quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

Minhas reflexões no Youtube

 
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Adoremos Jesus Cristo, Filho de Davi, nosso Deus e Senhor

                                             

Adoremos Jesus Cristo, Filho de Davi, nosso Deus e Senhor

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Mateus (Mt 1,1-17), que nos apresenta a genealogia de Jesus Cristo, Filho de Davi.

A primeira impressão é que se trata de um trecho árido e monótono, mas tão apenas aparentemente, como lemos no Comentário do Missal Cotidiano (1).

Mateus nos apresenta uma síntese da História da Salvação: temos quatorze gerações desde Abraão até Davi; outras quatorze de Davi até o exílio na Babilônia; por fim mais quatorze até Jesus, que é chamado o Cristo (Mt 1,16-17).

Com a apresentação cuidadosa dos nomes na longa genealogia, contemplamos a vinda de Jesus e Sua inserção na história de um povo e na história de toda a humanidade, marcada por erros e acertos, pecado e graça, fidelidades e infidelidades. Insere-se como expressão da compaixão e solidariedade de Deus para com os pequeninos, os empobrecidos, reconciliando-nos com Deus, pelo Mistério de Sua Encarnação, Paixão, Morte e Ressurreição.

Concluímos com as palavras de R. Gutzwiller:

“A esperança não morre, a chama não se apaga. E exatamente na hora que diminuiu o esplendor e desapareceu a grandeza, cumpriu-se a Palavra de Deus, porque Jesus é o Messias, a esperança e a realização, o sonho e a realidade de Israel.

Deus fez-Se homem em Jesus, entrando de cheio no complexo das gerações humanas. Tornando-se perfeito homem, está no meio da humanidade, portanto não mais longe de nós, e os nossos apelos não caem no vazio.

Entre os antepassados de Jesus encontramos a grandeza e a caducidade humanas.

De contínuo se rompe o fio, mas sempre o Senhor o reata. Ele é fiel mesmo quando Israel é infiel” (2) 

Oremos:

“Ó Deus, criador e redentor do gênero humano, quisestes que o Vosso Verbo Se encarnasse no seio da Virgem. Sede favorável à nossa súplica, para que o Vosso Filho Unigênito, tendo recebido nossa humanidade, nos faça participar da Sua vida divina. Por N. S. J. C. Amém.”   



(1)         Missal Cotidiano – Editora Paulus – 1998 – p.75
(2)        Idem citação de R. Gutzwiller - p.76

PS: Apropriado para o dia 08 de setembro quando celebramos a Festa da Natividade da Bem-Aventurada Virgem Maria e se proclama a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 1,1-16.18-23)

Mergulhemos com coragem nos Mistérios profundos de Deus! (IVDTAA)

                                               

Mergulhemos com coragem nos Mistérios profundos de Deus!

A Liturgia do 4º Domingo do Advento (Ano A) nos exorta para que intensifiquemos a preparação desta Festa do Natal do Senhor, com conversão, renovação e fortalecimento de nossa fidelidade ao Senhor.

A Liturgia da Palavra nos convida à purificação de indesejáveis alianças com falsos deuses que não nos alcançam a verdadeira alegria, somente assim teremos a possibilidade de um Natal bem celebrado. 

É imperativo a eliminação destas alianças, pois a verdadeira alegria só pode vir da Fonte das fontes, a Fonte da plena alegria, Cristo Jesus. Não percamos tempo em renovar nossa aliança de amor e fidelidade com Deus. Ele toma a iniciativa e espera nossa resposta.

Na passagem do Evangelho (Mt 1,18-24),  Deus gera Seu Filho, pelo orvalho do Espírito, no ventre de Maria. Uma vez gerado, acolhido, concebido, em vida doada no amor extremo de Cruz, e exaltado  por Sua gloriosa Ressurreição, nos reconciliará com Deus, fazendo-nos novas criaturas.       

Assim  é o Amor de Deus: gera a Fonte de amor - Jesus. Recria cada um de nós no Amor do Filho, por isto somos, d’Ele, amadas e preciosas criaturas... Em nós, faz morada pelo Espírito... 

Haverá Mistério mais belo e profundo a ser contemplado na Encarnação, Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus? 

Como é belo o Natal quando não esvaziamos o seu conteúdo Pascal; quando não o reduzimos a um fato do passado, a imóveis imagens num presépio!

