quinta-feira, 22 de agosto de 2024

Maria, Mãe de todos os que renascem para a vida

 


         Maria, Mãe de todos os que renascem para a vida

À luz de um dos Sermões do Abade São Guerrico (séc. XII), reflitamos sobre Maria, a Mãe de Cristo e Mãe dos cristãos. 

Maria deu à luz um Filho único. Assim como Ele é Filho único de Seu Pai nos céus, é também Filho único de sua Mãe na terra. Ora, essa única Virgem Mãe, que possui a glória de ter dado à luz o Filho único de Deus Pai, abraça este mesmo Filho em todos os seus membros. Não se envergonha de ser chamada mãe de todos aqueles nos quais vê a Cristo já formado ou em formação. 

A antiga Eva, que deixou aos filhos a sentença de morte ainda antes de verem a luz do dia, foi mais madrasta do que mãe. Chamam-na mãe de todos os viventes; mas verifica-se, com mais verdade, que ela foi a origem da morte para os que vivem, a mãe dos que morrem, pois o seu ato de gerar não foi outra coisa senão propagar a morte. E já que Eva não correspondeu fielmente ao significado do seu nome, Maria realizou este mistério. 

Como a Igreja, da qual é figura, Maria é a Mãe de todos os que renascem para a vida. Ela é verdadeiramente a mãe da Vida pela qual todos vivem; ao gerar a Vida, de certo modo ela regenerou todos os que hão de viver por ela. 

A Santa Mãe de Cristo, que se reconhece mãe dos cristãos em virtude desse mistério, mostra-se também sua mãe pelo cuidado e amor que tem por eles. Não é insensível para com os filhos, como se não fossem seus; suas entranhas, fecundadas uma só vez, mas nunca estéreis, jamais se cansam de dar à luz frutos de piedade. 

Se o Apóstolo, servo de Cristo, uma e outra vez dá à luz filhos pelos seus cuidados e ardente piedade, até Cristo ser formado neles (cf. Gl 4,19), quanto mais a própria mãe de Cristo! E Paulo, de fato, os gerou, pregando-lhes a Palavra da verdade pela qual foram regenerados; Maria, porém, gerou-os de modo muito mais divino e santo, ao dar à luz a própria Palavra. Louvo realmente em São Paulo o ministério da pregação; porém admiro e venero muito mais em Maria o mistério da geração. 

Observa, agora, se os filhos também não parecem reconhecer a sua mãe. Impelidos como que por um certo natural afeto de piedade, recorrem imediatamente à invocação do seu nome em todas as necessidades e perigos, como crianças no colo da mãe. Por isso, julgo, não sem motivo, que é destes filhos que o Profeta fala quando faz esta promessa: Os teus filhos habitarão em ti (cf. Sl 101,29). Ressalve-se, no entanto, a interpretação que atribui principalmente à Igreja esta profecia. 

Agora vivemos, na verdade, sob o amparo da mãe do Altíssimo, habitamos sob a sua proteção e como que à sombra de suas asas. Mais tarde, seremos acalentados no seu regaço com a participação na sua glória. Então ressoará, numa só voz, a aclamação dos filhos que se alegram e se congratulam com sua mãe: Todos juntos a cantar nos alegramos, pois em ti está a nossa morada (cf. Sl 86,7), santa Mãe de Deus!”. 

Assim como Maria é Mãe de Jesus Cristo, também é nossa Mãe e a ela podemos recorrer em todos os momentos: na alegria e tristeza, angústia e esperança. 

Como figura da Igreja, está sempre nos acompanhando, passo a passo, como Mãe que é, e jamais nos abandona em nosso bom combate da fé, em fidelidade ao seu Filho Amado, Jesus. 

Contemos sempre com a proteção, o carinho e o amparo maternal de Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe.

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG