sábado, 10 de fevereiro de 2024

Capítulo VII: A PASTORAL DOS JOVENS

Capítulo VII
A PASTORAL DOS JOVENS

O Papa nos convida a repensar a Pastoral juvenil, que enfrentou os impactos das mudanças sociais e culturais, sem a pretensão de oferecer um guia prático da pastoral ou um manual da pastoral juvenil. (nn.202.203)

“Assiste-se a proliferação e o crescimento de associações e movimentos com caraterísticas predominantemente juvenis podem ser interpretados como uma ação do Espírito que abre novos caminhos. Mas é necessário um aprofundamento da sua participação na pastoral de conjunto da Igreja, bem como uma maior comunhão entre eles e uma melhor coordenação da atividade”.  (n.202)

Reconhecer os próprios jovens como os agentes da pastoral juvenil, acompanhados e orientados, mas livres para encontrar caminhos sempre novos, com criatividade e ousadia. (n.203)

“É necessário assumir novos estilos e estratégias... A pastoral juvenil precisa de adquirir outra flexibilidade, convidando os jovens para acontecimentos que, de vez em quando, lhes proporcionem um espaço onde não só recebam uma formação, mas lhes permitam também compartilhar a vida, festejar, cantar, escutar testemunhos concretos e experimentar o encontro comunitário com o Deus vivo”. (n.204)

Recolher ainda mais as boas práticas: metodologias, linguagens, motivações, que se revelaram realmente atraentes para aproximar os jovens de Cristo e da Igreja. (n.205)

É preciso ser uma pastoral juvenil sinodal: “caminhar juntos”, com a  valorização – através dum dinamismo de corresponsabilidade – dos carismas que o Espírito dá a cada um dos membros da Igreja, de acordo com a respetiva vocação e missão, com participação e corresponsabilidade.  (n.206)

A Igreja como um maravilhoso poliedro, atraindo os jovens pela riqueza dos dons derramados pelo Espírito sobre ela, apesar de nossas misérias. (nn.207.208)

O Papa assinala grandes linhas de ação:

- Uma é a busca, a convocação, a chamada que atraia novos jovens para a experiência do Senhor; (nn.210.211)
- A outra é o crescimento, o desenvolvimento dum percurso de maturação para quantos já fizeram essa experiência. (n.209.212-215)

“...qualquer plano de pastoral juvenil deve conter claramente meios e recursos variados para ajudarem os jovens a crescer na fraternidade, viver como irmãos, auxiliar-se mutuamente, criar comunidade, servir os outros, aproximar-se dos pobres. Se o amor fraterno é o «novo mandamento» (Jo 13, 34), «o pleno cumprimento da lei» (Rm 13, 10) e o que melhor demonstra o nosso amor a Deus, então deve ocupar um lugar relevante em todo o plano de formação e crescimento dos jovens”. (n.215)

Favorecer a acolhida dos jovens, pois muitos deles encontram-se numa “situação profunda de orfandade”. (n 216)

Quanto desenraizamento! Se os jovens cresceram num mundo de cinzas, não é fácil para eles sustentar o fogo de grandes ilusões e projetos. Se cresceram num deserto vazio de sentido, como poderão ter vontade de se sacrificar para semear? A experiência de descontinuidade, desenraizamento e queda das certezas basilares, favorecida pela cultura mediática atual, provoca esta sensação de profunda orfandade à qual devemos responder, criando espaços fraternos e atraentes onde haja um sentido para viver”. (n.216)

Criar ‘lar’ é, em última análise, «criar família; é aprender a sentir-se unido aos outros, sem olhar a vínculos utilitaristas ou funcionais, unidos de modo a sentir a vida um pouco mais humana. Criar lares, ‘casas de comunhão’, é permitir que a profecia encarne e torne as nossas horas e dias menos rudes, menos indiferentes e anônimos”. (nn.217-220)

A pastoral das instituições educacionais, ressaltando a escola, que é uma plataforma para nos aproximarmos das crianças e dos jovens. Trata-se de um lugar privilegiado de promoção da pessoa e, por isso, a comunidade cristã sempre lhe dedicou grande atenção, quer formando professores e diretores, quer instituindo escolas próprias, de todo o género e grau. (nn.221-223).

Diferentes áreas de desenvolvimento pastoral favorecendo experiências de recolhimento, silêncio e oração; valorização dos momentos mais fortes do Ano Litúrgico, particularmente a Semana Santa, o Pentecostes e o Natal. Prezam muito também outros encontros de festas, que quebram a rotina e ajudam a experimentar a alegria da fé. (n.224).

Promover atividades de solidariedade em favor de crianças de pobres – “Muitos jovens cansam-se dos nossos programas de formação doutrinal, e mesmo espiritual, e às vezes reclamam a possibilidade de ser mais protagonistas em atividades que façam algo pelas pessoas”. (n.225)

Outras atividades: expressões artísticas, como o teatro, a pintura e outras, a música, a prática desportiva, a salvaguarda do meio ambiente... (n.226-228)

Mas não deixar de apresentar o essencial da fé cristã: “Estas e outras distintas possibilidades que se abrem à evangelização dos jovens não devem fazer-nos esquecer que, para além das mudanças na história e da sensibilidade dos jovens, há dons de Deus que são sempre atuais e contêm uma força que transcende todos os tempos e circunstâncias: a Palavra do Senhor sempre viva e eficaz, a presença de Cristo na Eucaristia que nos alimenta e o Sacramento do Perdão que nos liberta e fortalece. Podemos também mencionar a inesgotável riqueza espiritual que a Igreja conserva no testemunho dos seus Santos e no ensinamento dos grandes mestres espirituais. Embora tenhamos de respeitar as várias etapas e precisemos por vezes de esperar com paciência o momento certo, não podemos deixar de convidar os jovens para estas fontes de vida nova; não temos o direito de os privar de tanto bem”. (n.229)

É preciso pensar uma pastoral juvenil popular, “...além da habitual ação pastoral que realizam as paróquias e os movimentos, segundo determinados esquemas, é muito importante dar espaço a uma «pastoral juvenil popular», que tem estilo, tempos, ritmo e metodologia diferentes. É uma pastoral mais ampla e flexível que estimula, nos distintos lugares onde se movem concretamente os jovens, as lideranças naturais e os carismas que o Espírito Santo já semeou entre eles. Trata-se, antes de mais nada, de não colocar tantos obstáculos, normas, controles e enquadramentos obrigatórios aos jovens crentes que são líderes naturais nos bairros e nos diferentes ambientes. Devemos limitar-nos a acompanhá-los e estimulá-los, confiando um pouco mais na fantasia do Espírito Santo que age como quer”.  (n.230)

É preciso construir uma pastoral juvenil “...capaz de criar espaços inclusivos, onde haja lugar para todo o tipo de jovens e onde se manifeste, realmente, que somos uma Igreja com as portas abertas. Não é necessário sequer que uma pessoa aceite completamente todos os ensinamentos da Igreja para poder participar em alguns dos nossos espaços dedicados aos jovens...” (nn.234-238)

Juventude missionária (nn.239-240)

“Mas os jovens são capazes de criar novas formas de missão, nos mais variados setores. Por exemplo, visto que se movem tão bem nas redes sociais, é preciso envolvê-los para que as encham de Deus, de fraternidade, de compromisso’.  (n.241)

O acompanhamento dos jovens pelos adultos implica em respeito à liberdade. (n.242)

Como se dá a integração da Pastoral Juvenil com a Pastoral Familiar, favorecendo o acompanhamento do processo vocacional? (n.242).

Há uma carência de pessoas especializadas e dedicadas ao acompanhamento. Acreditar no valor teológico e pastoral da escuta implica repensar a renovação das formas com que, habitualmente, se expressa o ministério presbiteral e verificar as suas prioridades. (n.244)

Há a necessidade de preparar consagrados e leigos, homens e mulheres, qualificados para o acompanhamento dos jovens. (n.244)

É preciso acompanhar, de modo especial, os jovens que se apresentam como potenciais líderes, para que possam formar-se e preparar-se. (n.245)

É preciso desenvolver programas de liderança juvenil, para a formação e desenvolvimento contínuo de jovens líderes. (n.245)

Falta de figuras femininas de referência dentro da Igreja, para a qual desejam, elas também, contribuir com os seus dons intelectuais e profissionais.  (n.245)

Seminaristas e religiosos, deveriam ser mais capacitados para acompanhar os jovens líderes. (n.245)

Qualidades que devem ter aqueles que acompanham os jovens:

- ser um cristão fiel comprometido na Igreja e no mundo;
- uma tensão contínua para a santidade;
- não julgar, mas cuidar;
- escutar ativamente as necessidades dos jovens;
- responder com gentileza;
- conhecer-se;
- saber reconhecer os seus limites;
- conhecer as alegrias e as tribulações da vida espiritual;
- saber reconhecer-se humano e capaz de cometer erros: não perfeitos, mas pecadores perdoados;
- não levar os jovens a serem seguidores passivos, mas sim a caminhar ao seu lado, deixando-os ser os protagonistas do seu próprio caminho;
- respeitar a liberdade do processo de discernimento de um jovem, fornecendo-lhe os instrumentos para realizar adequadamente este processo;
- confiar sinceramente na capacidade que tem cada jovem de participar na vida da Igreja;
- cultivar as sementes da fé nos jovens, sem pressa de ver os frutos do trabalho que vem do Espírito Santo;
- este papel não deveria ser circunscrito aos presbíteros e aos religiosos, mas também ao laicato;
- devem beneficiar duma boa formação permanente.  (n.246)


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