quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Comunidade: lugar do encontro com Deus (IIITQB)

Comunidade: lugar do encontro com Deus

Na passagem do Evangelho (Jo 2, 13-25), ao realizar a purificação do templo, Jesus anuncia que Ele mesmo é o lugar do verdadeiro encontro com Deus.

Jesus é a verdadeira presença de Deus no meio da humanidade, o Verbo que Se fez Carne.

E, ao afirmar que pode destruir o templo e o edificar em três dias, preanuncia a Sua morte e Ressurreição, que será esta, por sua vez a garantia de que Jesus veio de Deus, e que Sua atuação tem o selo de garantia de Deus.

O evangelista João situa o fato de a purificação acontecer nos dias que antecedem à Festa da Páscoa, momento em que grande multidão afluía para Jerusalém. Note-se que Jerusalém teria aproximadamente 55.000 habitantes, e nestes dias chegava a receber 125.000 peregrinos, com o sacrifício de 18.000 cordeiros na celebração pascal.

Evidentemente, o templo era lugar de grande comércio e muitos viviam dele; e aqui o sinal profético da sua purificação feita por Jesus.

O gesto de Jesus deve ser entendido neste contexto, como a comunicação de novos tempos messiânicos.

Jesus não propõe a reforma do templo, mas a abolição do culto porque era algo nefasto, ou seja, em nome de Deus o culto criava exploração, miséria, injustiça, em vez de favorecer uma sincera e frutuosa relação com Deus.

Jesus é, de fato, o novo Templo, isto é fundamental como mensagem. Ele Se faz companheiro de caminhada e aponta os caminhos de salvação.

A salvação não fica restrita às mãos dos sacerdotes do templo. Ele é Aquele que vem ao mundo comunicar a Salvação à humanidade, em sinal de total e incondicional Amor a Deus, dando Sua vida em sacrifício para a nossa redenção.

Não há mais necessidade daquele templo e seus sacrifícios. Com Ele, Jesus, a humanidade pode alcançar vida, alegria, paz, salvação sem submeter à lógica sacrificial do templo, que havia se tornado casa de comércio, covil de ladrões.

Os cristãos, tendo aderido ao Senhor e a Sua Mensagem, tendo comido a Sua Carne, bebido do Seu Sangue, precisam se identificar com Ele.

Os cristãos são, portanto, pedras vivas desse novo Templo no qual Deus Se manifesta ao mundo e vem ao encontro da humanidade oferecendo vida e Salvação.

Cabe aos cristãos revelar ao mundo o rosto bondoso, misericordioso e terno de Deus, pelo que creem e pelo que vivem, sem dissociação, sem distanciamentos e incoerência, pois todo aquele que vive e crê no Senhor, terá a vida eterna, e já experimenta no tempo presente felicidade plena. 

Urge que nossos cultos sejam agradáveis a Deus, com implicações em nossa vida, sobretudo a Eucaristia que celebramos.

Da mesma forma, precisamos viver a Palavra que proclamamos e ouvimos, a fim de que nossos cultos não sejam apenas solenes, mas ricos de conteúdos vivenciais, com maiores compromissos com a vida, ou seja, com o Reino de Deus.

Sendo assim, quando acorremos ao Templo para celebrar, haveremos de fazê-lo de modo ativo, consciente e piedoso de modo que molda o nosso viver.

Reflitamos:

- Sentimos a presença de Deus em nossas comunidades, verdadeiros Templos de Deus?

- Sentimos a presença de Deus em cada homem e mulher, como templos de Deus?

- Há o Templo e os templos, nos quais Deus também fez Sua morada. Como cuidamos do Templo do Senhor, e também como cuidamos dos templos do Senhor?

- O que fazemos para que cada pessoa, lugar da presença de Deus, também tenha vida plena e feliz?

Que o Tempo da quaresma renove em nós a alegria de ser Igreja, amando e nos colocando a serviço dela, no compromisso com a vida e com o Reino, não esgotando nossa fé na prática de cultos e ritos, mas em sinceros e multiplicados gestos de amor, comunhão, fraternidade e solidariedade, e tão somente assim, nossos cultos serão agradáveis a Deus.

Nunca é demais dizer: há sempre um longo a caminho de conversão a percorrer, para que nossas comunidades correspondam à missão que lhes foi confiada. Vivamos, portanto, este Tempo, como tempo de graça e reconciliação e maior fidelidade aos desígnios de Deus.
  

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Em poucas palavras...

 


A Cruz, símbolo da vida

“E Sua paixão (de Jesus Cristo), tão semelhante à sorte que coube a Jeremias, não leva mais o grito da humanidade incapaz de compreender a dor, mas torna-se motivo de conforto para os homens provados pelo sofrimento e angústia da morte, porque Cristo nos salvou por sua morte.

A cruz, depois de Jesus Cristo, torna-se símbolo de vida; não perde a dureza, mas já não é destituída de significado.” (1)

 

(1)               Comentário do Missal Cotidiano - Editora Paulus - pág. 211

Passagem bíblica: Jeremias (Jr 18,18-20)

Quero beber do Teu Cálice, Senhor!

 

Quero beber do Teu Cálice, Senhor!
 
“Não sabeis o que pedis. Podeis beber o
Cálice que hei de beber?” (Mt 20,22)
 
Quero beber do Teu Cálice, Senhor.
 
Assim como disseste à mãe de Tiago e João,
Sei que não cabe a Ti conceder, mas ao Pai,
 
Então, permita-me, Senhor, participar de Tua Paixão,
Morrendo contigo, para também contigo Ressuscitar.
 
Também contigo quero estar sempre em completa comunhão,
Na alegria e na dor, nos tropeços e reerguimentos.
 
Quero beber do Teu Cálice, Senhor.
 
Quero me unir à Tua imerecida Paixão,
Completando em minha carne o que possa faltar.
 
Assim, a Paixão contigo vivendo e assumindo,
Por amor a Igreja, totalmente me consumindo.
 
Em fidelidade comprovada, razão da esperança sempre dar,
E na rede de relações quotidianas a caridade testemunhar.
 
Quero beber do Teu Cálice, Senhor.
 
Consumir minha vida por Ti, logo, pelo Amor,
Marcada pela alegria da doação e do serviço.
 
Fazendo brilhar Tua luz, num mundo por vezes obscurecido e frio,
Pela palavra e pela ação, para que Teu nome glorifiquem.
 
Reconhecendo Tua terna e amável presença
Naqueles em que estás aparentemente invisível.
 
Quero beber do Teu Cálice, Senhor.
 
Numa fé em contínuo amadurecimento, acrisolamento,
Sem lamentar, mas com Tua força contar no sofrimento.
 
Caminhando peregrino longe de Ti, tão próximo, tão perto,
Até que possa ver Tua face reluzente, para sempre. 
 
Rumando para a eternidade, com passos firmes,
Sem estagnações e recuos para de Ti não me distanciar.
 
Quero beber do Teu Cálice, Senhor.
 
Suportar, se necessário, por fidelidade a Ti,
O desprezo e a incompreensão ao invés da glória.
 
Com sincera humildade, ponho-me no último lugar
Aprendiz de Ti, servindo por amor, servo inútil me reconheço.
 
Amargar a incompreensão se preciso for,
Pelo bem feito, sempre será melhor sofrer.
 
Quero beber do Teu Cálice, Senhor.
 
Entranhando no mais profundo de mim Tua Palavra
De modo especial a que ressoa em cada Eucaristia.
 
Deixando-me por ela me moldar, transformar,
Para que Tua imagem melhor possa transparecer.
 
Da verdadeira Comida e Bebida me saciar;
Vigor, alegria, imortalidade alcançar.
 
Quero beber do Teu Cálice, Senhor.
 
Para que se cumpra em mim Tua Palavra,
No Evangelho, na mente e coração gravada:
 
“Quem come da minha Carne e bebe meu Sangue
permanece em mim e Eu n’Ele”.
 
Bebo do Teu Cálice, alimento-me de Teu Pão.
Permaneces em mim, Senhor, permaneço em Ti. Amém!
 
Quero beber do Teu Cálice, Senhor,
Minha cruz assumir contigo por amor... 
 
 
PS: Apropriado para o XXIX DTCB, em que se proclama a passagem do Evangelho de São Marcos (Mc 10, 35-45)
 

Aspiremos as coisas mais humildes

 

                             Aspiremos as coisas mais humildes

“Dois discípulos de nosso Senhor, os santos e ilustres irmãos João e Tiago, desejaram do Senhor nosso Deus, conforme lemos no Evangelho, o sentar-se em Seu Reino um a Sua direita e outro a Sua esquerda.

Não desejaram ser reis da terra, não desejaram de nosso Senhor honras perecedouras, nem ser cumulados de riquezas, nem se ver rodeados de numerosa família, nem ser venerados por súditos, nem ser bajulados por aduladores; mas pediram algo grande e duradouro: ocupar algumas cadeiras imperecíveis no Reino de Deus.

Desejaram uma grande coisa! Não foram repreendidos em seu desejo, porém foram encaminhados para uma ordem. O Senhor viu neles um desejo de grandeza e se dignou ensinar-lhes caminho da humildade, como que lhes dizendo: ‘Percebes o que desejais, percebes que Eu estou convosco; e Eu que vos fiz e desci até vós, cheguei até a humilhar por vós’.

Estas palavras que vos narro não aparecem no Evangelho; contudo, expresso o sentido do que se lê no Evangelho.

Convido-vos agora para pensar nas palavras que se leem no Evangelho, para que vejais de onde saíram as palavras que vos disse.

Uma vez que o Senhor escutou a petição dos irmãos, lhes disse: Podeis beber o cálice que vou beber?  A vós, que buscais postos de grandeza, não vos é amargo o cálice da humildade? Ali onde se impõe um preceito duro, ali há um grande consolo. Os homens negam a beber o cálice da paixão, o cálice da humilhação. Aspiram as coisas mais sublimes? Amem antes de tudo as coisas humildes. Partindo do humilde se chega ao sublime.

Ó homem! Tu tinhas medo de suportar as afrontas da humilhação. Porém te convém beber o cálice amargo da paixão. Tuas vísceras estão irritadas, tens inflamadas as entranhas.

Bebe a amargura para conseguir a saúde. Bebeu-a o médico são, e não quer beber o enfermo debilitado?

O Senhor disse aos filhos de Zebedeu: Podeis beber o cálice? Não lhes disse: ‘podeis beber o cálice das afrontas, o cálice do fel, o cálice do vinagre, o cálice amarguíssimo, o cálice cheio de veneno, o cálice de todo tipo de dores?’. Se tivesse lhes dito isto, lhes teria atemorizado em vez de animar-lhes. Onde há participação, também se dá o consolo.

Por que desdenhas este cálice, ó servo? O Senhor o bebeu. Por que o desprezas, ó enfermo? O médico o bebeu. Por que o desprezas, ó homem fraco? O são o bebeu. Podeis beber o cálice que eu hei de beber?

Naquele momento, eles, ávidos de grandeza, ignorando as suas forças e prometendo o que ainda não tinham, dizem: Podemos. O Senhor lhes contesta: Bebereis certamente meu cálice, já que vos dou para beber, já que vos farei de fracos fortes, vos concedo a graça de padecer para que bebais o cálice da humildade; porém, não está em meu poder o sentar-vos a minha direita ou a minha esquerda, senão para aqueles para os quais foram preparados por meu Pai.” (1)

Retomo estas palavras – “Os homens negam a beber o cálice da paixão, o cálice da humilhação. Aspiram as coisas mais sublimes? Amem antes de tudo as coisas humildes. Partindo do humilde se chega ao sublime”.

Supliquemos ao Senhor que bebendo do Seu Divino Cálice, participando do Mistério da Eucaristia, comendo do Seu Corpo e bebendo do Seu Sangue, sejamos redimidos e alimentados para o combate da fé.

Aspiremos as coisas humildes para chegarmos às mais sublimes, e que nossa vida seja expressão incansável de amor, doação e serviço, sobretudo pelos mais necessitados, perfeitamente configurados a Jesus Cristo, no Mistério de Sua Paixão, Morte e Ressurreição, a serviço do Reino de Deus com a força e a luz do Santo Espírito.

 

 PS: Oportuno para que reflitamos as passagens dos Evangelhos de São Mateus (Mt 20,17-28) e São Marcos (Mc 10,35-45).

(1) Lecionário Patrístico dominical – Editora Vozes – 2013 - pág. 490-491

 

Quaresma: “Tempo de combate e suores”

                                                  

Quaresma: “Tempo de combate e suores”

Na quarta-feira da 2ª Semana do Tempo da Quaresma, ouvimos a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 20,17-28), na qual a mãe dos filhos de Zebedeu, João e Tiago, pede a Jesus para que seus filhos se assentem em Seu Reino, um à direita e outro à esquerda.

Uma das Homilias do Bispo São João Crisóstomo (Séc. IV), muito nos enriquece nesta reflexão.

“Os filhos de Zebedeu pedem a Cristo: Deixa-nos sentar um à Tua direita e outro, à Tua esquerda (Mc 10,37). Que resposta lhes dá o Senhor? Para mostrar que no seu pedido nada havia de espiritual, e se soubessem o que pediam não teriam ousado fazê-lo, diz: Não sabeis o que estais pedindo (Mt 20,22), isto é, não sabeis como é grande, admirável e superior aos próprios poderes celestes aquilo que pedis.

Depois acrescenta: Por acaso podeis beber o Cálice que Eu vou beber? (Mt 20,22). É como se lhes dissesse: ‘Vós me falais de honras e de coroas; Eu, porém, de combates e de suores. Não é este o tempo das recompensas, nem é agora que minha glória há de se manifestar. Mas a vida presente é de morte violenta, de guerra e de perigos’.

Reparai como o Senhor os atrai e exorta, pelo modo de interrogar. Não perguntou: ‘Podeis suportar os suplícios? Podeis derramar vosso sangue? Mas indagou: Por acaso podeis beber o Cálice? E para os estimular, ainda acrescentou: que Eu vou beber?

Assim falava para que, em união com Ele, se tornassem mais decididos. Chama Sua Paixão de Batismo, para dar a entender que os sofrimentos haviam de trazer uma grande purificação para o mundo inteiro. Então os dois discípulos lhe disseram: Podemos (Mt 20,22). Prometem imediatamente, cheios de fervor, sem perceber o alcance do que dizem, mas com a esperança de obter o que pediam.

Que afirma o Senhor? De fato, vós bebereis do meu Cálice (Mt 20,23), e sereis batizados com o Batismo com que Eu devo ser batizado (Mc 10,39). Grandes são os bens que lhes anuncia, a saber: ‘Sereis dignos de receber o martírio e sofrereis comigo; terminareis a vida com morte violenta e assim participareis da minha paixão’. Mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou à minha esquerda. Meu Pai é quem dará esses lugares àqueles para os quais Ele os preparou (Mt 20,23). Somente depois de lhes ter levantado os ânimos e de tê-los tornado capazes de superar a tristeza é que corrigiu o pedido que fizeram.

Então os outros dez discípulos ficaram irritados contra os dois irmãos (Mt 20,24). Vedes como todos eles eram imperfeitos, tanto os que tentavam ficar acima dos outros, como os dez que tinham inveja dos dois?

Mas, como já tive ocasião de dizer, observai-os mais tarde e vereis como estão livres de todos esses sentimentos. Prestai atenção como o mesmo apóstolo João, que se adianta agora por este motivo, cederá sempre o primeiro lugar a Pedro, quer para usar da palavra, quer para fazer milagres, conforme se lê nos Atos dos Apóstolos.

Tiago, porém, não viveu muito mais tempo. Desde o princípio, pondo de parte toda a aspiração humana, elevou-se a tão grande santidade que bem depressa recebeu a coroa do martírio”.

Como discípulos de Jesus, não devemos procurar as “honras e coroas”, como nos falou o Bispo, mas estarmos sempre prontos para “os combates e os suores”.

São Tiago, que nasceu em Betsaida, e seu irmão, João, filhos de Zebedeu, estiveram presentes nos principais milagres realizados por Jesus Cristo.

Foi morto no ano 42, por Herodes, e é venerado com grande devoção em Compostela (Espanha), onde se construiu uma célebre basílica dedicada ao seu nome.

Roguemos a Deus para que nos dê a coragem e o ardor deste Apóstolo, assim como do Apóstolo São João, na fidelidade ao Senhor, sem procurar um pseudocristianismo de honras e coroas”, glória sem cruz

Supliquemos, também, que tenhamos  maturidade para as renúncias necessárias e o carregar da cruz quotidiana, com a força e a sabedoria do Espírito Santo, que vem sempre em socorro de nossa fraqueza para os “combates e os suores”, iluminados pela Palavra do Senhor e alimentados pelo Seu Corpo e Sangue recebidos na Eucaristia.

A Cruz e o Cálice

A Cruz e o Cálice

Senhor, Vós quando chamastes os discípulos para Vos seguir, jamais ocultastes ou escondestes a realidade da Cruz.

Senhor, em todos os momentos, a Cruz transpareceu no âmago de Vossa Missão: na Apresentação no Templo, na Vossa Transfiguração no Monte Tabor, e em todos os momentos.

Senhor, seguir com coerência o Vosso chamado não é fácil, pois, às vezes, pede que paguemos um alto preço: o desprezo em vez de glória, o isolamento do último lugar, o mal como recompensa pelo bem cumprido.

Mas nem por isto, Vos deixaremos ou Vos abandonaremos. Queremos beber do Vosso Sagrado Cálice, revigorados pelo Alimento da Santa Eucaristia, a cruz carregando com coragem e ardor.

Senhor, não permitais que sejamos no mundo inimigos de Vossa cruz, com palavras, atos, pensamentos ou omissões, que não revelem Vossa luz e presença em nós, desde o dia memorável do Batismo.

Senhor, bebendo do Vosso Cálice Sagrado, queremos continuar firmes no bom combate da fé, renovando a sagrada esperança que anda de passos largos de mãos dadas com a caridade. Amém.


Fonte inspiradora: Lecionário Comentado - Volume Quaresma/Páscoa - Editora Paulus - Lisboa - pp. 119 e 120.
Passagem do Evangelho de Marcos (Mc 10,35-45; Mt 20,17-28)

Do Cálice à Missão, da Missão ao Cálice

Do Cálice à Missão, da Missão ao Cálice

Todos os dias são dias de missão, e a Igreja que vive no tempo é missionária, por sua natureza, tendo sua origem no Espírito Santo, o grande protagonista da Evangelização, na realização do Plano de Deus, sendo sal e luz de um mundo novo.

Viver a missão de cada dia é fortalecer a relação entre culto e vida: a vida celebra-se, o culto vive-se.

Cada tempo nos apresenta desafios e espaços próprios; segredos a serem descortinados; fronteiras a serem alcançadas; horizontes a serem ampliados.

Santo Agostinho, refletindo sobre a vida dos mártires, fala-nos do Cálice do Senhor: Cálice da paixão, amargo e salutar.

Dele bebeu Jesus, para que todos também dele pudéssemos beber, sem medo.

Beber do Cálice é, ao mesmo tempo, assumir a cruz, carregando-a em todos os momentos da vida.

Cruz que é Paixão e Vitória: Paixão porque nos desafia à entrega da vida, voluntariamente, em favor da vida plena; Vitória porque o diabo foi ferido, o mal e a morte foram vencidos.

Missão, Cálice e Cruz, Palavra de Deus e testemunho quotidiano são inseparáveis: É preciso viver missionariamente", como expressou uma Religiosa em um encontro.

A Missão vivida na família, no trabalho, economia, política, cultura, escolas e universidades, novos espaços dos meios de comunicação, na rua, no lazer e em todo e qualquer lugar.

A Missão pode ser uma saída para terras distantes e, ao mesmo tempo, a encarnação da Palavra, fermento e luz no mais profundo de nós mesmos.

Cada coração é campo próprio da missão, como chão da acolhida da Palavra de Deus. Missão lá distante, aqui e em todo o lugar...

Culto agradável a Deus deve repercutir no dia a dia, em gestos de amor e solidariedade: essência da Missão, por uma vida mais salutar, ainda que passe pela cruz...

Missão é a perfeita comunhão do Cálice da Vida para a Missão, da Missão para o Cálice.

PS: Passagem do Evangelho de Marcos (Mc 10,35-45; Mt 20,17-28)

Quem sou eu

Minha foto
4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG