quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Vocação profética, um desafio

                                                         


Vocação profética, um desafio

           “Jesus lhes dizia:
'Um profeta só não é estimado em sua pátria,
entre seus parentes e familiares'.” (Mc 6,1)

Na quarta-feira da 4ª Semana do Tempo Comum, ouvimos a passagem do Evangelho (Mc 6,1-6), e assim contemplamos a ação de Deus, que Se revela na fraqueza e na fragilidade, e por isto a dificuldade dos conterrâneos de Jesus reconhecê-Lo como Salvador da humanidade; não conseguem reconhecer a presença de Deus naquilo que Ele diz e faz.

Esta rejeição, no entanto, não invalida Sua procedência divina nem O leva a desistir da missão pelo Pai confiada.

No rosto humano de Jesus, a divindade de Deus se revela, e no rosto divino de Jesus se revela a Sua humanidade: em Jesus o humano e o divino se encontram.

A atitude de Jesus nos convida a nunca desanimar e desistir: Deus tem Seus Projetos e sabe como transformar o fracasso em êxito.

Pelo Batismo, continuamos a missão de Jesus vivendo a vocação como graça e enfrentando as possíveis dificuldades.

A missão do profeta, no seguimento do Senhor, não é a busca do prazer, sucesso, vedetismo, holofotes, mas é algo sério, profundo e que dá sentido à vida.

É Deus que nos chama para a vocação profética, apesar de nossas limitações, mas somente uma paixão profunda por Jesus nos fará profetas, aguentando o espinho na carne, enfrentando e superando incompreensões, oposições e acusações.

Reflitamos:

- Qual é a minha vocação na Igreja e no mundo?
- De que modo me abro à graça divina, para viver a vocação e enfrentar possíveis dificuldades?

- Para onde Deus me envia?
- Como se manifesta em mim a graça divina?

Tão somente enraizados no amor de Deus, nutridos pelo Pão da Imortalidade, iluminados pela Palavra do Senhor, e com a força e luz do Santo Espírito, é que poderemos realizar, com solicitude e ardor, a missão profética recebida no dia de nosso Batismo.

Voltemo-nos à Oração depois da Comunhão da Solenidade de São Pedro e São Paulo, que muito nos fortalece no discipulado e missão, para sermos hoje os profetas no mundo como Deus tanto espera.

Oremos:

“Concedei-nos, ó Deus, por esta Eucaristia, viver de tal modo na Vossa Igreja que, perseverando na Fração do Pão e na Doutrina dos Apóstolos, e enraizados no Vosso Amor, sejamos um só coração e uma só alma. Por Cristo, Nosso Senhor. Amém!”

São João Bosco: um exemplo de educador

                                                                   

São João Bosco: um exemplo de educador

No dia 31 de janeiro, celebramos a Memória do Presbítero São João Bosco (séc. XIX), e a Liturgia das Horas nos apresenta um trecho de uma de suas Cartas.

Uma Carta sugestiva para ser refletida e discutida, sobretudo por aqueles que têm a difícil arte e graça de educar, sobretudo hoje, com tantos desafios.

“Antes de mais nada, se queremos ser amigos do verdadeiro bem de nossos alunos e levá-los ao cumprimento de seus deveres, é indispensável jamais vos esquecerdes de que representais os pais desta querida juventude. Ela foi sempre o terno objeto dos meus trabalhos, dos meus estudos e do meu ministério sacerdotal; não apenas meu, mas da cara congregação salesiana.

Quantas vezes, meus filhinhos, no decurso de toda a minha vida, tive de me convencer desta grande verdade! É mais fácil encolerizar-se do que ter paciência, ameaçar uma criança do que persuadi-la. Direi mesmo que é mais cômodo, para nossa impaciência e nossa soberba, castigar os que resistem do que corrigi-los, suportando-os com firmeza e suavidade.

Tomai cuidado para que ninguém vos julgue dominados por um ímpeto de violenta indignação. É muito difícil, quando se castiga, conservar aquela calma tão necessária para afastar qualquer dúvida de que agimos para demonstrar a nossa autoridade ou descarregar o próprio mau humor.

Consideremos como nossos filhos aqueles sobre os quais exercemos certo poder. Ponhamo-nos a seu serviço, assim como Jesus, que veio para obedecer e não para dar ordens; envergonhemo-nos de tudo o que nos possa dar aparência de dominadores; e se algum domínio exercemos sobre eles, é para melhor servirmos.

