domingo, 14 de dezembro de 2025

Minhas reflexões no Youtube

 
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Em poucas palavras...

 


Deus quer a nossa felicidade

"Não há evangelização que não leve a uma libertação. O alegre anúncio do Cristo libertador só é digno de fé se seus mensageiros sabem vivenciá-lo e ser testemunhas de alegria...

Deus quer a felicidade dos homens, seu bom êxito. Os cristãos devem saber que a boa nova da salvação é uma mensagem de alegria e libertação.” (1)

 

(1)               Missal Dominical – Editora Paulus – 1995 – p. 18

Alegremo-nos, o Senhor está para chegar! (IIIDTAA)

Alegremo-nos, o Senhor está para chegar!

“Alegrai-vos sempre no Senhor, de novo vos digo,
alegrai-vos: O Senhor está perto” (1)

A Liturgia do 3º Domingo do Advento (ano A) é um convite à alegria pela proximidade do Senhor que está para chegar, cujo nascimento no Natal haveremos de celebrar.

Estamos, portanto, no Domingo da Alegria, que a Igreja chama de Domingo “Gaudete”.

A Palavra nos convida a não nos inquietarmos com nada: “Alegrai-vos, pois a libertação está para chegar”.

Na primeira Leitura, ouvimos a passagem do Profeta Isaías (Is 35, 1-6a.10), em que este tem o desejo de despertar a esperança e a confiança nos exilados.

Está próxima a chegada de Deus, que conduzirá o povo para a Terra da liberdade, da vida plena e feliz.

Trata-se de um hino em que se convida à autêntica alegria, deixando de lado todo desânimo, pois a ação de Deus consiste em gerar vida em abundância.

O Povo de Deus vive um segundo êxodo, ainda mais grandioso que o primeiro. É preciso que olhe o mundo com os olhos da esperança, jamais com os óculos do desespero, para não sucumbir diante das forças da morte que não prevalecem para sempre.

Nisto consiste o verdadeiro Advento: a contemplação da intervenção divina; e ser, no mundo, como o profeta Isaías uma testemunha da alegria, da confiança em Deus e da esperança que n’Ele não decepciona.

De fato, ser Profeta é remar contra a maré, vendo o mundo com os olhos de Deus. É preciso, no mundo, ontem, hoje e sempre, homens e mulheres que deem este testemunho.

Na passagem da segunda Leitura (Tg 5,7-10), Tiago exorta a comunidade a não desistir da espera do Senhor que vem, cultivando a paciência e a confiança.

Tiago é um sábio judeu-cristão que repensa, de maneira muito original, as máximas da sabedoria judaica, vividas plenamente nas Palavras e ação do Senhor.

Preocupa o autor o abuso da sobreposição da fé às obras, bem como o abuso dos ricos sobre os pobres.

Exorta à perseverança, à união e a não perda dos valores cristãos, apresentando para isto, a proposta de uma autêntica vida cristã.

Acentua nesta passagem a esperança que deve iluminar o coração de todos na comunidade, pois a libertação está para chegar, mas a confiança no Senhor não nos permite o cruzar dos braços.

Esta esperança, acompanhada da paciência e confiança, é que dá coragem na luta, no bom combate da fé, em sua perfeita tradução em obras.

Esperar com confiança, mas sem revolta. Empenhar-se prontamente para o Projeto Libertador de Deus, que significa para nós a verdadeira preparação para o Natal.

Na passagem do Evangelho (Mt 11,2-11), refletimos sobre a ação de Jesus que veio para comunicar vida, alegria e luz. Um Reino de justiça e de paz com Ele se inaugura. 

A passagem pode ser dividida em duas partes: na primeira, Jesus responde a pergunta de João Batista, confirmando que Jesus é Ele mesmo, o Messias esperado.

Na segunda, temos a descrição, pelo próprio Jesus, de Sua Pessoa, mensagem e missão.

A mensagem central é que Deus vem sempre ao nosso encontro, jamais nos abandona e sempre continuará a vir, oferecendo-nos a Salvação.

Com Ele tudo se transforma: os desesperados encontram a esperança; os surdos recuperam a possibilidade de escutar a Sua Palavra em comunicação autêntica; os cegos voltam a enxergar um novo horizonte; os coxos e paralíticos reencontram a liberdade, o dinamismo para a vida e, finalmente, os pobres, correspondendo ao Amor de Deus, vivem a partilha e a solidariedade. O mundo marcado pela mentira e fingimento dará lugar ao mundo novo marcado pela verdade, sinceridade.

Com Jesus, na acolhida de Sua Pessoa e Sua Palavra, tudo se renova. Nisto consistirá para nós o Natal genuinamente cristão.

É esta a mensagem que a Liturgia do Domingo “Gaudete” nos apresenta: alegria verdadeira somente com Deus, e em Deus, pode ser encontrada; e esta tão somente é alcançada no exato momento que reconhecemos nossa fragilidade e nos abrimos à manifestação do poder de Deus e de Sua presença, que comunica graça e perdão.

Somos feitos por Deus para a alegria. Que jamais a percamos, cultivando a paciência necessária, e o nosso olhar de fé seja sempre renovado.

A Liturgia do Advento, os momentos pessoais, familiares e comunitários de Oração e uma boa confissão devem nos transformar.

Reflitamos:

Ø Como estamos preparando o Natal do Senhor?
Ø Como andam nossa alegria, confiança e esperança no Senhor?

Ø Qual é o fundamento de nossa alegria?
Ø Em que consiste a verdadeira alegria que Deus quer nos oferecer?

Ø Num mundo marcado pela depressão, tristeza, dor e morte, como ser sinal de vida e de alegria?
Ø A alegria tem sido uma marca de nossas comunidades?


A Festa do Natal do Senhor se aproxima, muito mais que comemorada, é preciso que seja celebrada e, assim, a alegria e a esperança invadirão nosso coração. No coração dos que creem irromperá a alegria e a luz do Natal.

Não deixemos lugar algum para o desânimo, desesperança. Descruzemos os braços e abramos o coração.

Maranathá! Vem Senhor Jesus!

(1) Antífona de entrada da Missa do 3º Domingo do Advento. 

Vai nascer a flor... (IIIDTAA)

                                                                   

Vai nascer a flor...

Da esperança, na planície árida dos desesperados.
Da confiança, na planície inconstante dos inseguros.
Da alegria, na planície obscurecida dos entristecidos.
Da ação, na planície inibidora de sagrados compromissos.

Vai nascer a flor...

Da pureza, no cume da montanha, no coração dos inocentes.
Da verdade, no cume da montanha dos que não se curvam à mentira.
Da liberdade, no cume da montanha dos que a nada se escravizam.
Da sinceridade, no cume da montanha, dos que são transparentes.

Vai nascer a flor... 

Da acolhida, no vale dos que são rejeitados.
Da ternura, no vale dos que suplicam atenção.
Da valorização, no vale dos que são pisoteados.
Da dignidade sagrada, no vale dos que são violados.

Vai nascer a flor... 

Da fé, no abismo profundo do coração dos que não esmorecem.
Da esperança, no abismo profundo do coração dos que não vacilam.
Da caridade, no abismo profundo do coração dos que cultivam o amor.
Das virtudes divinas, que fazem florir o mais belo jardim.

Vai nascer a flor... 

De mil nomes possíveis, no canteiro imenso do mundo,
Porque assim faz Deus com Suas sementes imensuráveis,
Se acolhidas e regadas com Oração, e por vezes com lágrimas,
Na morte das sementes, vidas novas renascidas – Ressuscitadas.

Vai nascer a flor... 

Que perdemos provisoriamente lá no belo Paraíso,
Mas que pela fidelidade à Palavra vivida,
Com o arado da Cruz, o mundo preparado,
Novo céu, nova terra floridos: esperados, realizados.

Vai nascer a flor... 

No coração dos que não fixaram âncoras no passado,
Mas que se puseram a caminho com o Senhor:
Ora atravessando o deserto com seus desafios,
Ora a turbulenta água do mar da existência.

Vai nascer a flor...

No coração dos poetas e dos Profetas
Que sonham e descrevem um mundo diferente, renovado...
Que olham para o futuro com os olhos de Deus, o mais belo olhar.
Que veem, além do horizonte do sol poente, um novo amanhecer.

Vai nascer a flor...

No coração dos que não perdem a confiança na humanidade,
Que se abrem ao Mistério do Amor revelado pela Santíssima Trindade,
Que nutrem e germinam, no tempo presente, flores de eternidade. Amém.

Vai nascer a flor...



PS: Oportuno para refletirmos a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 4,1-13) - onde-se lê "planície árida", podemos ler o "deserto" e aprofundar o tema do Jubileu da Esperança - 2025. Também para que vivamos um fecundo Tempo do Advento, tempo de esperança, mudança e alegria pela vinda do Verbo que fez e fará morada entre nós.

Deus nos criou para a alegria! (IIIDTAA)

Deus nos criou para a alegria!

A Liturgia do 3º Domingo do Advento (ano A) nos convida à alegria, sobretudo porque se aproxima uma das maiores Festas do cristianismo: O Natal do Senhor!

A alegria pela libertação chegou e a esperança está acesa: “Alegrai-vos no Senhor...” é o refrão que sentimos ressoar no mais profundo de nossa alma ao ouvir a proclamação da Palavra de Deus (Is 35,1-6.10; Tg 5,7-10; Mt 11,2-11).

O profeta Isaías tem uma única intenção: despertar a esperança e a confiança dos exilados.

Nada de desânimo, nada de covardia, nada de abaixar os braços, pois Deus vem para salvar e libertar o Seu povo...  O profeta é aquele que planta no mais profundo de quem precisa a semente da esperança que se concretiza na confiança e na coragem de lutar, no empenho do bom combate da fé.

O profeta, como portador da Palavra de Deus, é aquela voz que nos acompanha, nos fortalece no irrenunciável empenho com o Projeto libertador de Deus que é a ação de gerar vida em abundância.

O Profeta assume a história de seu povo, coloca-se com ele em marcha, da escravidão para a liberdade, olhando o mundo com o olhar da esperança, levando todos a abandonar os óculos escuros do desespero.

Urge que acolhamos, como os profetas, a proposta libertadora de Deus em nossa vida, remando contra a maré  das ideias dominantes, nem sempre coincidentes com o pensamento divino. 

Deste modo o profeta olha o mundo com os olhos de Deus para testemunhar com fidelidade, confiança e esperança em todas as circunstâncias e em todos os momentos.

Com os profetas e com o Apóstolo Tiago, aprendemos que alegria de Deus não nos dispensa de compromissos, empenhos, embates, passos largos a serem dados em busca de horizontes inéditos, como que reconstruindo o paraíso que foi manchado pelo pecado.

O Apóstolo Tiago nos exorta à paciência e ao olhar de fé que deve ser renovado cotidianamente em cada Banquete da Eucaristia celebrado a fim de que a alegria e a esperança invadam nosso coração.

Ele também nos ensina que é sempre tempo de reavivar a confiança e paciência na espera do Senhor que veio, vem e virá... Recuperar e jamais perder os valores cristãos autênticos e cultivar a paciência até que ocorra a intervenção final de Deus na história: confiar no Senhor não é sinônimo de cruzar os braços.

Urge cada dia, reconstruir o paraíso, não como saudade estéril, mas como esperança e confiança frutuosa.

Deste modo é que no Evangelho contemplamos a ação de Jesus; Deus veio ao nosso encontro através do Seu Filho e com Ele a proposta libertadora: os desesperados recuperam a esperança, os surdos voltam a escutar a Palavra, os cegos enxergam novo horizonte além do sol poente; os coxos reconquistam a liberdade; os pobres se abrem para a solidariedade e o amor de Deus.

Num mundo marcado pela mentira e fingimento, urge a necessidade da sinceridade, como nos motiva o testemunho de João Batista que exerce sua missão com fidelidade, sinceridade e sem medo.

Com João, e todos os profetas, aprendemos uma salutar lição: a força divina começa no exato momento em que reconhecemos a nossa fragilidade e nos abrimos à manifestação de Deus, à ação de Sua graça e abertura para o Seu perdão.

Somente deste modo a alegria e a esperança invadirão e transbordarão em nosso coração: “irromperá no coração dos que creem a alegria da luz do Natal!”.

Reflitamos:

- Num mundo marcado pela depressão, tristeza, dor, como ser sinal de alegria?

- Onde e quando precisamos ser profetas da alegria, portadores de uma Palavra que renova, revigora, refaz forças na construção do Reino de Deus?

- Qual o caminho verdadeiro para expor nossas dúvidas com toda sinceridade diante de Deus e com quem convivemos?

Preparemos o Natal para que vivamos uma vida cristã mais autêntica e a alegria verdadeira será mais que desejável em nosso coração; será transbordamento, porque edificada sobre o fundamento e fonte da verdadeira alegria: Jesus!


PS: Aos que estiverem enfraquecidos, desanimados... Convido que retome e leia  Isaías 35.  O Profeta fala nas entranhas de nosso coração...

Tempo do Advento: Ele virá ao nosso encontro (IIIDTAA)

 


Tempo do Advento: Ele virá ao nosso encontro
 
“Irmãos, ficai firmes até à vinda do Senhor.
Vede o agricultor: ele espera o precioso fruto da terra e fica firme até cair a chuva do outono ou da primavera.
Também vós, ficai firmes e fortalecei vossos corações,
porque a vinda do Senhor está próxima.
 Eis que o juiz está às portas.” (Tg 5,7-8.9b)

No Tempo do Advento beleza, leveza e suavidade se encontram,
Entrelaçam-se de  tal modo, que é impossível separá-las.
 
Mas trazem implícita a necessária mudança e conversão:
“Preparai os caminhos do Senhor” clama o Profeta.
 
Trazem, sem ruídos indesejáveis a alegre notícia:
Em breve, celebraremos o Mistério da Divina Encarnação.
 
Um Deus se fará um frágil doce e terno Menino,
Fragilidade na manjedoura será nossa divina luz.
 
Na fome, a experimentar como toda criança,
Será Pão da Vida para humanidade alimentar.
 
Seu sangue, circulando em tão frágeis veias,
Será o Sangue da Redenção na Divina Ceia.
 
Advento: a esperança de que a escuridão do pecado
Cederá lugar à luz, pelo Verbo entre nós encarnado.
 
Advento: alegre anúncio de uma vinda iminente,
Sua presença será, tão somente, pelos pobres testemunhada.
 
É tempo de dobrarmos nossos joelhos por um tempo,
Mas, renovados, continuar o longo caminho.
 
Advento: contas do Rosário desfiadas,
Mistérios contemplados, fé, esperança e caridade renovadas.
 
Preparar para celebrar a primeira vinda do Senhor;
Aguardar a segunda, viver com zelo a intermediária.
 
Advento: Ele veio, Ele vem, Ele há de vir!
Natal: a alegria e o amor em nosso coração a transbordar...

Com João Batista, preparemos um Santo Natal

                                                 

Com João Batista, preparemos um Santo Natal

Sejamos enriquecidos pelo Sermão do bispo Santo Agostinho (séc. V):

João era a voz, mas o Senhor, no princípio, era a Palavra (Jo 1,1). João era a voz passageira, Cristo, a Palavra eterna desde o princípio. Suprimi a palavra, o que se torna a voz? Esvaziada de sentido, é apenas um ruído. A voz sem palavras ressoa ao ouvido, mas não alimenta o coração.

Entretanto, mesmo quando se trata de alimentar nossos corações, vejamos a ordem das coisas. Se penso no que vou dizer, a palavra já está em meu coração. Se quero, porém, falar contigo, procuro o modo de fazer chegar ao teu coração o que já está no meu.

Procurando então como fazer chegar a ti e penetrar em teu coração o que já está no meu, recorro à voz e por ela falo contigo. O som da voz te faz entender a palavra; e quando te fez entendê-la, esse som desaparece, mas a palavra que ele te transmitiu permanece em teu coração, sem haver deixado o meu.

Não te parece que esse som, depois de haver transmitido minha palavra, está dizendo: É necessário que Ele cresça e eu diminua? (Jo 3,30). A voz ressoou, cumprindo sua função, e desapareceu, como se dissesse: Esta é a minha alegria, e ela é completa (Jo 3,29). Guardemos a Palavra; não percamos a Palavra concebida em nosso íntimo.

Queres ver como a voz passa e a Palavra divina permanece? Que foi feito do batismo de João? Cumpriu sua missão e desapareceu; agora é o Batismo de Cristo que está em vigor. Todos cremos em Cristo e esperamos d’Ele a Salvação: foi o que a voz anunciou.

Justamente porque é difícil não confundir a voz com a palavra, julgaram que João era o Cristo. Confundiram a voz com a Palavra. Mas a voz reconheceu o que era para não prejudicar a Palavra. Eu não sou o Cristo (Jo 1,20), disse Joãonem Elias nem o Profeta.

Perguntaram-lhe então: Quem és tu? Eu sou, respondeu ele, a voz que grita no deserto: “Aplainai o caminho do Senhor” (Jo 1,19.23). É a voz do que grita no deserto, do que rompe o silêncio. Aplainai o caminho do Senhor, como se dissesse: ‘Sou a voz que se faz ouvir apenas para levar o Senhor aos vossos corações. Mas Ele não Se dignará vir aonde o quero levar, se não preparardes o caminho’.

O que significa: Aplainai o caminho, senão: Orai como se deve orar? O que significa ainda: Aplainai o caminho, senão, tende pensamentos humildes? Imitai o exemplo de João: julgam que ele é o Cristo, e ele diz não ser Aquele que julgam; não se aproveita do erro alheio para uma afirmação pessoal.

Se tivesse dito: ‘Eu sou o Cristo, facilmente teriam acreditado nele, pois já era considerado como tal antes que o dissesse. Mas não disse, pelo contrário, reconheceu o que era, disse o que não era, foi humilde. Viu de onde lhe vinha a salvação; compreendeu que era uma lâmpada e temeu que o vento do orgulho pudesse apagá-la”.

O bispo acentua que o Profeta João é a voz, Cristo, a Palavra. Acolhamos esta voz tão preciosa, que nos fala da última voz profética, e nos ajuda na preparação do caminho para a chegada da Palavra, o próprio Senhor.

Que a humildade, a coragem, a disponibilidade, o vigor, o entusiasmo, e tantas outras virtudes do Precursor, possam ser contempladas e vividas por nós, de modo que o orgulho e a vaidade não ofusquem a maravilhosa missão que o Pai nos confiou por meio de Jesus: comunicar ao mundo a Luz do Santo Espírito.

Vivendo o Tempo do Advento este Sermão nos inspira e nos motiva na caminhada espiritual e pastoral, vigilantes e orantes na espera do Senhor que veio, vem e virá. Maranathá!

Reflitamos:

-  Somos uma voz a comunicar a Palavra de Deus?

- Como o  fazemos mais intensamente com a nossa própria vida, atitudes e compromissos?

-  O que temos comunicado para as pessoas que nos cercam e nos ouvem?

- Como estamos preparando o caminho do Senhor, para bem celebrarmos Sua chegada, a Festa do Natal que se aproxima?

Com João, aprendamos a preparar um Santo Natal de amor, vida e paz!

Advento: irradiar alegria (IIIDTA)

                                                             

Advento: irradiar alegria

A Liturgia do 3º Domingo do Advento é um convite à alegria pela proximidade do Senhor que está para chegar, cujo nascimento no Natal haveremos de celebrar, por isto é chamado de Domingo da Alegria, ou seja, Domingo “Gaudete”.

Retomo duas citações de Raniero Cantalamessa para refletirmos sobre a autêntica alegria, que somos chamados a viver e a irradiar, se nos prepararmos e celebrarmos ativa, piedosa e conscientemente o Banquete da Eucaristia:

“Daquela alta fornalha, a suavidade do Espírito Santo se derrama sobre as criaturas que encontram Jesus; o Espírito Santo é a esteira de perfume que Jesus deixou atrás de si passando entre os homens. Por onde passa Jesus - e é acolhido – difunde-se por isso a alegria” (1);

“O inimigo da alegria não é o sofrimento; é o egoísmo, o voltar-se sobre si mesmo, a ambição. O homem voltado sobre si mesmo é um porco-espinho que mostra somente espinhos, uma casa fechada, um castelo com as pontes levadiças erguidas” (2).

O Tempo do Advento nos convida a sentir a alegria pela proximidade da graça de celebrar o Nascimento do Salvador, e esta somente poderá ser sentida e contemplada por aqueles que como Jesus deixaram “esteiras de perfume”, como Jesus o fazia.

Caminhar com o Senhor e deixar boas marcas, saudáveis memórias, doces legados; sementes lançadas a germinar e frutificar, ainda que não saboreemos os frutos.

Caminhar com o Senhor, acolhido ou não, mas sempre em frente, sem esmorecimento e lamentos estéreis, porque há um mundo sedento de ouvir uma Palavra que irradie luz, que seja como um bálsamo para a dor e pranto vivenciado.

Que o Senhor nos ensine a experimentar a verdadeira alegria, que nasce da Sua morte e Ressurreição, e que o mundo jamais poderá roubar ou matar. Alegrar-se sempre no Senhor, como nos exorta o Apóstolo Paulo: Alegrai-vos sempre no Senhor, insisto: Alegrai-vos!” (Fl 4,4)

Livre-nos, o Senhor, de sermos como “castelo com as pontes levadiças erguidas”, ou o “porco-espinho que mostra somente espinhos”.

Sejamos libertos de todo o egoísmo, autossuficiência, melancolia, para que sejamos cada vez mais abertos às necessidades do próximo, em gestos multiplicados de acolhida, amor e partilha.

Advento é o tempo em que somos desafiados a não naufragar no mar dos lamurientos e agourentos de plantão, prontos para matar as sementes de confiança e esperança de um novo amanhecer.

Seja a Igreja como “castelos” a abrir e descer suas portas, a fim de que sejamos uma Igreja “em saída”, levando a Boa Notícia do Evangelho às desafiadoras “periferias existenciais” (cf. Bula “Misericordiae Vultus” - Papa Francisco). 


(1) O Verbo Se faz Carne – Raniero Cantalamessa - Editora Ave Maria – 2013 - p.494
(2) Idem p.495

"Sete duelos"

                                                               

"Sete duelos"

“ Sede sóbrios e vigilantes. O vosso adversário, o diabo, rodeia como um leão a rugir, procurando a quem devorar. Resisti-lhe, firmes na fé.” (1 Pd 5, 8-9a)

Inicialmente, vi a verdade duelando com a mentira que, muitas vezes, se apresentou na boca de pessoas bem maquiadas, trajadas, com palavras bem versadas.

Mentira tão bem apresentada, com convicção e persuasão, que parecia uma verdade incontestável. Vi a verdade tão frágil como se não fosse sobreviver. Mas a verdade não pode morrer, pois seria a morte da própria história e da humanidade.

O duelo continuará. Que vença a verdade no final, a verdade que nos faz verdadeiramente livres, que nos vem do Evangelho, como o próprio Senhor nos diz: – “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8, 32).

Vi a vida duelando com a morte, e assim o fará até o fim da existência. Vi a vida florescendo teimosamente numa flor na singeleza de um barranco, ou brotando nas fendas do asfalto.

Vi a vida vencendo a morte, quando o pão foi partilhado, quando se fez renascer o sorriso nos lábios de alguém que participou de nosso cotidiano, amenizando a dor e o drama de uma solidão e, por vezes, até mesmo abandono, em visitas solidárias e expressão de compaixão e comunhão.

Vi este duelo de tantas pessoas que, em suas atividades profissionais, com zelo, amor, ética, tudo fazem para resgatar, salvar vidas, dando o melhor de si, mesmo na precariedade de recursos materiais e humanos; vencendo cansaços, limites, descasos e carências em todos os âmbitos (educação, saúde, lazer, habitação...).

O duelo continuará. Que a vida seja no final a mais bela vencedora: a vida plena e feliz que Jesus veio nos trazer – “Eu vim para que todos tenham vida e tenham vida plenamente” (Jo 10, 10).

Vi a luz quase que se apagando diante da imensidão das trevas do pecado, da injustiça, da infidelidade, desobediência aos desígnios divinos para a humanidade. Mas vi que quanto maior a escuridão, maior é o efeito da chama.

Aprendi com muitos que o auge da escuridão é, de fato, o início de um novo dia; luz que haverá de ser irradiada, sobretudo, por aqueles que um dia o Batismo receberam, para ser no mundo luz, na prática da Boa-Nova das Bem-Aventuranças, como projeto e programa de vida.

O duelo continuará. Cremos na Palavra do Divino Mestre e Senhor que assim nos falou: “Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12).

Vi o sonho duelando com os pesadelos, quando pais e mães, incansáveis, se desdobraram para o melhor oferecer aos filhos, enfrentando filas e aprendendo o milagre da partilha do pouco que se tem, para que o milagre do amor possibilitasse a vitória de um filho (a) em objetivos e sonhos cultivados; bem como vi filhos que sonham, dando o melhor de si, para que o sonho de seus pais não se tornem tristes pesadelos, que roubam as forças e a alegria da existência e da razão, porque se deram e se doaram.

O duelo continuará. Que vençam os mais belos e sagrados sonhos, cultivados no sono sagrado, que alimenta de horizontes o tempo acordado de viver, como diz a canção.

Vi a fé, pequena como um grão de mostarda, duelando com a montanha da incredulidade da força de Deus, que vem em socorro de nossa fraqueza.

Vi a fé autêntica duelando com a fé alienante, por vezes mágica, transferindo soluções para Deus, quando Ele tudo dispôs em nossas mãos.

Até mesmo vi a fé com raízes bíblicas duelando com a pseudofé, fonte de renda e enriquecimentos improcedentes, e até escandalizantes.

Vi a fé de mãos dadas com a razão, em muitos que não se cansam de procurar respostas e saídas para amenizar a dor, o pranto, e o lamento de vidas pela enfermidade fragilizadas, agonizadas.

O duelo continuará. Que a fé seja o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem (Hb 11,1). Como que uma força e impulso que não nos permitem desistir do bom combate.

Vi a esperança, plantada, cultivada e enraizada em mentes e corações duelando contra o seu oposto, o nada mais esperar, como se tivesse chegado ao fim da história, ao caos absoluto e insuperável.

Vi a esperança no canto dos olhos de enfermos, em novo amanhecer envolvidos em suas atividades, como também no olhar de tantos (crianças, jovens, adultos e idosos) de que algo novo há de surgir.

Vi a esperança de mãos dadas com a alegria no coração dos que conseguem ver além do cinza dos muros, e, se preciso como poetas e cantores, emprestam a voz, o olhar e os ouvidos para anunciar que podemos construir a paz, como incansáveis artesãos.

O duelo continuará. Como Abraão que, em esperança, creu contra a esperança, para que se tornasse pai de muitas nações (Rm 4,18), e como canta o poeta: “mas renova-se a esperança. Nova aurora a cada dia. E há que se cuidar do broto para que a vida nos dê flor, flor e fruto”.

Finalmente, vi o maior de todos os duelos: o amor duelando com o ódio, em tantas notícias de violência, assassinatos, chacinas, sangue de inocentes derramado, o chão tristemente marcando, com manchas execráveis, que ferem nosso olhar e nos fazem sofrer pela triste lembrança.

Vi o ódio sorrindo, em aparente destruição do amor, como se ele pudesse ser e ter a última palavra. Mas cremos que o amor é a força que, ainda que em aparentes últimos suspiros, renasce para além de nossa compreensão e discursos racionais, pois o amor jamais passará, nos disse o apóstolo e assim o cremos (1 Cor 13, 8).

O duelo continuará. Que vença o amor no final, pois fomos criados pelo Amor da Trindade, para viver no amor, e amando, encontrar o sentido do existir e a verdadeira felicidade. Somente quem ama é verdadeiramente feliz. 

Sete duelos que vi e vivi, ou que vimos e vivemos; duelos que continuaremos enfrentando, sem fugas e recuos, sempre com o Amor de Deus, que foi pelo Espírito derramado em nossos corações (Rm 5,5).

Na fidelidade a Jesus, renovemos sagrados compromissos com o Seu Reino; permaneçamos firmes no bom combate da fé (2Tm 4, 7-8), contando sempre com a força do Espírito, para que sejamos totalmente atentos aos desígnios do Pai.
Permaneçamos firmes e vigilantes no bom combate da fé, sempre! 

PS: Oportuno para o 3ºDomingo do Advento - Domingo da Alegria.

"Receita da Alegria" (IIIDTAA)

                                                         

"Receita da Alegria"

Com certa frequência aparecem propostas de "decálogos", e podemos ver uma delas no texto da Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses (1 Ts 5, 16-24).


Ao contrário de tantas falsas promessas de alegria, de felicidade, de realização em todos os âmbitos, temos dez indicações que se pode chamar de "receita da alegria":

1 - "Estai sempre alegres",
É a recomendação de São Paulo. Alegria é tarefa, virtude a ser praticada, decisão tomada com clareza, antes de ser uma efusão de barulho ou gargalhadas, quem sabe motivadas por exterioridades que não realizam as pessoas.

2 - "Rezai sem cessar"
Como sabemos que quem reza se salva, temos também a certeza de que o apelo à Oração, especialmente na participação da Santa Missa, é caminho certo para manter a verdadeira alegria.

3 - "Dai graças em todas as circunstâncias"!
Olhar ao redor e identificar os inúmeros motivos que temos para agradecer, muito maiores do que os problemas existentes. Vale a pena tomar posse, com a graça de Deus, da boa notícia de cada dia!

4 - "Não apagueis o Espírito"
É por Ele que somos conduzidos e seremos felizes se ouvirmos sempre a Sua voz, que se manifesta em nossa consciência.

5 - "Não desprezeis os dons de profecia, mas examinai tudo e guardai o que for bom"
 O Senhor não nos entregou ao acaso dos acontecimentos, mas garantiu a assistência do Espírito Santo, para discernir o que é útil à nossa salvação. Vale a pena prestar atenção, porque há muita inspiração enviada por Deus aos pequeninos e aos mais jovens.

6 - "Afastai-vos de toda espécie de mal"
Não brincar com fogo para não se queimar, ensinam nossos pais. Radicalidade, fuga do pecado, seriedade na vivência da Lei de Deus.

7 - "Que o próprio Deus da paz vos santifique inteiramente"
Buscar a paz e a realização fora de Deus só conduz ao fracasso. Nosso mundo multiplica leis e regulamentos, mas falta-lhe a alma para encontrar a paz, que só pode vir de Deus.

8 - "Todo o vosso ser – o espírito, a alma e o corpo – seja guardado irrepreensível"
Não basta o cuidado do corpo, com a higiene, a alimentação, os exercícios físicos. É necessário cuidar da vida interior, se queremos ser realmente felizes e alegres!

9 - "Para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo" De fato, "se é só para esta vida que pusemos a nossa esperança em Cristo, somos, dentre todos os homens, os mais dignos de compaixão" (1 Cor 15, 19). Fonte de felicidade é olhar também para a eternidade, depois de nossa Páscoa pessoal na morte!

10 - "Aquele que vos chama é fiel”, Ele mesmo fará isto. A última recomendação é a certeza de que estamos nas mãos de quem nos pode dar a verdadeira alegria!”

Preparando-nos para celebrar o Natal do Senhor, não deixemos que pseudoalegrias nos deixem entorpecidos e não acolhamos a Divina Fonte da Alegria, o Menino Deus que vem ao nosso encontro, faz-Se um de nós, igual a nós, exceto no pecado, lá no presépio, na humilde manjedoura, o Seu primeiro Altar, para Se fazer presente em tantos Altares da Eucaristia pelo mundo, e de modo também muito especial no altar de nosso coração, onde fez também Sua morada. 

Agora é acolher a proposta e vivê-la: Palavra de Deus acolhida, crida e vivida é certeza de que algo novo irromperá em nossa vida.


PS: Fonte -  Dom Alberto Taveira Corrêa - Arcebispo de Belém do Pará (PA). 

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