quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Rezando com os Salmos - Sl 105 (106)

 



Nossa infidelidade e a eterna bondade divina

“–1 Dai graças ao Senhor, porque ele é bom,
porque eterna é a Sua misericórdia!
–2 Quem contará os grandes feitos do Senhor?
Quem cantará todo o louvor que Ele merece?

–3 Felizes os que guardam Seus preceitos
e praticam a justiça em todo o tempo!
–4 Lembrai-Vos, ó Senhor, de mim, lembrai-Vos,
pelo amor que demonstrais ao Vosso povo!

– Visitai-me com a Vossa salvação,
5 para que eu veja o bem-estar do Vosso povo,
– e exulte na alegria dos eleitos,
e me glorie com os que são Vossa herança.

–6 Pecamos como outrora nossos pais,
praticamos a maldade e fomos ímpios;
–7 no Egito nossos pais não se importaram
com os Vossos admiráveis grandes feitos.

– Logo esqueceram Vosso amor prodigioso
e provocaram o Senhor no mar Vermelho;
–8 mas salvou-os pela honra de Seu nome,
para dar a conhecer o Seu poder.

–9 Ameaçou o mar Vermelho e ele secou,
entre as ondas os guiou como em deserto;
–10 dos seus perseguidores os salvou,
e do poder do inimigo os libertou.

–11 Seus opressores afogaram-se nas águas,
tanto assim que não sobrou nenhum sequer.
–12 Então tiveram fé na Sua palavra
e cantaram em seguida o Seu louvor.

–13 Mas bem depressa esqueceram Suas obras,
não confiaram nos projetos do Senhor.
–14 No deserto deram largas à cobiça,
na solidão eles tentaram o Senhor.

–15 Concedeu-lhes o Senhor o que pediam
e saciou a Sua gula e seus desejos.
–16 Invejaram a Moisés no acampamento,
e a Aarão, o consagrado do Senhor.

–17 Abriu-se a terra e ali tragou Datan
e sepultou o bando todo de Abiron.
–18 Um fogo consumiu seus seguidores,
uma chama devorou aqueles ímpios.

–19 Construíram um bezerro no Horeb
e adoraram uma estátua de metal;
–20 eles trocaram o seu Deus, que é Sua glória,
pela imagem de um boi que come feno.

–21 Esqueceram-se do Deus que os salvara,
que fizera maravilhas no Egito;
–22 no país de Cam fez tantas obras admiráveis,
no mar Vermelho, tantas coisas assombrosas.

–23 Até pensava em acabar com Sua raça,
não tivesse Moisés, o seu eleito,
– se interposto, intercedendo junto a Ele,
para impedir que Sua ira os destruísse.

–24 Desprezaram uma terra de delícias,
não confiaram na Palavra do Senhor;
–25 murmuraram contra Ele em Suas tendas,
não quiseram escutar a Sua voz.

–26 Então, erguendo a mão, Ele jurou
que havia de prostrá-los no deserto
– e dispersar os filhos Seus por entre os povos,
espalhando-os através da terra inteira.

–27 Renderam culto a Baal, deus de Fegor,
e comeram oblações a deuses mortos;
–28 provocaram o Senhor com Suas práticas,
e uma peste entre eles se alastrou.

–30 Então Fineias levantou-Se e fez justiça,
e a peste em seguida terminou;
–31 justiça seja feita, pois, a Ele,
de geração em geração, por todo o sempre!

–32 Junto às águas de Meriba O irritaram,
e Moisés saiu-se mal por causa deles;
–33 porque tinham irritado seu espírito
e o levaram a falar sem refletir.

–34 Não quiseram suprimir aqueles povos,
que o Senhor tinha mandado exterminar;
–35 misturaram-se, então, com os pagãos,
e aprenderam seus costumes depravados.

–36 Aos ídolos pagãos prestaram culto,
que se tornaram armadilha para eles;
–37 pois imolaram até mesmo os próprios filhos,
Sacrificaram Suas filhas aos demônios.

–38 O sangue inocente derramaram,
o sangue de seus filhos e suas filhas,
– que aos deuses de Canaã sacrificaram,
profanando aquele chão com tanto sangue!

–39 Contaminaram-se com Suas próprias obras,
prostituíram-se em crimes incontáveis.
–40 Acendeu-se a ira de Deus contra o Seu povo,
e o Senhor abominou a Sua herança.

–41 E entregou-os entre as mãos dos infiéis,
para que fossem dominados por estranhos;
–42 Seus inimigos se tornaram seus tiranos
e os humilharam sob o jugo de Suas mãos.

=43 Quantas vezes o Senhor os libertou!
Eles, porém, por malvadez o provocavam,
e afundavam sempre mais em seu pecado.
–44 Mas o Senhor tinha piedade do seu povo,
quando ouvia o seu grito na aflição.

–45 Lembrou-se então da Aliança em seu favor
e no Seu imenso amor se comoveu,
–46 fazendo que encontrassem compaixão
junto àqueles que os levaram como escravos.

–47 Salvai-nos, ó Senhor, ó nosso Deus,
e do meio das nações nos congregai,
– para ao Vosso santo nome agradecer
e para termos nossa glória em Vos louvar!

=48 Seja bendito o Senhor Deus de Israel,
desde sempre e pelos séculos sem fim!
Que todo o povo diga Amém, oh sim, Amém!”

Com o Salmo 105(106) contemplamos a bondade do Senhor, bem como tomamos consciência da infidelidade do povo a Ele em todo o tempo:

“A história do povo eleito é representada como uma sucessão de ingratidões. O salmista confessa os pecados povo ao Deus fiel, que sempre de novo salva seus escolhidos.” (1)

O Apóstolo Paulo retrata os abusos cometidos pelo povo de Deus no deserto, como podemos ler em sua Primeira Carta aos Coríntios (1Cor, 10,1-13).

Concluo com suas palavras no versículo 11:

“Estas coisas foram escritas para nos admoestar e instruir, a nós que já chegamos ao fim dos tempos”.

 

(1) Comentário da Bíblia Edições CNBB – p. 817

João Batista: o maior de todos os Profetas

João Batista: o maior de todos os Profetas

No Tempo do Advento, em várias passagens, vemos a presença de João Batista, que muito nos ajuda a viver intensamente a preparação da Celebração do Natal do Senhor, e uma delas, é a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 11,2-11).

João Batista, que foi enviado para preparar a vinda do Messias, o último dos Profetas, apontou o modo de como acolhê-Lo, e recebeu de Jesus estas Palavras: “em verdade Eu vos digo, de todos os homens que já nasceram, nenhum é maior do que João Batista” (Mt 11,11).

Inclusive, é honrado pelos mulçumanos como um dos vinte e cinco profetas do Islão, e o seu túmulo honorário, em Damasco, é sinal do diálogo entre cristãos e mulçumanos.

Vejamos o que nos diz o Corão sobre ele:

“Concedemos-lhe a sabedoria desde criança, ternura da nossa parte, e pureza. Era um dos timoratos, carinhoso com os seus pais, nem violento nem desobediente. A paz sobre ele no dia em que nasceu, no dia da sua morte e no dia em que será ressuscitado para uma nova vida” (Corão, 12.15).(1)

As palavras de João continuam ressoando em nossos dias, ajudando-nos a preparar o caminho que leva a Jesus Cristo, e assim celebrarmos um autêntico Natal.

Oremos:

“Despertai, Senhor, os nossos corações para prepararmos os caminhos do Vosso Filho Unigênito, a fim de que, pelo Mistério da Sua vinda, possamos servir-Vos com Espírito renovado. Por N.S.J.C. Amém”. (2)



(1) (2) Lecionário Comentado – Editora Paulus – Lisboa – 2011 - Volume Advento/Natal – p.114
Oportuno para a reflexão sobre as passagens: Mt 11,1115; Mc 1,1-8; Lc 3,10-18; 7,19-23; Jo 1,6-8.19-28)

Que o Natal seja cuidar da vida com amor...

                                                               

  Que o Natal seja cuidar da vida com amor...

Assim nos falou o Profeta Isaías na passagem proclamada na segunda quinta-feira do Advento (Is 41,13-20)

“Eu sou o Senhor teu Deus, que te tomo pela mão e te digo: Não temas eu te ajudarei” (Is 41,13).

Em tempo de Advento, ponhamo-nos a refletir sobre a Mão do Senhor que pousa sobre nós, ainda que não a sintamos muitas vezes, por pura insensibilidade, ingratidão, incredulidade...

Ainda que não mereçamos, porque pecadores e indignos... 

Ainda que as nossas mãos a Ele muitas vezes não estendemos, pelo contrário, até as cruzamos, ou mesmo as recolhemos em atitudes de egoísmo, indiferença e omissão...

Ainda que nos acontecimentos, sem nenhum merecimento, Sua mão nos dê força, segurança, muito mais do que um Porto Seguro, porque nos acompanha nas tempestades, por vezes, em incansáveis e desejáveis travessias...

Como temos que agradecer a Deus por jamais nos abandonar, desamparar, porque Ele é o Deus de bondade, compaixão, paciência e amor... 

Com o Salmo 144, assim cantamos o refrão:

Misericórdia e piedade é o Senhor! Ele é amor, é paciência é compaixão”.

A mão de Deus, quem a compreenderá? Como dela falar? Recordo-me de quantas vezes, em casa, ainda criança, às vezes disfarçando que estávamos dormindo, tão apenas para que a mãe viesse e nos tocasse com carinho e afeto, e puxando o velho e insubstituível cobertor para que nos cobrisse... 

Mais que o calor do cobertor, o carinho e o calor da presença da mão daquela que amamos, ainda que não saibamos, e não tenhamos expressado como merecia...

Talvez o leitor tenha a sua mãe ao lado, e se não a tiver deve estar se remoendo de saudades agora, relembrando o que certamente também deve ter feito... Crianças são assim, com raras exceções...

Natal, assim como a mãe que puxa o cobertor e nos cobre, é e será sempre a Festa do Amor de Deus que cuida de nós. Portanto, Natal será sempre a festa do cuidado da própria vida, da vida do próximo, da vida do planeta, nossa casa comum.

Cuidar jamais no sentido de intromissão que roube a liberdade, que exile a fidelidade enfraquecendo os elos da amizade...

Cuidar no sentido mais belo, cuidar como expressão de amor, zelo, apreço, carinho e compromisso para que sejamos todos mais felizes.

Aprendamos com Maria, a Mãe de Jesus, tão belas lições que tem a nos ensinar, a melhor cuidar da vida: da vida das crianças, dos enfermos, dos idosos, dos últimos, daqueles que são os preferidos de Deus.

Advento é Tempo de aprendizado para que o Natal seja o cuidado amoroso da vida.

A consolação divina

 


                      A consolação divina
 
“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e Deus de toda consolação” (2 Cor 1,3)
 
Jesus assim nos falou no Sermão da Montanha ao nos apresentar a terceira Bem-aventurança: “Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados” (Mt 5, 5).
 
Esta Bem-Aventurança nos remete ao Apóstolo Paulo (2 Cor 1,1-7), na qual ele nos fala de Deus como “o Pai das misericórdias e Deus de toda consolação” (2 Cor 1,3).
 
Acompanhado de uma bênção, o Apóstolo agradece a Deus que “gratifica com as Suas consolações àqueles que estão aflitos por causa do Evangelho, para que eles sejam por sua vez anunciadores da consolação” (vv.3-7). (1)
 
Em poucos versículos menciona nada menos do que dez vezes a palavra “consolação”. Esta consolação consiste na “libertação interior” diante da dor, com a certeza da presença do Pai de misericórdia que sustenta a quem sofre, e assim “o sofrimento é embebido de amor e serenidade” (2)
 
O Apóstolo tendo experimentado a misericórdia e bondade divinas, aprendeu a ser também ser instrumento destas para com seus irmãos: “Paulo agradece a Deus não só porque foi consolado, mas porque agora sabe como consolar” (3).
 
