Capítulo
VII
A PASTORAL DOS JOVENS
O
Papa nos convida a repensar a Pastoral juvenil, que enfrentou os impactos das
mudanças sociais e culturais, sem a pretensão de oferecer um guia prático da
pastoral ou um manual da pastoral juvenil. (nn.202.203)
“Assiste-se a
proliferação e o crescimento de associações e movimentos com caraterísticas
predominantemente juvenis podem ser interpretados como uma ação do Espírito que
abre novos caminhos. Mas é necessário um aprofundamento da sua participação na
pastoral de conjunto da Igreja, bem como uma maior comunhão entre eles e uma
melhor coordenação da atividade”. (n.202)
Reconhecer
os próprios jovens como os agentes da pastoral juvenil, acompanhados e
orientados, mas livres para encontrar caminhos sempre novos, com criatividade e
ousadia. (n.203)
“É necessário assumir
novos estilos e estratégias... A pastoral juvenil precisa de adquirir outra
flexibilidade, convidando os jovens para acontecimentos que, de vez em quando,
lhes proporcionem um espaço onde não só recebam uma formação, mas lhes permitam
também compartilhar a vida, festejar, cantar, escutar testemunhos concretos e
experimentar o encontro comunitário com o Deus vivo”. (n.204)
Recolher
ainda mais as boas práticas: metodologias, linguagens, motivações, que se
revelaram realmente atraentes para aproximar os jovens de Cristo e da Igreja. (n.205)
É
preciso ser uma pastoral juvenil sinodal: “caminhar juntos”, com a valorização – através dum dinamismo de
corresponsabilidade – dos carismas que o Espírito dá a cada um dos membros da
Igreja, de acordo com a respetiva vocação e missão, com participação e
corresponsabilidade. (n.206)
A
Igreja como um maravilhoso poliedro, atraindo os jovens pela riqueza dos dons
derramados pelo Espírito sobre ela, apesar de nossas misérias. (nn.207.208)
O
Papa assinala grandes linhas de ação:
-
Uma é a busca, a convocação, a chamada que atraia novos jovens para a
experiência do Senhor; (nn.210.211)
-
A outra é o crescimento, o desenvolvimento dum percurso de maturação para
quantos já fizeram essa experiência. (n.209.212-215)
“...qualquer
plano de pastoral juvenil deve conter claramente meios e recursos variados para
ajudarem os jovens a crescer na fraternidade, viver como irmãos, auxiliar-se
mutuamente, criar comunidade, servir os outros, aproximar-se dos pobres. Se o
amor fraterno é o «novo mandamento» (Jo 13, 34), «o pleno cumprimento da
lei» (Rm 13, 10) e o que melhor demonstra o nosso amor a Deus, então deve
ocupar um lugar relevante em todo o plano de formação e crescimento dos jovens”. (n.215)
Favorecer
a acolhida dos jovens, pois muitos deles encontram-se numa “situação profunda de orfandade”. (n 216)
“Quanto desenraizamento! Se os jovens
cresceram num mundo de cinzas, não é fácil para eles sustentar o fogo de
grandes ilusões e projetos. Se cresceram num deserto vazio de sentido, como
poderão ter vontade de se sacrificar para semear? A experiência de
descontinuidade, desenraizamento e queda das certezas basilares, favorecida
pela cultura mediática atual, provoca esta sensação de profunda orfandade à
qual devemos responder, criando espaços fraternos e atraentes onde haja um
sentido para viver”. (n.216)
“Criar ‘lar’ é, em última análise, «criar
família; é aprender a sentir-se unido aos outros, sem olhar a vínculos
utilitaristas ou funcionais, unidos de modo a sentir a vida um pouco mais
humana. Criar lares, ‘casas de comunhão’, é permitir que a profecia encarne e
torne as nossas horas e dias menos rudes, menos indiferentes e anônimos”. (nn.217-220)
A
pastoral das instituições educacionais, ressaltando a escola, que é uma plataforma
para nos aproximarmos das crianças e dos jovens. Trata-se de um lugar
privilegiado de promoção da pessoa e, por isso, a comunidade cristã sempre lhe
dedicou grande atenção, quer formando professores e diretores, quer instituindo
escolas próprias, de todo o género e grau. (nn.221-223).
Diferentes
áreas de desenvolvimento pastoral favorecendo experiências de recolhimento,
silêncio e oração; valorização dos momentos mais fortes do Ano Litúrgico,
particularmente a Semana Santa, o Pentecostes e o Natal. Prezam muito também
outros encontros de festas, que quebram a rotina e ajudam a experimentar a
alegria da fé. (n.224).
Promover
atividades de solidariedade em favor de crianças de pobres – “Muitos jovens cansam-se dos nossos programas
de formação doutrinal, e mesmo espiritual, e às vezes reclamam a possibilidade
de ser mais protagonistas em atividades que façam algo pelas pessoas”. (n.225)
Outras
atividades: expressões artísticas, como o teatro, a pintura e outras, a música,
a prática desportiva, a salvaguarda do meio ambiente... (n.226-228)
Mas não deixar de
apresentar o essencial da fé cristã: “Estas
e outras distintas possibilidades que se abrem à evangelização dos jovens não
devem fazer-nos esquecer que, para além das mudanças na história e da
sensibilidade dos jovens, há dons de Deus que são sempre atuais e contêm uma
força que transcende todos os tempos e circunstâncias: a Palavra do Senhor
sempre viva e eficaz, a presença de Cristo na Eucaristia que nos alimenta e o
Sacramento do Perdão que nos liberta e fortalece. Podemos também mencionar a
inesgotável riqueza espiritual que a Igreja conserva no testemunho dos seus
Santos e no ensinamento dos grandes mestres espirituais. Embora tenhamos de
respeitar as várias etapas e precisemos por vezes de esperar com paciência o
momento certo, não podemos deixar de convidar os jovens para estas fontes de
vida nova; não temos o direito de os privar de tanto bem”. (n.229)
É preciso pensar
uma pastoral juvenil popular, “...além
da habitual ação pastoral que realizam as paróquias e os movimentos, segundo
determinados esquemas, é muito importante dar espaço a uma «pastoral juvenil
popular», que tem estilo, tempos, ritmo e metodologia diferentes. É uma
pastoral mais ampla e flexível que estimula, nos distintos lugares onde se
movem concretamente os jovens, as lideranças naturais e os carismas que o
Espírito Santo já semeou entre eles. Trata-se, antes de mais nada, de não
colocar tantos obstáculos, normas, controles e enquadramentos obrigatórios aos
jovens crentes que são líderes naturais nos bairros e nos diferentes ambientes.
Devemos limitar-nos a acompanhá-los e estimulá-los, confiando um pouco mais na
fantasia do Espírito Santo que age como quer”. (n.230)
É preciso construir
uma pastoral juvenil “...capaz de
criar espaços inclusivos, onde haja lugar para todo o tipo de jovens e onde se
manifeste, realmente, que somos uma Igreja com as portas abertas. Não é
necessário sequer que uma pessoa aceite completamente todos os ensinamentos da
Igreja para poder participar em alguns dos nossos espaços dedicados aos jovens...”
(nn.234-238)
Juventude
missionária (nn.239-240)
“Mas os jovens
são capazes de criar novas formas de missão, nos mais variados setores. Por
exemplo, visto que se movem tão bem nas redes sociais, é preciso envolvê-los
para que as encham de Deus, de fraternidade, de compromisso’. (n.241)
O
acompanhamento dos jovens pelos adultos implica em respeito à liberdade.
(n.242)
Como
se dá a integração da Pastoral Juvenil com a Pastoral Familiar, favorecendo o
acompanhamento do processo vocacional? (n.242).
Há
uma carência de pessoas especializadas e dedicadas ao acompanhamento. Acreditar
no valor teológico e pastoral da escuta implica repensar a renovação das formas
com que, habitualmente, se expressa o ministério presbiteral e verificar as
suas prioridades. (n.244)
Há
a necessidade de preparar consagrados e leigos, homens e mulheres, qualificados
para o acompanhamento dos jovens. (n.244)
É
preciso acompanhar, de modo especial, os jovens que se apresentam como
potenciais líderes, para que possam formar-se e preparar-se. (n.245)
É
preciso desenvolver programas de liderança juvenil, para a formação e
desenvolvimento contínuo de jovens líderes. (n.245)
Falta
de figuras femininas de referência dentro da Igreja, para a qual desejam, elas
também, contribuir com os seus dons intelectuais e profissionais. (n.245)
Seminaristas
e religiosos, deveriam ser mais capacitados para acompanhar os jovens líderes. (n.245)
Qualidades
que devem ter aqueles que acompanham os jovens:
- ser um cristão fiel comprometido na Igreja e no mundo;
- uma tensão contínua para a santidade;
- não julgar, mas cuidar;
- escutar ativamente as necessidades dos jovens;
- responder com gentileza;
- conhecer-se;
- saber reconhecer os seus limites;
- conhecer as alegrias e as tribulações da vida espiritual;
- saber reconhecer-se humano e capaz de cometer erros: não
perfeitos, mas pecadores perdoados;
- não levar os jovens a serem seguidores passivos, mas sim a
caminhar ao seu lado, deixando-os ser os protagonistas do seu próprio caminho;
- respeitar a liberdade do processo de discernimento de um
jovem, fornecendo-lhe os instrumentos para realizar adequadamente este processo;
- confiar sinceramente na capacidade que tem cada jovem de
participar na vida da Igreja;
- cultivar as sementes da fé nos jovens, sem pressa de ver os
frutos do trabalho que vem do Espírito Santo;
- este papel não deveria ser circunscrito aos presbíteros e aos
religiosos, mas também ao laicato;
- devem beneficiar duma boa formação permanente. (n.246)
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