sexta-feira, 26 de abril de 2024

Jesus, o único Caminho, Verdade e Vida

 


Jesus, o único Caminho, Verdade e Vida

Sejamos enriquecidos pelo Comentário sobre João, escrito pelo presbítero Santo Tomás de Aquino (Séc. XIII).

“O caminho é o próprio Cristo, conforme ele próprio disse: Eu sou o caminho. E com muita razão, pois temos por ele acesso junto ao Pai.

Porque, porém, este caminho não está distante do seu termo, mas unido a Ele, Cristo acrescenta: Verdade e vida; de sorte que é ao mesmo tempo o caminho e o termo. É o caminho, segundo a humanidade; é o termo, segundo a divindade. Assim, como homem, diz: Eu sou o caminho; e, como Deus, acrescenta: A verdade e a vida. Por estas duas realidades, indica bem o término deste caminho.

O término deste caminho é a meta do desejo dos homens e o homem deseja principalmente duas coisas: primeiro, o conhecimento da verdade, o que lhe é próprio; segundo, a permanência no ser, o que é comum a todos os seres. Cristo é o caminho que leva ao conhecimento da verdade, porque é Ele mesmo a Verdade: Conduze-me, Senhor, à Tua verdade e entrarei em Teu caminho. Cristo é também o caminho que faz chegar à vida; é Ele próprio a vida: Fizeste-me conhecer os caminhos da vida.

Por este motivo, designou o término do caminho como verdade e vida: ambas se referem a Cristo. Em primeiro lugar, porque Ele é a vida: N’Ele era a vida; em seguida, porque ele é a verdade: Era a luz dos homens. Ora, a luz é a verdade.

Se, portanto, indagas por onde passar, acolhe a Cristo, o próprio caminho: É este o caminho, caminhai por ele. E Agostinho disse: Caminha pelo homem e chegarás a Deus. É melhor claudicar no caminho do que caminhar com desembaraço fora dele.

Pois quem manqueja no caminho, conquanto demore, chegará ao termo. Quem, ao contrário, vai por fora do caminho, embora correndo, se afasta, cada vez mais, do termo.

Se agora perguntas para onde ir, adere a Cristo, que é a verdade, meta de nossa caminhada: Minha boca meditará tua verdade. Se buscas permanecer, adere a Cristo, a própria vida: Quem me encontra, encontra a vida e haurirá a salvação vinda do Senhor.

 

Adere, por conseguinte, a Cristo, se queres ter segurança; não te desviarás, porque Ele é o caminho. Os que a Ele aderem, não andam fora, mas no caminho reto. Também não podem enganar-se, pois, com efeito, é Ele a verdade e ensina toda a verdade, conforme Suas mesmas palavras: Para isto nasci e vim aqui, para dar testemunho à verdade. E ainda, nada te perturbará, porque Ele mesmo é a vida e o que dá a vida: Eu vim para que tenham a vida e a tenham em abundância.”

De fato, Jesus é o caminho para se chegar à verdadeira vida: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”, como lemos no Evangelho de São João (Jo 14,6).

Como Igreja Sinodal, Povo de Deus caminhando juntos, sejamos iluminados pelo esplendor da Verdade que é o próprio Jesus Cristo, pois tão somente esta Verdade é que nos liberta - “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8,32)-, a fim de que tenhamos vida plena e definitiva (Jo 10,10). Amém.

 

Cristo é o Caminho para a luz e a Verdade para a Vida (I)

Cristo é o Caminho para a luz e a Verdade para a Vida

"Grande coisa é a Verdade,
grande coisa é a Vida! Ah se fosse possível
à minha alma encontrar o Caminho para lá chegar!"

Sejamos iluminados por esta citação do Bispo Santo Agostinho (séc. V), extraída “Dos Tratados sobre o Evangelho de São João”, quando Jesus, num contexto de partida para junto do Pai, apresenta-Se à comunidade como o caminho para a luz e a verdade para a vida (Jo 14,1-12).

“Diz o Senhor: "Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, não andará nas trevas, mas terá a luz da vida" (Jo 8,12). Estas breves Palavras contêm um Preceito e uma Promessa.

Façamos o que o Senhor mandou, para esperarmos sem receio receber o que prometeu, e não nos vir Ele a dizer no dia do Juízo:

"Fizeste o que mandei para esperares agora alcançar o que prometi?".
Responder-te-á: "Disse que me seguistes". Pediste um conselho de vida. De que vida, senão daquela sobre a qual foi dito: "Em Vós está a Fonte da Vida?" (Sl 35,10).

Por conseguinte, façamos agora o que nos manda, sigamos o Senhor, e quebremos os grilhões que nos impedem de segui-Lo. Mas quem é capaz de romper tais amarras se não for ajudado por Aquele de quem se disse:

"Quebrastes os meus grilhões? (Sl 115,7). E também noutro Salmo: ''É o Senhor quem liberta os cativos, o Senhor faz erguer-se o caído (Sl 145,7.8).

Somente os que assim são libertados e erguidos poderão seguir aquela luz que proclama: "Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, não andará nas trevas".

Realmente o Senhor faz os cegos verem. Os nossos olhos, irmãos, são agora iluminados pelo colírio da fé. Para restituir a vista ao cego de nascença, o Senhor começou por ungir-lhe os olhos com sua saliva misturada com terra.

Cegos também nós nascemos de Adão, e precisamos de ser iluminados pelo Senhor. Ele misturou Sua saliva com a terra: "E a Palavra se fez Carne e habitou entre nós" (Jo 1,14). Misturou Sua saliva com a terra, como fora predito:

"A verdade brotou da terra" (cf. Sl 84,12). E Ele próprio disse: "Eu sou O Caminho, A Verdade e A Vida" (Jo 14,6).

A verdade nos saciará quando O virmos face a face, porque também isso nos foi prometido. Pois quem ousaria esperar, se Deus não tivesse prometido ou dado?

Veremos face a face, como diz o Apóstolo: "Agora, conheço apenas de modo imperfeito; agora, nós vemos num espelho, confusamente, mas, então, veremos face a face" (1Cor 13,12).

E o Apóstolo João diz numa de suas Cartas: "Caríssimos, desde já somos filhos de Deus, mas nem sequer se manifestou o que seremos! Sabemos que, quando Jesus Se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque O veremos tal como Ele é" (1Jo 3,2). Eis a grande promessa!

Se O amas, segue-O! "Eu O amo, dizes tu, mas por onde O seguirei?" Se o Senhor te houvesse dito: "Eu sou a verdade e a vida", tu que desejas a verdade e aspiras à vida, certamente procurarias o caminho para alcançá-la e dirias a ti mesmo:

"Grande coisa é a verdade, grande coisa é a vida! Ah se fosse possível à minha alma encontrar o caminho para lá chegar!".

Queres conhecer o caminho? Ouve o que o Senhor diz em primeiro lugar: "Eu sou o caminho". Antes de dizer aonde deves ir, mostrou por onde deves seguir. Eu sou, diz Ele, o caminho. O caminho para onde? "A verdade e a vida".

Disse primeiro por onde deves seguir e logo depois indicou para onde deves ir. Eu sou o Caminho, Eu sou a Verdade, Eu sou a Vida. Permanecendo junto do Pai, é verdade e vida; revestindo-Se de nossa carne, tornou-Se o caminho.

Não te é dito: "Esforça-te por encontrar o caminho, para que possas chegar à verdade e à vida". Decerto não é isso que te dizem. Levanta-te, preguiçoso! O próprio Caminho veio ao teu encontro e te despertou do sono em que dormias, se é que chegou a despertar-te; levanta-te e anda!

Talvez tentes andar e não consigas, porque te doem os pés. Por que estão doendo? Não será pela dureza dos caminhos que a avareza te levou a percorrer?

Mas o Verbo de Deus curou também os coxos. "Eu tenho os pés sadios, respondes, mas não vejo o caminho". Lembra-te que Ele também deu a vista aos cegos.”

Foi desejo de Santo Agostinho contemplar a face de Deus, assim como também deve ser o nosso. No entanto, somente será possível se aderirmos incondicionalmente ao Senhor Jesus, que não apenas apontou o Caminho, mas é o próprio Caminho.

Não apenas nos ensinou a Verdade que nos faz verdadeiramente livres, como é a própria Verdade que nos liberta (cf. “Conhecereis a verdade e a Verdade vos libertará” - Jo 8,32). Jesus é a nossa Vida e a garantia de uma vida plena e feliz.

Urge que firmemos nossos passos no caminho para a eternidade, colocando nossa vida nas mãos de Deus, como oferenda agradável a Ele; iluminados pelo Esplendor da Verdade, que é o próprio Cristo Jesus. 

Cristo é o Caminho para a luz e a Verdade para a Vida (II)


Cristo é o Caminho para a luz e a Verdade para a Vida 

 “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”
(Jo 14,6)

Caminho que conduz a Deus e à morada eterna.
Caminho porque é nosso Único Mediador com Deus.
Caminho que devemos percorrer como comunidade.
Caminho para a glória que passa pela Cruz.
Caminho da felicidade, se vividas as Bem-Aventuranças.

Verdade que Ilumina todos os Povos.
Verdade porque nos Revela a face de Deus,
Verdade plena de esplendor que devemos proclamar ao mundo.
Verdade que, se seguida, não caminharemos nas trevas.
Verdade que, se conhecida, nos fará livres.

Vida que renova o mundo e toda a humanidade.
Vida que nos dá gosto e sentido da vida, e dela cuidar.
Vida porque é nosso Redentor com Seu Sangue derramado.
Vida plena e abundante nos concede no tempo e na eternidade.
Vida na morte, força na fraqueza, glória na humilhação.

Cristo é o Caminho para a luz e a Verdade para a Vida

Amizade perdida e reencontrada

                                                         

Amizade perdida e reencontrada

 “Onde estás?”
“Por que fizeste isso?”(cf. Gn 3,9-15.20)


Nas primeiras páginas do Livro de Gênesis, temos o chamado amoroso de Deus a Seus primeiros filhos:

“Mas o Senhor Deus chamou o homem e perguntou: ‘Onde estás?’.

Ele respondeu:
‘Ouvi Teu ruído no jardim. Fiquei com medo, porque estava nu, e escondi-me’.

Deus perguntou:
‘E quem te disse que estavas nu?’ Então comeste da árvore, de cujo fruto te proibi comer?’

O homem respondeu:
‘A mulher que me deste por companheira, foi ela que me fez provar do fruto da árvore, e eu comi’.

Então o Senhor Deus perguntou a mulher:
‘Por que fizeste isso?’

E a mulher respondeu:
‘A serpente enganou-me, e eu comi’”. (1)

Como que num longo tempo de espera, na plenitude dos tempos, o Filho Único, Jesus, ao entrar no mundo, fazendo doação e entrega da Sua vida por amor à humanidade, assumindo nossa condição humana, igual a nós, exceto no pecado, deu a resposta:

“Por esta razão, ao entrar no mundo, Cristo declara: ‘Não quiseste vítima nem oferenda, mas formaste um corpo para mim. Não foram do Teu agrado holocaustos nem sacrifícios pelo pecado. Então Eu disse: ‘Eis que Eu vim, ó Deus para fazer a Tua vontade, como no livro está escrito a meu respeito’” (Hb 10, 5-7).

Se de um lado nossos primeiros pais se afastaram de Deus, através do pecado, da desobediência, da infidelidade, de outro lado, Jesus com Sua vida nos ensina como viver na graça, obediência e fidelidade a Deus.

Se de um lado nossos primeiros pais se esconderam de Deus, com a perda da amizade e intimidade, Jesus vem para nos reconciliar com Deus na mais bela e puríssima amizade conosco, nos mergulhando na profunda intimidade e amizade com Deus, porque, Se encarnando em nosso meio, encarnou-se a Misericórdia Divina, que veio ao encontro da miserável condição de nossa humanidade.

Se de um lado nossos pais foram seduzidos pela serpente, Jesus, no deserto, nos ensinou a vencê-la, em total adoração e obediência à vontade do Pai.

Se de um lado nossos pais colocaram seu querer e vontade acima do querer de Deus, quiseram ser como deuses, Jesus veio, e Se apresentou diante do Pai, colocando sempre em primeiro plano a vontade do Pai, para que reaprendêssemos a viver como o Criador concebeu, e recuperássemos o que havíamos no Paraíso perdido, e agora, com renovados compromissos, o Paraíso a ser construído.

Respondamos à pergunta que Deus fez aos nossos pais: 

“Onde estás e o que fizeste?”

Digamos como o Filho amado: 

Aqui estamos, ó Deus, com Vosso Filho, e com a força do Vosso Espírito, para cumprir Vossos desígnios de santidade, para que, tão somente assim, reencontremos a verdadeira felicidade. Amém!”


(1) Bíblia Sagrada – Tradução da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil –
Catecismo da Igreja Católica – n.2568

quinta-feira, 25 de abril de 2024

O mandato missionário do Senhor

                                                            

O mandato missionário do Senhor

No dia 25 de abril, celebramos a Festa do Evangelista São Marcos e ouvimos a passagem do Evangelho de Marcos (Mc 16,15-20).

Trata-se do mandato do Senhor, enviando os discípulos pelo mundo, para continuar a sua missão.

Esta acontece todo dia e em todo lugar desde o dia de nosso Batismo, como profetas, sacerdotes, reis e pastores, num mundo marcado por inúmeros desafios, perplexidade, incertezas, por uma pobreza espiritual fomentada pelo processo de secularização e secularismo; culto do prazer (hedonismo); materialismo, às vezes até negando Deus, pregando e afirmando a Sua morte; acentuado relativismo, onde o que conta é a verdade de cada pessoa e de cada tempo (verdades passageiras e transitórias).

Sendo assim, os frutos amargos são consequências inevitáveis: incertezas, vazios, cansaços inúteis, ausência de sentido, depressão e violação da sacralidade da vida, perda do valor e da beleza da dignidade de cada pessoa.

E, é neste vasto e complicado mundo que somos desafiados a proclamar a Boa Nova do Evangelho, com alegria, coragem, ardor, criatividade, disponibilidade, confiança.

Urge um novo modo de ser cristão e viver o Evangelho, sem jamais negá-lo, sem nos acomodarmos diante da realidade - como nos disse o Apóstolo Paulo, não podemos nos conformar a este século.

O Evangelho é que deve fermentar o mundo, iluminá-lo, transformá-lo, jamais o contrário e, assim, se cumpra a ordem do Senhor: “Ide pelo mundo pregai o Evangelho a toda criatura...” (Mc 16,15).

É tempo favorável para nos revigorarmos na missão evangelizadora, comunicando a Boa Nova do Evangelho em todos os meios, em novos areópagos, santificando e estruturando nossas famílias, assumindo atitudes de conversão pessoal e estrutural da Igreja, na comunhão e participação de todos, construindo uma paróquia, como comunidade de comunidades e a inadiável e evangélica opção preferencial pelos pobres, no serviço à vida plena.

Como bem diz as Diretrizes da Ação Evangelizadora do Brasil (Doc. 94): “Jesus Cristo, o grande missionário do Pai, envia, pela força do Espírito, Seus discípulos em constante atitude de missão (Mc 16,15). Quem se apaixona por Jesus Cristo deve igualmente transbordar Jesus Cristo, no testemunho e no anúncio explícito de Sua Pessoa e Mensagem. A Igreja é indispensavelmente missionária. Existe para anunciar, por gestos e palavras, a pessoa e a mensagem de Jesus Cristo. Fechar-se à dimensão missionária implica fechar-se ao Espírito Santo, sempre presente, atuante, impulsionador e defensor (João 14,16; Mt 10,19-20)...”.

Cremos que se a missão evangelizadora por todos, com alegria e ardor, for assumidas, transformaremos inúmeras realidades. Poderemos transfigurar o “cinza” triste da cidade, com seus sinais de morte, num Jardim do Éden, não perdido, mas como horizonte e compromisso, sobretudo daqueles que têm fé.   

É preciso, portanto, impregnar a todas as atividades um sentido missionário. Não se trata de uma atividade a mais, mas  de empenharmos todas as forças, criatividade no  testemunho corajoso do Senhor e de Sua Boa Nova.

Seduzidos pelo Senhor, enraizados e solidificados em Sua Palavra, como bem falou o Apóstolo Paulo: “Proclama a Palavra, insiste, no tempo oportuno e no inoportuno, refuta, ameaça, exorta com toda paciência e doutrina” (2Tm 4,2).

É tempo da Primavera de Deus em nossas vidas, em nossas comunidades. No canteiro de nosso coração e do mundo, semeemos as Sementes do Verbo, até que um dia possamos contemplar a Primavera Divina da Eternidade!

Grande graça o Senhor nos concedeu: continuar a Sua missão

                                                     

Grande graça o Senhor nos concedeu: continuar a Sua missão


 “Foi elevado ao Céu e sentou-Se
à direita de Deus” Mc 16,19

No dia 25 de abril, celebramos a Festa do Evangelista São Marcos, e ouvimos a passagem do Evangelho de Marcos (Mc 16,15-20).

Como discípulos missionários, o fim último de todos nós é a  comunhão com Deus, o Céu.

A ida de Jesus para o Céu, não é a afirmação de Sua partida e ausência, mas é a garantia de Sua eterna presença conosco, até que Ele venha pela segunda vez, como afirmamos na Missa: “anunciamos Senhor a Vossa morte e proclamamos a Vossa Ressurreição, vinde Senhor Jesus”.

Antes, porém,  é preciso assumir com coragem, no tempo presente, a missão por Deus a nós confiada: anunciar o Evangelho a todos os povos, empenhados, decididamente, no Projeto de Salvação Divina.

É preciso sempre superar a passividade alienante: ir para o meio do mundo, como sal, luz e fermento; levar a humanidade a viver a comunhão querida por Deus, a fim de que todos sejamos um em Cristo Jesus.

À Igreja, portadora da plenitude de Cristo, nada falta para cumprir esta missão.

É o que contemplamos na passagem do Livro dos Atos dos Apóstolos  (At 1,1-11) onde encontramos o retrato de uma comunidade que vive num contexto de crise, desilusão e frustração. O tempo vai passando e não vê realizar o Projeto Salvador. Quando será, enfim, realizado?

São Lucas, autor dos Atos dos Apóstolos, escreve em tons de catequese sólida, substancial, para que a comunidade não vacile na fé, não esmoreça na esperança e nem esfrie na caridade. A construção do Reino exige empenho contínuo e nisto consiste o papel da comunidade formada por aqueles que creem e se afirmam cristãos.

Lucas escreve a Teófilo (aqueles que são amados por Deus = amigos de Deus) apresentando o Protagonista maior da Evangelização, que é o Espírito Santo, e conta com a participação e ação dos Apóstolos.

O Apóstolo Paulo, escrevendo aos Efésios (Ef 1,17-23), fala da comunidade como um corpo. Cristo é a cabeça e a Igreja é o corpo. Nisto consiste o “pleroma”, ou seja, na Igreja reside a plenitude, a totalidade de Cristo.          

A Igreja é a habitação onde Cristo Se torna presente no mundo.     Estando Cristo presente neste Corpo, Ele enche o mundo e atrai a Si o universo inteiro, até que Ele “seja tudo em todos” (Ef 1, 23).

A Ressurreição/Ascensão/Glorificação de Jesus é a garantia da nossa própria ressurreição/glorificação, por isto é preciso avançar no caminho superando as dificuldades.

Voltando ao Evangelho, que se trata de uma conclusão, possivelmente um acréscimo posterior à redação, escrito com o intuito de afastar todo medo da comunidade, para ajudá-la a superar a sua acomodação, instalação, afastando também toda perspectiva de recuo, desistência na árdua e maravilhosa missão do anúncio da Boa-Nova.

Jesus voltando para o Pai, e ficando para sempre no meio dos Seus discípulos, confia a eles a continuidade da missão. Deste modo, com a Ascensão, podemos afirmar que Jesus cumpriu plenamente a Sua missão e reentrou na comunhão do Pai, e assim dá início à nossa missão.

Ele sentou-Se à direita do Pai para reinar sobre tudo e todos, através da missão dos discípulos.

É sempre tempo de tomarmos consciência do quanto Deus em nós confia.

Reflitamos:

- Tenho consciência da universalidade da missão?
- Como discípulo, procuro aprender, assimilar e viver os ensinamentos de Jesus para que a missão tenha crédito e seja uma luz para o mundo?

- A vida dos discípulos não está livre da desilusão, sofrimento, frustração... Mas também está presente uma certeza que alimenta a coragem do que cremos: “Eu estarei convosco até o fim dos tempos”. Tenho viva esta certeza em meu coração?

- No seguimento de Jesus, não podemos nos instalar. Ser cristão é ser pessoa do tempo, sem medo de novidades. Estou instalado, acomodado, de braços cruzados, ou fascinado por Cristo e pela missão confiada?

- Procuro a sabedoria e força do Espírito para corresponder à altura?
- Ser cristão é ser alguém que deixou se levar pelo grande sopro do Espírito; é saber que pode contar com Ele na missão.

- Quais são os medos que temos a enfrentar no desempenhar na missão evangelizadora?
- Sentimos a presença do Ressuscitado em nossa missão?

- Temos sentimentos de gratidão pela confiança de Deus em nós depositada para levar adiante a missão?

Como pessoas que creem, deixemos de olhar para o céu, não façamos do cristianismo uma “agência de serviços sociais”, não meçamos esforços para encontrar Cristo, tanto na Palavra como na Eucaristia e nos demais Sacramentos, para que então renovados, revigorados, nos empenhemos apaixonadamente por Cristo na construção do Reino de Deus.

Dai-nos, Senhor, a sabedoria do Vosso Espírito

                                               

Dai-nos, Senhor, a sabedoria do Vosso Espírito 

No dia 25 de abril, celebramos a Festa do Evangelista São Marcos, e no e ouvimos a passagem do Evangelho de Marcos (Mc 16,15-20). 

Jesus aparece aos onze discípulos, Ressuscitado, e os envia em missão: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). 

Nisto consiste a missão da Igreja que somos: cumprir o mando do Senhor, sendo uma Igreja em estado permanente de missão, na fidelidade a Jesus, vivo e Ressuscitado, em plena comunhão com o Pai e o Espírito que nos conduz, pois é Ele o grande protagonista da missão. 

Oremos: 

Senhor, concedei-nos a Sabedoria do Vosso Espírito, para que, cumpramos a vontade de Deus, na missão de evangelizadores, discípulos missionários Vossos, que é a mais bela essência da nossa missão: sermos instrumentos de vida, amor, luz e paz, num mundo marcado por sinais de contradições e mortes. 

Senhor, ajudai-nos, para que nos abramos à graça e ao amor, que são derramados em nossos corações pelo Vosso Espírito, de modo que por Vós chamados, acolhidos, amados e enviados em missão, conheçamos quem sois e sintamos Vossa presença de amor e coragem. 

Senhor, movidos pelo Vosso Espírito Santo, ensinai-nos a sermos canais da graça divina na vida das pessoas e, ao mesmo tempo, preparando os nossos corações e de todos a quem comunicamos a Semente de Vossa Palavra, para que sejamos terrenos férteis, produzindo os frutos que Vosso Pai tanto espera. 

Senhor, conduzidos por Vosso Espírito, façamos de nossa vida doação e serviço, amor e entrega, como assim Vós fizestes, em ato extremo na morte de Cruz, amando-nos até o fim, por isto, pelo Pai fostes Glorificado. Amém. Aleluia! 

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