Da mesma forma, como discípulos missionários do Senhor, haveremos de comunicar aos outros a experiência de amor vivida em relação ao próximo: “A experiência é convincente, porque transmite alguma coisa de vivo, de pessoal” (4).
 
Deste modo, suportar com maturidade e confiança o sofrimento com Cristo, permite que aprofundemos a solidariedade e alcancemos a promessa da consolação que nosso Senhor fez, e sejamos bem-aventurados.
 
Ressoe também o Salmo 33, com seu refrão que, por vezes, retomamos na Celebração da Ceia Eucarística, ao apresentar o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo: “Provai e vede quão suave é o Senhor!”.
 
 
(1) Lecionário Comentado – Tempo Comum – Volume I – Editora  Paulus – Lisboa – p.479
(2) (3) (4) Missal Cotidiano – Ed Paulus – p.874

Em poucas palavras...

                                                               


Consolação 

Em poucos versículos (2 Cor 1,1-7), o Apóstolo Paulo menciona nada menos do que dez vezes a palavra “consolação”. 

Esta consiste na “libertação interior” diante da dor, com a certeza da presença do Pai de misericórdia que sustenta a quem sofre, e assim “o sofrimento é embebido de amor e serenidade”. (1)

 

(1) Fonte: Missal Cotidiano – Editora  Paulus – p.874 

 

Autêntica veneração dos santos e mártires

                                                          

 

Autêntica veneração dos santos e mártires
 
“Contudo, o culto chamado de latria, 
que consiste na adoração devida à divindade, 
reservamo-lo só para Deus, 
e não o prestamos aos Mártires 
nem ensinamos que se lhes deva prestar”
 
O bispo Santo Agostinho (séc. V), em seu Tratado contra Fausto, elimina qualquer possibilidade dos cristãos incorrerem em idolatria, com relação aos mártires que nos antecederam, e que testemunharam a sua fé na fidelidade ao Senhor, portanto, modelo para todos nós.
 
“O povo cristão celebra a memória dos seus mártires com religiosa solenidade, para se animar a imitá-los, participar dos seus méritos e ser ajudado com a sua intercessão; não dedica, porém, altares aos mártires, mas apenas em memória dos mártires.
 
Com efeito, qual é o bispo que, ao celebrar a Missa sobre os sepulcros dos Santos, disse alguma vez: Nós te oferecemos a ti, Pedro, ou a ti, Paulo, ou a ti, Cipriano?
 
A oblação é feita a Deus, que coroou os Mártires, junto dos sepulcros daqueles que Deus coroou, para que a evocação desses lugares santos desperte em nós um sentimento mais vivo de amor àqueles a quem podemos imitar e Àquele cujo auxílio nos torna possível a imitação.
 
Veneramos os mártires com um culto de amor e de comunhão, semelhante ao que dedicamos nesta vida aos santos homens de Deus, cujo coração sabemos estar já disposto ao martírio em testemunho da verdade do Evangelho. Mas àqueles que já superaram o combate e vivem triunfantes numa vida mais feliz, prestamos este culto de louvor com maior devoção e confiança do que àqueles que ainda lutam nesta vida.
 
Contudo, o culto chamado de latria, que consiste na adoração devida à divindade, reservamo-lo só para Deus, e não o prestamos aos Mártires nem ensinamos que se lhes deva prestar.
 
Como a oblação do sacrifício faz parte deste culto de latria – e por isso se chama idolatria a oblação feita aos ídolos – nós não o oferecemos nem mandamos oferecer aos Anjos, aos Santos, aos Mártires; e se alguém cai em tão grande tentação, é advertido com a verdadeira doutrina, para que se corrija e tenha cuidado.
 
Os Santos e os homens recusam-se a apropriar-se destas honras devidas exclusivamente a Deus. Assim fizeram Paulo e Barnabé quando os habitantes da Licaônia, impressionados com os milagres feitos por eles, quiseram oferecer-lhes sacrifícios como se fossem deuses; mas eles, rasgando os seus vestidos, proclamaram que não eram deuses, e deste modo impediram que lhes fossem oferecidos sacrifícios.
 
Uma coisa, porém, é o que nós ensinamos, e outra o que nós suportamos; uma coisa é o que mandamos fazer, e outra o que queremos corrigir e nos vemos forçados a tolerar, enquanto não conseguimos corrigi-lo.”
 
Como vemos, o bispo e a Igreja sempre tiveram clareza em relação ao culto dos Santos, de modo que exorta à celebração dos mártires, com um culto de amor e comunhão, mas toda adoração deve ser elevada a Deus, do contrário incorreríamos em inaceitável e abominável idolatria: “O povo cristão celebra religiosa solenidade e memória dos mártires  para se animar a imitá-los, participar de seus méritos e ser ajudados com a sua intercessão..."
 
O culto aos Santos e mártires, como nos ensina a Igreja, consiste em saber que vivemos na comunhão com aqueles que nos antecederam e estão na glória de Deus, como bem expressa o Prefácio da Missa, quando celebramos sua Festa ou Memória:
 
“Festejamos hoje, a cidade do céu, a Jerusalém do alto, nossa mãe, onde nossos irmãos, os Santos, Vos cercam e cantam eternamente o Vosso louvor. Para essa cidade caminhamos, pressurosos, peregrinando na penumbra da fé. Contemplamos, alegres, na Vossa luz, tantos membros da Igreja, que nos dais como exemplo e intercessão.”

É preciso purificar nossa fé, para que a nossa devoção aos Santos nos aproxime cada vez mais do Senhor, de modo que, vivendo na Sua amizade e intimidade, sejamos e façamos como eles fizeram: Sejamos santos como Deus é Santo. Santidade é possível e desejável, porque assim quer Deus.


Conclui-se que é impossível qualquer possibilidade dos cristãos incorrerem em idolatria, com relação aos mártires e Santos que nos antecederam, e que testemunharam a sua fé na fidelidade ao Senhor.

Aprendamos com os Santos e mártires o testemunho corajoso e frutuoso da fé.

Seja nossa veneração aos Santos, expressão de respeito e certeza da presença na caminhada, nos fortalecendo para que sejamos verdadeiros adoradores do Senhor em Espírito e Verdade, peregrinos da esperança. Amém.
 
 
PS: Memória do Papa São Dâmaso I, celebrada dia 11 de dezembro.
 

Tempo de profetizar

                                                     

Tempo de profetizar

“O Senhor é o pastor que me conduz; não me falta coisa alguma.
Pelos prados e campinas verdejantes Ele me leva a descansar.
Para as águas repousantes me encaminha e restaura as minhas forças.

Ele me guia no caminho mais seguro, pela honra de Seu nome.
Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei;
Estais comigo com bastão e cajado; eles me dão segurança”
(Sl 22, 1-4)

Por mais breve, simples e escondida que possa ser a vida de alguém,
Seria o bastante para lhe dar valor infinito, e remover, com coragem,
as pedras no caminho, aplainando a estrada para a vinda do Senhor.

Aprendamos com João Batista que, fortalecido na solidão do deserto,
Pela meditação e pela penitência, procurou esconder-se e  desaparecer, para que viesse e aparecesse para sempre Aquele que haveria de vir.

Sejamos como João, precursores de Jesus Cristo, em todo o tempo,
“uma voz que grita no deserto da cidade”, sem perda da esperança,
Porque sabe de quem é a Palavra que anuncia com toda a confiança.

Assim age Deus na vida de todos nós, enriquecendo-nos com Sua pobreza, para obras maiores ainda, que realizou por meio do Filho, pelo Espírito: por isto para Ele nossa voz, nossas forças e toda a nossa vida e esperança.

Mesmo que a chama enfrente ventos que a queiram apagar,
Permitamos ser invadidos pelas chamas de Seu divino amor,
E assim nos deixaremos queimar, e as chamas, mais fortes, crepitar.

Mesmo que as provações, inquietações, incertezas nos acompanhem,
Não suficientes para ofuscar a Luz de Deus a resplandecer.
E assim, a chama da caridade, calor, ternura e amor irradiar.

Em poucas palavras...

                                                                 


Vigilância necessária em relação aos meios de comunicação social

Os meios de comunicação social (em particular os mass-média) podem gerar uma certa passividade nos utentes, fazendo deles consumidores pouco cautelosos de mensagens e espetáculos.

Os utentes devem impor a si próprios moderação e disciplina em relação aos mass-média.

Hão de formar-se uma consciência esclarecida e reta, para resistir mais facilmente às influências menos honestas.” (1)

 

(1)               Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n.2496

Vai nascer a flor... (IIIDTAA)

                                                                   

Vai nascer a flor...

Da esperança, na planície árida dos desesperados.
Da confiança, na planície inconstante dos inseguros.
Da alegria, na planície obscurecida dos entristecidos.
Da ação, na planície inibidora de sagrados compromissos.

Vai nascer a flor...

Da pureza, no cume da montanha, no coração dos inocentes.
Da verdade, no cume da montanha dos que não se curvam à mentira.
Da liberdade, no cume da montanha dos que a nada se escravizam.
Da sinceridade, no cume da montanha, dos que são transparentes.

Vai nascer a flor... 

Da acolhida, no vale dos que são rejeitados.
Da ternura, no vale dos que suplicam atenção.
Da valorização, no vale dos que são pisoteados.
Da dignidade sagrada, no vale dos que são violados.

Vai nascer a flor... 

Da fé, no abismo profundo do coração dos que não esmorecem.
Da esperança, no abismo profundo do coração dos que não vacilam.
Da caridade, no abismo profundo do coração dos que cultivam o amor.
Das virtudes divinas, que fazem florir o mais belo jardim.

Vai nascer a flor... 

De mil nomes possíveis, no canteiro imenso do mundo,
Porque assim faz Deus com Suas sementes imensuráveis,
Se acolhidas e regadas com Oração, e por vezes com lágrimas,
Na morte das sementes, vidas novas renascidas – Ressuscitadas.

Vai nascer a flor... 

Que perdemos provisoriamente lá no belo Paraíso,
Mas que pela fidelidade à Palavra vivida,
Com o arado da Cruz, o mundo preparado,
Novo céu, nova terra floridos: esperados, realizados.

Vai nascer a flor... 

No coração dos que não fixaram âncoras no passado,
Mas que se puseram a caminho com o Senhor:
Ora atravessando o deserto com seus desafios,
Ora a turbulenta água do mar da existência.

Vai nascer a flor...

No coração dos poetas e dos Profetas
Que sonham e descrevem um mundo diferente, renovado...
Que olham para o futuro com os olhos de Deus, o mais belo olhar.
Que veem, além do horizonte do sol poente, um novo amanhecer.

Vai nascer a flor...

No coração dos que não perdem a confiança na humanidade,
Que se abrem ao Mistério do Amor revelado pela Santíssima Trindade,
Que nutrem e germinam, no tempo presente, flores de eternidade. Amém.

Vai nascer a flor...



PS: Oportuno para refletirmos a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 4,1-13) - onde-se lê "planície árida", podemos ler o "deserto" e aprofundar o tema do Jubileu da Esperança - 2025

O amor deseja ardentemente ver Deus

                                                              

O amor deseja ardentemente ver Deus

“O amor não desiste perante o impossível, 
não desanima diante das dificuldades”

Sejamos enriquecidos pelo Sermão de São Pedro Crisólogo, Bispo do século V, que muito nos ajuda na preparação do Natal do Senhor.

“Vendo o mundo oprimido pelo temor, Deus procura continuamente chamá-lo com amor, convidá-lo com a Sua graça, segurá-lo com a caridade, abraçá-lo com afeto.

Por isso, purifica com o castigo do dilúvio a terra que se tinha inveterado no mal; chama Noé para gerar um mundo novo; encoraja-o com palavras afetuosas, concede-lhe Sua confiante amizade, o instrui com bondade acerca do presente e anima-o com Sua graça a respeito do futuro.

E já não Se limita a dar-lhe ordens, mas tomando a parte no seu trabalho, encerra na arca toda aquela descendência que havia de perdurar por todos os tempos, para que esta Aliança de Amor acabasse com o temor da servidão e se conservasse na Comunhão de Amor o que fora salvo com a comunhão de esforços.

Por esse motivo chama Abraão dentre os pagãos, engrandece seu nome, torna-o pai dos crentes, acompanha-o em sua viagem, protege-o entre os estrangeiros, cumula-o de bens, exalta o com vitórias, dá-lhe garantia de Suas promessas, livra-o das injúrias, torna-Se seu Hospede, maravilha-o com o nascimento de um filho que ele já não podia esperar.

Tudo isso a fim de que, cumulado de tantos benefícios, atraído pela grande doçura da caridade divina, aprendesse a amar a Deus e não mais temê-Lo, a honrá-Lo com amor e não com medo.

Por isso também, consola em sonhos a Jacó quando fugia, desafia-o para um combate em seu regresso e na luta aperta-o nos braços, para que não temesse, porém, amasse o instigador do combate.

Por isso ainda, chama Moisés na própria língua e fala-lhe com afeto paterno, convidando-o a ser o libertador de Seu povo.

Em todos esses fatos que relembramos, de tal modo a chama da caridade divina inflamou o coração dos homens e o inebriamento do Amor de Deus penetrou os seus sentidos que, cheios de afeto, começaram a desejar ver a Deus com os olhos do corpo.

Deus, que o mundo não pode conter, como o olhar limitado do homem o abrangeria? Mas o que deve ser, o que é possível, não é a regra do amor. O amor ignora as leis, não tem regra, desconhece medida. O amor não desiste perante o impossível, não desanima diante das dificuldades.

O amor, se não alcança o que deseja, chega a matar o que ama; vai para onde é atraído, e não para onde deveria ir. O amor gera o desejo, cresce com ardor e pretende o impossível. E que mais?

O amor não pode deixar de ver o que ama. Por isso todos os Santos consideravam pouca coisa toda recompensa, enquanto não vissem a Deus.

Por isso Moisés se atreve a dizer: ‘Se encontrei graça na Vossa presença, mostrai-me o Vosso Rosto’ (Ex 33,13.18). Por isso, diz também o salmista: ‘Não me escondais a Vossa Face’ (Sl 26,9). Por isso, enfim, até os próprios pagãos, no meio de seus erros, modelaram ídolos, para poderem ver com seus próprios olhos o objeto de seu culto.”  (1).

As palavras tão inflamadas de amor do Bispo nos servirão como inspiração e força para a necessária travessia do mar da vida, ao encontro do Senhor que vem ao nosso encontro.

Que o Advento seja este Tempo maravilhoso de esvaziamento do coração de tudo aquilo que ocupe o lugar do Sumamente Essencial: o Amor de Deus, manifestado de modo indescritível em Jesus na forma de uma criança.


(1) Liturgia das Horas - Vol. I – pp. 199/200.

Deus nos criou para a alegria! (IIIDTAA)

Deus nos criou para a alegria!

A Liturgia do 3º Domingo do Advento (ano A) nos convida à alegria, sobretudo porque se aproxima uma das maiores Festas do cristianismo: O Natal do Senhor!

A alegria pela libertação chegou e a esperança está acesa: “Alegrai-vos no Senhor...” é o refrão que sentimos ressoar no mais profundo de nossa alma ao ouvir a proclamação da Palavra de Deus (Is 35,1-6.10; Tg 5,7-10; Mt 11,2-11).

O profeta Isaías tem uma única intenção: despertar a esperança e a confiança dos exilados.

Nada de desânimo, nada de covardia, nada de abaixar os braços, pois Deus vem para salvar e libertar o Seu povo...  O profeta é aquele que planta no mais profundo de quem precisa a semente da esperança que se concretiza na confiança e na coragem de lutar, no empenho do bom combate da fé.

O profeta, como portador da Palavra de Deus, é aquela voz que nos acompanha, nos fortalece no irrenunciável empenho com o Projeto libertador de Deus que é a ação de gerar vida em abundância.

O Profeta assume a história de seu povo, coloca-se com ele em marcha, da escravidão para a liberdade, olhando o mundo com o olhar da esperança, levando todos a abandonar os óculos escuros do desespero.

Urge que acolhamos, como os profetas, a proposta libertadora de Deus em nossa vida, remando contra a maré  das ideias dominantes, nem sempre coincidentes com o pensamento divino. 

Deste modo o profeta olha o mundo com os olhos de Deus para testemunhar com fidelidade, confiança e esperança em todas as circunstâncias e em todos os momentos.

Com os profetas e com o Apóstolo Tiago, aprendemos que alegria de Deus não nos dispensa de compromissos, empenhos, embates, passos largos a serem dados em busca de horizontes inéditos, como que reconstruindo o paraíso que foi manchado pelo pecado.

O Apóstolo Tiago nos exorta à paciência e ao olhar de fé que deve ser renovado cotidianamente em cada Banquete da Eucaristia celebrado a fim de que a alegria e a esperança invadam nosso coração.

Ele também nos ensina que é sempre tempo de reavivar a confiança e paciência na espera do Senhor que veio, vem e virá... Recuperar e jamais perder os valores cristãos autênticos e cultivar a paciência até que ocorra a intervenção final de Deus na história: confiar no Senhor não é sinônimo de cruzar os braços.

Urge cada dia, reconstruir o paraíso, não como saudade estéril, mas como esperança e confiança frutuosa.

Deste modo é que no Evangelho contemplamos a ação de Jesus; Deus veio ao nosso encontro através do Seu Filho e com Ele a proposta libertadora: os desesperados recuperam a esperança, os surdos voltam a escutar a Palavra, os cegos enxergam novo horizonte além do sol poente; os coxos reconquistam a liberdade; os pobres se abrem para a solidariedade e o amor de Deus.

Num mundo marcado pela mentira e fingimento, urge a necessidade da sinceridade, como nos motiva o testemunho de João Batista que exerce sua missão com fidelidade, sinceridade e sem medo.

Com João, e todos os profetas, aprendemos uma salutar lição: a força divina começa no exato momento em que reconhecemos a nossa fragilidade e nos abrimos à manifestação de Deus, à ação de Sua graça e abertura para o Seu perdão.

Somente deste modo a alegria e a esperança invadirão e transbordarão em nosso coração: “irromperá no coração dos que creem a alegria da luz do Natal!”.

Reflitamos:

- Num mundo marcado pela depressão, tristeza, dor, como ser sinal de alegria?

- Onde e quando precisamos ser profetas da alegria, portadores de uma Palavra que renova, revigora, refaz forças na construção do Reino de Deus?

- Qual o caminho verdadeiro para expor nossas dúvidas com toda sinceridade diante de Deus e com quem convivemos?

Preparemos o Natal para que vivamos uma vida cristã mais autêntica e a alegria verdadeira será mais que desejável em nosso coração; será transbordamento, porque edificada sobre o fundamento e fonte da verdadeira alegria: Jesus!


PS: Aos que estiverem enfraquecidos, desanimados... Convido que retome e leia  Isaías 35.  O Profeta fala nas entranhas de nosso coração...

Quem sou eu

Minha foto
4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG