quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

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A consolação divina

 


                      A consolação divina
 
“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e Deus de toda consolação” (2 Cor 1,3)
 
Jesus assim nos falou no Sermão da Montanha ao nos apresentar a terceira Bem-aventurança: “Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados” (Mt 5, 5).
 
Esta Bem-Aventurança nos remete ao Apóstolo Paulo (2 Cor 1,1-7), na qual ele nos fala de Deus como “o Pai das misericórdias e Deus de toda consolação” (2 Cor 1,3).
 
Acompanhado de uma bênção, o Apóstolo agradece a Deus que “gratifica com as Suas consolações àqueles que estão aflitos por causa do Evangelho, para que eles sejam por sua vez anunciadores da consolação” (vv.3-7). (1)
 
Em poucos versículos menciona nada menos do que dez vezes a palavra “consolação”. Esta consolação consiste na “libertação interior” diante da dor, com a certeza da presença do Pai de misericórdia que sustenta a quem sofre, e assim “o sofrimento é embebido de amor e serenidade” (2)
 
O Apóstolo tendo experimentado a misericórdia e bondade divinas, aprendeu a ser também ser instrumento destas para com seus irmãos: “Paulo agradece a Deus não só porque foi consolado, mas porque agora sabe como consolar” (3).
 
Da mesma forma, como discípulos missionários do Senhor, haveremos de comunicar aos outros a experiência de amor vivida em relação ao próximo: “A experiência é convincente, porque transmite alguma coisa de vivo, de pessoal” (4).
 
Deste modo, suportar com maturidade e confiança o sofrimento com Cristo, permite que aprofundemos a solidariedade e alcancemos a promessa da consolação que nosso Senhor fez, e sejamos bem-aventurados.
 
Ressoe também o Salmo 33, com seu refrão que, por vezes, retomamos na Celebração da Ceia Eucarística, ao apresentar o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo: “Provai e vede quão suave é o Senhor!”.
 
 
(1) Lecionário Comentado – Tempo Comum – Volume I – Editora  Paulus – Lisboa – p.479
(2) (3) (4) Missal Cotidiano – Ed Paulus – p.874

Em poucas palavras...

                                                               


Consolação 

Em poucos versículos (2 Cor 1,1-7), o Apóstolo Paulo menciona nada menos do que dez vezes a palavra “consolação”. 

Esta consiste na “libertação interior” diante da dor, com a certeza da presença do Pai de misericórdia que sustenta a quem sofre, e assim “o sofrimento é embebido de amor e serenidade”. (1)

 

(1) Fonte: Missal Cotidiano – Editora  Paulus – p.874 

 

Não vos inquieteis com nada! (IIIDTA)

                                                   

Não vos inquieteis com nada!
            
Quantas vezes dores, enfermidades, preocupações, angústias, incertezas nos inquietam, carregam nosso semblante de preocupações, indiscutivelmente testemunhado pelo olhar, com esforços inúteis de disfarces.

Quantas vezes nossa vida é como uma barca à deriva em mares agitados. O que fazer?

Muitas possibilidades há para roubar nossa alegria e paz.

Como enfrentar as turbulências de nosso existir, desafios de nosso cotidiano?

Paulo, melhor do que ninguém, pode nos dizer: “Alegrai-vos sempre no Senhor” (Fl 4,4).

É sabido por quantas provações ele passou por causa do Evangelho e por causa de Jesus. É crível sua palavra, pois vem acompanhada de seu testemunho. Não são palavras vazias, com ausência de sentido e conteúdo.

As alegrias do mundo tendem para a eterna tristeza; mas as que brotam da vontade do Senhor levam os fiéis, que nelas perseveram, às alegrias duradouras e eternas, pois "O Senhor está perto; de nada vos inquieteis" (Fl 4,5-6).

Há tantas alegrias que não duram mais que o orvalho da manhã; que explodem como bolhas de sabão.

Alegrias transitórias, efêmeras, ilusórias, passageiras como nuvens, artificiais... São as que tendem para a eterna tristeza, pois não trazem a alegria em si. Somente n’Ele, Jesus, a perfeita alegria!

Paulo nos convida em tudo, por orações e súplicas, acompanhadas de ação de graças, a apresentar nossos pedidos a Deus (Fl 4,6). A Ele entregar nossas preocupações e necessidades. Jamais decepção haverá para quem em Deus confiar.

Como disse o Pseudo Ambrósio, no século IV:

“O Senhor está perto; de nada vos inquieteis (Fl 4,5-6); o Senhor está sempre perto daqueles que O invocam na verdade, com fé integra, esperança firme, caridade perfeita.

Ele sabe do que precisais, antes mesmo que o peçais. Está sempre pronto a vir em auxílio dos que O servem fielmente, em qualquer necessidade sua...

Por conseguinte, não temos de preocupar-nos demais com as dificuldades iminentes, porque sabemos estar próximos de Deus, nosso defensor...

Se nos esforçarmos por realizar e guardar o que ordenou, Ele não tardará a nos dar o prometido. Mas em tudo, por orações e súplicas acompanhadas de ação de graças, apresentai vossos pedidos a Deus (Fl 4,6): não aconteça que, aflitos suportemos as tribulações com murmuração e tristeza. Isto nunca, mas com paciência e de rosto alegre, dando sempre e por tudo graças a Deus (Ef 5,20)”.

“Com paciência e de rosto alegre”, somente é possível para quem crê na força da Eucaristia, Remédio de imortalidade; antídoto para não morrer. Eucaristia que é ação de graças.

Não estamos sós. Que bom saber que Deus conosco está! Ventos, tempestade, agonias, sofrimentos, morte... jamais serão e terão a última palavra, pois esta é sempre de Deus.

Que Deus nos dê esta serenidade Paulina, exortada pelo Pseudo Ambrósio, tão indispensável em todo o tempo.

Mantendo viva a esperança contra toda falta de humana esperança, não nos inquietemos com nada!

Que o Natal seja cuidar da vida com amor...

                                                               

  Que o Natal seja cuidar da vida com amor...

Assim nos falou o Profeta Isaías na passagem proclamada na segunda quinta-feira do Advento (Is 41,13-20)

“Eu sou o Senhor teu Deus, que te tomo pela mão e te digo: Não temas eu te ajudarei” (Is 41,13).

Em tempo de Advento, ponhamo-nos a refletir sobre a Mão do Senhor que pousa sobre nós, ainda que não a sintamos muitas vezes, por pura insensibilidade, ingratidão, incredulidade...

Ainda que não mereçamos, porque pecadores e indignos... 

Ainda que as nossas mãos a Ele muitas vezes não estendemos, pelo contrário, até as cruzamos, ou mesmo as recolhemos em atitudes de egoísmo, indiferença e omissão...

Ainda que nos acontecimentos, sem nenhum merecimento, Sua mão nos dê força, segurança, muito mais do que um Porto Seguro, porque nos acompanha nas tempestades, por vezes, em incansáveis e desejáveis travessias...

Como temos que agradecer a Deus por jamais nos abandonar, desamparar, porque Ele é o Deus de bondade, compaixão, paciência e amor... 

Com o Salmo 144, assim cantamos o refrão:

Misericórdia e piedade é o Senhor! Ele é amor, é paciência é compaixão”.

A mão de Deus, quem a compreenderá? Como dela falar? Recordo-me de quantas vezes, em casa, ainda criança, às vezes disfarçando que estávamos dormindo, tão apenas para que a mãe viesse e nos tocasse com carinho e afeto, e puxando o velho e insubstituível cobertor para que nos cobrisse... 

Mais que o calor do cobertor, o carinho e o calor da presença da mão daquela que amamos, ainda que não saibamos, e não tenhamos expressado como merecia...

Talvez o leitor tenha a sua mãe ao lado, e se não a tiver deve estar se remoendo de saudades agora, relembrando o que certamente também deve ter feito... Crianças são assim, com raras exceções...

Natal, assim como a mãe que puxa o cobertor e nos cobre, é e será sempre a Festa do Amor de Deus que cuida de nós. Portanto, Natal será sempre a festa do cuidado da própria vida, da vida do próximo, da vida do planeta, nossa casa comum.

Cuidar jamais no sentido de intromissão que roube a liberdade, que exile a fidelidade enfraquecendo os elos da amizade...

Cuidar no sentido mais belo, cuidar como expressão de amor, zelo, apreço, carinho e compromisso para que sejamos todos mais felizes.

Aprendamos com Maria, a Mãe de Jesus, tão belas lições que tem a nos ensinar, a melhor cuidar da vida: da vida das crianças, dos enfermos, dos idosos, dos últimos, daqueles que são os preferidos de Deus.

Advento é Tempo de aprendizado para que o Natal seja o cuidado amoroso da vida.

O amor deseja ardentemente ver Deus

                                                              

O amor deseja ardentemente ver Deus

“O amor não desiste perante o impossível, 
não desanima diante das dificuldades”

Sejamos enriquecidos pelo Sermão de São Pedro Crisólogo, Bispo do século V, que muito nos ajuda na preparação do Natal do Senhor.

“Vendo o mundo oprimido pelo temor, Deus procura continuamente chamá-lo com amor, convidá-lo com a Sua graça, segurá-lo com a caridade, abraçá-lo com afeto.

Por isso, purifica com o castigo do dilúvio a terra que se tinha inveterado no mal; chama Noé para gerar um mundo novo; encoraja-o com palavras afetuosas, concede-lhe Sua confiante amizade, o instrui com bondade acerca do presente e anima-o com Sua graça a respeito do futuro.

E já não Se limita a dar-lhe ordens, mas tomando a parte no seu trabalho, encerra na arca toda aquela descendência que havia de perdurar por todos os tempos, para que esta Aliança de Amor acabasse com o temor da servidão e se conservasse na Comunhão de Amor o que fora salvo com a comunhão de esforços.

Por esse motivo chama Abraão dentre os pagãos, engrandece seu nome, torna-o pai dos crentes, acompanha-o em sua viagem, protege-o entre os estrangeiros, cumula-o de bens, exalta o com vitórias, dá-lhe garantia de Suas promessas, livra-o das injúrias, torna-Se seu Hospede, maravilha-o com o nascimento de um filho que ele já não podia esperar.

Tudo isso a fim de que, cumulado de tantos benefícios, atraído pela grande doçura da caridade divina, aprendesse a amar a Deus e não mais temê-Lo, a honrá-Lo com amor e não com medo.

Por isso também, consola em sonhos a Jacó quando fugia, desafia-o para um combate em seu regresso e na luta aperta-o nos braços, para que não temesse, porém, amasse o instigador do combate.

Por isso ainda, chama Moisés na própria língua e fala-lhe com afeto paterno, convidando-o a ser o libertador de Seu povo.

Em todos esses fatos que relembramos, de tal modo a chama da caridade divina inflamou o coração dos homens e o inebriamento do Amor de Deus penetrou os seus sentidos que, cheios de afeto, começaram a desejar ver a Deus com os olhos do corpo.

Deus, que o mundo não pode conter, como o olhar limitado do homem o abrangeria? Mas o que deve ser, o que é possível, não é a regra do amor. O amor ignora as leis, não tem regra, desconhece medida. O amor não desiste perante o impossível, não desanima diante das dificuldades.

O amor, se não alcança o que deseja, chega a matar o que ama; vai para onde é atraído, e não para onde deveria ir. O amor gera o desejo, cresce com ardor e pretende o impossível. E que mais?

O amor não pode deixar de ver o que ama. Por isso todos os Santos consideravam pouca coisa toda recompensa, enquanto não vissem a Deus.

Por isso Moisés se atreve a dizer: ‘Se encontrei graça na Vossa presença, mostrai-me o Vosso Rosto’ (Ex 33,13.18). Por isso, diz também o salmista: ‘Não me escondais a Vossa Face’ (Sl 26,9). Por isso, enfim, até os próprios pagãos, no meio de seus erros, modelaram ídolos, para poderem ver com seus próprios olhos o objeto de seu culto.”  (1).

As palavras tão inflamadas de amor do Bispo nos servirão como inspiração e força para a necessária travessia do mar da vida, ao encontro do Senhor que vem ao nosso encontro.

Que o Advento seja este Tempo maravilhoso de esvaziamento do coração de tudo aquilo que ocupe o lugar do Sumamente Essencial: o Amor de Deus, manifestado de modo indescritível em Jesus na forma de uma criança.


(1) Liturgia das Horas - Vol. I – pp. 199/200.

João Batista: o maior de todos os Profetas (IIIDTAA)

João Batista: o maior de todos os Profetas

No Tempo do Advento, em várias passagens, vemos a presença de João Batista, que muito nos ajuda a viver intensamente a preparação da Celebração do Natal do Senhor, e uma delas, é a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 11,2-11).

João Batista, que foi enviado para preparar a vinda do Messias, o último dos Profetas, apontou o modo de como acolhê-Lo, e recebeu de Jesus estas Palavras: “em verdade Eu vos digo, de todos os homens que já nasceram, nenhum é maior do que João Batista” (Mt 11,11).

Inclusive, é honrado pelos mulçumanos como um dos vinte e cinco profetas do Islão, e o seu túmulo honorário, em Damasco, é sinal do diálogo entre cristãos e mulçumanos.

Vejamos o que nos diz o Corão sobre ele:

“Concedemos-lhe a sabedoria desde criança, ternura da nossa parte, e pureza. Era um dos timoratos, carinhoso com os seus pais, nem violento nem desobediente. A paz sobre ele no dia em que nasceu, no dia da sua morte e no dia em que será ressuscitado para uma nova vida” (Corão, 12.15).(1)

As palavras de João continuam ressoando em nossos dias, ajudando-nos a preparar o caminho que leva a Jesus Cristo, e assim celebrarmos um autêntico Natal.

Oremos:

“Despertai, Senhor, os nossos corações para prepararmos os caminhos do Vosso Filho Unigênito, a fim de que, pelo Mistério da Sua vinda, possamos servir-Vos com Espírito renovado. Por N.S.J.C. Amém”. (2)



(1) (2) Lecionário Comentado – Editora Paulus – Lisboa – 2011 - Volume Advento/Natal – p.114
Oportuno para a reflexão sobre a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 3,10-18; 7,19-23; Mc 1,1-8; Jo 1,6-8.19-28)

Autêntica veneração dos santos e mártires

                                                          

 

Autêntica veneração dos santos e mártires
 
“Contudo, o culto chamado de latria, que consiste na adoração devida à divindade, reservamo-lo só para Deus, e não o prestamos aos Mártires nem ensinamos que se lhes deva prestar”
 
O bispo Santo Agostinho (séc. V), em seu Tratado contra Fausto, elimina qualquer possibilidade dos cristãos incorrerem em idolatria, com relação aos mártires que nos antecederam, e que testemunharam a sua fé na fidelidade ao Senhor, portanto, modelo para todos nós.
 
“O povo cristão celebra a memória dos seus mártires com religiosa solenidade, para se animar a imitá-los, participar dos seus méritos e ser ajudado com a sua intercessão; não dedica, porém, altares aos mártires, mas apenas em memória dos mártires.
 
Com efeito, qual é o bispo que, ao celebrar a Missa sobre os sepulcros dos Santos, disse alguma vez: Nós te oferecemos a ti, Pedro, ou a ti, Paulo, ou a ti, Cipriano?
 
A oblação é feita a Deus, que coroou os Mártires, junto dos sepulcros daqueles que Deus coroou, para que a evocação desses lugares santos desperte em nós um sentimento mais vivo de amor àqueles a quem podemos imitar e Àquele cujo auxílio nos torna possível a imitação.
 
Veneramos os mártires com um culto de amor e de comunhão, semelhante ao que dedicamos nesta vida aos santos homens de Deus, cujo coração sabemos estar já disposto ao martírio em testemunho da verdade do Evangelho. Mas àqueles que já superaram o combate e vivem triunfantes numa vida mais feliz, prestamos este culto de louvor com maior devoção e confiança do que àqueles que ainda lutam nesta vida.
 
Contudo, o culto chamado de latria, que consiste na adoração devida à divindade, reservamo-lo só para Deus, e não o prestamos aos Mártires nem ensinamos que se lhes deva prestar.
 
Como a oblação do sacrifício faz parte deste culto de latria – e por isso se chama idolatria a oblação feita aos ídolos – nós não o oferecemos nem mandamos oferecer aos Anjos, aos Santos, aos Mártires; e se alguém cai em tão grande tentação, é advertido com a verdadeira doutrina, para que se corrija e tenha cuidado.
 
Os Santos e os homens recusam-se a apropriar-se destas honras devidas exclusivamente a Deus. Assim fizeram Paulo e Barnabé quando os habitantes da Licaônia, impressionados com os milagres feitos por eles, quiseram oferecer-lhes sacrifícios como se fossem deuses; mas eles, rasgando os seus vestidos, proclamaram que não eram deuses, e deste modo impediram que lhes fossem oferecidos sacrifícios.
 
Uma coisa, porém, é o que nós ensinamos, e outra o que nós suportamos; uma coisa é o que mandamos fazer, e outra o que queremos corrigir e nos vemos forçados a tolerar, enquanto não conseguimos corrigi-lo.”
 
Como vemos, o bispo e a Igreja sempre tiveram clareza em relação ao culto dos Santos, de modo que exorta à celebração dos mártires, com um culto de amor e comunhão, mas toda adoração deve ser elevada a Deus, do contrário incorreríamos em inaceitável e abominável idolatria: “O povo cristão celebra religiosa solenidade e memória dos mártires  para se animar a imitá-los, participar de seus méritos e ser ajudados com a sua intercessão..."
 
O culto aos Santos e mártires, como nos ensina a Igreja, consiste em saber que vivemos na comunhão com aqueles que nos antecederam e estão na glória de Deus, como bem expressa o Prefácio da Missa, quando celebramos sua Festa ou Memória:
 
“Festejamos hoje, a cidade do céu, a Jerusalém do alto, nossa mãe, onde nossos irmãos, os Santos, Vos cercam e cantam eternamente o Vosso louvor. Para essa cidade caminhamos, pressurosos, peregrinando na penumbra da fé. Contemplamos, alegres, na Vossa luz, tantos membros da Igreja, que nos dais como exemplo e intercessão.”

É preciso purificar nossa fé, para que a nossa devoção aos Santos nos aproxime cada vez mais do Senhor, de modo que, vivendo na Sua amizade e intimidade, sejamos e façamos como eles fizeram: Sejamos santos como Deus é Santo. Santidade é possível e desejável, porque assim quer Deus.


Conclui-se que é impossível qualquer possibilidade dos cristãos incorrerem em idolatria, com relação aos mártires e Santos que nos antecederam, e que testemunharam a sua fé na fidelidade ao Senhor.

Aprendamos com os Santos e mártires o testemunho corajoso e frutuoso da fé.

Seja nossa veneração aos Santos, expressão de respeito e certeza da presença na caminhada, nos fortalecendo para que sejamos verdadeiros adoradores do Senhor em Espírito e Verdade, peregrinos da esperança. Amém.
 
 
PS: Memória do Papa São Dâmaso I, celebrada dia 11 de dezembro.
 

Deus nos criou para a alegria! (IIIDTAA)

Deus nos criou para a alegria!

A Liturgia do 3º Domingo do Advento (ano A) nos convida à alegria, sobretudo porque se aproxima uma das maiores Festas do cristianismo: O Natal do Senhor!

A alegria pela libertação chegou e a esperança está acesa: “Alegrai-vos no Senhor...” é o refrão que sentimos ressoar no mais profundo de nossa alma ao ouvir a proclamação da Palavra de Deus (Is 35,1-6.10; Tg 5,7-10; Mt 11,2-11).

O profeta Isaías tem uma única intenção: despertar a esperança e a confiança dos exilados.

Nada de desânimo, nada de covardia, nada de abaixar os braços, pois Deus vem para salvar e libertar o Seu povo...  O profeta é aquele que planta no mais profundo de quem precisa a semente da esperança que se concretiza na confiança e na coragem de lutar, no empenho do bom combate da fé.

O profeta, como portador da Palavra de Deus, é aquela voz que nos acompanha, nos fortalece no irrenunciável empenho com o Projeto libertador de Deus que é a ação de gerar vida em abundância.

O Profeta assume a história de seu povo, coloca-se com ele em marcha, da escravidão para a liberdade, olhando o mundo com o olhar da esperança, levando todos a abandonar os óculos escuros do desespero.

Urge que acolhamos, como os profetas, a proposta libertadora de Deus em nossa vida, remando contra a maré  das ideias dominantes, nem sempre coincidentes com o pensamento divino. 

Deste modo o profeta olha o mundo com os olhos de Deus para testemunhar com fidelidade, confiança e esperança em todas as circunstâncias e em todos os momentos.

Com os profetas e com o Apóstolo Tiago, aprendemos que alegria de Deus não nos dispensa de compromissos, empenhos, embates, passos largos a serem dados em busca de horizontes inéditos, como que reconstruindo o paraíso que foi manchado pelo pecado.

O Apóstolo Tiago nos exorta à paciência e ao olhar de fé que deve ser renovado cotidianamente em cada Banquete da Eucaristia celebrado a fim de que a alegria e a esperança invadam nosso coração.

Ele também nos ensina que é sempre tempo de reavivar a confiança e paciência na espera do Senhor que veio, vem e virá... Recuperar e jamais perder os valores cristãos autênticos e cultivar a paciência até que ocorra a intervenção final de Deus na história: confiar no Senhor não é sinônimo de cruzar os braços.

Urge cada dia, reconstruir o paraíso, não como saudade estéril, mas como esperança e confiança frutuosa.

Deste modo é que no Evangelho contemplamos a ação de Jesus; Deus veio ao nosso encontro através do Seu Filho e com Ele a proposta libertadora: os desesperados recuperam a esperança, os surdos voltam a escutar a Palavra, os cegos enxergam novo horizonte além do sol poente; os coxos reconquistam a liberdade; os pobres se abrem para a solidariedade e o amor de Deus.

Num mundo marcado pela mentira e fingimento, urge a necessidade da sinceridade, como nos motiva o testemunho de João Batista que exerce sua missão com fidelidade, sinceridade e sem medo.

Com João, e todos os profetas, aprendemos uma salutar lição: a força divina começa no exato momento em que reconhecemos a nossa fragilidade e nos abrimos à manifestação de Deus, à ação de Sua graça e abertura para o Seu perdão.

Somente deste modo a alegria e a esperança invadirão e transbordarão em nosso coração: “irromperá no coração dos que creem a alegria da luz do Natal!”.

Reflitamos:

- Num mundo marcado pela depressão, tristeza, dor, como ser sinal de alegria?

- Onde e quando precisamos ser profetas da alegria, portadores de uma Palavra que renova, revigora, refaz forças na construção do Reino de Deus?

- Qual o caminho verdadeiro para expor nossas dúvidas com toda sinceridade diante de Deus e com quem convivemos?

Preparemos o Natal para que vivamos uma vida cristã mais autêntica e a alegria verdadeira será mais que desejável em nosso coração; será transbordamento, porque edificada sobre o fundamento e fonte da verdadeira alegria: Jesus!


PS: Aos que estiverem enfraquecidos, desanimados... Convido que retome e leia  Isaías 35.  O Profeta fala nas entranhas de nosso coração...

Alegremo-nos, o Senhor está para chegar! (IIIDTAA)

Alegremo-nos, o Senhor está para chegar!

“Alegrai-vos sempre no Senhor, de novo vos digo,
alegrai-vos: O Senhor está perto” (1)

A Liturgia do 3º Domingo do Advento (ano A) é um convite à alegria pela proximidade do Senhor que está para chegar, cujo nascimento no Natal haveremos de celebrar.

Estamos, portanto, no Domingo da Alegria, que a Igreja chama de Domingo “Gaudete”.

A Palavra nos convida a não nos inquietarmos com nada: “Alegrai-vos, pois a libertação está para chegar”.

Na primeira Leitura, ouvimos a passagem do Profeta Isaías (Is 35, 1-6a.10), em que este tem o desejo de despertar a esperança e a confiança nos exilados.

Está próxima a chegada de Deus, que conduzirá o povo para a Terra da liberdade, da vida plena e feliz.

Trata-se de um hino em que se convida à autêntica alegria, deixando de lado todo desânimo, pois a ação de Deus consiste em gerar vida em abundância.

O Povo de Deus vive um segundo êxodo, ainda mais grandioso que o primeiro. É preciso que olhe o mundo com os olhos da esperança, jamais com os óculos do desespero, para não sucumbir diante das forças da morte que não prevalecem para sempre.

Nisto consiste o verdadeiro Advento: a contemplação da intervenção divina; e ser, no mundo, como o profeta Isaías uma testemunha da alegria, da confiança em Deus e da esperança que n’Ele não decepciona.

De fato, ser Profeta é remar contra a maré, vendo o mundo com os olhos de Deus. É preciso, no mundo, ontem, hoje e sempre, homens e mulheres que deem este testemunho.

Na passagem da segunda Leitura (Tg 5,7-10), Tiago exorta a comunidade a não desistir da espera do Senhor que vem, cultivando a paciência e a confiança.

Tiago é um sábio judeu-cristão que repensa, de maneira muito original, as máximas da sabedoria judaica, vividas plenamente nas Palavras e ação do Senhor.

Preocupa o autor o abuso da sobreposição da fé às obras, bem como o abuso dos ricos sobre os pobres.

Exorta à perseverança, à união e a não perda dos valores cristãos, apresentando para isto, a proposta de uma autêntica vida cristã.

Acentua nesta passagem a esperança que deve iluminar o coração de todos na comunidade, pois a libertação está para chegar, mas a confiança no Senhor não nos permite o cruzar dos braços.

Esta esperança, acompanhada da paciência e confiança, é que dá coragem na luta, no bom combate da fé, em sua perfeita tradução em obras.

Esperar com confiança, mas sem revolta. Empenhar-se prontamente para o Projeto Libertador de Deus, que significa para nós a verdadeira preparação para o Natal.

Na passagem do Evangelho (Mt 11,2-11), refletimos sobre a ação de Jesus que veio para comunicar vida, alegria e luz. Um Reino de justiça e de paz com Ele se inaugura. 

A passagem pode ser dividida em duas partes: na primeira, Jesus responde a pergunta de João Batista, confirmando que Jesus é Ele mesmo, o Messias esperado.

Na segunda, temos a descrição, pelo próprio Jesus, de Sua Pessoa, mensagem e missão.

A mensagem central é que Deus vem sempre ao nosso encontro, jamais nos abandona e sempre continuará a vir, oferecendo-nos a Salvação.

Com Ele tudo se transforma: os desesperados encontram a esperança; os surdos recuperam a possibilidade de escutar a Sua Palavra em comunicação autêntica; os cegos voltam a enxergar um novo horizonte; os coxos e paralíticos reencontram a liberdade, o dinamismo para a vida e, finalmente, os pobres, correspondendo ao Amor de Deus, vivem a partilha e a solidariedade. O mundo marcado pela mentira e fingimento dará lugar ao mundo novo marcado pela verdade, sinceridade.

Com Jesus, na acolhida de Sua Pessoa e Sua Palavra, tudo se renova. Nisto consistirá para nós o Natal genuinamente cristão.

É esta a mensagem que a Liturgia do Domingo “Gaudete” nos apresenta: alegria verdadeira somente com Deus, e em Deus, pode ser encontrada; e esta tão somente é alcançada no exato momento que reconhecemos nossa fragilidade e nos abrimos à manifestação do poder de Deus e de Sua presença, que comunica graça e perdão.

Somos feitos por Deus para a alegria. Que jamais a percamos, cultivando a paciência necessária, e o nosso olhar de fé seja sempre renovado.

A Liturgia do Advento, os momentos pessoais, familiares e comunitários de Oração e uma boa confissão devem nos transformar.

Reflitamos:

Ø Como estamos preparando o Natal do Senhor?
Ø Como andam nossa alegria, confiança e esperança no Senhor?

Ø Qual é o fundamento de nossa alegria?
Ø Em que consiste a verdadeira alegria que Deus quer nos oferecer?

Ø Num mundo marcado pela depressão, tristeza, dor e morte, como ser sinal de vida e de alegria?
Ø A alegria tem sido uma marca de nossas comunidades?


A Festa do Natal do Senhor se aproxima, muito mais que comemorada, é preciso que seja celebrada e, assim, a alegria e a esperança invadirão nosso coração. No coração dos que creem irromperá a alegria e a luz do Natal.

Não deixemos lugar algum para o desânimo, desesperança. Descruzemos os braços e abramos o coração.

Maranathá! Vem Senhor Jesus!

(1) Antífona de entrada da Missa do 3º Domingo do Advento. 

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