próprio do amor saber esperar pacientemente e reconhecer o lugar que lhe é próprio. 

Pedro ficou surpreso ao verificar os detalhes descritos tal como Maria Madalena houvera anunciado.

O discípulo amado, além da confirmação, faz um ato de fé: João viu e acreditou, tal como havia sido dito nas Escrituras, que Jesus haveria de ressuscitar dos mortos (Jo 20,9).

“Trata-se de uma profissão de fé que nasce da experiência daquilo que São João viveu e intuiu naquela manhã de Páscoa. Uma compreensão tornada possível e credível por estar estabelecida na sua relação de amor e de amizade com Jesus. Assim aconteceu também a Maria de Magdala, que, na sua procura, é movida pelo amor e pelo afeto por Jesus e, quando o Ressuscitado a chama pelo nome, reconhece-O e encontra-O vivo” (1).

O discípulo amado não mais se conteve, e sua vida se consumou no alegre anúncio e testemunho de que o Amado agora vive e reina gloriosamente.

Não pode calar mais quem tocara na Carne do Verbo da Vida. Agora, é a alegria de poder testemunhá-Lo vivo e levando a todos à mesma comunhão e amizade com o Senhor, Aquele que não mais nos chama de servos, mas de amigos.

Com João, inúmeras lições, mas a primordial é a relação de amor, intimidade e amizade com o Senhor, visibilizada no anúncio e testemunho incansável a todos os povos.

Em nossas comunidades, urge que fortaleçamos nossa relação de amor com a Trindade Santa e com nosso próximo, modos inseparáveis de viver o Mandamento do Amor que o Senhor nos confiou.


(1) Lecionário Comentado - Volume Advento/Natal - Paulus - Lisboa - pág. 267-268.

Ah, se nossas famílias escutassem o Anjo do Senhor... (ano A)

                                                        

Ah, se nossas famílias escutassem o Anjo do Senhor...

Na Liturgia da Palavra na Festa da Sagrada Família (ano A), refletimos sobre aquele momento inesquecível em que por três vezes há menção da comunicação do anjo a José. 

A primeira comunicação é quando o Anjo diz em sonho a José: “Levanta-te, pega o menino e sua mãe foge para o Egito” (Mt 2,13).

No Egito o anjo continua acompanhando e comunicando a José os desígnios divinos: “Levanta-te, pega o menino e sua mãe e volta para a terra de Israel: pois aqueles que procuravam matar o menino já estão mortos” (Mt 2,20).

E por último: “... depois de receber um aviso em sonho, José retirou-se para a região da Galileia, e foi morar numa cidade chamada Nazaré” (Mt 2,22-23).

Como o próprio Missal Dominical afirma: “Nem tudo é idílio, paz e serenidade na família: ela passa pelos sofrimentos e dificuldades do exílio e da perseguição; pelas crises do trabalho, da separação, da emigração, do afastamento dos pais... como em todas as outras, há alegrias e sofrimentos, desde o nascimento até a infância e a idade adulta; ela amadurece através dos acontecimentos alegres e tristes para cada um de seus membros... Maria e José não se calam, não apresentam objeções sobre a opção de Jesus; inconsciente e intuitivamente percebem que é uma escolha que os exclui (ou parece excluí-los) da vida de seu único filho, uma opção semeada das lágrimas e sangue, mas a aceitam, porque essa é a vontade de Deus”.

Fixemo-nos por alguns instantes contemplando a Sagrada Família, lá no Egito, distante dos seus, em terra estranha, tudo tão diferente. Longe de suas raízes, como tantos hoje...

E, certamente não veremos nem ouviremos lamentações, posturas incrédulas e nem revolta contra Deus... Nem blasfêmias se elevaram contra Deus por tamanho infortúnio, por tamanha responsabilidade, por imensurável peso carregado sobre os ombros. 

É impensável e impossível que José tenha dito, como talvez alguns de nós diríamos: “Por que estou nesta enroscada, se esta criança nem é minha?”, “Não basta tanta gozação, ironia que suportei dos amigos... (que amigos?)”, “que fria, que roubada eu entrei...”. “Ah se pudesse voltar atrás, não teria assumido esta missão”. “Não devia ter ouvido o anjo na primeira vez, devia ter ouvido meus instintos e ter abandonado Maria em segredo...”.

Da mesma forma, é impensável e impossível, sequer um momento, Maria ter percebido tais expressões borbulhando na mente e fervendo no coração de José. Jamais Maria teria assim pensado ou tão pouco dito: “deveria ter dito não ao anjo”, “Deus deveria ter escolhido outra...”, “Se não tivesse aceitado a ação do Espírito, se não tivesse acreditado nesta possibilidade, hoje estaria junto de meus pais, sem nenhum medo no coração, não teria ouvido tanta coisa como ouvi dos meus amigos e familiares...”

Na sua mente e coração apenas uma certeza: “O Senhor fez em mim maravilhas...”. No seu coração a “Cantora Divina” que entraria, alguns anos depois, nos céus, apenas cantava e se reencantava com o Magnificat...

Sabia que o seu sim dado, não inconsequentemente, mas dado com toda coragem, jamais poderia deixar de encontrar resposta de Deus, pois é próprio do Amor de Deus se fazer presente, não somente na hora que chama, mas em todos os momentos do envio, da missão.  É próprio do amor se manifestar ininterruptamente para que o êxito da missão do amado chegue a pleno termo.

Ah, quantas lições esta Santa Família, Sacra Família, Sagrada Família, Santíssima Família.

Cada vez mais aprendemos que o amor de Deus e as coisas divinas são mais do que inexprimíveis em palavras, mas contempladas no coração, como no coração daqueles da Sagrada Família...

Urge que nossas famílias aprendam mais esta lição para que sejam um reflexo desta, que é por todo o sempre a Família de todas as famílias, porque nela o Verbo encontrou aceitação, acolhida, espaço, proteção, cuidado, carinho, ternura, palavras de sabedoria, aprendizados primeiros que toda criança deve ter.

Aquela criança ali carregada, como já fora carregada no ventre, que um dia em forma de homem, coração pela lança trespassado, sem vida, na espera da Ressurreição também em seus braços receberá, e na Mesa do Altar, estremecida, extasiada, emocionada, ouvirá, quando os Apóstolos disserem – “Isto é meu Corpo dado por vós... Tomai todos e bebei, este é o Cálice do meu Sangue...”

Os primeiros choros consolados, as primeiras dores aliviadas, as primeiras feridas curadas, as primeiras gotas de sangue caídas, contempladas, os primeiros sorrisos partilhados, os primeiros sonhos plantados, e um dia, na Mesa da Eucaristia, eternizados em alegre e confiante certeza de que o Reino de Amor, Verdade, Justiça e Paz foi inaugurado.

Maria e José nos ensinem as mais belas lições do silêncio orante, contemplativo, do relacionamento familiar edificante e estruturante, do trabalho árduo e participativo na obra da criação divina.

Tenhamos ouvidos e coração de José e de Maria, para acolher o Menino Deus, o Verbo, com mesmo amor, carinho, paixão e ternura...

Tenhamos, também, coragem de ouvir o Anjo de Deus que nos interpela, incansavelmente, no amor e na defesa da vida... 

Sagrada Família, modelo de fidelidade e coragem (Sagrada Família)

                                                               

Sagrada Família, modelo de fidelidade e coragem

Celebrar a Festa da Sagrada Família (ano A), é para todos nós, uma ocasião favorável para refletirmos sobre o papel fundamental que tem a família no Plano de Salvação que Deus nos propõe.

A família é uma pequena Igreja, e nela devem estar presentes algumas características já encontradas nas famílias descritas em trechos do Antigo Testamento, sobre as quais se modelam as nossas famílias: paz, abundância de bens materiais, concórdia e a descendência numerosa, como sinais da bênção do Senhor.