Assim procedia Jesus com seus apóstolos; tolerava-os na sua ignorância e rudeza, e até mesmo na sua pouca fidelidade. A afeição e a familiaridade com que tratava os pecadores eram tais que em alguns causava espanto, em outros, escândalo, mas em muitos infundia a esperança de receber o perdão de Deus. Por isso nos ordenou que aprendêssemos d’Ele a ser mansos e humildes de coração.

Uma vez que são nossos filhos, afastemos toda cólera quando devemos corrigir-lhes as faltas ou, pelo menos, a moderemos de tal modo que pareça totalmente dominada.

Nada de agitação de ânimo, nada de desprezo no olhar, nada de injúrias nos lábios; então sereis verdadeiros pais e conseguireis uma verdadeira correção.

Em determinados momentos muito graves, vale mais uma recomendação a Deus, um ato de humildade perante ele, do que uma tempestade de palavras que só fazem mal a quem as ouve e não têm proveito algum para quem as merece”.

Vejamos algumas indicações oportunas e necessárias na educação daqueles que nos são confiados, apresentadas e vivenciadas por Dom Bosco:

- Ele vivia uma paternidade em relação aos alunos com vistas ao bem destes (não como sinônimo de paternalismo);

- A correção e o castigo não sejam o “descarregar o próprio mau humor”;

- O exercício do poder e de domínio sobre aqueles que se educam seja de serviço, como assim o fez Jesus;

- A afeição e a familiaridade com aqueles que se educa, assim como Jesus tratava os pecadores, comunicando-lhes o perdão;

- As faltas devem ser corrigidas sem cólera, ou com moderação: verdadeiros pais e a verdadeira correção;

- A recomendação a Deus, em determinados momentos muitos graves, e não “uma tempestade de palavras que só fazem mal” – silêncio e oração confiante a Deus.

Tenhamos São João Bosco como modelo de educador, em nosso trabalho evangelizador, para que cuidemos, com ternura e proximidade, daqueles que de nós muito esperam.

Oremos:

Ó Deus, que suscitastes São João Bosco para educador e pai dos adolescentes, fazei que, inflamados da mesma caridade, procuremos a salvação de nossos irmãos, colocando-nos inteiramente ao Vosso serviço. Por N.S.J.C. Amém! 

Em poucas palavras...

 


“A apresentação de Jesus no templo...”

“A apresentação de Jesus no templo (Lc 2,22-39) mostra-O como Primogênito que pertence ao Senhor (Ex 13,2.12-13).

Com Simeão e Ana, é toda a expectativa de Israel que vem ao encontro do seu Salvador (a tradição bizantina designa por encontro este acontecimento).

Jesus é reconhecido como o Messias tão longamente esperado, «luz das nações» e «glória de Israel», mas também como «sinal de contradição».

A espada de dor, predita a Maria, anuncia essa outra oblação, perfeita e única, da cruz, que trará a salvação que Deus «preparou diante de todos os povos».”    (1)

 

 

(1) Catecismo da Igreja Católica - parágrafo n. 529

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Em poucas palavras...

 


Purificados de nossos pecados

“O cristão que procura purificar-se do seu pecado e santificar-se com a ajuda da graça de Deus, não se encontra só.

«A vida de cada um dos filhos de Deus está ligada de modo admirável, em Cristo e por Cristo, à vida de todos os outros irmãos cristãos, na unidade sobrenatural do corpo Místico de Cristo, como que numa pessoa mística» (Papa São Paulo VI).” (1)

 

(1)               Catecismo da Igreja Católica - parágrafo n. 1474

Em poucas palavras...

 


Vida e saúde

“A vida e a saúde física são bens preciosos, confiados por Deus. Temos a obrigação de cuidar razoavelmente desses dons, tendo em conta as necessidades alheias e o bem comum.

O cuidado da saúde dos cidadãos requer a ajuda da sociedade para se conseguirem condições de vida que permitam crescer e atingir a maturidade: alimentação e vestuário, casa, cuidados de saúde, ensino básico, emprego, assistência social.” (1)

 

(1)               Catecismo da Igreja Católica - parágrafo n. 2288

A missão das comunidades diante da exclusão social

A missão das comunidades diante da exclusão social                                                                            
A cada momento nos deparamos com a realidade da exclusão social, uma das mais terríveis cruzes que pesam sobre nossas comunidades, provocando em nós um sentimento de indignação, mas não de indiferença e de apatia.

O compromisso radical com a justiça e com a solidariedade devem ser marcas permanentes em nossas Comunidades, ressuscitando a audácia profética e a revolucionária ternura, para que permaneçamos fiéis Àquele que nos chamou e nos enviou para glorificar a Deus, produzindo os frutos esperados e queridos por Ele, por Sua iniciativa e resposta de Seus discípulos…

Neste bom combate da fé, algumas características que devem marcar a vida da Igreja:

- Igreja do Evangelho, que salva a totalidade humana (corpo e alma);

- Igreja da profecia, como porta-voz e interpretadora do Projeto de Deus na história;

- Igreja do serviço, com a evangélica preferência pelos pobres;

- Igreja da escatologia, que busca o novo céu e a nova terra…

Na Encíclica “Ecclesia de Eucharistia”, o Santo Papa João Paulo II faz uma belíssima afirmação, que vem confirmar esta desafiadora e inauguradora missão de uma nova aurora de vida e comunhão:

“A Eucaristia é verdadeiramente um pedaço de céu que se abre sobre a terra; é um raio de glória da Jerusalém celeste, que atravessa as nuvens da nossa história e vem iluminar o nosso caminho” (n. 19).

Com lucidez e ousadia, afirma que num mundo globalizado, marcado por mil contradições, onde os mais débeis, os menores e os mais pobres pouco podem esperar.

Portanto, nossas comunidades devem fazer brilhar a esperança cristã, pois foi também para isto que o Senhor quis ficar conosco na Eucaristia: para que, participantes do Banquete da vida, construamos uma nova humanidade, renovada pelo Seu amor; como o Evangelista João nos disse: “sem Ele nada podemos fazer” (Jo 15,5).

Nossas Comunidades devem crescer continuamente na paixão pelo Reino Deus inaugurado por Jesus de Nazaré, que por Sua prática de amor e ternura revelou o que há de mais humano em Deus e o que há de mais divino no homem e na mulher.

Amá-Lo e segui-Lo é procurar os caminhos da comunhão para superação de toda e qualquer lógica de exclusão, dentro e fora da Igreja.

No amor a Deus e à Sua Palavra, alimentando-se do Pão da Eucaristia, nossas comunidades se renovam e se revitalizam para a urgente, sempre atual e divina missão: a comunhão com Deus e com o próximo!

O caminho da felicidade passa pela Cruz

  
O caminho da felicidade passa pela Cruz

Todos desejamos e buscamos a felicidade a cada instante de nossa vida, pois bem sabemos e cremos que Deus nos criou para a felicidade plena, que passa inevitavelmente pela Cruz.

Meditando sobre o tema felicidade, encontrei em um Livro de Oração algumas propostas para alcançá-la.

Embora simples, creio são pertinentes e podem mesmo favorecer para que tenhamos uma vida mais feliz, numa madura relação interpessoal mais fraterna, com notável crescimento humano e espiritual.

Vejamos como podemos percebê-las e vivê-las em nosso dia a dia.

- Elogie três pessoas por dia;
- Cumprimente as pessoas que encontrar pelo caminho;
- Sorria. Não custa nada e não tem preço;

- Saiba perdoar a si e aos outros;
- Trate a todos como gostaria de ser tratado;
- Pratique a caridade;

- Faça novos amigos;
- Reconheça seus erros e valorize seus acertos;
- Dê às pessoas uma segunda chance;

- Respeite a vida;
- Dê sempre o melhor de si, em todos os momentos;
- Reze não só para pedir coisas, mas principalmente para agradecer.

Observando atentamente, veremos que estas atitudes simples nos remetem à passagens do Evangelho, de modo muito especial, ao Sermão da Montanha, quando Jesus nos apresentou a proposta da autêntica felicidade (Mt 5, 1-12).

Um Sermão ouvido na montanha para ser vivido na planície do quotidiano. Pois se as Bem-Aventuranças forem encarnadas, inauguram-se relações de partilha, solidariedade, comunhão e amor, humildade, gratuidade, doação... Ganham vigor as relações fraternas. 

Creio que o caminho da felicidade passa inevitavelmente pela Cruz assumida com maturidade e responsabilidade – “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua Cruz de cada dia e me siga” (Lc 9, 23).

Firmemos nossos passos neste itinerário da fé, com coragem e confiança na ação divina, contando sempre com a força da Oração, que não nos permite desviar do Projeto de vida, alegria e paz que o Senhor tem para todos nós, sempre nos lembrando de Suas Palavras:

“Se vocês obedecerem aos meus Mandamentos, permanecerão
no meu Amor, assim como Eu obedeci aos Mandamentos
de meu Pai e permaneço no Seu Amor. Eu disse isto a vocês
para que a minha alegria esteja em vocês, e a
alegria de vocês seja completa.” (Jo 15, 10-11).

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