domingo, 4 de agosto de 2024

Eucaristia: salutar Alimento

 


Eucaristia: salutar Alimento

Sejamos enriquecidos pelo Tratado contra as heresias, escrito por Santo Irineu de Lião (sec. II).

“Estão inteiramente loucos aqueles que rejeitam toda a economia de Deus, ao negar a salvação da carne e desprezar o seu novo nascimento, pois dizem que ela não é capaz de ser incorruptível. Pois se a carne não se salva, então nem o Senhor nos redimiu com o seu sangue, nem o cálice da Eucaristia é comunhão com o seu Sangue, nem o pão que partimos é a comunhão com o seu Corpo. Porque o sangue não pode ter origem a não ser das veias e da carne, e de tudo o que forma a substância do homem, pelo qual, tendo o Verbo de Deus a assumido verdadeiramente, nos redimiu com seu Sangue.

Como diz o Apóstolo: N’Ele temos a redenção pelo seu sangue e a remissão dos pecados. E, como somos os seus membros, e nos alimentamos por meio das coisas criadas, Ele mesmo põe à nossa disposição a sua criação, fazendo se erguer o sol e chover como Ele quer. Porque Ele mesmo ainda confessou que o cálice, tirado da natureza criada, é seu Sangue, com o qual fortifica nosso sangue; e o pão, que também é tirado da natureza criada, declarou ser seu próprio Corpo, com o qual fortifica nossos corpos.

Em consequência, se o cálice misturado com água e o pão que foi produzido recebem a Palavra de Deus para converterem-se na Eucaristia do Sangue e do Corpo de Cristo, e mediante estes a carne de nosso ser se fortalece e se desenvolve, como eles podem negar que a carne seja capaz de receber o dom de Deus que é a vida eterna, já que se nutriu com o Sangue e o Corpo de Cristo, e se converteu em seu membro?

Quando o bem-aventurado Apóstolo escreve em sua Carta aos Efésios: Somos membros de seu corpo, de sua carne e de seus ossos, não diz isto de algum homem espiritual e invisível - pois um espírito não tem carne nem ossos -, mas daquele ser que é verdadeiro homem, que está formado por carne, ossos e nervos, o qual se nutre do Sangue do Senhor e se desenvolve com o pão de seu Corpo.

Quando um galho separado da videira é plantado na terra, apodrece, cresce e se multiplica por obra do Espírito de Deus que contém tudo.  Logo, pela sabedoria divina, torna-se útil aos homens, e recebendo a Palavra de Deus se converte na Eucaristia, que é o Corpo e o Sangue de Cristo. De modo semelhante, também nossos corpos, alimentados por esta Eucaristia e sepultados na terra, nela apodrecem para ressuscitar no tempo oportuno, quando o Verbo de Deus os fará ressuscitar para a glória de Deus Pai.

Ele é quem transforma o mortal em imortal e ao corruptível concede gratuitamente tornar-se incorruptível, pois o poder de Deus se manifesta na fraqueza.” (1)

O Tratado de Santo Irineu de Lion nos remete a Santo Inácio, que dizia que a Eucaristia "é remédio de imortalidade, antídoto para não morrer, mas para viver em Jesus Cristo para sempre".

Participantes da Mesa da Eucaristia, nos alimentamos do Corpo e Sangue do Senhor, pão e vinho transubstanciados na Oração Eucarística.

Oportuno que rezemos, aprofundemos e saboreemos em cada Missa, as riquezas dos Prefácios das Orações Eucarísticas, bem como a diversidade de Orações Eucarísticas que o Missal Romano nos oferece.

Fundamental que sejam escolhidas sempre em conformidade com a Liturgia celebrada, na estreita relação da Mesa da Palavra com a Mesa da Eucaristia, para ressoar no testemunho cotidiano. Amém.

 

 

(1) Lecionário Patrístico Dominical - Editora Vozes - 2013 - pág. 446-447

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