“A conquista é dom de Deus. Se o Povo de Deus reza e confia no Senhor, o próprio Senhor combate e vence; se o Povo de Deus se apoia apenas suas forças é derrotado” (1).
- O que é oração?
A “Igreja” e seus diversos nomes
“ «A Igreja é também muitas vezes chamada construção de Deus (1 Cor 3,9). O próprio Senhor se comparou à pedra que os construtores rejeitaram e que se tornou pedra angular (Mt 21, 42 par.: At 4, 11; 1 Pe 2, 7; Sl 118, 22).
Sobre esse fundamento é a Igreja construída pelos Apóstolos (1 Cor 3,11), e dele recebe firmeza e coesão. Esta construção recebe vários nomes: casa de Deus (1 Tm 3,15), na qual habita a sua família; habitação de Deus no Espírito (Ef 2,19-22); tabernáculo de Deus com os homens (Ap 21,3); e, sobretudo, templo santo, o qual, representado pelos santuários de pedra e louvado pelos santos Padres, é com razão comparado, na Liturgia, à cidade santa, a nova Jerusalém.
Nela, com efeito, somos edificados cá na terra como pedras vivas (1 Pd 2,5). Esta cidade, São João contemplou-a "descendo do céu, da presença de Deus, na renovação do mundo, como esposa adornada para ir ao encontro do esposo" (Ap 21, 1-2)» (Lumen Gentium n.6).”
(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 756
Igreja: templo do Espírito Santo
“A Igreja é o Templo do Espírito Santo. O Espírito é como que a alma do Corpo Místico, princípio da sua vida, da unidade na diversidade e da riqueza dos seus dons e carismas.” (1)
(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 809
Templo: lugar do encontro com Deus
Jesus subiu ao templo como quem sobe ao lugar privilegiado de encontro com Deus.
O templo é para Ele a casa do seu Pai, uma casa de oração, e indigna-Se com o fato de o átrio exterior se ter tornado lugar de negócio (Mt 21,13).
Se expulsa os vendilhões do templo é pelo amor zeloso a seu Pai: «Não façais da casa do meu Pai casa de comércio». «Os discípulos recordaram-se de que estava escrito: "O zelo pela tua casa devorar-me-á" (Sl 69, 10)» (Jo 2, 16-17).
Depois da ressurreição, os Apóstolos guardaram para com o templo um respeito religioso (At 2,46; 3.1; 5,20-21; etc).” (1)
(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 584
(1) Cf. 2 Cor 5,14
(2) Cf. Jo 6,41-51
(3) Cf. 1 Rs 19,4-8
Sempre tempo de conversão com oração, jejum e esmola
Sejamos enriquecidos
pela Homilia de um Autor do século segundo:
“Penso não ter dado um
conselho sem importância sobre a temperança; se alguém o seguir, não se
arrependerá e salvará a si mesmo e a mim que dei o conselho.
Não é pequena a
recompensa de quem reconduzir à salvação o que se extraviara e se perdera.
Podemos retribuir a Deus, nosso criador, se aquele que diz e o que escuta
disser e escutar com fé e caridade.
Permaneçamos, pois,
justos e santos em nossa fé e oremos com confiança a Deus que afirmou: Ainda
estarás a falar e te responderei: Eis-me aqui (cf. Is 58,9).
Esta palavra é sinal de
grande promessa; porque o Senhor se mostra mais pronto a dar do que o
suplicante a pedir.
Participantes de tão
grande benignidade, não invejemos um ao outro por ter recebido bens tão
excelentes. Estas palavras enchem de tanto gozo aos que as realizam, quanto de
reprovação aos rebeldes.
Irmãos, tendo assim uma
boa ocasião de nos arrepender, enquanto temos tempo e há quem nos receba,
convertamo-nos para o Senhor que nos chamou. Se renunciamos a nossas paixões
desregradas, dominamos nossa alma. Negando-lhe seus desejos maus, participaremos
da misericórdia de Jesus. Sabei, pois, já vem o dia do juízo qual fornalha
ardente e parte dos céus se desfará (cf. Ml 3,19) e toda a terra será
liquefeita como chumbo ao fogo.
Neste momento, ficarão
patentes as obras dos homens, as ocultas e as manifestas. Por isso, a esmola é
boa como penitência pelo pecado. Melhor o jejum do que a oração; a esmola mais
que estes dois: a caridade cobre uma multidão de pecados (1Pd 4,8).
Contudo, a oração, feita de consciência pura, livra da morte. Feliz quem for
reconhecido perfeito nestas coisas; porque a esmola afasta o pecado.
Façamos, portanto,
penitência de todo o coração, para que nenhum de nós pereça. Se temos a
obrigação de afastar os outros do culto dos ídolos e instruí-los, quanto mais
devemos nos empenhar na salvação de todas as almas, que já gozam do verdadeiro
conhecimento de Deus!
Ajudemo-nos, então, um ao outro, de modo a
reconduzir ao bem mesmo os fracos; para salvarmo-nos todos, não só cada um se
converta, mas exortemo-nos mutuamente.”
Convertamo-nos a Deus
que nos chamou e façamos penitência de todo o coração, nos exorta o autor da
Homilia.
Retomo parte que nos
fala da oração, jejum e esmola que somos chamados a praticar em todo o tempo,
mas de modo especial na quaresma (cf. Mt 6,1-18), para que as vivamos na mais
bela expressão de conversão e solidariedade com quem mais precisar:
“Neste momento, ficarão patentes as obras dos homens, as ocultas e as manifestas. Por isso, a esmola é boa como penitência pelo pecado. Melhor o jejum do que a oração; a esmola mais que estes dois: a caridade cobre uma multidão de pecados (1Pd 4,8). Contudo, a oração, feita de consciência pura, livra da morte. Feliz quem for reconhecido perfeito nestas coisas; porque a esmola afasta o pecado.”
Oração
com consciência pura, livra da morte
“Neste momento, ficarão
patentes as obras dos homens, as ocultas e as manifestas.
Por isso, a esmola é boa
como penitência pelo pecado. Melhor o jejum do que a oração; a esmola mais que
estes dois:’ a caridade cobre uma multidão de pecados’’ (1Pd 4,8).
Contudo, a oração, feita
de consciência pura, livra da morte. Feliz quem for reconhecido perfeito nestas
coisas; porque a esmola afasta o pecado.”
(1) Homilia
de um ator do século II
Cristãos: templo do
Espírito Santo
“«Justificados pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo e pelo
Espírito do nosso Deus» (1 Cor 6, 11),
«santificados e chamados a serem santos» (1 Cor 1,2) os cristãos tornaram-se
«templo do Espírito Santo» (1 Cor 6, 19).
Este, que é o «Espírito do Filho», ensina-os a orar ao Pai (Gl
4,6) e, tendo-Se feito vida deles, impele-os a agir (Gl 5,25) para produzirem
os frutos do Espírito (Gl 5,22) mediante uma caridade ativa.
Curando as feridas do pecado, o Espírito Santo renova-nos
interiormente por uma transformação espiritual (Ef 4,23), ilumina-nos e
fortalece-nos para vivermos como «filhos da luz» (Ef 5, 8) «em toda a
espécie de bondade, justiça e verdade (Ef 5, 9).” (1)
(1)
Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 1695
Mensagem do Santo Padre Leão XIV para o IX Dia Mundial dos
Pobres (2025) – Síntese
Celebraremos no XXXIII Domingo
do Tempo Comum - 16 de novembro de 2025, o IX Dia Mundial dos pobres, iniciado
com o Papa Francisco.
A Mensagem tem como
motivação bíblica – “Tu és a minha esperança, ó Senhor Deus” (cf. Sl
71,5), em tempo de Ano Jubilar.
Reconhecemos que Deus é
a nossa primeira e única esperança, também nós fazemos a passagem entre
as esperanças que passam e a que permanece para sempre.
Retoma as palavras do
Papa Francisco, em que nos afirma que a pobreza mais grave é não conhecer a Deus,
na Evangelii Gaudium:
“A pior discriminação que sofrem os pobres é a
falta de cuidado espiritual. A imensa maioria dos pobres possui uma especial
abertura à fé; tem necessidade de Deus e não podemos deixar de lhe oferecer a
sua amizade, a sua bênção, a sua Palavra, a celebração dos Sacramentos e a
proposta dum caminho de crescimento e amadurecimento na fé”. (n. 200).
A regra da fé e um
segredo da esperança: embora importantes, todos os bens desta terra, as
realidades materiais, os prazeres do mundo ou o bem-estar econômico não são
suficientes para fazer o coração feliz: «Seja Deus todo motivo de
presumires. Sente necessidade d’Ele para que Ele te cumule. Tudo o que
possuíres fora d’Ele é imensamente vazio» (Enarr. in Ps. 85,3) (Santo
Agostinho).
Devemos manter viva a esperança
cristã, que é como uma âncora, que fixa o nosso coração na promessa do Senhor
Jesus, que nos salvou com a Sua morte e ressurreição e que retornará novamente
no meio de nós, renovando nossos compromissos com as cidades dos homens, na
construção da cidade de Deus, pois a esperança, sustentada pelo amor de Deus
derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo (cf. Rm 5,
5), transforma o coração humano em terra fértil, onde pode germinar a caridade
para a vida do mundo.
Reafirma a
inseparabilidade da Tradição da Igreja sobre a permanente circularidade entre
as três virtudes teologais: fé, esperança e caridade: “A esperança nasce da fé,
que a alimenta e sustenta, sobre o fundamento da caridade, que é a mãe de todas
as virtudes. E precisamos de caridade hoje, agora”
Deste modo, o convite
bíblico à esperança traz consigo o dever de assumir, sem demora,
responsabilidades coerentes na história, na prática da caridade que é «o maior mandamento social» (Catecismo
da Igreja Católica, 1889), no enfrentamento das causas
estruturais da pobreza que devem ser
enfrentadas e eliminadas.
São desafiadoras as
palavras do Papa para que vivamos autenticamente o Dia Mundial dos pobres, não
os vendo como um passatempo para a Igreja, mas sim os irmãos e irmãs mais
amados, porque cada um deles, com a sua existência e, também, com as palavras e
a sabedoria que trazem consigo, levam-nos a tocar com as mãos a verdade do
Evangelho, e precisam ser vistos como “sujeitos criativos”:
“Por isso, o Dia
Mundial dos Pobres pretende recordar às nossas comunidades que os pobres
estão no centro de toda a ação pastoral. Não só na sua dimensão caritativa, mas
igualmente naquilo que a Igreja celebra e anuncia...
Os pobres não são objetos da nossa pastoral, mas sujeitos criativos que nos
estimulam a encontrar sempre novas formas de viver o Evangelho hoje.”
Promover o bem comum é nossa
responsabilidade social que tem o seu fundamento no gesto criador de Deus, que
dá a todos os bens da terra: assim como estes, também os frutos do trabalho do
homem devem ser igualmente acessíveis:
“Com efeito, ajudar os
pobres é uma questão de justiça, muito antes de ser uma questão de caridade.
Como observa Santo Agostinho: «Damos pão a quem tem fome, mas seria muito
melhor que ninguém passasse fome e não precisássemos ser generosos para com
ninguém. Damos roupas a quem está nu, mas Deus queira que todos estejam
vestidos e que ninguém passe necessidades sobre isto» (Comentário à 1 Jo, VIII,
5).
Finaliza a Mensagem nos
convidando a confiar em Maria Santíssima, consoladora dos aflitos, entoando um
canto de esperança do Te Deum – “Em Vós espero, Meu Deus, não serei
confundido eternamente”.
E expressa seu desejo para que este Ano
Jubilar incentive o desenvolvimento de políticas de combate às antigas e novas
formas de pobreza, além de novas iniciativas de apoio e ajuda aos mais pobres
entre os pobres:
“Trabalho,
educação, habitação e saúde são condições para uma segurança que jamais se
alcançará com armas. Congratulo-me com as iniciativas já existentes e com o
empenho que é manifestado diariamente a nível internacional por um grande
número de homens e mulheres de boa vontade.”
PS: Se desejar ler a
mensagem na integra, acesse:
Mensagem do Santo
Padre Francisco para o VIII Dia Mundial dos pobres (síntese)
No dia 17 de novembro de
2024, celebraremos o VIII Dia Mundial dos pobres, e mais uma vez o Papa
Francisco nos apresenta uma mensagem, que tem como inspiração bíblica o Livro
de Sirac – “A oração do pobre eleva-se até Deus” ( cf. Sir 21,5),
dentro do contexto do ano dedicado à oração, com vistas ao Jubileu Ordinário
2025.
No caminho para o Ano
Santo, nos exorta para que todos sejamos peregrinos da esperança,
promovendo sinais concretos de um futuro melhor.
Neste sentido, o papa
lembra que nossa oração chega à presença de Deus, mas não se trata de uma
oração qualquer, mas a oração do pobre.
Convida-nos ao
aprofundamento do livro de Ben-Sirá, o Livro do Eclesiástico, escrito no século
II a. C, que não é muito conhecido e merece ser descoberto pela riqueza dos
temas que aborda, sobretudo quando se refere à relação do homem com Deus e com
o mundo.
O autor aborda os
problemas nada fáceis da liberdade, do mal e da justiça divina, que hoje são de
grande atualidade também para nós, e pretende transmitir a todos o caminho a
seguir, para uma vida sábia e digna de ser vivida diante de Deus e dos irmãos.
Deste modo, um dos temas
a que este autor sagrado dedica mais espaço é a oração, pois “a oração do
humilde penetrará as nuvens, e não se consolará, enquanto ela não chegar até
Deus. Ele não se afastará, enquanto o Altíssimo não olhar, não fizer justiça aos
justos e restabelecer a equidade. O Senhor não tardará nem terá paciência com
os opressões” (Sir 35,17-19)
E ainda – “A oração,
por conseguinte, encontra o certificado da sua autenticidade na caridade que se
transforma em encontro e proximidade. Se a oração não se traduz em ações
concretas, é vã; efetivamente, «a fé sem obras está morta» (Tg 2, 26).”
O papa denuncia a
violência causada pelas guerras e a consequência de novos pobres, vítimas
inocentes produzidas por esta má política das armas, e não podemos recuar
diante desta realidade.
Afirma o papa: “Neste
ano dedicado à oração, precisamos de fazer nossa a oração dos pobres e rezar
com eles. É um desafio que temos de aceitar e uma ação pastoral que precisa de
ser alimentada. Com efeito, «a pior discriminação que sofrem os pobres é a
falta de cuidado espiritual....”.
Portanto, o Dia
Mundial dos Pobres tornou-se um compromisso na agenda de cada
comunidade eclesial, e deve nos envolver a todos – “É uma oportunidade
pastoral que não deve ser subestimada, porque desafia cada fiel a escutar a
oração dos pobres, tomando consciência da sua presença e das suas necessidades.
É uma ocasião propícia para realizar iniciativas que ajudem concretamente os pobres
e, também, para reconhecer e apoiar os numerosos voluntários que se dedicam com
paixão aos mais necessitados...”
Recorda dois grandes
testemunhos de amor e compromisso com os pobres: Madre Teresa de Calcutá, e São
Bento José Labre (1748-1783).
Finaliza
exortando para que sejamos amigos dos pobres, seguindo os passos de Jesus, o
primeiro a se solidarizar com os últimos, contando com a presença da Santa Mãe
de Deus, Maria Santíssima, que nos sustenta neste caminho, ela que é modelo de
confiança e solidariedade com os pobres.
PS: Se desejar, leia a
mensagem na íntegra: