sábado, 10 de fevereiro de 2024

Capítulo VI: JOVENS COM RAÍZES

Capítulo VI
JOVENS COM RAÍZES

Como uma árvore, os jovens precisam de raízes, pois é impossível que cresçam sem raízes fortes que ajudem a ficarem firmes e de pé. (n.179)

É preciso distinguir entre a alegria da juventude e o falso culto da mesma, que seduz jovens e os usam para seus fins. (n.180).

É preciso tomar cuidado, porque muitas ideologias precisam de jovens que desprezem a história, rejeitem a riqueza espiritual e humana, que se foi transmitindo através das gerações, ignorem tudo quanto os precedeu. (n.181)

O contrário também pode acontecer: manipuladores que se servem doutro recurso: “uma adoração da juventude, como se tudo o que não é jovem aparecesse detestável e caduco. O corpo jovem torna-se o símbolo deste novo culto e, consequentemente, tudo o que tenha a ver com este corpo é idolatrado e desejado sem limites, enquanto o que não for jovem é olhado com desprezo. Mas é uma arma que acaba por degradar os jovens, esvaziando-os de valores reais e utilizando-os para obter benefícios individuais, económicos ou políticos”. (n.182)

Não permitir que usem a juventude para promover uma vida superficial, que confunde beleza com aparência. (n.183).

“...Descobrir, mostrar e realçar esta beleza, que lembra a de Cristo na cruz, é colocar as bases da verdadeira solidariedade social e da cultura do encontro”. (n.183)

Há o perigo de uma espiritualidade sem Deus, bem como uma afetividade sem comunidade e compromisso com os que sofrem, com medo dos pobres, vistos como sujeitos perigos... (n. 184)

“Proponho-vos outro caminho, feito de liberdade, entusiasmo, criatividade, horizontes novos, mas cultivando ao mesmo tempo as raízes que nutrem e sustentam”. (n.184)

Há um perigo de desenraizamento dos jovens de suas origens culturais e religiosas de onde provêm, com a perda dos traços de sua identidade (n.185)

É preciso assumir as raízes, mas não se limitar a isto:

“Por isso, numa mensagem aos jovens indígenas reunidos no Panamá, exortava-os: ‘Assumi as vossas raízes! Mas não vos limiteis a isto. A partir destas raízes, crescei, florescei, frutificai’” (n.186)

Na relação da juventude com os idosos, é preciso “...Ajudar os jovens a descobrir a riqueza viva do passado, conservando-a na memória e valendo-se dela para as suas decisões e possibilidades, é um verdadeiro ato de amor para com eles visando o seu crescimento e as opções que são chamados a realizar”. (n.187)

 A Palavra de Deus recomenda que não se perca o contato com os idosos, para poder recolher a sua experiência, como se vê em várias passagens bíblicas. (nn. 188.189).

É preciso que a juventude mantenha-se aberta, para recolher uma sabedoria que se comunica de geração em geração; não é proveitosa a ruptura entre gerações. (nn.190.191)

Como diz o ditado: “Se o jovem soubesse e o velho pudesse, não haveria nada que não se fizesse”.  (n.191)

Sonhos e visões à luz da Profecia de Joel: “’Depois disto, derramarei o meu espírito sobre toda a humanidade. Os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos anciãos terão sonhos e os vossos jovens terão visões’ (Jl 3, 1; cf. At 2, 17). Se os jovens e os idosos se abrirem ao Espírito Santo, juntos produzem uma combinação maravilhosa: os idosos sonham e os jovens têm visões. Como se completam reciprocamente as duas coisas?” (nn.192.193.194.197)

“Por isso, é bom deixar que os idosos contem longas histórias, que às vezes parecem mitológicas, fantasiosas – são sonhos de anciãos –, mas frequentemente estão cheias duma rica experiência, de símbolos eloquentes, de mensagens escondidas...” (n.195)

No livro “A Sabedoria do Tempo”, o Papa menciona alguns desejos sob a forma de pedidos. “Que peço aos idosos, entre os quais me incluo a mim próprio? Peço que sejamos guardiões da memória...” (n.196)


É preciso caminhar juntos:

 “O amor que se dá e age, muitas vezes erra. Aquele que atua, aquele que arrisca, frequentemente comete erros... Quando as pessoas mais velhas olham com atenção a vida, com frequência compreendem instintivamente o que está por trás dos fios emaranhados e reconhecem o que Deus faz criativamente até mesmo com os nossos erros” . (n.198)

“Se caminharmos juntos, jovens e idosos, poderemos estar bem enraizados no presente e, daqui, visitar o passado e o futuro: visitar o passado, para aprender da história e curar as feridas que às vezes nos condicionam; visitar o futuro, para alimentar o entusiasmo, fazer germinar os sonhos, suscitar profecias, fazer florescer as esperanças. Assim unidos, poderemos aprender uns com os outros, acalentar os corações, inspirar as nossas mentes com a luz do Evangelho e dar nova força às nossas mãos”. (n.199)

As raízes são um ponto de arraigamento que nos permite crescer e responder aos novos desafios. É preciso amar o nosso tempo com as suas possibilidades e riscos, com as suas alegrias e sofrimentos, com as suas riquezas e limites, com os seus sucessos e erros. (n.200)

O Papa citando um jovem, compara a Igreja como uma canoa:
“...a Igreja é uma canoa, na qual os idosos ajudam a manter a rota, interpretando a posição das estrelas, e os jovens remam com força imaginando o que os espera mais além. Não nos deixemos extraviar nem pelos jovens que pensam que os adultos são um passado que já não conta, que já está superado, nem pelos adultos que julgam saber sempre como se deveriam comportar os jovens. O melhor é subirmos todos para a mesma canoa e, juntos, procurarmos um mundo melhor, sob o impulso sempre novo do Espírito Santo”. (n.201) 

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