Contemplemos duas figuras exemplares do Evangelho: Maria e José. Por trás da aparente singeleza da narrativa do sim de ambos, evidencia-se a dramaticidade vivida, a angústia, o temor... 

Não marcados pela ausência divina, ao contrário, uma proximidade que arranca de seus corações expressão de total confiança, um salto no escuro exigido pela fé para o reencontro com o esplendor da luz e da verdade. Entregam-se plenamente nas mãos de Deus, acolhem Seus desígnios que ultrapassam os limites humanos.

Maria e José nos levam a refletir quantas vezes titubeamos, tememos, oscilamos... A tibieza nos acompanha e manchamos o verdadeiro sentido do Natal, esvaziando-o de autêntico conteúdo, quando marcado pelo consumismo, ceias que nada expressam, presentes que não são acompanhados de verdadeiro amor e carinho; cartões grafados sem a tinta imprescindível do Espírito; a tinta do amor.

Maria e José, ainda que não compreendam os Mistérios e desígnios de Deus, confiam e não se contrapõem ao mesmo, exemplarmente mergulham na obscuridade do Mistério de Deus. E este é o grande convite de Deus para nós neste Natal: aceitar participar do Seu Plano de Salvação, não por nossos méritos, mas por Sua misericórdia.

A Salvação de Deus para nós é possível, mas não dispensa nossa liberdade de resposta e participação. 

Na escola de Maria e José aprendemos, a Deus, entregar todo nosso ser, nossa corporeidade, mente, espírito, tempo, fragilidade e nossa força na acolhida no mais profundo de nós, no presépio, mais ainda, na manjedoura de nosso coração Aquele que veio, vem e virá!

Eis o que nos levará a uma autêntica devoção à Nossa Senhora e ao seu justo e corajoso esposo José, aquele que tão bem soube cuidar da Fonte da Vida!

Que o Advento seja Tempo favorável de nos rejuvenescermos no amor de Deus, e assim no Natal saborearmos a alegria de nos doarmos aos irmãos, como tão bem fizeram Maria e José.

Deus vem ao nosso encontro... Abracemos com alegria esta proposta de Salvação. 

Fecharmo-nos a Deus, eclipsando-O de nossas vidas e negarmos Cristo, fará desaparecer o sentido e o valor da vida. A esperança dará lugar ao desespero, bem como a alegria sucumbirá dando lugar à depressão; afundaremos no lodaçal do pecado, da escuridão, do desamor, do rancor, da injustiça, da solidão... Desintegração pessoal, humano-afetiva, espacial e cósmica que trará funestas consequências, instaurando o caos indesejável, afastando-nos do sonho e desejo de Deus: o Reino, o reencontro do paraíso em passos firmes e certos para a plenitude do Seu amor – céu...

Diante do presépio nos coloquemos e uma vez extasiados pela singeleza do mesmo, renovemos nossa fidelidade a Deus, revigoremo-nos no Banquete da Eucaristia; deixemo-nos iluminar pela Luz Divina que a Palavra resplandece.

Com Maria e José, aprendamos que a promessa da vinda do Salvador não foi uma promessa inócua, jamais realizada; aprendamos com eles que Deus promete, Deus cumpre, pois é próprio do amor de Deus cumprir Suas promessas. 

Com eles, busquemos a Salvação que se destina a todos, não por imposição, mas acolhida com amor e liberdade, maturidade e fidelidade. Depende do quanto, a ela, nos abrimos na acolhida do Verbo que em nós mais uma vez quer fazer morada...

Ainda é tempo de preparar um lugar digno para a presença do Deus Menino, lá no mais profundo de nós, do que nós de nós mesmos. Afinal, é próprio do amor de Deus querer habitar no coração daqueles que Ele ama!



PS: IV Domingo do Advento -(ano A) -  Liturgia da Palavra: Is 7,10-14; Sl 23; Rm 1,1-7; Mt 1,18-24 

Em poucas palavras... (IVDTAA)

                                              


Maria, a mais perfeita realização da Igreja

“Maria é, ao mesmo tempo, virgem e mãe, porque é a figura e a mais perfeita realização da Igreja (Lumen Gentium 63): «Por sua vez, a Igreja, que contempla a sua santidade misteriosa e imita a sua caridade, cumprindo fielmente a vontade do Pai, torna-se também, ela própria, mãe, pela fiel recepção da Palavra de Deus: efetivamente, pela pregação e pelo Batismo, gera, para uma vida nova e imortal, os filhos concebidos por ação do Espírito Santo e nascidos de Deus. E também ela é virgem, pois guarda fidelidade total e pura ao seu esposo» (Lumen Gentium 64).” (1)

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 507

“Patris Corde” – Com coração de pai (IVDTAA)

                                                             


“Patris Corde” – Com coração de pai 

Fomos agraciados pelo Papa Francisco com o Ano Santo de São José, como vemos na Carta Apostólica “Patris Corde” – Com coração de pai –, que iniciou no dia 08 de dezembro de 2020, e foi encerrado no dia 08 de dezembro de 2021; a fim de que celebrássemos o 150º aniversário da Declaração de São José como padroeiro Universal da Igreja Católica, pelo Papa Pio IX.

A Carta Apostólica teve como objetivo aumentar o amor por este grande Santo, para que nos sintamos impelidos a implorar a sua intercessão, bem como a imitação de suas virtudes e o seu zelo.

Em riquíssima fundamentação, à luz dos quatro Evangelhos, o Papa nos apresenta José, esposo de Maria, com coração de pai, e que depois dela, a Mãe de Deus, nenhum Santo ocupa tanto espaço no Magistério Pontifício.

Ao longo da Carta, o Papa nos apresenta José através de títulos que o identificam, e que muito nos ajuda a viver a fé, no tempo presente, marcado pela dramática situação de pandemia e ao mesmo tempo da presença de inúmeras pessoas dedicadas ao serviço, promoção e defesa da vida:

1 – O pai amado;

2 – O pai na ternura;

3 – O pai na obediência;

4 – O pai no acolhimento;

5 – O pai com coragem criativa;

6 – O pai trabalhador;

7 – O pai na sombra.

Conclui, convidando-nos a implorar, junto a São José, a graça das graças: a nossa conversão.

Oremos:

“Salve, guardião do Redentor
e esposo da Virgem Maria!
A vós, Deus confiou o Seu Filho;
em vós, Maria depositou a sua confiança;
convosco, Cristo tornou-Se homem.
 
Ó Bem-aventurado José, mostrai-vos pai também para nós
e guiai-nos no caminho da vida.
Alcançai-nos graça, misericórdia e coragem,
e defendei-nos de todo o mal. Amém”.


PS: Se desejar, acesse o link e confira a carta na íntegra:

http://www.vatican.va/content/francesco/pt/apost_letters/documents/papa-francesco-lettera-ap_20201208_patris-corde.html

Maria e José: confiança plena em Deus (IVDTAA)

                                                              

Maria e José: confiança plena em Deus

No quarto Domingo do Advento (ano A), ouvimos a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 1,18-24), que nos fala do Mistério da Encarnação de Jesus, “Deus conosco”, que vem ao encontro da humanidade, com uma proposta de salvação para todos.

No entanto, é preciso acolher a salvação de coração e braços abertos deixando-se transformar por sua proposta.

Dediquemos especial atenção à participação de Maria e José neste Mistério do amor de Deus, ao Se encarnar entre nós, fazendo-Se um de nós, semelhante em tudo, exceto no pecado.

Contemplemos Maria:
“Maria calava, sofria e punha nas mãos de Deus a sua honra e as angústias por que José iria passar por sua causa; e Deus, que tinha revelado já a Isabel o mistério da concepção de Jesus, poderia igualmente vir a revelá-lo a José. De tudo isto fica para nós o exemplo de Maria e de José: não admitir suspeitas temerárias e confiar sempre em Deus”. (1)

Contemplemos São José, refletindo sobre o que nos dizem três santos da Igreja (São Bernardo, Santo Agostinho, e São João Crisóstomo, respectivamente):

“ São José  foi tomado dum assombro sagrado perante a novidade de tão grande milagre, perante a proximidade de tão grande mistério, que a quis deixar ocultamente… José tinha-se, por indigno…’”. (2)

- “A José não só se lhe deve o nome de pai, mas este é-lhe devido mais do que a qualquer outro. Como era pai? Tanto mais profundamente pai, quanto mais casta foi a sua paternidade… O Senhor não nasceu do germe de José. Mas à piedade e amor de José nasceu um filho da Virgem Maria, que era Filho de Deus”. (3)

- “Não penses que, por ser a concepção de Cristo obra do Espírito Santo, tu (José) és alheio ao serviço desta divina economia; porque, se é certo que não tens nenhuma parte na geração e a Virgem permanece intacta, não obstante, tudo o que pertence ao ofício de pai, sem atentar contra a dignidade da virgindade, tudo te entrego a ti, o pôr o nome ao filho. (…) Tu lhe farás as vezes de pai, por isso, começando pela imposição do nome, Eu te uno intimamente com Aquele que vai nascer”. (4)

Percebemos que nada foi tão simples e claro para Maria e José. E no diálogo e silêncio orante, souberam se abrir ao Mistério da ação divina, como mais expressivos modelos de confiança e abertura ao Plano da Salvação que Deus tinha para nós.

Vivendo este Tempo do Advento, temos a graça de rever nossa abertura aos planos e projetos que Deus tem para cada um de nós, e o quanto nos abrimos, em total confiança, para dele participar, como fizeram Maria e José.

Assim vivendo, nos preparamos melhor para celebrar o inaudito acontecimento da História: a Encarnação do Verbo, o Menino Deus, que vem ao nosso encontro para conosco caminhar, e não reduziremos o Natal à comemoração de um fato passado, mas um acontecimento que se dá todos os dias e nos renova para trilharmos caminhos de justiça, paz, vida, amor e luz.




Natal: Seja feita a Vossa vontade, Senhor! (IVDTAA)

                                                                   

Natal: Seja feita a Vossa vontade, Senhor!

Com a Liturgia do 4º Domingo do Advento (ano A), contemplamos e professamos a fé em Jesus Cristo, o Deus conosco que veio nos trazer a Salvação.

Na passagem da primeira Leitura (Is 7,10-14), a mensagem fundamental é que Deus nunca abandona o Seu povo e está sempre presente.

Com o Profeta, aprendemos que não se pode confiar em alianças efêmeras, passageiras, temporais (nações potentes, exércitos estrangeiros...). A confiança e a esperança devem ser tão apenas em Deus, do contrário, pode se incorrer em maior sofrimento e opressão.

É preciso que, como Povo de Deus, saibamos ler os sinais de Deus, para não confiarmos em falsas seguranças e ilusórias esperanças. Somente Deus, Sua presença e Palavra, devemos ter como nossa “rocha segura”.

Na passagem da segunda Leitura (Rm 1, 1-7), vemos que o verdadeiro encontro com Jesus, assim como aconteceu com o Apóstolo Paulo, culmina com o anúncio e testemunho d’Ele, de Sua Pessoa, Palavra e Projeto de Vida e Salvação.

Paulo se apresenta como o servo de Jesus Cristo (descendente de Davi), Apóstolo por chamamento e eleito para anunciar o Evangelho a todos os povos. Nisto consiste sua missão, que levou até o fim, culminando com o martírio e derramamento de sangue.

Com ele, aprendemos que a missão evangelizadora deve ser realizada com amor e espírito de serviço, com palavras e gestos concretos.

Na passagem do Evangelho (Mt 1,18-24), temos um texto catequético, em que nos é apresentado Jesus, o Deus conosco, que, ao Se encarnar, traz à humanidade um Projeto de vida e salvação, e para tanto, Deus quis contar com a colaboração humana (Maria e José).

Temos a descrição cuidadosa da mensagem do Anjo, e da revelação de quem é Jesus:

- Ele vem de Deus, com origem divina, pois Maria está grávida por obra do Espírito Santo;

- Sua missão é a Salvação de toda a humanidade, como indica o Seu nome;

- Ele é o Messias de Deus, da descendência de Davi, como por séculos fora anunciado (aqui o papel preponderante de José, com a paternidade adotiva).

Vivamos o Tempo do Advento como a graça do encontro com Jesus e a acolhida de Sua Pessoa, Palavra e Projeto, que transforma a nossa vida.

Vivamos o verdadeiro Natal, não um natal do consumismo, dos presentes trocados, das refeições mais enriquecidas.

Mais que comemorar o Natal, celebremos o Natal do Senhor, aprendendo com Maria e José, que acolheram o Verbo e permitiram que Ele crescesse em tamanho, sabedoria e graça diante de Deus.

Que o sim de Maria e de José leve-nos a refletir sobre os “sins” que Deus espera de todos nós para que o Seu Projeto de amor, vida, luz e paz, chegue a todas as pessoas.

O verdadeiro Natal ocorrerá em nossa vida quando formos totalmente sim para Deus e Sua vontade, e se preciso for, revendo nossos caminhos e projetos pessoais, colocando os Seus desígnios e vontade acima de nossas próprias vontades e caprichos.

Natal é a Luz de Deus que vem iluminar nossos caminhos obscuros, sobretudo quando vemos noticiários cotidianos em que a mentira, a maldade, o roubo, o desmando, a corrupção parecem prevalecer sobre as atitudes e pessoas de boa vontade. 

Em poucas palavras... (IVDTAA)

                                                             


O Mistério da Encarnação do Verbo

“Diz, por exemplo, Santo Inácio de Antioquia (princípio do século II): «Vós estais firmemente convencidos, a respeito de nosso Senhor, que Ele é verdadeiramente da raça de David segundo a carne (Rm 1,3). 

Filho de Deus segundo a vontade e o poder de Deus (Jo 1,13); verdadeiramente nascido duma virgem [...], foi verdadeiramente crucificado por nós, na sua carne, sob Pôncio Pilatos [...] e verdadeiramente sofreu, como também verdadeiramente ressuscitou» (Santo Inácio de Antioquia).” (1)

 

(1)Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 496

Contemplemos o Mistério da Encarnação do Verbo (IVDTAA)

                                                          

Contemplemos o Mistério da Encarnação do Verbo

Aprofundando o quarto Domingo do Advento (ano A), sejamos enriquecidos pelo Sermão do Venerável e Doutor da Igreja, São Beda (séc. VIII), em que nos fala do grande e insondável Mistério da Encarnação do Verbo no ventre de Maria:

“Em poucas palavras, porém cheias de realismo, o evangelista São Mateus descreve o nascimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo pelo qual o Filho de Deus, eterno antes do tempo, apareceu no tempo como Filho do Homem.

Conduzindo o evangelista à sucessão genealógica, partindo de Abraão até chegar a José, o esposo de Maria, e enumerar – conforme o modo costumeiro de narrar às gerações humanas – a totalidade seja dos genitores como dos gerados, e dispondo-se a falar do nascimento de Cristo, ressaltou a enorme diferença que existe entre Ele e os demais nascimentos: os outros nascimentos ocorrem através da união normal do homem e da mulher, enquanto que Ele, por ser o Filho de Deus, veio ao mundo através de uma virgem. E era conveniente sob todos os aspectos que Deus, ao decidir tornar-Se homem para salvar os homens, não nascesse senão de uma virgem, pois era impensável que uma virgem não gerasse a nenhum outro, senão a um que, sendo Deus, ela O gerasse como Filho.

Eis que, disse o profeta, a Virgem conceberá, e dará à luz um filhoe lhe porá o nome de Emanuel (que significa ‘Deus conosco’). O nome que o profeta dá ao Salvador, ‘Deus conosco’, indica a dupla natureza de Sua única Pessoa.

Na verdade, Aquele que é Deus nascido do Pai antes de todos os séculos, é o mesmo que, na plenitude dos tempos tornou-se, no seio materno, no Emanuel, isto é, em ‘Deus conosco’, porque Se dignou assumir a fragilidade de nossa natureza na unidade de Sua Pessoa, quando a Palavra se fez carne e habitou entre nós, quando de modo admirável começou a ser o que nós somos, sem deixar de ser o que era, assumindo de tal forma nossa natureza que não ficasse obrigado a deixar de ser o que Ele era.

Maria deu à luz, pois, a Seu Filho primogênito, isto é, ao Filho de Sua própria carne. Deu à luz Àquele que, antes da criação, nasceu Deus de Deus, e na humanidade, na qual foi criado, superava superabundantemente a toda criatura. E Ele lhe pôs, diz, o nome de Jesus.

Jesus é nome do filho que nasceu da Virgem; nome que significa – conforme a explicação angélica – que Ele salvaria o Seu povo de seus pecados. E Aquele que salva dos pecados salvará da mesma forma das corruptelas da alma e do corpo, que são sequelas do pecado.

A palavra ‘Cristo’ designa a dignidade sacerdotal ou régia. Na lei, tanto os sacerdotes como os reis eram chamados ‘cristos’ pela crisma, isto é, pela unção com o óleo sagrado: eram um sinal de alguém que, ao manifestar-se no mundo como verdadeiro Rei e Pontífice, foi ungido com o óleo de júbilo entre todos os seus companheiros.

Devido a esta unção ou crisma, é chamado Cristo; aos que participam desta unção, ou seja, desta graça espiritual, são chamados de ‘cristãos’. Que Ele, por ser nosso Salvador, nos salve de nossos pecados; enquanto Pontífice nos reconcilie com Deus Pai; na Sua qualidade de Rei; digne-se conceder-nos o Reino eterno de Seu Pai, Jesus nosso Senhor, que com o Pai e o Espírito Santo vive e reina e é Deus, por todos os séculos dos séculos. Amém.” (1)

O Sermão nos convida a contemplar e refletir sobre o grande e insondável Mistério da Encarnação do Verbo no ventre de Maria, mas também nos convida a refletir sobre a graça que recebemos de nos tornarmos “cristãos”.

Como cristãos que somos, seguidores de Jesus Cristo, somos ungidos, marcados, assinalados para a mais bela missão: a continuidade da missão de Jesus Cristo, cujo nascimento a poucos dias celebraremos.

Seja o Natal a Festa do Amor (o Espírito Santo), que veio ao encontro da humanidade por meio do Amado (Jesus Cristo), comunicador do pleno e infinito amor do Pai (o amante).

Natal é a Festa em que nos deixamos envolver, ou mergulhamos intensa e profundamente no amor de Deus, para deste amor sermos sinal e comunicadores.

Oremos:
Ó Deus de Amor e ternura, que por meio do Vosso Filho, nosso Salvador, sejamos salvos de nossos pecados, remidos pelo graça e ação do Santo Espírito.
Ó Deus de misericórdia e bondade, que por meio do Vosso Filho, nosso divino Pontífice, nos reconcilie convosco, e assim, vivamos relações mais humanas e fraternas.

Ó Deus onipotente e onipresente, que por meio do Vosso Filho Rei e Senhor de todos os povos; seja-nos concedida a graça da vinda do Vosso Reino, que é eterno e universal: Reino da verdade e da vida, Reino da santidade e da graça, Reino de justiça, do amor e da paz. Amém.

(1)         Lecionário Comentado – Editora Vozes – 2013 0 pp.32-33   

terça-feira, 16 de dezembro de 2025

“Nunc Dimittis”

                                                          


“Nunc Dimittis”

A Igreja reza à noite, todos os dias, a Oração das Completas, e nela está contido o “Nunc Dimittis” - "agora deixe partir",  rezado por Simeão, homem justo e piedoso, quando da apresentação do Senhor no Templo (Lc 2,29-32).

Cristo, Luz das nações e glória de Seu povo, é um cântico evangélico que pode também ser rezado por quantos puderem nas orações da noite, ao terminar um dia de intensas atividades, preocupações e eventual cansaço, para um bom descanso e um novo dia bem iniciado:

“Antífona: Salvai-nos, Senhor, quando velamos, guardai-nos também quando dormimos! Nossa mente vigie com o Cristo, nosso corpo repouse em Sua paz!

“–29 Deixai, agora, Vosso servo ir em paz,
conforme prometestes, ó Senhor.

30 Pois meus olhos viram Vossa salvação
31 que preparastes ante a face das nações:

32 uma Luz que brilhará para os gentios
e para a glória de Israel, o Vosso povo.”

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. 
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Antífona: Salvai-nos, Senhor, quando velamos, guardai-nos também quando dormimos! Nossa mente vigie com o Cristo, nosso corpo repouse em Sua paz!

"Sete duelos"

                                                               

"Sete duelos"

“ Sede sóbrios e vigilantes. O vosso adversário, o diabo, rodeia como um leão a rugir, procurando a quem devorar. Resisti-lhe, firmes na fé.” (1 Pd 5, 8-9a)

Inicialmente, vi a verdade duelando com a mentira que, muitas vezes, se apresentou na boca de pessoas bem maquiadas, trajadas, com palavras bem versadas.

Mentira tão bem apresentada, com convicção e persuasão, que parecia uma verdade incontestável. Vi a verdade tão frágil como se não fosse sobreviver. Mas a verdade não pode morrer, pois seria a morte da própria história e da humanidade.

O duelo continuará. Que vença a verdade no final, a verdade que nos faz verdadeiramente livres, que nos vem do Evangelho, como o próprio Senhor nos diz: – “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8, 32).

Vi a vida duelando com a morte, e assim o fará até o fim da existência. Vi a vida florescendo teimosamente numa flor na singeleza de um barranco, ou brotando nas fendas do asfalto.

Vi a vida vencendo a morte, quando o pão foi partilhado, quando se fez renascer o sorriso nos lábios de alguém que participou de nosso cotidiano, amenizando a dor e o drama de uma solidão e, por vezes, até mesmo abandono, em visitas solidárias e expressão de compaixão e comunhão.

Vi este duelo de tantas pessoas que, em suas atividades profissionais, com zelo, amor, ética, tudo fazem para resgatar, salvar vidas, dando o melhor de si, mesmo na precariedade de recursos materiais e humanos; vencendo cansaços, limites, descasos e carências em todos os âmbitos (educação, saúde, lazer, habitação...).

O duelo continuará. Que a vida seja no final a mais bela vencedora: a vida plena e feliz que Jesus veio nos trazer – “Eu vim para que todos tenham vida e tenham vida plenamente” (Jo 10, 10).

Vi a luz quase que se apagando diante da imensidão das trevas do pecado, da injustiça, da infidelidade, desobediência aos desígnios divinos para a humanidade. Mas vi que quanto maior a escuridão, maior é o efeito da chama.

Aprendi com muitos que o auge da escuridão é, de fato, o início de um novo dia; luz que haverá de ser irradiada, sobretudo, por aqueles que um dia o Batismo receberam, para ser no mundo luz, na prática da Boa-Nova das Bem-Aventuranças, como projeto e programa de vida.

O duelo continuará. Cremos na Palavra do Divino Mestre e Senhor que assim nos falou: “Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12).

Vi o sonho duelando com os pesadelos, quando pais e mães, incansáveis, se desdobraram para o melhor oferecer aos filhos, enfrentando filas e aprendendo o milagre da partilha do pouco que se tem, para que o milagre do amor possibilitasse a vitória de um filho (a) em objetivos e sonhos cultivados; bem como vi filhos que sonham, dando o melhor de si, para que o sonho de seus pais não se tornem tristes pesadelos, que roubam as forças e a alegria da existência e da razão, porque se deram e se doaram.

O duelo continuará. Que vençam os mais belos e sagrados sonhos, cultivados no sono sagrado, que alimenta de horizontes o tempo acordado de viver, como diz a canção.

Vi a fé, pequena como um grão de mostarda, duelando com a montanha da incredulidade da força de Deus, que vem em socorro de nossa fraqueza.

Vi a fé autêntica duelando com a fé alienante, por vezes mágica, transferindo soluções para Deus, quando Ele tudo dispôs em nossas mãos.

Até mesmo vi a fé com raízes bíblicas duelando com a pseudofé, fonte de renda e enriquecimentos improcedentes, e até escandalizantes.

Vi a fé de mãos dadas com a razão, em muitos que não se cansam de procurar respostas e saídas para amenizar a dor, o pranto, e o lamento de vidas pela enfermidade fragilizadas, agonizadas.

O duelo continuará. Que a fé seja o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem (Hb 11,1). Como que uma força e impulso que não nos permitem desistir do bom combate.

Vi a esperança, plantada, cultivada e enraizada em mentes e corações duelando contra o seu oposto, o nada mais esperar, como se tivesse chegado ao fim da história, ao caos absoluto e insuperável.

Vi a esperança no canto dos olhos de enfermos, em novo amanhecer envolvidos em suas atividades, como também no olhar de tantos (crianças, jovens, adultos e idosos) de que algo novo há de surgir.

Vi a esperança de mãos dadas com a alegria no coração dos que conseguem ver além do cinza dos muros, e, se preciso como poetas e cantores, emprestam a voz, o olhar e os ouvidos para anunciar que podemos construir a paz, como incansáveis artesãos.

O duelo continuará. Como Abraão que, em esperança, creu contra a esperança, para que se tornasse pai de muitas nações (Rm 4,18), e como canta o poeta: “mas renova-se a esperança. Nova aurora a cada dia. E há que se cuidar do broto para que a vida nos dê flor, flor e fruto”.

Finalmente, vi o maior de todos os duelos: o amor duelando com o ódio, em tantas notícias de violência, assassinatos, chacinas, sangue de inocentes derramado, o chão tristemente marcando, com manchas execráveis, que ferem nosso olhar e nos fazem sofrer pela triste lembrança.

Vi o ódio sorrindo, em aparente destruição do amor, como se ele pudesse ser e ter a última palavra. Mas cremos que o amor é a força que, ainda que em aparentes últimos suspiros, renasce para além de nossa compreensão e discursos racionais, pois o amor jamais passará, nos disse o apóstolo e assim o cremos (1 Cor 13, 8).

O duelo continuará. Que vença o amor no final, pois fomos criados pelo Amor da Trindade, para viver no amor, e amando, encontrar o sentido do existir e a verdadeira felicidade. Somente quem ama é verdadeiramente feliz. 

Sete duelos que vi e vivi, ou que vimos e vivemos; duelos que continuaremos enfrentando, sem fugas e recuos, sempre com o Amor de Deus, que foi pelo Espírito derramado em nossos corações (Rm 5,5).

Na fidelidade a Jesus, renovemos sagrados compromissos com o Seu Reino; permaneçamos firmes no bom combate da fé (2Tm 4, 7-8), contando sempre com a força do Espírito, para que sejamos totalmente atentos aos desígnios do Pai.
Permaneçamos firmes e vigilantes no bom combate da fé, sempre! 

PS: Oportuno para o 3ºDomingo do Advento - Domingo da Alegria.

Rezando com os Salmos - Sl 110(111)

 




As obras do Senhor são verdade e justiça

–1 Eu agradeço a Deus de todo o coração *
junto com todos os Seus justos reunidos!
–2 Que grandiosas são as obras do Senhor, *
elas merecem todo o amor e admiração!

–3 Que beleza e esplendor são os Seus feitos! *
Sua justiça permanece eternamente!
–4 O Senhor bom e clemente nos deixou *
a lembrança de suas grandes maravilhas.

–5 Ele dá o alimento aos que O temem *
e jamais esquecerá Sua Aliança.
–6 Ao Seu povo manifesta Seu poder, *
dando a Ele a herança das nações.

–7 Suas obras são verdade e são justiça, *
seus preceitos, todos eles, são estáveis,
–8 confirmados para sempre e pelos séculos, *
realizados na verdade e retidão.

=9 Enviou libertação para o Seu povo, †
confirmou Sua Aliança para sempre. *
Seu nome é santo e é digno de respeito.

=10 Temer a Deus é o princípio do saber, †
e é sábio todo aquele que o pratica. *
Permaneça eternamente o Seu louvor.”

Com o Salmo 110(111) contemplamos as grandes obras do Senhor, sobretudo os prodígios durante o Êxodo.

Também o autor do Livro do Apocalipse nos convida a contemplar as maravilhas por Deus realizadas:

“Grandes e maravilhosas são as tuas obras, Senhor Deus todo-poderoso! (Ap 15,3).

Supliquemos a Deus para nos conceda um olhar contemplativo de Suas maravilhas, e assim renovemos nossos sagrados compromissos com a Boa Nova do Reino, passando sempre da contemplação para a oblação. Amém.

“Fidelidade Constante”

                                                    

“Fidelidade Constante”

Na fidelidade a Ti, Jesus, felicidade encontrarei.
Na fidelidade a Ti, Jesus, para sempre eu viverei.

Fidelidade aos Mandamentos da Lei Divina,
Ao Projeto de Amor tão belo e imensurável,
À Missão por Jesus a Igreja confiada,
Com o Sopro do Espírito, indispensável.

Fidelidade ao anúncio do Evangelho,
Aos Mistérios a serem celebrados,
E na vida de conteúdo acompanhados,
Frutos de eternidade são garantidos.

Fidelidade na construção do Reino,
Como servos inúteis, mas por Deus queridos.
Incansáveis, corajosos, ardorosos,
Porque pelo Paráclito assistidos.

Fidelidade na busca de um novo céu,
De uma nova terra em que tudo se renovará;
Nem mais dor, luto e pranto.
Ó que alegria! Quem do coração a roubará?

Fidelidade constante em tudo e em todas as circunstâncias,
Dentro da Igreja e em todos os âmbitos da vida,
Em todos os espaços, atividades e promessas feitas,
em todos os compromissos, renovada,  vivida.

Fidelidade às promessas feitas
No Sacramento do Matrimônio diante do altar.
Fidelidade, amor e aliança para sempre,
Com tua força e sabedoria que não hão de faltar. 

Fidelidade às promessas feitas
Na ordenação de Seus eleitos
Que os sagrados compromissos se renovem,
Pastor e rebanho mais santos e perfeitos.

Assim são as coisas divinas:
Exigem de nós a “fidelidade constante”,
Sem a cruz renunciar, no amor a Deus,
Que será o nunca bastante.

Fidelidade a Ti, Jesus,
Felicidade encontrarei.
Fidelidade a Ti, Jesus,
Para sempre eu viverei.

Amém. Aleluia!

Passagens bíblicas: Mt 19,3-12; 21,28-32; Mc 10,1-12

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG