domingo, 7 de dezembro de 2025

Advento: tempo de radical conversão

 


Advento: tempo de radical conversão

“João é a voz no tempo; Cristo é,

desde o princípio, a Palavra eterna!”
(Santo Agostinho)

Solitária voz forte continua a clamar no deserto:
batismo nas águas acompanhado de radical conversão.
Ele, o precursor, a profética voz no tempo,
Da Palavra eterna desde o princípio, Jesus.
 
Para que o Tempo do Advento seja fecundo,
É preciso de Deus se aproxime,
Ouvir a Sua voz proclamada pelos profetas,
E no cotidiano, testemunhar a vontade divina.
 
Montanhas de orgulho, egoísmo, autossuficiência,
Arrogância, violência, maldade e ansiedades materiais,
Precisam ser derrubadas e nunca será tarde demais:
Sonhar um mundo novo, com compromissos renovados.
 
Vales da fragilidades a serem nivelados, sem medo ou fuga,
Fortalecer as relações de amor e  partilha,
Serviço e incansável dom de si mesmo,
Como grão de trigo que morre para frutos produzir.
 
Com o Apóstolo Paulo, também um caminho a percorrer,
Caminho de metanoia, mudanças e  necessária conversão:
Comunidades com o “casa familiar” em que se viva a comunhão,
O Mandamento do Amor que nos deu o Senhor.
 
Comunidades “casa de família, sagrados espaços
da partilha fraterna, solidariedade, compaixão,
proximidade, acolhimento, integração,
misericórdia expressa no perdão... 
 
Novenas de Natal, celebrações penitenciais,
Sacramento da Penitência vivido e na vida prolongado,
Vida nova que nasce da graça do Sacramento do Batismo,
Vivos para Deus, tão somente, mortos para o pecado. Amém.

Minhas reflexões no Youtube

 
Acesse:

https://www.youtube.com/c/DomOtacilioFerreiradeLacerd d brba 

Oração à Sagrada Família (Papa Francisco)

                                                          


Oração à Sagrada Família

Jesus, Maria e José, em Vós contemplamos o esplendor
do verdadeiro amor, confiantes, a Vós nos consagramos.

Sagrada Família de Nazaré, tornai também as nossas famílias lugares de comunhão e cenáculos de oração, autênticas escolas do
Evangelho e pequenas igrejas domésticas.

Sagrada Família de Nazaré, que nunca mais haja nas famílias episódios de violência, de fechamento e divisão; e quem tiver sido ferido ou escandalizado seja rapidamente consolado e curado.

Sagrada Família de Nazaré, fazei que todos nos tornemos conscientes do caráter sagrado e inviolável da família, da sua beleza no Projeto de Deus.

Jesus, Maria e José, ouvi-nos e acolhei a nossa súplica.
Amém.

PS: Oração em conclusão à Exortação Apostólica “A alegria do amor na família” - Papa Francisco.

Advento: Conversão e renovação pelo Fogo do Espírito (IIDTAA)

                                                    



Advento: Conversão e renovação pelo Fogo do Espírito

A Liturgia do 2º Domingo do Advento (ano A) nos convida a rever os valores que orientam a nossa vida, a fim de que coincidam com os valores do Reino, daí a necessidade permanente de conversão e amadurecimento, preparando a chegada do Senhor, em mais um Natal a ser celebrado.

Na passagem da primeira Leitura (Is 11,1-10), o profeta Isaías nos fala de um descendente de Davi sobre o qual repousa a plenitude do Espírito de Deus, um Messias.

Sua palavra profética é de fato uma poesia e o sonho de um mundo novo e melhor, numa realidade marcada pela opressão, sofrimento e desolação.

Nisto consiste a mensagem profética de Isaías: a vinda do Messias e a restauração da prosperidade do Reino, com a superação de divisões, conflitos, restaurando a verdadeira paz (Shalom), a plenitude de todos os bens de Deus para uma vida plena e feliz. Um tempo novo sem armas e sem guerras, numa paz sem fim.

E este Messias é o próprio Jesus, como veremos mais tarde, e que, como Igreja que somos, cremos, anunciamos e testemunhamos, e a Sua missão continuamos.

Quanto aos dons, o Messias será mais que Salomão (em sabedoria e inteligência); mais que Davi (conselho e fortaleza); mais que os patriarcas (conhecimento e temor).

Reflitamos:

- Como realizamos esta missão?
- Somos sinais de esperança na realidade em que nos encontramos inseridos?

- O que deve ser mudado em nós (enquanto indivíduos), família e sociedade, para que construamos um mundo novo, com novas relações de comunhão, partilha e fraternidade?

Na passagem da segunda Leitura (Rm 15,4-9), o Apóstolo Paulo exorta que os cristãos sejam o rosto visível do Cristo, testemunhando a união, a partilha e a comunhão, a harmonia, acolhida e a não discriminação, porque vive o amor mútuo.

Deste modo, a comunidade precisa viver a solidariedade com os  mais frágeis e necessitados; doando a vida em favor da vida do outro, promovendo e fortalecendo incansavelmente a unidade.

Reflitamos:

- De que modo nossa comunidade vive este testemunho?

- Quais atitudes acima precisam ser mais marcantes em nossas comunidades?

- Que esforço a comunidade faz para vencer o egoísmo e a autossuficiência?

Na passagem do Evangelho (Mt 3,1-12) destaca-se a pessoa de João Batista, uma voz a gritar no deserto, anunciando a proximidade da concretização do Reino, por isto, sua palavra é um forte grito profético que chama à conversão: “Convertei-vos, porque o Reino dos céus está próximo” (Mt 3,1). E ainda: “Esta é a voz que grita no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas” (Mt 3,2).

Com João Batista, somos exortados à mudança de valores para que se conformem aos valores do Reino; a deixar o supérfluo na procura do que seja, de fato, essencial para a nossa vida.

Podemos falar, então, de uma “metanoia”, uma mudança de mentalidade e atitudes, em total e incondicional retorno ao Deus da Aliança, numa contínua atitude de conversão.

Deste modo, para a acolhida do Messias é preciso esvaziar-se de todo o egoísmo, orgulho, autossuficiência e preocupação excessiva com os bens materiais.

Quanto ao Batismo de João Batista, é precedido pela pregação para um batismo de conversão, arrependimento, perdão dos pecados e agregação ao resto de Israel; o Batismo de Jesus será a introdução a uma relação de filiação divina, incorporação à vida da Igreja e participação ativa em sua missão (batismo no Espírito Santo e no fogo).

Reflitamos:

- Em que precisamos nos converter, neste Tempo do Advento, para bem celebrar o Nascimento do Salvador?
- Quais são os valores que orientam nosso pensar, falar e agir?

- São eles diferentes dos valores do mundo?
- O que significa, hoje, preparar o caminho do Senhor (em todos os âmbitos: pessoal, familiar, comunitário, social e planetário)?

Concluindo, permitamos que o Fogo do Espírito queime nossos pecados, e suas raízes sejam arrancadas de nosso coração, para que nele fiquem apenas entranhadas as raízes da misericórdia, e as obras corporais e espirituais sejam seus desejados frutos no cotidiano.

Sejamos transformados por este Fogo Divino do Espírito, para que celebremos um Natal cristão, recuperando o sentido Pascal do Natal, marcado pela conversão, pela passagem para uma nova atitude, mentalidade, compromissos com a Boa-Nova do Reino.

Somente a partir de corações e mentes renovadas, o mundo terá um novo coração e uma nova mentalidade.


Ele vem ao nosso encontro

 

                                   

Ele vem ao nosso encontro


Advento, ouvi que Ele veio, vem e virá.
Também me disseram que Ele vem a cada instante
Portanto, na vigilância e oração fiquemos,
Porque, glorioso, haverá de voltar.
Maranathá, Ele veio, Ele vem, Ele virá.
 
Advento, ouvi que Ele veio, vem e virá.
Há dois mil anos, revestido da fragilidade da meiga criança:
A Palavra se fez Carne e habitou entre nós (cf. Jo 1,14)
E a vida plena e abundante para todos comunicar (cf. Jo 10,10),
Por meio do Mistério de Sua Paixão e Morte e Ressurreição.
 
Advento, ouvi que Ele veio, vem e virá:
Veio e caminhou entre nós e Se fez um de nós,
Igual a nós, exceto no pecado, e nos ensinou
As mais belas lições de amor, partilha, comunhão,
Solidariedade, esperança, fraternidade e perdão.
 
Advento, ouvi que Ele veio, vem e virá,
Sobre as nuvens e pisando no chão de nossa história,
Enxugará todas as lágrimas que verteram desde sempre,
E não haverá mais lágrimas para chorar,
Porque Ele novas todas as coisas fará (cf. Ap 21,5).
 
Advento, ouvi que Ele veio, vem e virá,
Para o luto que ceifa vidas, com ou sem pandemia,
Porque Ele , Caminho, Verdade e Vida (cf. Jo 14,6),
Com Sua vinda e Vida, a morte para sempre vencerá
E a morte da morte, se poderá com os anjos cantar.
 
Advento, ouvi que Ele veio, vem e virá.
Aquele desejamos encontrar e incansáveis procuramos,
Que tão somente amando O encontramos,
Para que uma vez encontrado,
Para sempre O amemos. (1)  
 
Advento: creio que Ele veio, vem e virá:
“Agora e em todos os tempos, Ele vem ao nosso encontro,
presente em cada pessoa humana,
para que o acolhamos na fé e o testemunhemos na caridade,
Enquanto esperamos a feliz realização de Seu reino. Amém. (2)
 
(1)    Conferir Santo Anselmo (séc. XII)
(2)    Prefácio do Advento

Será Natal para quem viver o Perdão!

                                                                   


Será Natal para quem viver o Perdão! 

“Eu confessar?” “Pra que se vou pecar de novo”; “Confessar com padre? Eu não! Confesso diretamente com Deus”; “Eu não tenho pecado, vou confessar o quê?”...

Estas expressões e outras semelhantes ouvimos muitas vezes, portanto, urge que aprofundemos sobre este assunto tão vital para uma vida cristã mais ativa, piedosa, consciente e frutuosa, conhecendo a Doutrina e a fundamentação bíblica do Sacramento da Penitência, que o Papa Francisco tanto insistiu em  sua Carta Apostólica “Misericordia et misera”.

A Igreja recorda-nos precisamente neste período a necessidade irrevogável da Confissão Sacramental, para que possamos viver a Ressurreição de Cristo não só na Liturgia, mas também transcorrer de nossos dias.

O tempo do Advento é um Tempo oportuno para procurarmos um Sacerdote, a fim de receber um dos sete Sacramentos da Igreja, o Sacramento da Penitência. Bem entendido e vivido, este Sacramento nos introduz no Mistério do Amor de Deus, renova-nos, para que melhor imagem d’Ele sejamos: “sede santos como Deus é santo”.

Retomo as palavras de São Josemaria Escrivá, que aconselhava com critério simples e prático que as nossas confissões fossem concisas, concretas, claras e completas., com o objetivo de ajudar a quantos possa, e que cheguem melhor preparados para o Sacramento da Misericórdia Divina:

Confissão concisa, sem muitas palavras: apenas as necessárias para dizermos com humildade o que fizemos ou omitimos, sem nos estendermos desnecessariamente, sem adornos. A abundância de palavras denota às vezes o desejo, inconsciente ou não, de fugir da sinceridade direta e plena; para evitá-lo, temos que fazer bem o exame de consciência.

Confissão concreta, sem divagações, sem generalidades. O penitente “indicará oportunamente a sua situação e o tempo que decorreu desde a sua última confissão, bem como as dificuldades que teve para levar uma vida cristã”, declarando os seus pecados e o conjunto de circunstâncias que tenham caracterizado as suas faltas a fim de que o confessor possa julgar, absolver e curar.

Confissão clara, para sermos bem entendidos, declarando a natureza precisa das faltas e manifestando a nossa própria miséria com a necessária modéstia e delicadeza.

Confissão completa, íntegra, sem deixar de dizer nada por falsa vergonha, para “não ficar mal” diante do confessor.”

É sempre tempo favorável de nossa salvação, de não desperdiçarmos a graça de Deus, como bem falou o Apóstolo Paulo na Carta aos Coríntios. “Sendo assim exercemos a função de embaixadores em nome de Cristo, e é por meio de nós que o próprio Deus vos exorta. Em nome de Cristo, suplicamos: reconciliai-vos com Deus” (2Cor 5,20).

Preparar o Caminho do Senhor... (IIDTAA)

                                                         

Preparar o Caminho do Senhor... 

Não há Natal para quem só espera passivamente.
Não há Natal para quem vive pusilanimemente.
Preparemos o Caminho para a vinda do Senhor...
Transformemos sinais de ódio em sinais de amor!

Esperemos pelo Natal com total confiança, mas, antes,
Ponhamo-nos em atitude de vigilância constante!
Será Natal para quem se puser decididamente a caminho,
Para acolher Aquele que é A Verdade, A Vida e O Caminho!

Natal é a Festa de quem teve coragem de ousar!
É a Festa de quem teve coragem de n’Ele acreditar,
Para que um dia, na vida acolhida, paixão assumida,
Alcançando também a graça de n’Ele Ressuscitar!

Natal é a Festa de quem teve coragem de mudar,
De rever caminhos, passos, atitudes e projetos...
Não se reduziu aos sonhos da noite, sonhando em pleno dia...
Quem multiplicou relações fraternas de sinceros afetos.

Nova Família, Mundo Novo, jamais existirão,
Se nada de novo, em nós, germinar, começar,
Antes que o Natal chegue, e Ele chega silenciosamente,
Preparemos o Caminho do Senhor, inexoravelmente!

Que o Espírito do Senhor repouse sobre nós (IIDTAA)

                                                                  

Que o Espírito do Senhor repouse sobre nós

                                            “Do tronco de Jessé nasceu a vara...

O Profeta Isaías (Is 11,1-10) nos apresenta um Oráculo pronunciado num momento dramático da história de Israel. A esperança da dinastia havia ruído. As palavras de Isaías são palavras de confiança e esperança.

Do tronco da origem de Jessé brotará prodigiosamente um novo rebento, através do qual se cumprirão todas as promessas feitas por Deus.

Sobre Ele pousará o Espírito e com Ele Sua ação que se revela em:

Espírito de Sabedoria – habilitação para o governo segundo os desígnios de Deus;
Espírito de Inteligência – discernimento entre o bem e o mal;
Espírito de Conselho e Fortaleza – compreensão dos planos do Senhor e contar com a força de Deus para o cumprimento;
Espírito de Conhecimento e Temor de Deus – docilidade em todo momento à vontade Divina.

A Igreja desenvolverá este último em Piedade – perfeita sintonia com a vontade de Deus.

Em Jesus a promessa se cumpriu: brotado como um rebento da família de Davi.

Advento, portanto, consiste na preparação para celebrarmos o nascimento d’Aquele que cumpriu a promessa: Jesus. Assim é Deus: promete e cumpre.

Jesus é a revelação da Sabedoria e Inteligência, muito mais do que Salomão.

A manifestação do Conselho e Fortaleza, muito mais do que Davi.
Sobre Ele o Conhecimento e o Temor de Deus, muito mais do que dos Patriarcas Abraão, Isaac e Jacó, muito mais do que Moisés e os Profetas.

Jesus Cristo, o Verbo Encarnado é a promessa mais bela que Deus pode realizar em favor da humanidade, como máxima expressão do Seu amor, na ação do Espírito.

Concluamos com esta canção - “Cálix Bento” - “Ó Deus salve o Oratório”:

“Ó Deus salve o Oratório
Onde Deus fez a morada
Oiá, meu Deus, onde Deus fez a morada, oiá
Onde mora o Cálix Bento
Onde mora o Cálix Bento
E a Hóstia Consagrada
Óiá, meu Deus, e a Hóstia Consagrada, oiá
De Jessé nasceu a vara
De Jessé nasceu a vara
E da vara nasceu a flor
Oiá, meu Deus, da vara nasceu a flor, oiá
E da flor nasceu Maria
E da flor nasceu Maria
De Maria o Salvador
Oiá, meu Deus, de Maria o Salvador, oiá”.

A beleza do Tempo do Advento (IIDTAA)

                                                           



A beleza do Tempo do Advento (ano A)

Antes de apresentarmos a mensagem que a Liturgia da Palavra nos oferece, podemos assim entender o Tempo do Advento:

“Hoje nós não esperamos a vinda do Messias – que já apareceu em Belém há mais de dois mil anos – mas a Sua manifestação ao mundo. É nesta perspectiva que adquire sentido o Tempo que dedicamos à preparação do Natal, Tempo que mais do que ‘Advento’, deveria ser chamado ‘Preparação para o Advento’” (1).

Agora vejamos o que nos propõe a Liturgia:

- No primeiro Domingo (ano A) retrata a vinda escatológica de Jesus (a Sua segunda vinda gloriosa, que professamos e aguardamos na vigilância). Somos chamados a “atitude da vigilância”. Todos os textos proclamados evocam a manifestação do Senhor no fim dos tempos e a urgência da preparação para este final da história da humanidade na terra.

- No segundo Domingo (e também no terceiro) retrata a Sua vinda na História. A atitude que se ressalta é a “conversão”, a partir da voz de João Batista, que exorta a preparar os caminhos do Messias esperado.

- No terceiro Domingo, temos a identificação de Jesus testemunhado pelas Suas obras. De fato era Ele que haveria de vir. A marca deste Domingo é a “alegria”, pela Sua primeira vinda e a espera paciente e confiante de Sua segunda vinda.

- No quarto Domingo nos fala do “anúncio“ a José, sobre o nascimento do Filho de Maria como Salvador e Deus conosco.

Em relação à Palavra proclamada nestes Domingos:

- Na primeira leitura, percorremos um itinerário de consciência progressiva do caráter salvífico da vinda d’Aquele que foi prometido e que será reconhecido, no quarto Domingo, na Pessoa de Jesus de Nazaré.

- Na segunda Leitura, temos um convite a nos deixar conduzir pela vigilância, paciência e fidelidade às Escrituras, reconhecendo em Jesus, o Filho de Deus, e vivendo a obediência da fé.

Neste sentido, somos convidados à vigilância e à conversão, esperando com alegria e perseverança a chegada de Deus, na encarnação do Verbo, com a destruição da injustiça e da impiedade, trazendo a salvação para todos os que n’Ele crerem.

Concluindo, podemos afirmar que o Tempo do Advento é uma frutuosa introdução no Mistério do Ano Litúrgico e a celebração da tríplice vinda de Jesus: “As poucas semanas que precedem a Festa do Natal constituem uma importante iniciação ao Mistério insondável da Encarnação, que desde então é o âmbito em que vivemos na fé e na esperança” (2).

Sobre esta tríplice vinda, fiquemos com as palavras de São Bernardo (séc. XII), em sua Homilia para o Advento:

“Na primeira vinda, o Senhor veio em carne e debilidade, nesta segunda, em espírito e poder; e na última, em glória e majestade. Esta vinda intermediária é como que uma senda por que se passa da primeira para a última: na primeira, Cristo foi nossa redenção; na última, aparecerá como nossa vida; nesta, é o nosso descanso e o nosso consolo” (3).


(1) Lecionário Comentado - Editora Paulus - p.35
(2) Missal Quotidiano Dominical e Ferial – Editora Paulus – Lisboa – 2011 pp. 27-28
(3) idem p.28 - (in São Bernardo, Homilia sobre o Advento, 5,1-2, Opera omnia, edição cisterciense, 4, 1966, 188-190).

Suavidade e beleza do Tempo do Advento (IIDTAA)

                                                              

Suavidade e beleza do Tempo do Advento

Concedei-nos, ó Deus, viver o Tempo do Advento como uma  parábola do tempo presente, em que esperamos com alegria e humildade a hora do grande encontro com Jesus, distribuindo todos os bens com infinita generosidade e de maneira imprevisível, e que voltará em Sua segunda vinda gloriosa, quando menos esperarmos.

Fortalecei-nos, ó Deus, para que vivamos este tempo de gozo espiritual, em que caminhamos olhando para a frente, com o coração pleno de fé, esperança e caridade.

Despertai-nos, ó Deus, para que vivendo este tempo, abramos a Vós nosso coração, acompanhado de orações de súplica confiante e ação de graças por todos os bens que nos concedeis, e dentre eles, o maior de todos os bens, o Bem Divino, que é o Vosso Filho, em comunhão com o Santo Espírito.

Ajudai-nos, ó Deus, para que vivamos com ardor a missão de discípulos missionários do Vosso Filho, assistidos pela docilidade do Santo Espírito, o Vosso projeto para nós, confiantes em Vossa Palavra viva e eficaz, empenhados na prática do bem, orantes e vigilantes em todo o tempo.

Abri, ó Deus, nossos olhos e nosso coração, para que sintamos e vivamos a beleza e suavidade do Tempo do Advento, para  bem celebrarmos as vindas primeira e segunda do Vosso Filho, vivendo intensamente a vinda intermediária, experimentando Vossa força, proteção e imprescindível presença, para que sejamos partícipes de um novo tempo e promotores da fraternidade e amizade social, caminho da paz plena e universal. Amém.

 

Fonte inspiradora: Missal Quotidiano, Dominical e Ferial, Editora Paulus, Lisboa, 2010 – pp.100/102 

Tempo do Advento: a conversão necessária (IIDTAA)

                                                              


Tempo do Advento: a conversão necessária

Nas  passagens do Evangelho (Mc 1,1-8; Mt 3,1-12; Lc 3,1-6), João Batista, uma voz a gritar no deserto, anuncia a proximidade da concretização do Reino, por isto, sua palavra é um forte grito profético que chama à conversão:

“Convertei-vos, porque o Reino dos céus está próximo” (Mt 3, 1). E ainda: “Esta é a voz que grita no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas” (Mt 3, 2).

Todos precisamos de conversão, pois podemos, também hoje, nos considerarmos religiosos (como se julgavam os fariseus e os saduceus), e permanecermos longe de Deus.

Podemos nos purificar com ritos, deles participar, mas sem nada corrigir e reorientar a própria vida, sem ressonâncias no agir cotidiano, sem nada nos transformar e renovar.

Também podemos cair no risco de reduzir nossa oração a intensos monólogos com Deus, acompanhado de demasiado silêncio imposto a Ele, e com isto caímos no vazio, ficamos desorientados e desmotivados.

Neste Tempo do Advento, ouvindo a voz de João Batista, o precursor do Salvador, no deserto, ponhamo-nos em atitude de conversão, procurando viver na simplicidade de vida, na demolição de tantos ídolos e cultos desviantes que nos afastem do Deus Vivo e Verdadeiro.

Purifiquemo-nos através de orações autênticas, múltiplas formas de religiosidade puras e purificadoras. 

Deste modo, Deus não ficará aparentemente perto, apenas nas palavras vazias de conteúdo; e ficará bem mais perto de nós, do que nós de nós mesmos, então será o Verdadeiro Natal do Senhor que vamos Celebrar e mais um ano por Ele iluminado, caminhar com fidelidade, a cruz cotidiana, com renúncias necessárias, compromissos com o Reino jamais adiar.


Fonte inspiradora: Lecionário Comentado - Editora Paulus - Lisboa – 2011 - PP 86-87

Em poucas palavras... (IIDTAA)

                                             


Advento: vamos ao encontro da Verdade, Jesus

“João Batista ajuda-nos a ultrapassar as nossas incertezas. Ele é um crente verdadeiro: debate-se entre muitas perplexidades, coloca interrogações, mas não renega o Messias porque não corresponde aos seus critérios, põe de lado as suas seguranças e confia no Senhor.

Só quem, como ele, procura a verdade com ardor é que está preparado para se encontrar com Cristo, que é a ‘Verdade’”.   (1)

 

(1) Leccionário Comentado – Advento-Natal - Editora Paulus -  Lisboa – Paulus – pág. 154-155


Uma voz clama no deserto (IIDTAA)

 


Uma voz clama no deserto

O Comentário sobre o Profeta Isaías, escrito pelo bispo Eusébio de Cesareia, nos convida a refletir sobre a missão de João Batista, uma voz que clama no deserto, bem como a nossa missão como discípulos missionários do Senhor. 

Uma voz clama no deserto: ‘Preparai o caminho do Senhor, aplainai a estrada de nosso Deus’ (Is 40,3). O profeta afirma claramente que não será em Jerusalém, mas no deserto que se realizará esta profecia, isto é, a manifestação da glória do Senhor e o anúncio da salvação de Deus para toda a humanidade. 

Na verdade, tudo isto se realizou literalmente na história, quando João Batista anunciou no deserto do Jordão a vinda salvífica de Deus e ali se revelou a salvação de Deus. De fato, Cristo manifestou-Se a todos em Sua glória quando, depois de Seu batismo, os céus se abriram e o Espírito Santo, descendo em forma de pomba, pousou sobre Ele; e a voz do Pai se fez ouvir, dando testemunho do Filho: Este é o meu Filho amado, escutai-O (Mt 17,5). 

Estas coisas foram ditas porque Deus deveria vir ao deserto, desde sempre fechado e inacessível. Com efeito, todas as nações pagãs estavam privadas do conhecimento de Deus, e os homens justos e os profetas de Deus nunca haviam penetrado neles. 

Por este motivo, a voz ordena que se prepare um caminho para a Palavra de Deus e se aplainem os terrenos escarpados e ásperos, a fim de que o nosso Deus possa entrar quando vier. Preparai o caminho do Senhor (Mc 1,3): é esta a pregação evangélica que traz um novo consolo e deseja ardentemente que o anúncio da salvação de Deus chegue a todos os homens. 

Sobe a um alto monte, tu, que trazes a boa-nova a Sião. Levanta com força a voz, tu, que trazes a boa-nova a Jerusalém (Is 40,9). Depois que se mencionou a voz que clama no deserto, convêm perfeitamente estas palavras, que se referem aos evangelistas e anunciam a vinda de Deus entre os homens. De fato, a alusão aos evangelistas devia logicamente seguir a profecia sobre João Batista. 

Que Sião é esta, senão a que antes se chamava Jerusalém? Era realmente um monte, como declara esta palavra da Escritura: O monte Sião que escolhestes para morada (Sl 73,2). E o Apóstolo: Vós vos aproximastes do monte de Sião (Hb 12,22). Não será uma alusão ao grupo dos apóstolos, escolhido entre o antigo povo da circuncisão? 

Tal é, pois, Sião ou Jerusalém, que recebeu a Salvação de Deus, e que foi edificada sobre o monte de Deus, isto é, sobre o Verbo, seu Filho único. A ela, que subiu ao alto monte, é que Deus ordena anunciar a palavra da salvação. Mas quem anuncia a boa-nova, senão o coro dos evangelistas? E o que significa anunciar a boa-nova? É proclamar a todos os homens, e em primeiro lugar às cidades de Judá, a vinda de Cristo à terra.”

Tempo do Advento, tempo favorável de recolhimento e revisão de nossa fidelidade e testemunho no seguimento do Senhor, como discípulos missionários Seus.

Tempo de preparar o caminho do Senhor, de preparar nossos corações para bem celebrarmos o Seu Nascimento, Mistério profundo e inesgotável de nossa fé.

Como Igreja Sinodal que somos, tempo de proclamar a todas as pessoas que Ele veio, vem e virá, gloriosamente, e por isto devemos permanecer vigilantes e orantes, empenhados na prática da justiça, fortalecendo vínculos de comunhão e fraternidade, fazendo progressos contínuos na prática da caridade.

Que ao chegar a noite do Natal, nosso coração esteja devidamente preparado para celebrar Sua chegada a cada instante em nossa vida, não mais na manjedoura de Belém, como fato do passado, tão apenas recordado.

Como cristãos, não apenas comemoramos o Natal, nós celebramos, e isto implica em sincero esforço de conversão, contando sempre com a misericórdia e graça divinas e, tão somente assim, a luz de Deus iluminará a noite tão esperada e todas as noites escuras de nossa vida.

Em poucas palavras... (IIDTAA)

 


“São João Batista é o precursor imediato do Senhor”

“São João Batista é o precursor imediato do Senhor (At 13,24), enviado para Lhe preparar o caminho (Mt 3,3). «Profeta do Altíssimo» (Lc 1, 76), supera todos os profetas (Lc 7,26), é o último deles (Mt 11,13) inaugura o Evangelho (At 1,22; Lc 16,16); saúda a vinda de Cristo desde o seio da sua Mãe (Lc 1,41) e põe a sua alegria em ser «o amigo do esposo» (Jo 3, 29) que ele designa como «Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo» (Jo 1, 29). Precedendo Jesus «com o espírito e o poder de Elias» (Lc 1, 17), dá testemunho d'Ele pela sua pregação, pelo seu batismo de conversão e, finalmente, pelo seu martírio (217).” (1)

 

(1)              Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 523

Devotos dos Santos, adoradores do Senhor! (IIDTAA)

                                                                       

Devotos dos Santos, adoradores do Senhor!

Na devoção aos Santos, muitos a eles recorrem para pedir uma graça, uma cura ou um auxílio em determinada situação.

Outros, provavelmente em menor número, expressam sua devoção aos Santos procurando aprender com eles como viver maior fidelidade, amizade, intimidade com o Senhor para melhor segui-Lo.

Outros saboreiam seus testemunhos, escritos, admiram sua coragem, sua entrega e o quanto fizeram a Igreja crescer, e com ela o anúncio da Boa Nova, no testemunho do Ressuscitado.

Também pode ser vivida a devoção aos Santos para contar com sua ajuda e intercessão, para o bom combate da fé no tempo presente, dando conteúdo à Comunhão dos Santos que professamos ao rezar o Credo.

Mas e São João Batista? 
O porquê da devoção para com ele?

Antes uma constatação:

* “... a devoção a São João Batista constitui uma exceção, porque não são referidos milagres feitos por ele, nem na vida, nem depois de morto. E, no entanto, o seu culto espalhou-se imediata e surpreendentemente, tanto que já era universal a partir do século IV. Em todos os lugares onde se falava dos episódios da sua vida dirá surgiram santuários: só na área vizinha junto ao Mar Morto onde ele pregou foram erguidos quatro. Hoje é praticamente impossível encontrar uma igreja paroquial ou uma capela que não tenha uma imagem ou um quadro que o recorda”.

E duas possíveis explicações:

“São duas as razões que explicam a admiração dos cristãos por este Santo: antes de mais, o elogio que Jesus fez dele, e depois a veneração dos monges que, desde os primeiros séculos, o consideraram seu modelo de vida ascética”.

A devoção a ele, portanto, consiste em acolher suas palavras que foram pronunciadas no deserto e atravessando séculos e milênio, não entra em nossos ouvidos, mas muito mais, penetra e ressoa em nossa alma, em nosso coração.

Na passagem do Evangelho (Lc 7,24-30) Jesus faz a João Batista três elogios:

João não era volúvel, como as canas dos pântanos que crescem ao longo do Jordão;

Não era corrupto pensando em seus interesses, nada acumulando e nada gastando com divertimentos, vestes elegantes e refinadas (vestia pele de couro e comia leite e mel no deserto);

Era um Profeta, mais até que Profeta. Ninguém do Antigo Testamento teve missão semelhante a sua: preparar o povo para a acolhida do Messias e entregá-lo ao Novo Moisés, o próprio Jesus, que haveria de introduzir este mesmo povo na verdadeira terra prometida que é o Reino de Deus.

Sua austeridade de vida se contrapôs e se contrapõe ainda hoje a uma sociedade consumista que cria falsas necessidades e numa publicidade muito hábil e com nuances sofisticadas induz a todos nós ao consumo cada vez mais, fazendo-nos crer que o supérfluo, o dispensável é vital e necessário, sem o que não seremos felizes.

Austeridade de vida, que nos convida a rever o sentido genuíno do Natal, muitas vezes maculado pelas propagandas, festas,   e outras coisas mais, sobretudo a não acolhida do Absolutamente Essencial em nossa vida: Jesus.

Sua vida no silêncio também questiona o barulho ensurdecedor da cidade, o não diálogo, a incomunicabilidade, o fechamento em grandes que são feitas em pretensa proteção.

O silêncio orante de João deve reinar mais em nossa vida, em nossas famílias, não como fuga, mas como criação do espaço para a Palavra de Deus melhor ouvir, para com mais ardor vivê-La.

João também nos ensina sobre a necessária “sensibilidade espiritual aos apelos de Deus”. Quantos são os apelos, as atividades que nos devoram até mesmo sem perceber? Quanto ativismo que nos esvazia e nos distancia do outro, de nós mesmos, e o pior de todos os distanciamentos, o de Deus?

Ainda que o leitor não tenha devoção a nenhum Santo, ou ainda que a devoção careça de purificação, para ser conforme a Igreja tão sabiamente nos ensina, aprendamos com eles a conhecer Jesus e Sua proposta, aderindo incondicionalmente a Ele, e assim viveremos uma fé mais pura, verdadeira e frutuosa, como tem sido insistido no Ano da Fé que vivemos, e em todo o tempo.

Voltar-se para Deus é a grande lição que podemos aprender com João Batista, entre outras...

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG