quinta-feira, 18 de abril de 2024

Percorramos o itinerário da fé

                                                     

Percorramos o itinerário da fé

Reflitamos sobre o itinerário da fé, que se faz necessário para que nos tornemos discípulos missionários do Senhor, como vemos na passagem do Livro dos Atos dos Apóstolos (At 8,26-40).

Inicialmente, vemos o Diácono Filipe, na atenção ao anjo e atento às inspirações de Deus (At 8,26), coloca-se a caminho para anunciar a Boa-Nova Salvação.

Na abertura à mensagem do Anjo, parte com confiança, ainda que não saiba o que ou quem irá encontrar, colocando a sua vida entregue ao Senhor Jesus, por meio da Igreja, na comunhão ministerial dos Apóstolos (At 6, 35).

O Diácono coloca-se como um instrumento, para que a verdade de Cristo chegue aos corações, aqui representado pelo eunuco apresentado na passagem.

Note-se, que agora o diálogo do Diácono com o eunuco se dá sob a ordem do Espírito: – “Chega-te, e ajunta-te a esse carro (At 8,29). De fato o principal protagonista da evangelização é o Espírito Santo, como afirmou o Patriarca Atenágoras (1948-1972):

“Sem o Espírito Santo, Deus está distante, o Cristo permanece no passado, o Evangelho é uma letra morta, a Igreja uma simples organização, a autoridade um poder, a missão uma propaganda, o culto um arcaísmo, e a ação moral uma ação de escravos.

Mas no Espírito Santo o cosmos é enobrecido pela geração do Reino, o Cristo Ressuscitado está presente, o Evangelho se faz força do Reino, a Igreja realiza a Comunhão Trinitária, a autoridade se transforma em serviço, a Liturgia é memorial e antecipação, a ação humana se diviniza”.

O eunuco, Ministro da rainha da Etiópia, lia sem entender o Profeta Isaías, e cabe a Filipe, levar o mesmo a reconhecer a partir do texto lido, a identificação com a pessoa de Jesus Cristo (At 8,32-35), e fazendo o itinerário da fé recebe o batismo ministrado pelo Diácono.

Temos aqui explicitado o itinerário da fé feito antes da recepção do Batismo:

1º - o anúncio de Jesus pelo ministro da Igreja;
2º - a adesão do ouvinte à pregação, pois a fé vem pelo ouvido (Rm 10,17);
3º - a recepção do Batismo, adesão à comunidade dos crentes, e a alegria da vida nova em Cristo.

Evidentemente, pressupõe um momento permanente após o Batismo, que é a sua vivência, o testemunho, não podendo se viver de qualquer modo, mas perfeitamente configurados a Cristo Jesus, tendo dele mesmos sentimentos ( Fl 2,5-11), vivendo mortos para o pecado e vivos para Deus (Rm 6,11), em contínua conversão, buscando as coisas que vem do alto, como nos falou o Apóstolo Paulo (Cl 3,1-11).

Vivendo o Tempo Pascal, marcado pelo transbordamento da alegria da Ressurreição do Senhor, renovemos constantemente a escuta atenta da Palavra do Senhor, em adesão à mesma, colocando-a em prática, revigorados pelo Corpo e Sangue do Senhor, ainda que na comunhão espiritual, como têm sido neste tempo.

Oportuno retomar e aprofundar a Carta do Papa Francisco para a Celebração do 57º dia Mundial de Oração pelas vocações, em que ele nos apresenta a vocação a partir de quatro palavras: tribulação, gratidão, coragem e louvor (1).



Fonte: Igreja em Oração – Nossa Missa no dia a dia - abril 2020 – p.139.

Companheiros de viagem

                                                                   

Companheiros de viagem

Celebrar a Eucaristia cotidianamente, precedida de uma fecunda preparação, torna-se, cada, vez mais um imperativo no mundo pós-moderno em procura da saciedade de amor, alegria, vida, luz e paz.
 
Cada Liturgia da Palavra, inseparavelmente da Liturgia Eucarística, são imprescindíveis Mesas que nos revigoram, nos dão forças em nossas travessias, por vezes tão sombrias.
 
Viver, de fato, é uma grande travessia: 
 
“Tornar-se companheiro de viagem de cada homem, ser para cada homem ‘Sacramento’ do Amor de Deus com os gestos, tal como com as palavras: é este o compromisso irrenunciável que as leituras de hoje colocam à nossa frente. 
 
Somos chamados a viver a responsabilidade de fazer da dupla Mesa do Pão e da Palavra o centro, o coração da vida, tornando-a disponível a quem quer que possamos encontrar.
 
Somos chamados a tornar-nos companheiros de viagem, e, portanto, a tornar-nos dom, na missão que Deus nos confia, identificando-nos com essa missão sem querer nada para nós, e desaparecer nela e com ela; como o diácono Filipe, que cumpre a sua missão e logo é arrebatado pelo Espírito por ser destinado a outras missões.”  (1)
 
Deste modo,
 
Companheiros de viagem, haveremos de ser também,
Companheiros de viagem, também precisamos ter.
Companheiro é aquele que come o pão no mesmo prato;
Que partilha as alegrias, vitórias e conquistas,
Mas que também é solícito para compartilhar
Tristezas, derrotas, perdas, por vezes irreparáveis.

Que nos fala, com a palavra e com a vida,
Sobretudo com uma Palavra Divina.
Que nos ajuda a firmar os passos na direção
De uma eternidade feliz, desde o tempo presente.
Que nos abre os olhos para o necessário,
Não permitindo que o medo nos cegue.

Que não faz média, pacto de mediocridade,
Sem conivência com o erro e a falta da verdade.
Que nos toma pelas mãos para adiante seguir,
Sem dar em nosso lugar os necessários passos.
Que sabe contar e cantar os sonhos que nos movem,
Porque de sonhos e cantos também vivemos.

Que nos ajuda a enfrentar os terríveis pesadelos,
Confiantes que não têm eles a última palavra.
Companheiros de viagem, precisamos!
Companheiros que me ajudem a continuar esta reflexão,
Porque companheiros se enriquecem reciprocamente...
Companheiros de viagem, sejamos!
 
 
PS: Liturgia da quinta-feira da terceira semana da Páscoa: At 8,26-40; Sl 65, 8-9.16-17.20; Jo 6,44-51.
 
(1)  Leccionário Comentado – Tempo Pascal – Editora Paulus – Lisboa – 2011 - p.470. 
 


quarta-feira, 17 de abril de 2024

Temos fome do Pão do céu e da Bebida da Salvação

Temos fome do Pão do céu e da Bebida da Salvação

Sejamos enriquecidos pela Catequese escrita pelo Bispo São Cirilo, extraída “Das Catequeses de Jerusalém” (séc. IV), que nos fala sobre a  Eucaristia, o Pão do céu e a Bebida da Salvação.

“Na noite em que foi entregue, nosso Senhor Jesus Cristo tomou o Pão e, depois de dar graças, partiu-o e deu-o a Seus discípulos, dizendo: “Tomai e comei: isto é o meu corpo”.

Em seguida, tomando o Cálice, deu graças e disse: “Tomai e bebei: isto é o meu sangue” (cf. Mt 26,26-27; 1Cor 11,23-24). Tendo, portanto, pronunciado e dito sobre o Pão: Isto é o meu corpo, quem ousará duvidar? E tendo afirmado e dito: Isto é o meu sangue, quem se atreverá ainda a duvidar e dizer que não é o Seu sangue?

Recebamos, pois, com toda a convicção, o Corpo e o Sangue de Cristo. Porque sob a forma de Pão é o corpo que te é dado, e sob a forma de vinho, é o sangue que te é entregue. Assim, ao receberes o Corpo e o Sangue de Cristo, te transformas com Ele num só corpo e num só sangue. 

Deste modo, tendo assimilado em nossos membros o Seu corpo e o Seu sangue, tornamo-nos portadores de Cristo; tornamo-nos, como diz São Pedro, participantes da natureza divina (2Pd 1,4).

Outrora, falando aos judeus, dizia Cristo: Se não comerdes a minha carne e não beberdes o meu sangue, não tereis a vida em vós (cf. Jo 6,53). Como eles não compreenderam o sentido espiritual do que lhes era dito, afastaram-se escandalizados, julgando estarem sendo induzidos por Jesus a comer carne humana. 

Na Antiga Aliança, havia os pães da propiciação; por pertencerem ao Velho Testamento, já não mais existem. Na Nova Aliança, porém, trata-se de um Pão do céu e de um Cálice da salvação que santificam a alma e o corpo. Assim como o pão é próprio para a vida do corpo, também o Verbo é próprio para a vida da alma.

Por isso, não consideres o Pão e o Vinho eucarísticos como se fossem elementos simples e vulgares. São realmente o Corpo e o Sangue de Cristo, segundo a afirmativa do Senhor. 

Muito embora os sentidos te sugiram outra coisa, tenha a firme certeza do que a fé te ensina. Se foste bem instruído pela doutrina da fé, acreditas firmemente que aquilo que parece pão, embora seja como tal sensível ao paladar, não é pão, mas é o Corpo de Cristo. E aquilo que parece vinho, muito embora tenha esse sabor, não é vinho, mas é o Sangue de Cristo.

Antigamente, bem a propósito, já dizia Davi nos salmos: O pão revigora o coração do homem, e o óleo ilumina a sua face (Sl 103,15). Fortifica, pois, teu coração, recebendo esse Pão espiritual e faze brilhar a alegria no rosto de tua alma. Com o rosto iluminado por uma consciência pura, contemplando como num espelho a glória do Senhor, possas caminhar de claridade em claridade, em Cristo Jesus, nosso Senhor, a quem sejam dadas honra, poder e glória pelos séculos sem fim. Amém”.

Vemos quão importante e necessário que participemos da Ceia do Senhor, alimentando-nos não apenas por um pedaço de pão e um pouco de vinho, mas Transubstanciados, na Celebração Eucarística, tornam-Se, verdadeiramente, Pão do Céu e Bebida de Salvação.

Participemos cada vez mais, ativa, piedosa, conscientemente das Missas de nossas Comunidades, prolongando-as, dia a dia, em sagrados compromissos com a Boa Notícia nela Proclamada, assim como do Verdadeiro Pão e Verdadeira Comida saciados.

Seja a nossa espiritualidade essencialmente Eucarística. Sejamos perseverantes, como as primeiras comunidades, na Doutrina dos Apóstolos, comunhão fraterna, fração do Pão e oração (At 2,42-45).

PS: Oportuno para a reflexão da passagem do Evangelho de João (Jo 6,35-40)

“Iluminação”

                                                          

“Iluminação”

“A este Batismo dá-se também o nome de ‘iluminação’, 
porque os iniciados nesta Doutrina são iluminados 
na sua capacidade de compreender as coisas”

Reflitamos sobre a passagem extraída “Da Primeira Apologia em defesa dos cristãos”, do Mártir São Justino (séc. I), quando fala sobre a graça do Batismo, como o banho do novo nascimento, através do qual somos iluminados.

“Vamos expor de que modo, renovados por Cristo, nos consagramos a Deus.

Todos os que estiverem convencidos e acreditarem no que nós ensinamos e proclamamos, e prometer em viver de acordo com essas verdades, exortamo-los a pedir a Deus o perdão dos pecados, com Orações e jejuns; e também. nós rezaremos e jejuaremos unidos a eles.

Em seguida, levamo-los ao lugar onde se encontra água; ali renascem do mesmo modo que nós também renascemos: recebem o Batismo da água em nome do Senhor Deus Criador de todas as coisas, de nosso Salvador Jesus Cristo e do Espírito Santo.

Com efeito, foi o próprio Jesus Cristo que afirmou: Se não renascerdes, não entrareis no Reino dos Céus (cf. Jo 3,3-5). É evidente que não se trata, uma vez nascidos, de entrar novamente no seio materno.

O Profeta Isaías também diz àqueles que pecaram e se arrependem, como libertar-se das culpas. São estas as suas palavras: Tirai a maldade de vossas ações de minha frente. Deixai de fazer o mal! Aprendei a fazer o bem! Julgai a causa do órfão, defendei a viúva. Vinde, debatamos – diz o Senhor.

Ainda que vossos pecados sejam como púrpura, tornar-se-ão brancos como a neve. Se não me ouvirdes, uma espada vos destruirá. Assim falou a boca do Senhor (cf. Is 1,16-20). 

Esta Doutrina, nós a recebemos dos Apóstolos. No nosso primeiro nascimento, fomos gerados por um instinto natural, na mútua união de nossos pais, sem disso termos consciência.

Fomos educados no meio de uma sociedade desonesta e em maus costumes.

Todavia, para termos também um nascimento que não seja fruto da simples natureza e da ignorância, mas sim de uma escolha consciente, e obtermos pela água o perdão dos pecados cometidos, sobre aquele que quiser renascer e fizer penitência dos pecados, é pronunciado o nome do Senhor Deus Criador de todas as coisas. Somente podemos invocar este nome sobre aquele que é levado à água do Batismo.

A ninguém é permitido pronunciar o nome inefável de Deus. Se alguém ousa afirmar ter em si este nome, não passa de um louco.

A este Batismo dá-se também o nome de ‘iluminação’, porque os iniciados nesta Doutrina são iluminados na sua capacidade de compreender as coisas. Mas a purificação daquele que é iluminado, faz-se em nome de Jesus Cristo, crucificado sob Pôncio Pilatos, e em nome do Espírito Santo que, pelos Profetas, predisse tudo quanto dizia à respeito de Jesus”.

Ao participar da Vigília Pascal, Mãe de todas as Vigílias, renovamos nossas promessas Batismais e fomos aspergidos pela água sobre a qual foi invocado o Espírito Santo, acompanhada pelo canto que dizia:

Banhados em Cristo somos uma nova criatura”, e sob a luz do Círio Pascal, que fora aceso no início da celebração, com toda a sua beleza e simbolismo que nos comunica a presença do Cristo, Vivo, Glorioso e Ressuscitado.

Sejamos fortalecidos em cada Eucaristia que participarmos pela Palavra Divina, para que vivamos o Batismo, com este nome tão expressivo, como São Justino nos apresenta – “Iluminação”.

Ser batizado é ser sal da terra, fermento na massa e alguém que por Cristo iluminado, e que, ao mundo, comunica a luz nas mais adversas e sombrias situações, a fim de que todos vida plena tenhamos. Aleluia!

terça-feira, 16 de abril de 2024

Temos fome do “Pão da Vida”

                                                               

Temos fome do “Pão da Vida”

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de São João (Jo 6,30-35), em que Jesus Se apresenta para nós como “o Pão da Vida”, que nos dá a vida eterna e definitiva.

Acolher Jesus e Sua Pessoa, comer do Pão da Vida que Ele mesmo é e nos oferece, é a adesão incondicional à Sua pessoa e propostas, no mais profundo de nosso coração, certos de que somente Deus pode saciar nossa fome de transcendência, de amor, de felicidade, de justiça, de esperança, e tudo mais que for bom e necessário para a existência humana.

É uma bela lição de amor a ser aprendida, que se faz dom na partilha, na doação. Acolher a proposta de Jesus leva, inevitavelmente, à multiplicação de gestos simples em favor da vida.

Adesão à Sua pessoa e proposta, acreditar na mesma acolhendo Sua Palavra, e vivê-la com todo empenho e ardor são características do discípulo missionário do Senhor.

Não podemos seguir o Senhor como “iludidos”, mas com profunda e frutuosa convicção, superando quaisquer equívocos, do contrário não se persevera e não se vive o que Ele nos propõe e tão pouco alcançamos a felicidade, e ainda nos distanciamos do fim último que ansiamos: a eternidade.

Reflitamos:

- Nós acolhemos a Deus que vem ao nosso encontro todos os dias? 

- Corremos avidamente e decididamente para este encontro?

- Sentimos a presença de Deus que sempre caminha com Seu Povo?

- Qual a verdade da nossa adesão a Jesus, Sua Pessoa e Palavra?

- Vivemos como Homens Novos, assumindo tudo aquilo que lhe é próprio?

- Temos procurado na Mesa da Palavra e na Mesa da Eucaristia o Pão necessário para nossa vida?

- Alimentados por Cristo, Pão da Vida, Pão de eternidade, quais os nossos compromissos com aqueles que são privados do pão do cotidiano?

A adesão incondicional ao Senhor nos faz
Homens Novos, com novas 
mentalidades e atitudes.

Nisto consiste a exigência da Vida Nova em Cristo
desde o dia de nosso Batismo.

Cantar o que vivemos, viver o que cantamos...

                                                         

Cantar o que vivemos, viver o que cantamos...

“Cantai ao Senhor Deus um canto novo, e o
Seu louvor na assembleia dos fiéis”

O Bispo Santo Agostinho (séc. V) nos enriquece com este Sermão sobre o canto, e faz um convite para que cantemos ao Senhor o canto do amor.

“Cantai ao Senhor Deus um canto novo, e o Seu louvor na assembleia dos fiéis (Sl 149,1). Somos convidados a cantar um canto novo ao Senhor.

O homem novo conhece o canto novo. O canto é uma manifestação de alegria e, se examinarmos bem, é uma expressão de amor.

Quem, portanto, aprendeu a amar a vida nova, aprendeu também a cantar o canto novo. É, pois, pelo canto novo que devemos reconhecer o que é a vida nova. Tudo isso pertence ao mesmo Reino: O Homem Novo, o Canto Novo, a Aliança Nova.

Não há ninguém que não ame. A questão é saber o que se deve amar. Não somos, por conseguinte, convidados a não amar, mas sim a escolher o que havemos de amar.

Mas, o que podemos escolher se antes não formos escolhidos? Porque não conseguiremos amar, se antes não formos amados.

Escutai o Apóstolo João: Nós amamos porque Ele nos amou primeiro (cf. 1Jo 4,10). Procura saber como o homem pode amar a Deus; não encontrarás resposta, a não ser esta: Deus o amou primeiro.

Deu-se a Si mesmo Aquele que amamos, deu-nos a capacidade de amar. Como Ele nos deu esta capacidade, ouvi o apóstolo Paulo que diz claramente: O Amor de Deus foi derramado em nossos corações. Por quem? Por nós, talvez? Não. Então por quem? Pelo Espírito Santo que nos foi dado (Rm 5,5).

Tendo, portanto, uma tão grande certeza, amemos a Deus com o amor que vem de Deus. Escutai ainda mais claramente o mesmo São João:

Deus é Amor: quem permanece no amor, permanece com Deus, e Deus permanece com ele (1Jo 4,16). É bem pouco afirmar: O amor vem de Deus (1Jo 4,7).

Quem de nós se atreveria a dizer: Deus é Amor? Disse-o quem sabia o que possuía. Deus Se oferece a nós pelo caminho mais curto.

Clama para cada um de nós: amai-me e me possuireis; porque não podeis amar-me se não me possuirdes. Ó irmãos, ó filhos, ó novos rebentos da Igreja Católica, ó geração santa e celestial, que renascestes em Cristo para uma vida nova!

Ouvi-me, ou melhor, ouvi através do meu convite: Cantai ao Senhor Deus um canto novo. Já estou cantando, respondes. Tu cantas, cantas bem, estou escutando. Mas oxalá a tua vida não dê testemunho contra tuas palavras.

Cantai com a voz, cantai com o coração, cantai com os lábios, cantai com a vida: cantai ao Senhor Deus um canto novo. Queres saber o que cantar a respeito d'Aquele a quem amas?

Sem dúvida, é acerca d'Aquele a quem amas que desejas cantar. Queres saber então que louvores irás cantar? Já o ouviste: Cantai ao Senhor Deus um canto novo. Que louvores? Seu louvor na assembleia dos fiéis. O louvor de quem canta é o próprio cantor.

Quereis cantar louvores a Deus? Sede vós mesmos o canto que ides cantar. Vós sereis o Seu maior louvor, se viverdes santamente”.
(Cf. Lit. das Horas - Vol. II)

Cada vez mais se multiplicam os cantos nas liturgias, encontros; riqueza de repertório cada vez maior. A questão é se também está enriquecido o conteúdo de nossas vidas.

Estamos vivendo aquilo que se canta em nossas Missas e celebrações?

“Vós sereis o Seu maior louvor, se viverdes santamente”,
 uma afirmação profundamente questionadora! Eis a oportunidade de avaliarmos o conteúdo do que cantamos, e a necessária correspondência em atitudes.

“Oxalá a tua vida não dê testemunho contra tuas palavras”, assim ele nos falou acima. Quantos cantos que falam de amor, comunhão, partilha, solidariedade, vida nova, conversão, doação, entrega, serviço, coerência, santidade, despojamento, devoção puríssima, justiça, santidade, etc.

Reflitamos:

-  Vivemos ou nos empenhamos para dar conteúdo existencial ao que cantamos?
-   Empenhamo-nos para que nossas comunidades cantem bem, e que todos vivamos melhor?

Santo Agostinho e seu Sermão nos provocam com estes e outros inúmeros questionamentos...

Cantar a beleza e o esplendor da Liturgia sempre,
vivendo a profundidade dos Sacramentos!
Amém! Aleluia!

segunda-feira, 15 de abril de 2024

Em poucas palavras...

                                                       


“Nós, sacerdotes...”

 

“Nós, sacerdotes, somos o pobre e queremos ter o coração da viúva pobre quando damos esmola e tocamos a mão do mendigo fixando-o nos olhos. 

Nós, sacerdotes, somos Bartimeu, e levantamo-nos cada manhã para rezar: «Senhor, que eu veja!» (cf. Mc 10, 51). 

Nós, sacerdotes, somos, nos vários momentos do nosso pecado, o ferido espancado deixado meio morto pelos ladrões. 

E queremos ser os primeiros a estar entre as mãos compassivas do Bom Samaritano, para depois podermos com as mãos ter compaixão dos outros.” (1)

 

(1)           Homilia Santa Missa Crisma – Papa Francisco – 18/04/19

 

Quem sou eu

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG