Capítulo
VI
JOVENS COM RAÍZES
Como
uma árvore, os jovens precisam de raízes, pois é impossível que cresçam sem
raízes fortes que ajudem a ficarem firmes e de pé. (n.179)
É
preciso distinguir entre a alegria da juventude e o falso culto da mesma, que
seduz jovens e os usam para seus fins. (n.180).
É
preciso tomar cuidado, porque muitas ideologias precisam de jovens que
desprezem a história, rejeitem a riqueza espiritual e humana, que se foi
transmitindo através das gerações, ignorem tudo quanto os precedeu. (n.181)
O
contrário também pode acontecer: manipuladores que se servem doutro recurso: “uma adoração da juventude, como se tudo o
que não é jovem aparecesse detestável e caduco. O corpo jovem torna-se o
símbolo deste novo culto e, consequentemente, tudo o que tenha a ver com este
corpo é idolatrado e desejado sem limites, enquanto o que não for jovem é
olhado com desprezo. Mas é uma arma que acaba por degradar os jovens,
esvaziando-os de valores reais e utilizando-os para obter benefícios
individuais, económicos ou políticos”. (n.182)
Não
permitir que usem a juventude para promover uma vida superficial, que confunde
beleza com aparência. (n.183).
“...Descobrir, mostrar e realçar esta beleza,
que lembra a de Cristo na cruz, é colocar as bases da verdadeira solidariedade
social e da cultura do encontro”. (n.183)
Há
o perigo de uma espiritualidade sem Deus, bem como uma afetividade sem
comunidade e compromisso com os que sofrem, com medo dos pobres, vistos como
sujeitos perigos... (n. 184)
“Proponho-vos outro
caminho, feito de liberdade, entusiasmo, criatividade, horizontes novos, mas
cultivando ao mesmo tempo as raízes que nutrem e sustentam”. (n.184)
Há
um perigo de desenraizamento dos jovens de suas origens culturais e religiosas
de onde provêm, com a perda dos traços de sua identidade (n.185)
É
preciso assumir as raízes, mas não se limitar a isto:
“Por isso, numa
mensagem aos jovens indígenas reunidos no Panamá, exortava-os: ‘Assumi as
vossas raízes! Mas não vos limiteis a isto. A partir destas raízes, crescei,
florescei, frutificai’” (n.186)
Na
relação da juventude com os idosos, é preciso “...Ajudar os jovens a descobrir a riqueza viva do passado,
conservando-a na memória e valendo-se dela para as suas decisões e
possibilidades, é um verdadeiro ato de amor para com eles visando o seu
crescimento e as opções que são chamados a realizar”. (n.187)
A Palavra de Deus recomenda que não se perca o
contato com os idosos, para poder recolher a sua experiência, como se vê em
várias passagens bíblicas. (nn. 188.189).
É
preciso que a juventude mantenha-se aberta, para recolher uma sabedoria que se
comunica de geração em geração; não é proveitosa a ruptura entre gerações. (nn.190.191)
Como
diz o ditado: “Se o jovem soubesse e o
velho pudesse, não haveria nada que não se fizesse”. (n.191)
Sonhos
e visões à luz da Profecia de Joel: “’Depois
disto, derramarei o meu espírito sobre toda a humanidade. Os vossos filhos e as
vossas filhas profetizarão, os vossos anciãos terão sonhos e os vossos jovens
terão visões’ (Jl 3, 1; cf. At 2, 17). Se os jovens e os idosos
se abrirem ao Espírito Santo, juntos produzem uma combinação maravilhosa: os
idosos sonham e os jovens têm visões. Como se completam reciprocamente as duas
coisas?” (nn.192.193.194.197)
“Por isso, é bom
deixar que os idosos contem longas histórias, que às vezes parecem mitológicas,
fantasiosas – são sonhos de anciãos –, mas frequentemente estão cheias duma
rica experiência, de símbolos eloquentes, de mensagens escondidas...” (n.195)
No
livro “A Sabedoria do Tempo”, o Papa menciona alguns
desejos sob a forma de pedidos. “Que peço aos idosos, entre os quais me incluo
a mim próprio? Peço que sejamos guardiões da memória...” (n.196)
É
preciso caminhar juntos:
“O amor que se dá e age, muitas vezes erra.
Aquele que atua, aquele que arrisca, frequentemente comete erros... Quando as
pessoas mais velhas olham com atenção a vida, com frequência compreendem
instintivamente o que está por trás dos fios emaranhados e reconhecem o que
Deus faz criativamente até mesmo com os nossos erros” . (n.198)
“Se caminharmos
juntos, jovens e idosos, poderemos estar bem enraizados no presente e, daqui,
visitar o passado e o futuro: visitar o passado, para aprender da história e
curar as feridas que às vezes nos condicionam; visitar o futuro, para alimentar
o entusiasmo, fazer germinar os sonhos, suscitar profecias, fazer florescer as
esperanças. Assim unidos, poderemos aprender uns com os outros, acalentar os
corações, inspirar as nossas mentes com a luz do Evangelho e dar nova força às
nossas mãos”.
(n.199)
As
raízes são um ponto de arraigamento que nos permite crescer e responder aos
novos desafios. É preciso amar o nosso tempo com as suas possibilidades e
riscos, com as suas alegrias e sofrimentos, com as suas riquezas e limites, com
os seus sucessos e erros. (n.200)
O Papa citando um jovem, compara a Igreja como uma canoa:
“...a
Igreja é uma canoa, na qual os idosos ajudam a manter a rota, interpretando a
posição das estrelas, e os jovens remam com força imaginando o que os espera
mais além. Não nos deixemos extraviar nem pelos jovens que pensam que os
adultos são um passado que já não conta, que já está superado, nem pelos
adultos que julgam saber sempre como se deveriam comportar os jovens. O melhor
é subirmos todos para a mesma canoa e, juntos, procurarmos um mundo melhor, sob
o impulso sempre novo do Espírito Santo”. (n.201)
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