sábado, 20 de dezembro de 2025
Fixemos nosso olhar no olhar de Maria
Vem conosco caminhar para que
tragas marcas, tantas e incontáveis, de teu olhar!
“Aonde chega Deus, aí chega também a alegria”
As duas naturezas do Senhor no ventre de Maria
As duas naturezas do Senhor no ventre de Maria
“Uma virgem [...]; iria conceber um filho, Deus e homem,
primeiro em seu espírito, e depois em seu corpo”.
Sejamos enriquecidos pelo Sermão escrito pelo Papa São Leão Magno (séc. V):
“Uma virgem da descendência real de Davi foi escolhida para a sagrada maternidade; iria conceber um filho, Deus e homem, primeiro em seu espírito, e depois em seu corpo.
E para evitar que, desconhecendo o desígnio de Deus, ela se perturbasse perante efeitos tão inesperados, ficou sabendo, no colóquio com o Anjo, que era obra do Espírito Santo o que nela se realizaria.
Maria, pois, acreditou que, estando para ser em breve Mãe de Deus, sua pureza não sofreria dano algum. Como duvidaria desta concepção tão original, aquela a quem é prometida a eficácia do poder do Altíssimo?
A sua fé e confiança são ainda confirmadas pelo testemunho de um milagre anterior: a inesperada fecundidade de Isabel. De fato, quem tornou uma estéril capaz de conceber, pode também fazer com que uma virgem conceba.
Portanto, a Palavra de Deus, que é Deus, o Filho de Deus, que no princípio estava com Deus, por quem tudo foi feito e sem ela nada se fez (cf. Jo 1,2-3), a fim de libertar o homem da morte eterna, Se fez homem.
Desceu para assumir a nossa humildade, sem diminuir a Sua majestade. Permanecendo o que era e assumindo o que não era, uniu a verdadeira condição de escravo à condição segundo a qual Ele é igual a Deus; realizou assim entre as duas naturezas uma aliança tão admirável que, nem a inferior foi absorvida por esta glorificação, nem a superior foi diminuída por esta elevação.
Desta forma, conservando-se a perfeita propriedade das duas naturezas que subsistem em uma só Pessoa, a humildade é assumida pela majestade, a fraqueza pela força, a mortalidade pela eternidade.
Para pagar a dívida contraída pela nossa condição pecadora, a natureza invulnerável uniu-se à natureza passível; e a realidade de verdadeiro Deus e verdadeiro homem associa-se na única pessoa do Senhor.
Por conseguinte, Aquele que é um só mediador entre Deus e os homens (1Tm 2,5), como exigia a nossa salvação, morreu segundo a natureza humana e ressuscitou segundo a natureza divina.
Com razão, pois, o nascimento do Salvador conservou intacta a integridade virginal de sua mãe; ela salvaguardou a pureza, dando à luz a Verdade.
Tal era, caríssimos filhos, o nascimento que convinha a Cristo, poder e sabedoria de Deus. Por este nascimento, Ele é semelhante a nós pela sua humanidade, e superior a nós pela Sua divindade. De fato, se não fosse verdadeiro Deus, não nos traria o remédio; se não fosse verdadeiro homem, não nos serviria de exemplo.
Por isso, quando o Senhor nasceu, os Anjos cantaram cheios de alegria: 'Glória a Deus no mais alto dos céus, e anunciaram paz na terra aos homens por Ele amados'(Lc 2,14).
Eles veem, efetivamente, a Jerusalém Celeste ser construída pelos povos do mundo inteiro. Por tão inefável prodígio da bondade divina, qual não deve ser a alegria da nossa humilde condição humana, se até os sublimes coros dos Anjos se rejubilam?”
Contemplemos Maria, que concebeu o Verbo, primeiro em seu espírito e depois em seu corpo. Que também nós saibamos formar e gerar Cristo em nós, em nosso coração, para que d’Ele sejamos testemunhas credíveis e agradáveis ao Senhor.
Maria, a mãe de Jesus, a mãe da Igreja e nossa, nos ajuda a colocar em prática a Palavra do seu Filho, para que tão somente assim desta família façamos parte, pois a família de Jesus não se limita aos laços consanguíneos, mas à acolhida e prática de Sua Palavra, e do Seu Mandamento: “amai-vos uns aos outros, assim como Eu vos amei”, somente assim seremos Seus discípulos.
Cremos que Deus quis o Salvador da humanidade, de natureza invulnerável, incapaz de sofrer qualquer desgaste, prejuízo, demérito, viesse ao mundo e Se encarnasse no ventre de uma Virgem.
Assim aconteceu. Encarnando-Se assume uma natureza passível, ou seja, capaz de sofrer as realidades temporais.
Ele que era de condição divina de tudo Se desapegou e aceitou a morte humilhante na Cruz. Lágrimas, choro, pranto, fome, abandono, indiferença, humilhação, escárnio, morte... como vemos abundantemente nos Evangelhos, Hebreus, Cartas Paulinas.
Reflitamos como o "Sim" de Maria a Deus aponta quatro belos propósitos, que devem estar no coração de todos aqueles que amam e querem seguir e servir seu Filho:
- Imitá-la, sobretudo nas suas virtudes, qualidades incontáveis;
- Ser contemplativo como Maria, cantora da esperança dos pobres. Pés no chão, coração voltado para Deus e olhos plenamente abertos para a sede do povo, como cantamos;
- Fazer a vontade do Pai sempre e acima de tudo;
- Colocar-se numa incansável atitude de conversão, para que tenhamos um coração atento e fiel ao Projeto de Deus, para que o nosso coração seja semelhante ao Coração de Jesus.
Maria não nos salva, mas melhor do que ninguém nos aponta Àquele que é Oo Caminho, a Verdade e a Vida (cf. Jo 14,6), Aquele que nos alcança a Salvação.
Reflitamos sobre o papel de Maria em nossa caminhada de fé, como peregrinos da esperança, e nos perguntemos, quem melhor do que Maria para nos:
- Ajudar a construir na terra o céu?
- Apontar o caminho que nos leva ao céu?
- Ensinar a crer na invulnerabilidade divina e passibilidade humana do Seu Filho?
Em Maria, no seu ventre:
- A natureza divina e a natureza humana encontraram-se, como que num abraço, para que ao tornar-se visível na forma de uma criança, toda a humanidade fosse abraçada;
- E desde o seu ventre, a nossa humanidade na Encarnação do Filho, para sempre foi redimida, resgatada.
Consagremo-nos a Maria, pois quanto mais consagrados a Ela, mais fiéis e próximos seremos do seu Amado Filho, e O adoraremos em espírito e verdade.
“Ó minha Senhora, e também minha mãe,
Eu me ofereço inteiramente todo a vós...”
Ave Maria cheia de graça...
PS: Oportuno para reflexão da passagem do Evangelho de Lucas (Lc 1,26-38) e também ao celebramos a Festa de Nossa Senhora do Carmo (16 de julho); Nossa Senhora do Rosário (07 de outubro).
Suplico-Vos, Senhor, em meu silêncio orante...
Maria, modelo para o nosso discipulado
Maria, modelo para o nosso discipulado
Renovemos os sagrados compromissos para a ação evangelizadora, e reflitamos sobre o verdadeiro itinerário do discípulo/a perfeito/a.
Maria é nos apresentada, à luz dos episódios da Anunciação (Lc 1,26-38), da Visitação (Lc 1,39-56) e em Caná da Galileia (Jo 2,1-11) (1), deste modo:
1º. Ouve a Palavra de Deus e a guarda em seu coração (Lc 1,28; 2,19);
2º. Deixa-se questionar por Deus, ficando intrigada e refletindo sobre o significado da mensagem do Senhor (Lc 1,29);
3º. Como mulher madura, humana e espiritual, ela tem a ousadia de questionar o próprio Deus (Lc 1,34);
4º. Ao perceber que é obra de Deus, ela não apenas cede, mas assume a condição de serva, permitindo que a Palavra do Senhor aconteça plenamente em sua existência (Lc 1,38);
5º. Nela, a Palavra é frutífera e fecunda, é vida gerada e se torna Carne (Lc 1,35);
6º. Nela, também, a Palavra se torna missão, pois ela não se contém em si, e sente a necessidade de comunicar esta alegre e esperançosa notícia ao mundo (Lc 1,39-45);
7º. Finalmente, em Caná, Maria se torna a pedagoga da fé, uma verdadeira mistagoga, conduzindo a comunidade dos discípulos a fazer tudo o que Jesus disser (Jo 2,5).
Com Maria, somos eternos aprendizes para um autêntico discipulado, para que edifiquemos uma Igreja Sinodal, fortalecendo nossas comunidades eclesiais missionárias, com seus pilares da Palavra, do Pão da Eucaristia, da Caridade e da Ação Missionária, tendo a Palavra de Deus como fonte, a Eucaristia como sustento, a comunhão como ideal e o amor como identidade (2)
(1) Documento n. 111 da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – “E a Palavra habitou entre nós” (Jo 1,14) – Animação Bíblica da pastoral a partir das comunidades eclesiais missionárias” – n. 297
(2) Documento da CNBB n. 112 - Critérios e itinerários para a Instituição de Ministério de Catequistas – n. 67
O Sim de Maria ilumina o nosso sim de cada dia
Em poucas palavras...
Rainha da Paz, rogai por nós!
Maria, no Mistério da Encarnação do Verbo é a humilde serva do Senhor que, pelas palavras do Arcanjo Gabriel, recebeu o anúncio e concebeu no seio Virginal o Príncipe da Paz, Jesus Cristo, Aquele que nos restituiu a paz, reconciliando em Si a terra e os céus (cf. Lc 1,26-38).







