sábado, 10 de fevereiro de 2024

Capítulo V: PERCURSOS DE JUVENTUDE

Capítulo V
PERCURSOS DE JUVENTUDE

Como se vive a juventude?
Quando nos deixamos iluminar e transformar pelo grande anúncio do Evangelho? (n.134)

Juventude é dom de Deus, de modo que ser jovem é uma graça, uma ventura que não podemos desperdiçar, mas receber agradecidos e vive-la em plenitude. (n.134).

“Deus é o autor da juventude e age em cada jovem. A juventude é um tempo abençoado para o jovem e uma bênção para a Igreja e o mundo. É uma alegria, uma canção de esperança e uma beatitude... período da vida como um momento precioso, e não como uma fase de passagem onde os jovens se sentem empurrados para a idade adulta”. (n. 135):

- Juventude como tempo de sonhos e opções (nn.136-143);
- A vontade de viver e experimentar (nn. 144-149);
- Na amizade de Cristo (nn. 150-157);
- O crescimento e a maturação (nn.158-162);
- Percursos de fraternidade (nn. 163-167);
- Jovens comprometidos (nn. 168-174);
- Missionários corajosos (nn. 175-178).

Destaco alguns parágrafos:

Como o Papa vê um jovem:
“Vejo um jovem ou uma jovem à procura do seu próprio caminho, que quer voar com os pés, que assoma ao mundo e fixa o horizonte com olhos cheios de esperança, cheios de futuro e também de ilusões. O jovem caminha com dois pés como os adultos, mas, ao contrário dos adultos que os mantêm paralelos, aquele coloca um atrás do outro, pronto a arrancar, a partir. Sempre a olhar para diante. Falar de jovens significa falar de promessas, significa falar de alegria. Os jovens têm tanta força, são capazes de olhar com tanta esperança! Um jovem é uma promessa de vida, que traz em si um certo grau de tenacidade; tem um grau suficiente de insensatez para poder enganar-se a si mesmo e uma capacidade suficiente para curar a decepção que daí pode derivar” (n.139).

A Perseverança no caminho dos sonhos:
“Devemos perseverar no caminho dos sonhos. Para isso, é preciso ter cuidado com uma tentação que muitas vezes nos engana: a ansiedade. Pode tornar-se uma grande inimiga, quando leva a render-nos, porque descobrimos que os resultados não são imediatos. Os sonhos mais belos conquistam-se com esperança, paciência e determinação, renunciando às pressas. Ao mesmo tempo, é preciso não se deixar bloquear pela insegurança: não se deve ter medo de arriscar e cometer erros; devemos, sim, ter medo de viver paralisados, como mortos ainda em vida, sujeitos que não vivem porque não querem arriscar, não perseveram nos seus compromissos ou têm medo de errar. Ainda que erres, poderás sempre levantar a cabeça e voltar a começar, porque ninguém tem o direito de te roubar a esperança”. (n.142)

Não renunciar ao melhor do tempo da juventude:
Jovens, não renuncieis ao melhor da vossa juventude, não fiqueis a observar a vida da sacada. Não confundais a felicidade com um sofá nem passeis toda a vossa vida diante dum visor. E tampouco vos reduzais ao triste espetáculo dum veículo abandonado. Não sejais carros estacionados, mas deixai brotar os sonhos e tomai decisões. Ainda que vos enganeis, arriscai. Não sobrevivais com a alma anestesiada, nem olheis o mundo como se fôsseis turistas. Fazei-vos ouvir! Lançai fora os medos que vos paralisam, para não vos tornardes jovens mumificados. Vivei! Entregai-vos ao melhor da vida! Abri as portas da gaiola e saí a voar! Por favor, não vos aposenteis antes do tempo”. (n.143)

Preparar o amanhã, mas viver o presente:
“A Palavra de Deus convida-te claramente a viver o presente, e não só a preparar o amanhã: ‘Não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã já terá as suas preocupações. Basta a cada dia o seu problema’ (Mt 6, 34). Isto, porém, não significa abandonar-se a uma libertinagem irresponsável que nos deixa vazios e sempre insatisfeitos, mas convida-nos a viver plenamente o presente, usando as nossas energias para fazer coisas boas, cultivando a fraternidade, seguindo Jesus e apreciando cada pequena alegria da vida como um presente do amor de Deus”.  (n.147)

É preciso encontrar com o grande Amigo – Jesus:
“Por mais que vivas e experimentes, nunca chegarás às profundezas da juventude, nem conhecerás a verdadeira plenitude de ser jovem, se não te encontrares cada dia com o grande Amigo, se não viveres na amizade de Jesus”. (n. 150)

O que é a amizade, segundo o Papa:
“A amizade é um presente da vida e um dom de Deus. Através dos amigos, o Senhor purifica-nos e faz-nos amadurecer. Ao mesmo tempo, os amigos fiéis, que permanecem ao nosso lado nos momentos difíceis, são um reflexo do carinho do Senhor, da sua consolação e da sua amorosa presença. Ter amigos ensina-nos a abrir-nos, a compreender, a cuidar dos outros, a sair da nossa comodidade e isolamento, a partilhar a vida. Por isso, ‘nada se pode comparar a um amigo fiel, e nada se iguala ao seu valor’ (Sir6, 15)”. (n.151)

“A amizade não é uma relação fugaz e passageira, mas estável, firme, fiel, que amadurece com o passar do tempo. É uma relação de afeto que nos faz sentir unidos e, ao mesmo tempo, é um amor generoso que nos leva a procurar o bem do amigo. Embora os amigos possam ser muito diferentes entre si, há sempre algumas coisas em comum que os leva a sentir-se próximos, e há uma intimidade que se partilha com sinceridade e confiança”.  (n.152)

“A amizade é tão importante que o próprio Jesus Se apresenta como amigo: ‘Já não vos chamo servos (…), a vós chamei-vos amigos’ (Jo 15, 15)... Os discípulos ouviram a chamada de Jesus à amizade com Ele; foi um convite que não os forçou, propondo-se delicadamente à sua liberdade: ‘Vinde e vereis – disse-lhes; e eles foram –, viram onde morava e ficaram com Ele nesse dia’ (Jo 1, 39). Depois daquele encontro, íntimo e inesperado, deixaram tudo e partiram com Ele” (n.153)

“A amizade com Jesus é indissolúvel. Nunca nos deixa, embora às vezes pareça calado. Quando precisamos d’Ele, deixa-Se encontrar por nós (cf. Jr 29, 14), e está ao nosso lado para onde quer que formos (cf. Js 1, 9). Porque Ele nunca quebra uma aliança. A nós, pede-nos para não O abandonarmos: ‘Permanecei em Mim, que Eu permaneço em vós’ (Jo 15, 4). Mas, se nos afastarmos, ‘Ele permanecerá fiel, pois não pode negar-Se a Si mesmo’ (2 Tim 2, 13)”. (n.154)

A oração como desafio e aventura:
“Com o amigo, conversamos, partilhamos as coisas mais secretas. Com Jesus, também conversamos. A oração é um desafio e uma aventura. E que aventura! Permite que O conheçamos cada vez melhor, entremos no seu mistério e cresçamos numa união cada vez mais forte. A oração permite-nos contar-Lhe tudo o que nos acontece e permanecer confiantes nos seus braços e, ao mesmo tempo, proporciona-nos momentos de preciosa intimidade e afeto, onde Jesus derrama a sua própria vida em nós. Rezando, «abrimos o jogo» a Ele, damos-Lhe lugar «para que Ele possa agir, possa entrar e possa vencer». (n. 155)

Juventude unida num único sonho:
“Jesus pode unir todos os jovens da Igreja num único sonho...O sonho, pelo qual Jesus deu a vida na cruz, e o Espírito Santo no dia de Pentecostes foi derramado e gravado a fogo no coração de cada homem e mulher, no coração de cada um. (…) um sonho chamado Jesus, semeado pelo Pai... Um sonho concreto, que é uma Pessoa, que corre nas nossas veias, faz exultar e dançar de alegria o coração”. (n. 157)

Um testemunho do Papa:
“Quando comecei o meu ministério como Papa, o Senhor alargou os meus horizontes e deu-me uma renovada juventude. O mesmo pode acontecer com um casal já com muitos anos de matrimônio, ou com um monge no seu mosteiro. Há coisas que precisam dos anos para se consolidar, mas este amadurecimento pode coexistir com um fogo que se renova, com um coração sempre jovem”. (n.160)

Ninguém será santo nem se realizará copiando os outros:
“A tua vida deve ser um estímulo profético que sirva de inspiração para os outros, que deixe uma marca neste mundo, aquela marca única que só tu poderás deixar. Ao passo que, se copiares, privarás esta terra e também o Céu daquilo que mais ninguém poderá oferecer no teu lugar...” (n.162)

A manifestação do crescimento espiritual:
O crescimento espiritual manifesta-se, sobretudo, no amor fraterno, generoso, misericordioso. Viver o «êxtase» que consiste em sair de si mesmo para busca o bem dos outros, até dar a vida. (n. 163)

Espaço para viver a fé em comunidade:
- A Igreja oferece muitos e variados espaços para viver a fé em comunidade, porque, juntos, tudo é mais fácil. (n. 164)
- “...Cada idade tem a sua beleza, e à juventude não pode faltar a utopia comunitária, a capacidade de sonhar juntos, os grandes horizontes que contemplamos juntos” (n. 166)
- “Deus ama a alegria dos jovens e convida-os sobretudo à alegria que se vive na comunhão fraterna, ao júbilo superior de quem sabe partilhar... Diz um provérbio africano: ‘se queres andar rápido, caminha sozinho. Se queres chegar longe, caminha com os outros’. Não deixemos roubar-nos a fraternidade”. (n. 167)

A tentação dos jovens se fecharem:
“...perante um mundo cheio de tanta violência e egoísmo, os jovens podem correr o risco de se fechar em pequenos grupos, privando-se assim dos desafios da vida em sociedade, dum mundo vasto, estimulante e necessitado. Têm a sensação de viver o amor fraterno, mas o seu grupo talvez se tenha tornado um simples prolongamento do próprio eu. Isto agrava-se, se a vocação do leigo for concebida unicamente como um serviço interno da Igreja (leitores, acólitos, catequistas, etc.), esquecendo-se que a vocação laical é, antes de mais nada, a caridade na família, a caridade social e caridade política: é um compromisso concreto nascido da fé para a construção duma sociedade nova, é viver no meio do mundo e da sociedade para evangelizar as suas diversas instâncias, fazer crescer a paz, a convivência, a justiça, os direitos humanos, a misericórdia, e assim estender o Reino de Deus no mundo”.  (n. 168)

Amizade social e inimizade social:
É preciso ir mais além dos grupos de amigos e construir a amizade social: “buscar o bem comum chama-se amizade social. A inimizade social destrói. E uma família destrói-se pela inimizade. Um país destrói-se pela inimizade. O mundo destrói-se pela inimizade. E a inimizade maior é a guerra. E hoje vemos que o mundo se está a destruir pela guerra. Porque são incapazes de se sentar e falar (…). Sede capazes de criar a amizade social...” (n.169)

O compromisso social e político da juventude:
“...O compromisso social é um traço caraterístico dos jovens de hoje. Ao lado de alguns indiferentes, há muitos outros disponíveis para se comprometerem em iniciativas de voluntariado, cidadania ativa e solidariedade social, o que é preciso acompanhar e encorajar para fazer surgir os talentos, as competências e a criatividade dos jovens e estimular a assunção de responsabilidades por parte deles. O empenho social e o contato direto com os pobres continuam a ser uma oportunidade fundamental para descobrir ou aprofundar a fé e para discernir a própria vocação.(…) Assinalou-se também a disponibilidade a empenhar-se em campo político para a construção do bem comum’”. (n.170)

Iniciativas de compromisso concreto dos jovens:
“...grupos de jovens nas paróquias, escolas, movimentos ou grupos universitários costumam ir fazer companhia a idosos e enfermos, visitar bairros pobres, ou sair juntos para ajudar os mendigos nas chamadas ‘noites da caridade’...”  (n.171)

Participação da juventude em programas sociais:
“Outros jovens participam em programas sociais que visam construir casas para os sem-abrigo, bonificar áreas contaminadas, ou recolher ajudas para os mais necessitados... Os universitários podem unir-se de forma interdisciplinar para aplicar os seus conhecimentos na resolução de problemas sociais e, nesta tarefa, podem trabalhar lado a lado com jovens doutras Igrejas e doutras religiões”. (n.172)

Palavra de encorajamento da juventude na construção de uma civilização mais justa e fraterna:

“Quero encorajar-te a assumir este compromisso, porque sei que «o teu coração, coração jovem, quer construir um mundo melhor. Acompanho as notícias do mundo e vejo que muitos jovens, em tantas partes do mundo, saíram para as ruas para expressar o desejo de uma civilização mais justa e fraterna. Os jovens nas ruas; são jovens que querem ser protagonistas da mudança. Por favor, não deixeis para outros o ser protagonista da mudança! Vós sois aqueles que detêm o futuro! Através de vós, entra o futuro no mundo. Também a vós, eu peço para serdes protagonistas desta mudança. Continuai a vencer a apatia, dando uma resposta cristã às inquietações sociais e políticas que estão surgindo em várias partes do mundo. Peço-vos para serdes construtores do futuro, trabalhai por um mundo melhor. Queridos jovens, por favor, não ‘olheis da sacada’ a vida, entrai nela. Jesus não ficou na sacada, mergulhou… Não olheis da sacada a vida, mergulhai nela, como fez Jesus». Mas sobretudo, duma forma ou doutra, lutai pelo bem comum, sede servidores dos pobres, sede protagonistas da revolução da caridade e do serviço, capazes de resistir às patologias do individualismo consumista e superficial”. (n.174)

Jovens enamorados por Cristo e o testemunho do Evangelho-ser luz:
“Enamorados por Cristo, os jovens são chamados a dar testemunho do Evangelho em toda parte, com a sua própria vida. Santo Alberto Hurtado dizia que ‘ser apóstolo não significa usar um distintivo na lapela do casaco; não significa falar da verdade, mas vivê-la, encarnar-se nela, transformar-se em Cristo. Ser apóstolo não é levar uma tocha na mão, possuir a luz, mas ser a luz. (...) O Evangelho (...), mais do que uma lição, é um exemplo. A mensagem transformada em vida vivida’” (n.175)

Juventude missionária em todos os lugares para irradiar a luz e esperança:
“... Não tenhais medo de ir e levar Cristo a todos os ambientes, até às periferias existenciais, incluindo quem parece mais distante, mais indiferente... E convida-nos a levar, sem medo, o anúncio missionário aos locais onde nos encontrarmos e às pessoas com quem convivermos: no bairro, no estudo, no desporto, nas saídas com os amigos, no voluntariado ou no emprego, é sempre bom e oportuno partilhar a alegria do Evangelho. É assim que o Senhor Se vai aproximando de todos; e pensou em vós, jovens, como seus instrumentos para irradiar luz e esperança, porque quer contar com a vossa coragem, frescor e entusiasmo”. (n.177)

A missão é um desafio:
“Não se pode esperar que a missão seja fácil e cômoda. Alguns jovens preferiram dar a própria vida a refrear o seu impulso missionário”. (n.178)

A colaboração da juventude que é o “agora de Deus”’:
“...Amigos, não espereis pelo dia de amanhã para colaborar na transformação do mundo com a vossa energia, audácia e criatividade. A vossa vida não é «entretanto»; vós sois o agora de Deus, que vos quer fecundos. Porque «é dando que se recebe», e a melhor maneira de preparar um bom futuro é viver bem o presente, com dedicação e generosidade”. (n.178)

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