sábado, 18 de outubro de 2025

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Companheiros de viagem

                                                       

Companheiros de viagem


Celebrar a Eucaristia cotidianamente, precedida de uma fecunda preparação, torna-se, cada, vez mais um imperativo no mundo pós-moderno em procura da saciedade de amor, alegria, vida, luz e paz. Cada Liturgia da Palavra, inseparavelmente da Liturgia Eucarística, são imprescindíveis Mesas que nos revigoram, nos dão forças em nossas travessias, por vezes tão sombrias. 


Viver, de fato, é uma grande travessia:  


“Tornar-se companheiro de viagem de cada homem, ser para cada homem ‘Sacramento’ do Amor de Deus com os gestos, tal como com as palavras: é este o compromisso irrenunciável que as leituras de hoje colocam à nossa frente.  Somos chamados a viver a responsabilidade de fazer da dupla Mesa do Pão e da Palavra o centro, o coração da vida, tornando-a disponível a quem quer que possamos encontrar. Somos chamados a tornar-nos companheiros de viagem, e, portanto, a tornar-nos dom, na missão que Deus nos confia, identificando-nos com essa missão sem querer nada para nós, e desaparecer nela e com ela; como o diácono Filipe, que cumpre a sua missão e logo é arrebatado pelo Espírito por ser destinado a outras missões.”  (1) 


Deste modo, Companheiros de viagem, haveremos de ser também,Companheiros de viagem, também precisamos ter.Companheiro é aquele que come o pão no mesmo prato;Que partilha as alegrias, vitórias e conquistas,Mas que também é solícito para compartilharTristezas, derrotas, perdas, por vezes irreparáveis.

Que nos fala, com a palavra e com a vida,
Sobretudo com uma Palavra Divina.
Que nos ajuda a firmar os passos na direção
De uma eternidade feliz, desde o tempo presente.Que nos abre os olhos para o necessário,Não permitindo que o medo nos cegue.

Que não faz média, pacto de mediocridade,
Sem conivência com o erro e a falta da verdade.
Que nos toma pelas mãos para adiante seguir,
Sem dar em nosso lugar os necessários passos.Que sabe contar e cantar os sonhos que nos movem,Porque de sonhos e cantos também vivemos.

Que nos ajuda a enfrentar os terríveis pesadelos,
Confiantes que não têm eles a última palavra.
Companheiros de viagem, precisamos!
Companheiros que me ajudem a continuar esta reflexão,
Porque companheiros se enriquecem reciprocamente...
Companheiros de viagem, sejamos!  



PS: Liturgia da quinta-feira da terceira semana da Páscoa: At 8,26-40; Sl 65, 8-9.16-17.20; Jo 6,44-51. (1)  Leccionário Comentado – Tempo Pascal – Editora Paulus – Lisboa – 2011 - p.470. 

Vive e caminha conosco, quem tanto amamos

                                               


         Vive e caminha conosco, quem tanto amamos
 
Voltávamos, trocando passos lentos com a solidão,
Cabisbaixos, abraçados com a dor da decepção.
Em quem depositávamos toda a nossa esperança,
No corpo cravado na cruz, pelas dolorosas chagas,
com Ele, para sempre mortas, nada mais a esperar.
 
Restava-nos esperar dias e noites - eternas noites escuras,
Ainda que o sol nascesse, não mais luzes teríamos,
No caminho pedras, obstáculos, fragilidade eternizada,
Tampouco o brilho da lua tornaria encantada a noite,
Nem com o brilho de todas as estrelas multiplicadas.
 
Mas Alguém conosco se pôs a caminho,
Suportando a lentidão de nossa mente,
Para compreender a novidade da Ressurreição.
Suas divinas palavras, arderam em nosso coração,
Nossos olhos descerraram no partir do Pão.
 
Solícito, atendeu ao nosso insistente convite:
“Fica conosco, pois já é tarde e o dia está declinando’!”(1)
Súplica que ora também fazemos, confiantes,
Peregrinos da esperança para viver a graça da missão:
Amar, crer, e n’Ele sempre esperar.
 
Amar, como distintivo de discípulos Seus em todo tempo.
Amar como Ele ama: amor de cruz, que ama até o fim,
Até a última gota de sangue, com gestos de  serviço e doação.
Compromissos batismais com a Boa Nova do Reino,
Como Igreja, juntos caminhando, sempre a caminho. 
 
Crer n’Ele, o Caminho, Verdade e Vida, (2)
Crer n’Ele, o Caminho que nos leva ao Pai;
Crer n’Ele, a Verdade que ilumina os povos;
Crer n’Ele, a Vida que renova o mundo.
Ele, princípio e fim de nossa vida: Alfa e Ômega. (3)
 
Esperar n’Ele e com Ele, com plena confiança,
Porque o amor de Deus foi derramado, pelo Espírito,
Em nossos corações, e a esperança não decepciona.
Memoráveis palavras do Apóstolo ressoem (4)
Para sempre ao longo do árduo caminho. Amém.
 
  
(1)             Lc 24,29
(2)             Jo 14,6
(3)             Ap 22,13
(4)             
Rm 5,5

A Oração não dispensa compromissos (XXIXDTCC)

                                         


A Oração não dispensa compromissos

As mãos que elevamos aos céus
são as mesmas que na terra estendemos ao outro...

A Liturgia do 29º Domingo do Tempo Comum (Ano C) nos convida a refletir sobre a verdadeira Oração, que consiste numa relação estreita e íntima com Deus, num diálogo intenso e insistente.

A Oração, deste modo, leva-nos à compreensão do silêncio de Deus, respeito ao Seu ritmo, que não necessariamente é o nosso e, sobretudo, nos leva ao crescimento no Seu Amor.

Na primeira Leitura, ouvimos uma passagem do Livro do Êxodo (Ex 17,8-13a) em que o autor nos apresenta uma belíssima catequese sobre a Oração como força em nossa luta cotidiana.

A Oração de Moisés é a grande intercessão em favor do povo hebreu contra os amalecitas. Enquanto Moisés mantém as mãos levantadas, há a vantagem sobre os inimigos, mas quando vencido pelo cansaço, suas mãos se abaixam, os inimigos dominam.

A Oração é importante, e deve ser perseverante, persistente. Por isto, Aarão e Hur, ao lado de Moisés, amparam-lhe as mãos e assim os hebreus vencem os inimigos.

De fato, a libertação pressupõe a Oração de Moisés e a intervenção de Deus, mas não dispensa a ação do povo. 

A mensagem catequética é explícita: a libertação se deve mais à ação de Deus do que aos esforços do Povo.

Deus não cruza os braços no processo de libertação do Seu Povo e a Oração se torna a grande força para o combate e a vitória:

“A conquista é dom de Deus. Se Israel reza e confia no Senhor, o próprio Senhor combate e vence; se Israel se apoia apenas nas suas forças é derrotado” (1).

Na passagem da segunda Leitura (2 Tm 3,14-4,2), aprofundamos sobre a importância da Palavra de Deus como fonte privilegiada de Oração.

O texto foi escrito para as comunidades que viviam um contexto de perseguição, da falta do entusiasmo. 

Era mais do que necessário a redescoberta deste entusiasmo pelo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo e etomar a fidelidade à doutrina, como grande herança dos Apóstolos, que é acompanhada pela fidelidade às Escrituras, fonte de formação e educação cristã, tornando o discípulo mais configurado ao Senhor.

Paulo exorta a uma proclamação da Palavra sem medo, sem pudores e com entusiasmo: Palavra que é oportuna para ensinar, persuadir, corrigir e formar.

Reflitamos:

- Qual é lugar da Palavra de Deus em nossa vida?
- Como a valorizamos e que formação procuramos para melhor compreendê-la e melhor vivê-la?
-  Preparamo-nos para bem proclamá-la, acolhê-la e vivê-la?

Na passagem do Evangelho (Lc 18,1-8), Jesus, a caminho de Jerusalém, nos exorta à prática da verdadeira Oração, como diálogo contínuo e perseverante e que nos leva à abertura do coração ao Projeto de Salvação.

Muitas são as inquietações que nos cercam em todos os âmbitos (pessoal, familiar, comunitário e social, mundial...). Por vezes não entendemos o “silêncio de Deus”. 

Mas aqui a grande notícia: Deus não é indiferente aos nossos sofrimentos. Porém, é preciso uma Oração feita com paciência e com perseverança, até que o Projeto de Deus se cumpra.

A Oração é sempre o momento em que nos colocamos diante de Deus, para reencontrarmos forças para perseverarmos no caminho do encontro de Seu Amor; é o abastecer para acolher e realizar, com coragem e entusiasmo, o Projeto de Salvação que Deus tem para nós.

Quando nos envolvemos pelo Amor de Deus, sabemos esperar em Sua aparente ausência, que é a mais verdadeira presença.

A Oração há de ser sempre uma atitude que brota da fé em Deus, na confiança e na perseverança. 

Rezarmos sempre, sem nos desencorajarmos, com a certeza de que Deus nos escuta depressa, sem tardar. Se Deus não nos atende pode ser porque não pedimos o necessário, e nossa Oração não está devidamente sintonizada com o Seu Projeto de Vida e Salvação.

Na Parábola, vemos que “Não corresponde ao estilo de Jesus Cristo um ensinamento que induz o discípulo a forçar a vontade de Deus, para O fazer mudar de ideias e obrigá-Lo a fazer aquilo que o homem quer! Pelo contrário, a Parábola é provocatória e, para compreendermos bem, temos de entender a inversão de perspectiva”  (2)

Importante dizer que Oração não é transferência de responsabilidade para Deus: Ele fará o que a nós é impossível, e jamais nos dispensará de sinceros compromissos para que a graça seja alcançada.

“Como para Israel no deserto, também na nossa vida se trata de combater contra um adversário poderoso, que não pode ser vencido apenas com as nossas forças humanas.

A Oração constante e convicta, é sinal de quem confia na ajuda divina, ‘levanta as mãos’ (Ex 17,11) e clama continuamente (cf. Lc 18,7), tirando proveito da Palavra que escutou, convencido de que pode realizar-se.” (3)

Quando orarmos pela paz, nos empenhemos pela paz. Quando orarmos pelos pobres, multipliquemos gestos de solidariedade para com eles. Quando orarmos pela paz na família, façamos sincera revisão de nossas atitudes para que não venham ferir esta paz.

Toda Oração que elevamos aos céus, nos compromete, imediatamente com Deus, com o outro e conosco.

Reflitamos:

-    O que é Oração?
-    Como e para que a Oração?

-    Quais são as pessoas que nos ensinam a beleza da oração em nossa vida?

-    O que precisamos fazer para redescobrir o gosto, a beleza e a força da Oração?

-    Quais são os conteúdos de nossas Orações?
-    Como a Oração repercute em nossa vida?

Há ainda uma questão última fundamental, para nos ajudar na necessária conversão para que melhores discípulos missionários do Senhor sejamos:

“O problema, então, está na fé; temo-la, esta fé? Isto é, temos a atitude crente e confiante, para desejar fortemente aquilo que é conforme ao projeto de Deus?” (4)

(1) Lecionário Comentado – Editora Paulus - pág. 600
(2) Idem – pág. 602
(3) (4) Idem – pág. 603

PS: Apropriada para o sábado da 32ª Semana do Tempo Comum.

Missão, uma resposta de amor ao Senhor

                                          

                      Missão, uma resposta de amor ao Senhor
 
Reflexão à luz da passagem do Evangelho de São Lucas (Lc 10,1-9), sobre o envio que Jesus faz aos Seus discípulos e as exigências da missão evangelizadora: é missão do discípulo ser portador da paz, da vida e da esperança de um mundo novo, como também foi a missão dos profetas, como vemos na passagem do Livro do Profeta Isaías (Is 66, 10-14c).
 
O Profeta, mesmo numa situação difícil, em que o Povo de Deus se encontrava (martirizado, sofrido e angustiado), tem palavras de confiança e esperança.
 
Apresenta a ação divina com imagens de fecundidade e vida: somente Deus pode oferecer ao Seu povo o “shalom”, ou seja, saúde, fecundidade, prosperidade, amizade com Ele e com os outros, a felicidade total.
 
O Profeta tem sempre uma palavra que convida à alegria. Deus age por meio dele. Também nós somos Profetas, a voz de Deus num mundo também marcado pelo sofrimento, angústia, dores, prantos e morte.
 
Ontem e hoje, vivendo a vocação profética, somos convidados a superar o medo e a angústia e sentir a presença e a força de Deus conosco, não nos curvando diante dos temores que nos paralisam.
 
Deste modo, compreendemos a mensagem do Evangelho: somos continuadores da missão de Jesus, e pelo Batismo, chamados a anunciar a alegria do Reino de Deus, não obstante as dificuldades que possam surgir. 
 
O comentário do Missal Dominical é enfático ao afirmar: “... Não há missão sem perseguição, sem sofrimento e sem Cruz.
 
A Cruz pelo Reino de Deus, aceita com amor, é o sinal da vitória sobre o mal e a morte...
 
O que o Senhor nos pede é a fidelidade a Ele, à Sua mensagem e ao Seu estilo de anúncio. Não nos garante o êxito” (pp. 1169-1170).
 
Jesus envia 72 discípulos, de dois em dois, pois a ação é comunitária, e apresenta a eles algumas exigências e advertências:
 
- Haverá dificuldades;
- Viverão a pobreza, confiando tão apenas na providência divina;
- Crerão na força libertadora da Palavra de Deus;
 
- Viverão a urgência da missão (não pode haver perda de tempo);
- Dedicarão totalmente à missão;
- Serão portadores da paz;
 
- Combaterão contra o mal que se contrapõe ao Reino de Deus;
- Exultarão de alegria por terem os nomes inscritos no céu, no Livro da Vida.
 
Urge que o discípulo missionário confie na Palavra e providência de Deus, com desprendimento, coragem, ousadia e paixão por Ele, carregando a cruz cotidiana. Somente Cristo interessa para nossa Salvação, de modo que nossa identificação com Ele se dará na intensidade que amarmos como Ele nos ama.
 
Neste sentido, Paulo, na passagem na Carta aos Gálatas, exorta a comunidade ao testemunho radical do Senhor, e como discípulos missionários, assumirmos nossa cruz, na qual devemos nos gloriar, para que nos tornemos novas criaturas e alcancemos a glória eterna (cf. Gl 6, 14-18).

 
Reflitamos:
 
- Qual é a nossa fidelidade à missão que Deus nos confia?
- Quanto nos empenhamos para que percebam em nós a alegria da chegada do Reino de Deus?
 
- Somos, de fato, prisioneiros do mais belo Amor, Jesus Cristo, marcados pelo sinal da Cruz, com expressão do amor radical, da liberdade, da vida, doação e serviço?
 
- Como viver mais intensamente a missão que Deus nos confia com plena doação, entrega e fidelidade?
 
Concluo com a afirmação do Papa São Paulo VI: “O homem contemporâneo escuta com melhor boa vontade as testemunhas do que os mestres, dizíamos ainda recentemente a um grupo de leigos, ou então se escuta os mestres, é porque eles são testemunhas”
 
Partícipes das Mesas Sagradas do Senhor, sejamos iluminados e fortalecidos por Sua Palavra, e revigorados pelo Pão da Imortalidade, para continuarmos com coragem, alegria e fidelidade a missão que Ele nos confia. Amém.


PS: Passagem proclamada na Festa de São Lucas Evangelista dia 18 de outubro.

O amor é a fonte da Oração

                                                      

O amor é a fonte da Oração

“A Oração...  É como mel que se derrama
sobre a alma e faz com  que tudo nos seja doce.”

Em Escola de tantos seguidores do Mestre, fiquemos com estes ensinamentos que rompem um pouco nossa surdez, fazem recuperar a visibilidade de caminhos e horizontes, às vezes, perdidos, que refazem nossa imperativa escuta da voz Divina, que falam aos ouvidos, mas, sobretudo ao coração de quem crê e ama.

No silêncio da Oração, mais que multiplicação das palavras, é a sua exata ausência, para que a Palavra possa ser ouvida e a Palavra é Ele mesmo: Jesus!

Na aparente ausência da Sua presença, reconhecê-Lo, ouvi-Lo; falar-Lhe; com Ele dialogar... Diálogo que se começa e não há desejo de findar: Isto é oração! Tão mais necessária é a Oração, quanto maior for o nosso amor pelo Amor.

Santo Ambrósio:
“Procurai pela leitura e encontrareis meditando, batei orando e vos será aberto pela contemplação”.

Santo Ambrósio:
“A Deus falamos quando rezamos; a Ele ouvimos quando lemos os divinos Oráculos”.

São João Damasceno:
 “A Oração é a elevação da alma a Deus ou o pedido a Deus dos bens convenientes”.

Bispo e Doutor Santo Agostinho:
“Ele ora por nós como nosso Sacerdote, ora em nós como nossa cabeça, e recebe a nossa oração como nosso Deus. Reconheçamos n’Ele a nossa voz, e em nós a Sua voz”.

Santa Teresa do Menino Jesus:
“Para mim, a oração é um impulso do coração, é um simples olhar lançado ao céu, um grito de reconhecimento e amor no meio da provação ou no meio da alegria”.

São João Maria Vianney – Presbítero (séc. XIX):
“A mais bela realidade do homem: rezar e amar. Se rezais e amais, eis aí a felicidade do homem sobre a terra.

A Oração nada mais é do que a união com Deus. Quando alguém tem o coração puro e unido a Deus sente em si mesmo uma suavidade e doçura que inebria, e uma luz maravilhosa que o envolve...

Nós nos havíamos tornado indignos de rezar. Deus, porém, na Sua bondade, permitiu-nos falar com Ele. Nossa Oração é o incenso que mais lhe agrada. 

Meus filhinhos, o vosso coração é por demais pequeno, mas a Oração o dilata e torna capaz de amar a Deus.”

“A Oração faz saborear antecipadamente a felicidade do céu; é como mel que se derrama sobre a alma e faz com que tudo nos seja doce.

Na Oração bem feita, os sofrimentos desaparecem como a neve que se derrete sob os raios do sol.

Outro benefício que nos é dado pela Oração: o tempo passa tão depressa e com tanta satisfação para o homem, que nem se percebe sua duração...”.

Concluindo, com a Oração, apesar da aridez de nosso coração, Deus poderá fazer nascer a teimosa flor que traz consigo um anúncio: A vida vence a morte.

A Oração é o regar de toda semente,
para que floresça e dê seus frutos...

Dificuldades e tentações na oração

                                                             

Dificuldades e tentações na oração

Às vezes, ouvimos alguns dizerem que encontram dificuldades na oração, e que as tentações se fazem presentes neste momento.

No Catecismo da Igreja Católica, encontramos a apresentação de duas dificuldades principais na oração, que consistem na distração e na aridez.

As tentações frequentes são a falta de fé e a acídia, ou seja, uma forma de depressão devida ao relaxamento da ascese, que leva consequentemente ao desânimo.

Diante da dificuldade da distração, é preciso persistir, sem jamais desanimar, numa atitude de vigilância na procura da sobriedade do coração, reorientando para Deus nossos pensamentos e sentidos, colocando-nos totalmente em Suas mãos.

Quanto à dificuldade da aridez, esta acontece quando nosso coração se encontra desanimado, sem gosto com relação aos pensamentos, às lembranças e aos sentimentos, mesmo os espirituais – “é o momento da fé pura que se mantém fielmente com Jesus na agonia e no túmulo. ‘Se o grão de trigo que cai na terra morrer, produzirá muito fruto’ (Jo 12,24)”  (CIC n. 2731).

Se esta aridez for por falta de raiz, exigirá o combate no propósito da conversão, porque a Palavra de Deus terá caído sobre as pedras, afirma o Catecismo (CIC n.2731).

Quanto à tentação da falta de fé, é a mais comum e a mais oculta, e que se exprime não tanto por uma incredulidade declarada, quanto por uma opção de fato. Ao começar a orar, vem a preocupação com os trabalhos, que julgamos urgentes, prioritários, mas revelam que ainda não temos a disposição de coração humilde que reconheça as palavras que o Senhor nos disse – “Sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15,5).

Finalmente, a tentação da acídia (também chamada de “preguiça”), que se trata de uma porta aberta pela presunção: uma forma de depressão devida ao relaxamento da ascese; diminuição da vigilância; e negligência do coração. Com humildade, precisa-se reconhecer a própria miséria, passando-se a ter mais confiança, com perseverança na constância.

Concluindo, é sempre tempo favorável para a oração, vencendo as distrações e tentações possíveis.

Fazer da oração momento de profunda intimidade e amizade com Deus, em Suas mãos depositando nossas alegrias e tristezas, angústias e esperanças; fracassos e vitórias; o “dia mais belo e iluminado bem como as noites escuras de nossa fé”.

Vigiar e orar na espera do Senhor que vem ao nosso encontro.
Vigiar e orar na espera do Amado que vem e bate em nossa porta, a porta do coração. 


Fonte de pesquisa: Catecismo da Igreja Católica (CIC) nn.2729-2733; 2754-2755

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