É o que vemos na passagem da Leitura (Eclo 3,3-7.14-17a). A obediência e o amor eram imprescindíveis no cumprimento da Lei, de modo que esta obediência era sinal e garantia de bênção e prosperidade para os filhos, mas também um modo de honrar a Deus nos pais, como encontramos no Livro do Êxodo (Ex 20,12) – “honra teu pai e tua mãe”.

Os pais são instrumentos de Deus e fonte de vida, e como recompensa do “honrar pai e mãe”, os filhos obtêm o perdão dos pecados, a alegria, a vida longa e a atenção de Deus.

"Com razão se diz hoje que a família é o primeiro lugar da evangelização, provavelmente o mais decisivo.

Com efeito, é na família que a criança, mesmo muito pequenina, respira ao vivo a fé ou a indiferença.

Por aquilo que vê e vive, ela adverte se em sua casa - e na vida - há lugar para Deus ou não.

Nota se a vida se projeta pensando só em si mesmos, ou também nos outros.

Tudo isto para dizer que normalmente o modo de viver encontra as suas raízes na família.”  (1)

Na passagem da Carta de Paulo aos Colossenses (Cl 3,12-21), o Apóstolo, depois de apresentar Jesus Cristo como Aquele que nos faz homens e mulheres renovados, porque ocupa lugar proeminente na criação e na redenção da humanidade, exorta sobre o novo modo de relacionamento na família, onde os esposos e os filhos cristãos vivem a vida familiar como se já vivessem na família do Pai celeste.

Revestidos do “Homem novo”, as relações são marcadas pela misericórdia, bondade, humildade, doação, serviço, compreensão, respeito pelo outro, partilha, mansidão, paciência e perdão.

Quanto à passagem do Evangelho  de Mateus (Mt 2,13-15.19-23), retrata a fuga da Sagrada Família para o Egito,  conforme a mensagem do Anjo do Senhor a José – “Levanta-te, pega o menino e sua mãe e foge para o Egito”.

Vemos quão inserida se encontra a Sagrada Família na tragédia e dificuldades humanas. Dentre elas a condição de refugiados, fugindo de terrível ameaça de morte contra o Menino Jesus por Rei Herodes.

Vemos que a Sagrada Família viveu uma realidade de muitas outras famílias, de modo que o Filho de Deus, o recém-nascido vem partilhar o destino de toda a humanidade, com seus dramas e vicissitudes.

Afirma o Lecionário Comentado:

“O amor de Deus salva os homens, mas não os subtrai à história do homem, e nem sequer à história de violência. Deus acompanha-os e ajuda-os nas dificuldades. Assim fez com Jesus, não O subtraiu à morte, mas acompanhou-O na morte.” (2)

Sagrada Família, única e irrepetível, por sua composição e pela importância na história da Salvação da Humanidade, e é para todo o sempre, o mais perfeito modelo para nossas famílias.

Hoje, mais do que nunca, nossas famílias precisam ter a Sagrada Família como modelo no enfrentamento de tantos ventos contrários que teimam em destruí-la, desmoroná-la.

A família, como uma espécie de Igreja Doméstica, inspirada na Sagrada Família, vivendo a dimensão da memória, atualização e sacrifício da História da Salvação, será espaço para:

- enraizamento e solidificação da fé;
- aprendizado do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo;
- acolhida e amadurecimento nos princípios sagrados da beleza e sacralidade da vida, desde sua concepção até seu declínio natural;
- aprendizado de criação e fortalecimento de laços fraternos de amor e solidariedade;
- aprendizado de coragem e fidelidade incondicional em Deus, não obstante as provações e dificuldades que se fizerem presentes.

Oremos:

“Ó Deus de bondade, que nos destes a Sagrada Família como exemplo, concedei-nos imitar em nossos lares as suas virtudes para que, unidos pelos laços do amor, possamos chegar às alegrias da vossa casa. Por N.S.J.C. Amém.” (3)


PS: Fontes de pesquisa: Missal Dominical, pp.100-101; www.dehonianos.org/portal
(1) Lecionário Comentado p.255
(2) Idem p. 249
(3) Oração do dia da Missa da Sagrada Família
 

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