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“Ao celebrar o sacramento da Penitência...”
“Ao celebrar o sacramento da Penitência, o sacerdote exerce o ministério do bom Pastor que procura a ovelha perdida: do bom Samaritano que cura as feridas; do Pai que espera pelo filho pródigo e o acolhe no seu regresso; do justo juiz que não faz acepção de pessoas e cujo juízo é, ao mesmo tempo, justo e misericordioso. Em resumo, o sacerdote é sinal e instrumento do amor misericordioso de Deus para com o pecador.” (1)
(1) Catecismo da Igreja Católica – n. 1465
Do
pecado da concupiscência, livrai-nos, Senhor
“Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, não
está nele o amor do Pai. Porque tudo o que há no mundo – o desejo da carne, o
desejo dos olhos e a ostentação da riqueza, não vem do Pai, mas do mundo. Ora,
o mundo passa, e também o seu desejo, mas aquele que faz a vontade de Deus,
permanece para sempre” (1 Jo 16-17)
Vivendo o Tempo da quaresma,
somos convidados a refletir sobre o pecado da concupiscência, que consiste na inclinação para o pecado a que todos
estamos submetidos.
O Catecismo da Igreja, em
diversos parágrafos, nos enriquece neste aprofundamento (1).
Como vimos na citação acima, São
João distingue três espécies de cupidez ou concupiscência:
-A
concupiscência da carne;
- A
concupiscência dos olhos;
- A soberba
da vida.
Vejamos
como compreender esta inclinação para o pecado?
- “No batizado permanecem, no
entanto, certas consequências temporais do pecado, como os sofrimentos, a
doença, a morte, ou as fragilidades inerentes à vida, como as fraquezas de
carácter, etc., assim como uma inclinação para o pecado a que a Tradição chama concupiscência ou, metaforicamente,
a «isca» ou «aguilhão» do pecado («fomes
peccati»)...” (n. 1264);
- “...No entanto,
a vida nova recebida na iniciação cristã não suprimiu a fragilidade e a
fraqueza da natureza humana, nem a inclinação para o pecado, a que a tradição chama concupiscência, a qual persiste nos
batizados, a fim de que prestem as suas provas no combate da vida cristã,
ajudados pela graça de Cristo (Concílio de Trento). Este combate é o da conversão, em vista da santidade e
da vida eterna, a que o Senhor não se cansa de nos chamar (Concílio de Trento).”
(n. 1426);
-“Em sentido etimológico,
«concupiscência» pode designar todas as formas veementes de desejo humano. ...
Desregra as faculdades morais do homem e, sem ser nenhuma falta em si mesma,
inclina o homem para cometer pecado (Concílio de Trento).” (n.2515);
Assim compreendemos a tradição
catequética católica, que no nono mandamento proíbe a concupiscência carnal; e
no décimo, a cobiça dos bens alheios, e como batizados recebemos a graça da purificação
de todos os pecados.
No entanto, o batizado tem de
continuar a lutar contra a concupiscência da carne e os desejos desordenados,
contando com a graça divina no combate aos movimentos da concupiscência que não
cessam de nos arrastar para o mal (n.978):
- Pela virtude e pelo dom da
castidade, pois esta permite amar com um coração reto e sem partilha;
– Pela pureza de intenção, que
consiste em ter em vista o verdadeiro fim do homem: com um olhar simples, o
batizado procura descobrir e cumprir em tudo a vontade de Deus (Rm 12,2; Cl
1,10);
– Pela pureza do olhar, exterior
e interior; pela disciplina dos sentidos e da imaginação; pela rejeição da
complacência em pensamentos impuros que o levariam a desviar-se do caminho dos mandamentos
divinos: «a vista excita a paixão dos insensatos» (Sb 15, 5);
– Pela oração – vejamos o que
nos diz Santo Agostinho nas Confissões:
«Eu pensava que a continência dependia
das minhas próprias forças, forças que em mim não conhecia. E era
suficientemente louco para não saber [...] que ninguém pode ser continente, se
Tu lho não concederes. E de certo Tu o terias concedido, se com gemido interior
eu chamasse aos teus ouvidos e se com fé sólida lançasse em Ti o meu cuidado»”
Ainda sobre o pecado, afirma o
Catecismo: “... o pecado torna os homens
cúmplices uns dos outros, faz reinar entre eles a concupiscência, a violência e
a injustiça. Os pecados provocam situações sociais e instituições contrárias à
Bondade divina; as «estruturas de pecado» são expressão e efeito dos pecados
pessoais e induzem as suas vítimas a que, por sua vez, cometam o mal.
Constituem, em sentido analógico, um «pecado social» (Papa São João Paulo II).”
(n.1869).
Como vemos, a
inclinação para o pecado pode favorecer situações de pecado, que ultrapassam as
relações humanas, provocando situações sociais de pecado, ou até mesmo em sua
máxima expressão – “estruturas de pecado”:
desestruturação de famílias, fome, miséria, destruição planetária, dominações e
morte de vidas humanas e de toda a Casa Comum, como a Campanha da Fraternidade
tanto nos ajuda a compreender e nos compromete, com seu tema – “Fraternidade e Ecologia Integral”, e
lema – “A esperança não decepciona”
(Rm 5,5).
Do pecado da
concupiscência, livrai-nos, Senhor. Amém.
A sagrada missão dos confessores
Vivendo o Ano Jubilar 2025 – “Peregrinos de
esperança”, com o lema – “A esperança não decepciona”, assim como o Tempo da
Quaresma, é tempo oportuno e recomendável para que procuremos o Sacramento da
Penitência, para alcançar o perdão de nossos pecados, acolhidos e envolvidos
pela misericórdia divina, viver a vida nova como batizados, discípulos
missionários do Senhor.
Oportuno retomarmos o parágrafo n. 17 da Bula “Misericordiae Vultus”, quando o Papa
Francisco proclamou o Jubileu Extraordinário da Misericórdia
(8/12/2015-20/11/2016), no qual nos fala da importância e sagrada missão dos
confessores:
“Não me cansarei
jamais de insistir com os confessores para que sejam um verdadeiro sinal
da misericórdia do Pai. Ser confessor não se improvisa.
Tornamo-nos tal
quando começamos, nós mesmos, por nos fazer penitentes em busca do perdão.
Nunca esqueçamos que
ser confessor significa participar da mesma missão de Jesus e ser sinal
concreto da continuidade de um amor divino que perdoa e salva.
Cada um de nós
recebeu o dom do Espírito Santo para o perdão dos pecados; disto somos
responsáveis.
Nenhum de nós é
senhor do sacramento, mas apenas servo fiel do perdão de Deus. Cada
confessor deverá acolher os fiéis como o pai na parábola do filho pródigo:
um pai que corre ao encontro do filho, apesar de lhe ter dissipado os bens.
Os confessores são
chamados a estreitar a si aquele filho arrependido que volta a casa e
a exprimir a alegria por o ter reencontrado. Não nos cansemos de ir também
ao encontro do outro filho, que ficou fora incapaz de se alegrar, para lhe
explicar que o seu juízo severo é injusto e sem sentido diante da
misericórdia do Pai que não tem limites.
Não hão-de fazer
perguntas impertinentes, mas como o pai da parábola interromperão o discurso
preparado pelo filho pródigo, porque saberão individuar, no coração de cada
penitente, a invocação de ajuda e o pedido de perdão.
Em suma, os
confessores são chamados a ser sempre e por todo o lado, em cada situação e
apesar de tudo, o sinal do primado da misericórdia.”
Destaco algumas considerações feitas pelo Papa
sobre ser confessor:
- Ser
confessor não se improvisa, e ele deve ser um sinal da misericórdia do Pai;
- é, também,
um penitente em busca do perdão;
- participa da mesma missão de Jesus e ser sinal
concreto da continuidade de um amor divino que perdoa e salva;
- é alguém
que recebeu o dom do Espírito Santo para o perdão dos pecados; por isto grande
é a sua responsabilidade;
- não é senhor do
sacramento, mas apenas servo fiel do perdão de Deus.
- deverá acolher os
fiéis como o pai na parábola do filho pródigo: um pai que corre ao encontro do
filho, apesar de lhe ter dissipado os bens;
- é chamado a estreitar
a si aquele filho arrependido que volta a casa e a exprimir a alegria por tê-lo
reencontrado;
- não se cansa de ir
também ao encontro do outro filho, que ficou fora incapaz de se alegrar, para
lhe explicar que o seu juízo severo é injusto e sem sentido diante da
misericórdia do Pai que não tem limites;
- saberão individuar,
no coração de cada penitente, a invocação de ajuda e o pedido de perdão.
Elevemos a Deus orações pela missão de nossas
padres nos ministérios, para que sejam instrumentos de santificação do Povo de
Deus, e um dos meios, é o Sacramento da Penitência.
Vivamos o Sacramento como expressão da Misericórdia
divina, que nos renova, nos reconcilia, para que sejamos uma nova criatura, com
Deus e com os irmãos, reconciliados.
Perdão de Deus recebido, perdão para com o próximo vivido, como rezamos na oração do “Pai-Nosso”, a Oração que o Senhor nos ensinou, – “Pai nosso que estais nos céus... perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido...” Amém.